Tempo de voltar finalmente à PS3 (e virão mais uns quantos artigos desta plataforma muito em breve) para jogar um dos primeiros títulos da Platinum Games, lançado no ano de 2009, alguns meses após o lançamento do seu jogo de estreia, MadWorld e do Infinite Space, um interessante RPG da Nintendo DS que gostaria de arranjar um dia destes. E este Bayonetta é um excelente hack ‘n slash repleto de sequências de acção over the top, uma jogabilidade frenética tal como a série Devil May Cry (o que também não é por acaso, pois ambos têm o Hideki Kamiya como produtor) e com uma personagem principal muito icónica. Já não consigo precisar onde nem quando comprei o meu exemplar, mas foi seguramente barato.
O contexto deste jogo passa-se num mundo outrora controlado por duas facções distintas: os Lumen Sages, movimento do lado do bem, e as Umbra Witches, cujo seu poder advinha das forças das trevas. No entanto, apesar dessas forças antagónicas, o mundo estava em equilíbrio. Eventualmente algo acontece e as bruxas são practicamente todas extintas pela facção rival… todas excepto a Bayonetta, protagonista que controlamos, que acorda sem grandes memórias do seu passado e Jeanne, uma outra bruxa rival que aparenta conhecer bastante do passado de Bayonetta. Portanto sim, este é um jogo que nos vai colocar a lutar contra as “forças do bem” onde a maior parte dos inimigos são criaturas angelicais, com halos na cabeça e tudo.
Já a nível de mecânicas, este é, tal como referi acima, um jogo de acção bastante over the top e frenético e que, tal como a série Devil May Cry, mistura o combate corpo-a-corpo com recurso a armas brancas e o de armas de fogo, possuindo uma grande variedade de diferentes combos possíveis, muitos deles bastante estilosos até, mediante as armas e acessórios que tenhamos equipado na altura. Um dos grandes focos está na mecânica de dodge onde, quando nos desviamos de algum golpe inimigo mesmo à última, entramos automaticamente e de forma temporária num modo de câmara lenta (witch time), onde os nossos golpes se tornam bastante mais poderosos. Se sofrermos dano enquanto estamos nesse estado, ele acaba por ser logo interrompido, no entanto. Portanto, como devem imaginar, esta é uma mecânica de jogo importante e que nos obrigará a estudar bem o movimento dos nossos inimigos para causar o máximo de dano possível, até porque a nossa performance vai sendo medida ao longo do jogo e os pontos extra que ganhamos em jogar bem serão igualmente importantes para comprar itens ou outros upgrades. De resto, para além da barra de vida, Bayonetta vai tendo também uma barra de magia, que pode ser utilizada para uma série de outras habilidades especiais, incluindo as técnicas de execução rápida de certos inimigos. No entanto, sempre que somos atingidos perdemos magia também. De resto convém também mencionar que o jogo possui também um simples sistema de crafting onde podemos criar itens que nos regeneram vida, magia, deixam-nos temporariamente mais fortes entre outros, se bem que o jogo nos penaliza na avaliação se os utilizarmos.
Mas para além da acção frenética que tão bem caracteriza os jogos da Platinum Games, este Bayonetta em particular tem uma estética e direcção artística muito peculiar, a começar precisamente pela sua personagem. É certo que Bayonetta é uma personagem feminina cheia de curvas interessantes, provocadora e sedutora, mas nada disto é propriamente gratuito. As suas poses exageradas e/ou provocadoras durante os combates e cut-scenes são sempre apresentadas com um bocadinho de bom humor, o que acaba por suavizar a coisa para os mais sensíveis. De resto, a restante visão artística deste Bayonetta é também muito interessante pelas influências do estilo barroco, quanto mais não seja por enfrentarmos inúmeras criaturas angelicais, em contraste com uma outra visão mais distópica de ficção científica que também nos é apresentada. O voice acting, que nos é apresentado apenas em inglês, é também bastante bom e a actriz que deu a voz a Bayonetta teve um óptimo papel. A banda sonora é uma interessante e agradável mistura entre temas mais jazz, electrónica ou música mais orquestral, com um toque de música sacra, o que uma vez mais se adequa ao mundo em questão.
Visualmente é também um jogo muito interessante, embora o meu primeiro impacto não tenha sido nada positivo. Já há algum tempo que não jogava nada desta geração, então quando o comecei a minha impressão foi “uau, isto parece um jogo de PS2” visto que os modelos e texturas são muito mais simples do que o que estamos habituados a ver actualmente, pelo menos logo nos momentos iniciais, que também são acompanhados daqueles tons cinzento e castanho que tanto representaram aquela geração de consolas. Esse trecho inicial ainda me causou grandes motivos de preocupação pois a acção frenética fazia com que a PS3 se arrastasse de forma bem notória e incomodativa e os meus pensamentos foram logo “ok, a internet estava certa, a versão PS3 deste jogo é mesmo má”. Mas à medida que fui jogando tudo isso se dissipou. É verdade que a performance do jogo não é incrível na PS3, mas depois desse segmento inicial nunca tive problemas tão notórios de performance. E os gráficos, assim que começamos a explorar cenários mais abertos e combater criaturas mais variadas, o jogo foi crescendo em mim, muito por culpa também da direcção artística e sequências de acção extrema, características da Platinum Games. Tornou-se óbvio que o jogo é graficamente superior a qualquer coisa da geração anterior, as minhas impressões iniciais não poderiam estar mais erradas e ainda bem!
Portanto este Bayonetta é um excelente jogo de acção e um marco na Platinum Games. Pena que na altura, enquanto eles tiveram um contrato de publicação com a Sega, muitos dos seus jogos acabaram por serem fracassos de vendas, o que é pena, pois este Bayonetta e o jogo que lhe seguiu, o Vanquish, são ambos clássicos absolutos dessa geração. Pelo menos a série Bayonetta acabou por receber algumas sequelas, após uma parceria com a Nintendo que levou a essas mesmas sequelas acabarem por ser lançamentos exclusivos para sistemas da gigante nipónica nos dias que correm.






Um pensamento em “Bayonetta (Sony Playstation 3)”