Vamos voltar à Playstation 4 para um jogo do estúdio britânico da Supermassive Games que começaram desde cedo a colaborar com a Sony na maioria dos seus lançamentos, até que em 2015 lançam este Until Dawn que acabou por ser publicado pela própria Sony Computer Entertainment. E este foi um jogo que sempre passou debaixo do meu radar pois não sei porquê mas sempre o associei àquelas experiências coop com zombies, como é o caso dos Left 4 Dead. Quando me apercebi que era uma aventura algo similar ao que a Quantic Dreams tem feito (vide Fahrenheit, Heavy Rain ou Beyond: Two Souls) lá me decidi a comprá-lo, algo que fiz por volta do Halloween de 2023 numa Cex por 15€. Mas apenas agora acabei por o jogar.
Bom, sem entrar em grandes spoilers, digamos que a premissa deste jogo é simples: um grupo de jovens adultos vão passar um fim de semana entre amigos numa casa de montanha (bastante luxuosa até) numa região remota dos E.U.A.. Sendo este um jogo de terror, naturalmente as coisas não correm bem para aquele grupo de pessoas algo aleatórias, pelo que durante toda a aventura iremos controlar cada uma das personagens em diferentes momentos, não só para lutar pela sua sobrevivência, mas também para desvendar alguns dos mistérios que pelos quais nos vamos deparar. É que a história começa como todos os clichés de filmes clássicos de terror norte-americanos, com um grupo de adolescentes a passar um fim de semana numa terra que não lembra a ninguém e serem perseguidos por um assassino, mas a narrativa vai melhorando à medida que vamos avançando na história. Prometo.

No que diz respeito à jogabilidade, este é então um jogo de aventura onde para além da exploração que teremos de fazer, todas as decisões que vamos tendo nos diálogos vão ter algumas consequências, um pouco como acontece nos jogos da Quantic Dreams que já mencionei, ou até nos da Telltale (como é o caso da saga The Walking Dead). Algumas das decisões que tomamos podem influenciar a percepção que as outras personagens têm da personagem que controlamos no momento, o que por sua vez poderá também influenciar certos acontecimentos ao longo da narrativa. De resto temos também algumas sequências de acção onde teremos de passar alguns quick time events e também tomar certas decisões no calor do momento que uma vez mais poderão ter influência no fio condutor da narrativa. Mas não fiquem com a ideia que haverá decisões que alterem radicalmente o curso da narrativa (esse prémio vai mesmo para o Steins Gate 0), pois há um fio condutor que é comum e não se altera. O objectivo do jogo é chegar ao amanhecer do dia seguinte com todas as personagens vivas, mas isso não é assim tão simples de acontecer. De qualquer das formas, uma vez terminada a aventura, desbloqueamos o chapter select, que nos permite recomeçar o jogo a partir de algum capítulo específico e assim tentar salvar mais alguém. Também à medida que vamos avançando no jogo desbloqueamos também vários vídeos distintos que documentam um pouco do processo de criação deste jogo, que envolve toda uma série de actores reais para as personagens principais (embora eu apenas tenha reconhecido o Rami Malek (da série Mr. Robot, excelente para todos os nerds como nós). Esse é mesmo daqueles tipos de extras que muito gosto me dá em ver! Voltando aos quick time events, só mesmo para acrescentar dois pequenos detalhes: ocasionalmente não reagir é também uma opção válida (e acertada para a sobrevivência de alguém) e os únicos que não gostei foram mesmo aqueles momentos em que nos obrigam a não nos mover (neste caso o comando) durante um certo tempo. Bom, a Supermassive Games espera mesmo que tenhamos mãos de cirurgião, pelo que quando essas alturas surgem recomendo vivamente que pousem o comando numa mesa ou superfície sólida.

No que diz respeito aos audiovisuais, acho que este é um jogo muito bem conseguido para os padrões de 2015. Todas as personagens são representações poligonais de actores reais e apesar de por vezes termos direito a algumas expressões faciais que me parecem algo estranhas para as situações em questão, acho que num todo este é um jogo bem conseguido nesse aspecto. E mesmo nos cenários, para além de estarem bem representados, a Supermassive Games mesmo assim conseguiu incutir alguma diversidade que não estava à espera. É que para além da bruta mansão no meio das montanhas em pleno pico de inverno e a àrea florestal à sua volta, temos aqui também para explorar as ruínas de uma antiga mina e de um sanatório abandonado também (que me fez lembrar o mítico sanatório de Valongo). De resto, confesso que inicialmente não estava a gostar assim tanto do jogo por exagerar nos jump scares em vez de uma atmosfera mais de terror e em todos os diálogos irritantes de adolescentes norte-americanos, mas confesso que a história e narrativa como um todo foi melhorando bastante com o tempo.

Portanto devo dizer que até gostei bastante da experiência de ter jogado este Until Dawn, apesar do seu início me ter torcido o nariz várias vezes, por todo o drama de adolescentes que vivemos e também por todos os jump scares que não contribuíam muito para o jogo em si. Mas é uma narrativa em crescendo, pelo que o resultado final acabou por ser bastante satisfatório. Depois deste Until Dawn a Supermassive Games continuou a explorar videojogos deste género, como é o caso do policial Hidden Agenda, o The Quarry ou a quadrologia The Dark Pictures Anthology, que também planeio jogar em breve.


2 opiniões sobre “Until Dawn (Sony Playstation 4)”