Alone in the Dark: The New Nightmare (Sony Playstation 2)

Vamos voltar agora para a Playstation 2 para um jogo de uma série que há muito que não trazia cá, a Alone in the Dark. Embora os seus primeiros títulos tenham sido importantíssimos para construir as fundações dos survival horrors que se viriam a popularizar imenso nos finais dos anos 90, foram precisamente séries como Resident Evil ou Silent Hill que acabaram por ficar com todos os louros. E foi precisamente nesse auge de popularidade que os franceses da Infogrames lá decidiram voltar a pegar nesta série com um novo título que acabou por sair para diversas plataformas durante o ano de 2001, incluindo a Playstation 2, cuja versão acabou por se tornar exclusiva do mercado europeu. O meu exemplar sinceramente já não me recordo quando ou onde o comprei, mas terá sido seguramente bastante barato.

Jogo com caixa e manual

Enquanto a trilogia original decorria algures nos anos 20, este quarto jogo já nos leva aos tempos modernos, onde poderemos encarnar numa de duas personagens: o detective Edward Carnby que procura investigar o assassinato de um seu colega, ou a professora universitária Aline Cedrac, especialista em culturas indígenas norte-americanas. Ambos viajam para a misteriosa ilha Shadow Island, cuja é propriedade de uma antiga, porém riquíssima família e também envolta em polémica pois muita gente já havia morrido e/ou desaparecido daquela ilha de forma misteriosa. Ora durante a viagem para a ilha ambos são atacados por estranhas criaturas, pelo que acabam por saltar do avião em pleno voo com Edward e Aline a aterrarem em zonas completamente distintas. Apesar de a jogabilidade entre ambas as personagens ser essencialmente a mesma, existem zonas exclusivas para cada uma pelo que a história terá contornos ligeiramente diferentes com ambas as personagens.

Sabemos que estamos perante um jogo especial quando o que têm a dizer de uma das personagens é o facto de terem uma arma grande.

A jogabilidade é a de um survival horror clássico daquela geração. Ou seja, tank controls, botão R1 para apontar a arma e o X para disparar ou para servir de botão de acção geral caso não tenhamos a arma equipada. O triângulo abre o menu onde poderemos investigar, seleccionar ou combinar itens, armas, mapas ou gravar o progresso no jogo. O quadrado serve para correr e o círculo para ligar ou desligar uma lanterna. Apenas um dos analógicos (o esquerdo) é utilizado e para controlar a direcção para onde apontamos a lanterna, pelo que o movimento é todo feito com recurso aos botões direccionais. No que diz respeito à lanterna, essa mais vale estar sempre ligada, pois sempre que a apontamos para algum objecto que pode ser coleccionado como chaves, medkits ou munições eles acabam sempre por brilhar. E no combate também pode ser útil, particularmente no caso da Aline que começa a aventura sem qualquer arma de fogo e os primeiros inimigos que enfrentamos são particularmente sensíveis à luz.

Aline começa a aventura sem qualquer arma. Felizmente as primeiras criaturas que nos aparecem são vulneráveis à luz, pelo que basta lhes ir apontando a lanterna para eventualmente as derrotar.

De resto à medida que vamos explorando e avançando no jogo iremos encontrar muitos documentos que vão enriquecendo a história, assim como outros NPCs que nos vão dando algumas dicas. Sempre que há algum evento importante Edward e Aline falam entre eles através de um walkie talkie e lá vão decidindo o que fazer em seguida. Ocasionalmente temos também alguns pequenos puzzles como descobrir certas combinações para desbloquear passagens ou destrancar certos cofres. No que diz respeito às armas de fogo, se explorarmos bem as munições não são assim tão escassas quanto isso e à medida que vamos avançando iremos também descobrir armas mais tecnologicamente avançadas como armas eléctricas ou de plasma.

Apesar do inventário ser ilimitado, a maneira como o interagimos é muito parecida com os Resident Evils da vida. E sim, é bem mais rápido recarregar armas nos menus do que durante o combate. Usem e abusem!

A nível audiovisual este jogo não é nada do outro mundo mas cumpre bem o seu papel. É todo passado durante a noite como é habitual neste tipo de jogos e teremos toda uma gigante mansão para explorar, a floresta à sua volta, imensos subterrâneos ou até uma grande fortaleza antiga. A banda sonora que nos acompanha é principalmente composta por certas melodias mais tenebrosas e ambientais como seria de esperar, embora não seja um jogo particularmente assustador. No que diz respeito ao voice acting confesso que este é um jogo que me deixa um pouco dividido. Por um lado o talento das vozes não é tão mau como em muitos outros jogos da época, por outro lado, a maior parte das vezes que Edward e Aline vão falando entre si os seus diálogos por vezes são bastante sarcásticos, o que por um lado é algo que eu aprecio, mas não num contexto de um jogo de terror, muito menos entre duas personagens que se tinham acabado de conhecer. De resto a nível gráfico contem com os típicos ângulos de câmara fixos e cenários pré-renderizados. Esta versão da PS2 possui modelos poligonais e uma resolução superior à da versão PS1, mas parece ficar uns furos abaixo (nada de especial atenção) da versão Dreamcast, principalmente nos efeitos de luz.

No fim de contas este é um clone de Resident Evil bastante competente, embora não seja nenhuma obra prima do género.

Portanto este Alone in the Dark: The New Nightmare é um survival horror decente. Não traz nada de muito novo para cima da mesa quando comparado a outros jogos do mesmo estilo que haviam no mercado (e sinceramente nem tinha grande obrigação de o fazer visto que foi a série que fundou todo este subgénero), mas é sim uma grande evolução quando comparado com os seus predecessores. Não achei a história incrível, mas acho que no geral foi um bom esforço por parte da infogrames. No entanto presumo que o jogo não tenha vendido tanto quanto a Infogrames esperaria, pois apenas voltamos a ver um novo Alone in the Dark 7 anos depois e sob um enorme chorrilho de críticas.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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