Yakuza 4 (Sony Playstation 3 / Playstation 4)

Continuando pela série Yakuza/Like a Dragon, chegou agora a vez de finalmente jogar este Yakuza 4. E tal como no seu predecessor, este foi um jogo saído inicialmente e em exclusivo para a Playstation 3, tendo posteriormente recebido uma versão remastered disponível nas consolas da geração seguinte e foi precisamente essa versão remastered que acabei por jogar. A minha versão PS3 foi comprada em Março de 2013 numa Mediamarkt por 20€, lembro-me de ter visto o jogo 10€ mais barato no ano seguinte no mesmo local, mas ainda assim tinha achado um bom preço. A versão remastered veio precisamente na Yakuza Remastered Collection que comprei em pre-order em 2020 para a PS4.

Jogo com caixa, manual e papelada

Ao contrário do Yakuza 3 que teve originalmente um processo de localização para o ocidente bastante atribulado, de tal forma que a versão PS3 chegou a ter muito conteúdo opcional removido. Felizmente na sequela a Sega manteve o jogo largamente intacto perante o lançamento original (excepto a inclusão do mini-jogo Answer X Answer mas sinceramente acho que não se perdeu muito ali) e esta versão remastered também manteve a mesma linha. A única diferença relevante desta versão remastered é o facto de um actor diferente dar a cara a uma das personagens principais. Isto porque o actor original viu-se envolvido num escândalo de consumo de drogas e, mesmo depois de ter sido declarado inocente, acabou por abandonar a carreira de actor e a Sega neste remaster lá mudou a sua aparência para outro actor. No Japão estes escândalos são levados muito a sério!

Edição limitada da remastered collection com sleeve exterior de cartão, caixa de cartão desdobrável com uma arte interessante, um pequeno manual, autocolante e uma caixa vazia do Yakuza 5 para a PS3, cujo lançamento físico ocidental nunca se concretizou.

A história decorre então um ano após os acontecimentos do terceiro jogo e pela primeira vez na série jogamos com alguém que não o Kiryu. Na verdade este jogo tem a particularidade de ter 4 personagens jogáveis, sendo eles: Shun Akiyama, um excêntrico agiota que empresta largas quantias dinheiro a qualquer pessoa sem taxas de juro logo que estas passem num teste à sua escolha, Taiga Saejima, o bro de Majima e cujo background é revisitado no Yakuza 0, Masayoshi Tanimura, um detective de Kamurocho e finalmente o Kiryu. Cada personagem vai ter uma secção do jogo inteiramente dedicada a ela e com 4 capítulos cada, sendo que teremos também um capítulo final (que por sinal é excelente) que nos obriga a jogar com toda a gente novamente. Não me vou alongar muito com a história, mas digamos que tudo começa com um assassinato entre membros de facções rivais dos Yakuza. Cada personagem começa por ter todo um subplot próprio, mas rapidamente todas as coisas se começarão a interligar umas com as outras e a narrativa vai evoluindo de um simples homicídio para uma grande conspiração que irá envolver muitas caras novas e outras já conhecidas da série. Para além do capítulo final que achei excelente, props também para o capítulo do Saejima. Depois de ter visto o que Majima sofreu nos eventos pré-Yakuza 0, fiquei contente por esta personagem ter sido introduzida. Sem grandes spoilers, Saejima estava no corredor da morte à espera de ser executado, após ter cumprido 25 anos de pena por um crime grave e o seu primeiro capítulo será passado precisamente para escapar da sua prisão! Em suma, a narrativa continua interessante e sempre com coisas novas e plot twists a acontecer, como é habitual nesta série.

A única diferença notável a nível de conteúdo para a versão remastered é a nova cara e voz de Tanimura, visto que o actor original foi envolvido num escândalo que o levou a desaparecer da praça pública

No que diz respeito à jogabilidade, esperem pelo habitual dos Yakuza clássicos. Temos toda uma secção de Tokyo para explorar livremente e, para além de avançar na história temos toda uma série de sidequests e mini jogos que são completamente opcionais para completar se assim o desejarmos. Casinos ilegais, arcades da Sega (infelizmente sem nenhum clássico conhecido), pescar, jogar golfe, bowling, mandar umas tacadas de baseball, engatar miúdas em clubes ou participar em torneios de luta ilegais são apenas alguns dos passatempos que teremos acesso. O sistema de combate é muito similar ao do Yakuza 3, na medida em que o quadrado é o botão principal de ataque, o triângulo para golpes mais poderosos (incluindo as famosas heat actions), o círculo serve para agarrar/atirar outros oponentes ou objectos espalhados pelas ruas, L1 para bloquear, R1 para nos focarmos apenas num inimigo em específico. Os analógicos controlam o movimento e câmara. Cada personagem pode ter equipada até um máximo de 3 armas cujas podem ser utilizadas em combate ao pressionar uma certa direcção no botão direccional. De resto, vencer combates, comer em restaurantes e acima de tudo cumprir sidequests dá-nos pontos de experiência e de cada vez que subimos de nível poderemos evoluir a nossa personagem e aprender novas técnicas. Algumas técnicas precisam de treinos especiais, sendo que cada personagem possui um mestre distinto que as pode ensinar.

Cada personagem possui técnicas de combate próprias, embora os controlos sejam idênticos

Como seria de esperar, no entanto, cada personagem possui diferentes estilos de luta. O Akiyama é bastante ágil e ataca principalmente com pontapés, já o Saejima é um tanque fortíssimo mas é bastante lento nos seus golpes e requer muito os “charging attacks“, ou seja, manter o botão triângulo pressionado durante alguns segundos após um combo de golpes normais. Infelizmente isto não resulta muito bem e nalguns combates mais desafiantes (o boss da prisão é horrível) vão se tornar algo frustrantes. Saejima, sendo também um prisioneiro que foge da prisão, terá também de ter cuidados acrescidos quando explora Kamurocho e evitar qualquer contacto com polícia, o que também nos pode frustrar um pouco. O Tanimura é também uma personagem ágil e o seu sistema de combate é mais focado em agarrar inimigos bem como um sistema de parrying que os deixa vulneráveis a um contra ataque. Jogar com o Kiryu foi um prazer, porque felizmente a maior parte das suas habilidades são fáceis de desbloquear e acaba por ser uma personagem bem mais directa no seu combate. Cada personagem tem também um “mini-jogo/sidequest” próprio. O Akiyama sendo um gajo rico, naturalmente que tem também um clube nocturno. Então temos aqui um mini jogo de recrutar e treinar miúdas giras para trabalharem lá no clube, o Hostess Maker, que já conhecia do Yakuza 3. O Saejima tem o Fighter Maker onde ajudamos um dojo a treinar jovens lutadores, onde teremos de lhes criar um plano de treino e levá-los a alguns combates regulares para que melhorem a sua técnica, força, resistência física, entre outros parâmetros. O Tanimura e o Kiryu têm uma side quest mais simples. O Tanimura sendo um polícia irá receber pedidos de ajuda por rádio que podemos investigar ou não. Investigar resulta sempre numa luta ou perseguição e uma recompensa monetária no final. Já o Kyriu tem uma série de gangues de rua para combater e derrotar.

Visualmente já o original de PS3 era uma boa evolução perante o Yakuza 3. Para além dos modelos poligonais das personagens serem mais avançados, as texturas, efeitos de luz e partículas eram também superiores.

No que diz respeito aos audiovisuais, o Yakuza 4 original é um título da PS3, pelo que utiliza o mesmo motor gráfico do seu antecessor. Ainda assim notei algumas melhorias nos modelos poligonais, particularmente os das personagens principais e principalmente quando vemos alguma cutscene onde os mesmos estão mais aproximados. A cidade de Kamurocho está também mais bem detalhada e com melhores efeitos de luz, particularmente à noite. A versão remastered foi toda uspcaled para 1080p e tirando a maior resolução não parece ter havido grandes melhorias gráficas. O voice acting é inteiramente em japonês como é habitual e parece-me muito bom, até porque o pessoal da Ryu Ga Gotoku Studios tem investido em actores minimamente famosos no Japão para dar a cara e voz às personagens principais. A banda sonora é também bastante eclética, com músicas com melodias calmas de piano, outras mais jazzy e claro, quando temos de andar à porrada muitas vezes toca uma música mais rock e enérgica. Eu adoro rock e metal, mas confesso que as músicas desse estilo neste jogo em particular não me agradaram tanto.

Subir de nível faz com que possamos desbloquear novas habilidades. Combater, comer em restaurantes ou completar sidequests são tudo exemplos de actividades que nos dão experiência.

Portanto este Yakuza 4 é mais um título bem decente da série Yakuza / Like A Dragon. A introdução de novas personagens jogáveis foi muito benvinda, embora o Saejima seja um pouco mais frustrante de controlar nos combates e durante a exploração normal também ter de fugir à polícia constantemente. De resto, apesar das novas personagens, infelizmente a Sega não investiu muito em novos locais para visitar. A esmagadora maioria do jogo é passada em Kamurocho que já é mais do que familiar nesta altura. Outras localizações como a tal prisão que escapamos com o Saejima ou as praias de Okinawa onde Kiryu vive são zonas que visitamos apenas em certas fases da história. De realmente novo temos aqui toda uma série de subterrâneos e terraços para explorar em Kamurocho, no entanto estas novas áreas não são assim tão vastas quanto isso e não acrescentam muito ao jogo em si, o que é pena.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

2 opiniões sobre “Yakuza 4 (Sony Playstation 3 / Playstation 4)”

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