Hotshot Racing (Nintendo Switch / PC)

Ora cá está algo que já não jogava há muito tempo, um jogo de corridas com uma estética e jogabilidade puramente arcade, algo muito bem-vindo numa altura em que simuladores (ou pseudo simuladores) acabaram por ganhar muito mais protagonismo no mercado. Este HotShot Racing é um jogo com uma estética que faz lembrar os primeiros jogos de corrida arcade em 3D da Sega, como é o caso do Virtua Racing ou outros títulos lançados para o sistema Model-1, com um número muito reduzido de polígonos e sem texturas (embora existam algumas texturas mais discretas aqui). A primeira versão deste jogo que me chegou à colecção foi a versão PC (steam) cuja foi oferecida pela loja digital Fanatical, algures em Maio de 2023. Entretanto vi a versão de Switch em promoção na Pressstart por menos de 15€ em Agosto desse ano e acabei por aproveitar.

Jogo com caixa

No que diz respeito à jogabilidade, esta é completamente arcade, onde teremos de memorizar os vários circuitos para ter sucesso e atravessar checkpoints dentro de um tempo limite. Travar ligeiramente antes de cada curva faz com que o nosso carro entre em drift, algo que teremos de dominar para ultrapassar algumas secções mais apertadas. Sempre que fazemos drift, ou aproveitamos túneis de vento deixados pelos carros dos nossos oponentes, vamos enchendo um conjunto de 4 barras de turbo, que podem posteriormente ser utilizados sempre que tal nos convenha. É um jogo bastante divertido de se jogar, sendo apenas frustrante pelo rubber banding da inteligência artificial. Muitas vezes aconteceu eu estar conforavelmente na frente da corrida e de repente antes da meta sou ultrapassado por um carro, ou na última curva, em drift, um carro oponente dar-me um toque na traseira que me faz perder completamente o controlo, com o meu carro a ficar muitas vezes em contra-mão, enquanto o oponente segue a sua vida tranquilamente e do primeiro lugar passo para o último, sem qualquer margem para recuperar. Isto são coisas que acontecem frequentemente e tornam a experiência algo frustrante!

Visualmente é um jogo que presta homenagem aos primórdios dos jogos de corrida em 3D poligonal da Sega e isso é fantástico!

À nossa disposição vamos ter no entanto várias personagens para controlar, cujas têm também acesso a diferentes carros, cada qual com diferentes valores de velocidade de ponta, aceleração, ou drift e sim, nota-se bem a diferença entre conduzir um carro com boa aceleração e velocidade e péssimo drift, ou outro que até pode não atingir uma grande velocidade, mas que faça as curvas muito mais facilmente. À medida que vamos correndo vamos também amealhando algum dinheiro que pode posteriormente ser utilizado para customizar os diferentes carros que vamos tendo acesso. Alguns outros upgrades vão sendo desbloqueados à medida que vamos jogando e tirar partido das mecânicas de drift ou turbo. Já no que diz respeito aos modos de jogo, este Hotshot Racing inclui vários, onde o principal é mesmo o Grand Prix. Aqui o objectivo é o de correr em pequenos campeonatos de 4 circuitos cada um, onde ganhamos um número maior de pontos consoante a nossa posição no final de cada corrida, com o objectivo final de ser o primeiro na classificação de pontos no fim. Fora isso temos também a possibilidade de participar em corridas rápidas, time trial ou várias possibilidades de multiplayer, incluindo o online. Para além de tudo isto, poderemos também participar nalguns modos de jogo muito peculiares como é o caso dos Cops and Robbers, Drive or Explode ou Barrel Barrage, introduzido num DLC gratuíto que também nos traz alguns carros e circuitos extra.

Multiplayer local em split-screen é também possível, embora não o tenha experimentado.

Dentro desses modos de jogo adicionais, o Cops and Robbers é um jogo de perseguições onde, em qualquer um dos circuitos disponíveis, os jogadores dividem-se entre polícias e ladrões. Os ladrões terão de chegar à meta em segurança, já que os seus carros têm uma barra de vida que se vai desgastando com o dano sofrido. Os polícias polícias têm o papel de causar o máximo de dano possível aos ladrões, visto que os seus carros são indestrutíveis. O Drive or Explode é uma analogia aos filmes Speed. Aqui todos os carros têm barras de vida e o objectivo de cada corrida é o de conduzir sempre acima de uma velocidade limite, caso contrário começamos a sofrer dano. À medida que vamos avançando, o limite de velocidade mínima vai aumentando, pelo que vai ser cada vez mais difícil não sofrer dano. Por fim, o Barrel Damage, que são corridas “normais” onde de cada vez que passamos por um checkpoint ganhamos um barril explosivo (podendo acumular um máximo de 2) e cujos podem ser largados na esperança de causar dano a alguém. Naturalmente todos os carros possuem uma barra de vida que, se chegar a zero, coloca-nos de fora da corrida.

As corridas são frenéticas mesmo como manda a lei

Como já referi acima, o propósito deste jogo é fazer uma homenagem aos jogos de corrida arcade da Sega da primeira metade dos anos 90, como é o caso do Virtua Racing ou até do Daytona USA, embora este último já fosse um jogo de Model-2, com modelos poligonais mais detalhados e suporte a texturas. Aqui a parte estética é mesmo para replicar os modelos de baixo polígonos e sem texturas de jogos da Model 1, como o já mencionado Virtua Racing ou Virtua Fighter. No entanto, ocasionalmente vemos neste jogo algumas texturas aqui e ali, mas não tem mal, a imagem passa perfeitamente por um jogo de homenagem à tecnologia do sistema Model-1. E apesar de apenas ter aqui referido certos jogos da Sega dado a proximidade visual ao que o sistema Model-1 fazia, na verdade o que aqui não faltam são referências visuais a imensos clássicos arcade dos anos 90. Logo o primeiro circuito tem uma ponte-pênsil que nos remete para o Virtua Racing, outros têm uma roda gigante, outros túneis em encostas marítimas tal como no Ridge Racer, entre muitas outras referências, como helicópteros a sobrevoar a pista. As pistas em si, apesar de manterem estes visuais propositadamente simplificados, são também bastante variadas entre si no que diz respeito aos cenários e também aos tipos de pavimento, com a performance dos carros a responderem à medida. De resto, confesso que apesar de ter a versão PC há mais tempo, foquei-me, por comodidade, mais na versão switch. E apesar dos seus visuais propositadamente simples, a versão switch possui (muito ocasionalmente) algumas quebras bem notórias de frame rate o que num jogo deste calibre é algo que tem impacto. Por fim, as músicas são também bastante agradáveis e algo variadas entre si, com a electrónica e algum rock a ganharem papel de destaque. Cada piloto vai tendo também uma série de frases próprias que dão outra vida ao jogo (it’s not a bug, it’s a feature!), o que também é um ponto interessante.

Cada personagem tem direito a quatro carros distintos

Portanto este HotShot Racing é um óptimo jogo de corridas para quem está à procura de uma experiência tipicamente arcade. No entanto, o rubber banding da inteligência artificial pode (e irá seguramente) causar algumas frustrações, particularmente na agressividade dos oponentes na recta final das corridas. A versão switch em particular teve alguns problemas ocasionais de performance que num jogo desta fluídez acabam por ser bastante notórios.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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