Child of Light: Ultimate Edition / Valiant Hearts: The Great War Double Pack (Nintendo Switch)

Há já muito tempo que tinha o Valiant Hearts na wishlist do Steam mas por algum motivo nunca o comprei, apesar de o mesmo já ter recebido várias promoções interessantes. Mais recentemente, quando me apercebi que a Nintendo Switch recebeu uma edição física com esse jogo, procurei obtê-lo assim que possível, o que acabou por acontecer após uma visita a uma CeX algures no Norte do país há uns bons meses atrás. Esta é então uma compilação com o Valiant Hearts e mais um outro jogo bem conhecido para mim, o Child of Light, que já o havia jogado há muitos anos atrás na PS3. Curiosamente essa versão era um code in a box, pelo que também fico bastante satisfeito com esse jogo estar também aqui incluído num cartucho físico, assim como os DLCs que recebeu (uma sidequest extra, uma nova habilidade e vários itens adicionais). Apesar de ter gostado do Child of Light, sinceramente não o quis jogar novamente, pelo que este artigo se irá focar exclusivamente no Valiant Hearts.

Jogo com caixa e panfleto. Um aviso, a Ubisoft acabou por relançar esta compilação no formato code in a box também.

Lançado originalmente em 2014, precisamente no ano em que se assinalava o centenário do início desse grande conflito à escala global, este é um jogo de aventura que nos levará a percorrer diferentes cenários da guerra com 4 personagens distintas. O foco está no entanto numa família que vive numa aldeia francesa que viria inclusivamente a vir ser ocupada pelos alemães durante a guerra. Essa família é composta pelo casal Karl e Marie e o seu filho Victor, sendo que o marido é alemão e acaba por ser deportado para a Alemanha assim que o conflito se inicia, sendo imediatamente alistado no exército bávaro. Por outro lado, Emile, pai de Marie, acaba por ser alistado no exército francês e ambos são enviados para a linha da frente. No meio de todo o caos, eventualmente irão-se cruzar e tudo farão para escapar aos horrores da guerra e voltar para casa. Ao longo da aventura iremos também conhecer e controlar outras personagens, como Freddie, um civil americano que por motivos pessoais se decide também alistar no exército francês e Anna, uma enfermeira belga que acaba também por se envolver no conflito de forma a tentar salvar o máximo de pessoas que conseguir. De destacar também o cão Walt, que também nos irá acompanhar uma grande parte do tempo!

Adoro a arte digna de um livro de banda desenhada!

No que diz respeito à jogabilidade, este é acima de tudo um jogo de aventura, onde teremos de explorar os cenários e resolver pequenos puzzles para ir progredindo na narrativa. Desde coisas simples como coleccionar certos itens para os usar noutro local ou com outra pessoa, arrastar objectos para servirem de plataformas, interagir com alavancas ou outras engrenagens, ou outros mais complexos e que até poderão envolver o cão Walt, pois poderemos dar-lhe ordens para se posicionar em certos locais ou interagir/apanhar itens por nós. Muitas vezes também teremos de escapar ao fogo inimigo, seja a tentar sobreviver em combates de trincheiras ou esquivar de obstáculos enquanto Anna conduz o seu veículo. Ocasionalmente somos nós que teremos de combater alguém (a maior parte das vezes um certo comandante alemão importante para a história), mas esses combates são também vistos como puzzles, obrigando-nos a utilizar explosivos de forma inteligente, como um dos exemplos.

Apesar do seu aspecto cartoon, os visuais representam muito bem os horrores deste conflito

E se por um lado a jogabilidade deste título é algo simples, o jogo acaba mesmo por marcar pontos por toda a sua apresentação e simplicidade pela forma como a narrativa é desenrolada. Tirando as cutscenes entre níveis, onde um narrador nos vai introduzindo o contexto, todos os restantes diálogos são mudos, com balões de banda desenhada a surgirem no ecrã, e com imagens a substituir as palavras que seriam eventualmente ditas. Aliás, todo o jogo tem um aspecto muito de banda desenhada europeia, o que eu sinceramente aprecio bastante. Mesmo com o aspecto cartoon, este Valiant Hearts consegue capturar muito bem todos os horrores, sangue derramado de forma absurda (e injustiças!) vividas naquele conflito que foi uma autêntica carnificina.

Ocasionalmente temos níveis onde conduzimos um carro e o objectivo é o de escapar ao fogo inimigo e outros obstáculos que possam surgir

Para além dos seus simples, porém bem eficazes audiovisuais, o jogo inclui também vários extras. Em cada nível existem toda uma série de factos documentados, acompanhadas por fotos colorizadas (que foram cedidas pelos criadores do documentário Apocalypse The Great War e que aproveito vivamente para o recomendar). Também espalhados pelos níveis vamos tendo vários coleccionáveis dos mais variadíssimos objectos, que são também acompanhados de descrições alusivas ao seu contexto naquele conflito. De resto, e sinceramente não sei se isso é algum extra exclusivo desta versão, temos uma pequena banda desenhada para ler que ilustra a origem de Walt, o nosso cão que nos acompanha ao longo de practicamente todo o jogo, assim como poderemos consultar várias imagens alusivas à arte por detrás da criação deste jogo.

Tirando as introduções de cada nível, toda a restante narração é super minimalista e resulta bem

Portanto este Valiant Hearts é um jogo de aventura muito interessante, pelo menos para mim que sempre tive um grande interesse nos grandes conflitos deste século passado. Acho que os seus visuais e a narrativa simples acabam por resultar muito bem e fico também bastante curioso em um dia destes jogar a sua sequela, Valiant Hearts: Coming Home, lançada originalmente no ano passado e que só hoje me apercebi da sua existência.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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