Vamos voltar à Mega Drive para um título muito peculiar. Produzido por um estúdio pequeno no ano de 1994 e originalmente lançado para o sistema nipónico Sharp X68000 e posteriormente convertido para outros sistemas, uma versão para a Mega Drive esteve mesmo quase para acontecer, tendo sido no entanto cancelada. Essa versão estava aparentemente practicamente finalizada, até que um grupo de entusiastas (Columbus Circle) meteram mãos à obra, ultimaram detalhes dessa versão com base num protótipo conhecido e lançaram a versão Mega Drive para o mercado em 2020. A Strictly Limited Games acaba também por lançar, em 2022, uma versão ocidental deste mesmo jogo, tendo o meu exemplar vindo precisamente da sua loja no mês passado. Infelizmente já só havia disponível esta versão com estética similar à Sega Genesis.
E este é então um jogo de acção com mechas, com a acção a aproximar-se à de beat ‘em up totalmente em 2D e onde nos podemos mover num único plano (pensem em jogos tipo Kung-Fu ou Black Belt mas com robôs gigantes!) mas também com alguns elementos típicos de jogos de luta versus, o que a meu ver acaba por não resultar lá muito bem. Isto porque o direccional controla o nosso robô, incluindo cima para saltar, os botões A e C servem para desferir golpes fracos, enquanto o botão B serve para desferir golpes fortes. Ambos os botões pressionados em conjunto faz com que bloqueemos e pressionando os botões de ataque em conjunto com o direccional faz com que despoletemos diferentes tipos de golpes também. Existem no entanto alguns golpes especiais associados a combinações de botões ligeiramente mais complexas. Por exemplo, tentando executar um hadouken faz com que disparemos uma arma de fogo, pressionar frente, frente + ataque executa um dash attack, ou baixo, baixo + ataque um uppercut. Existem portanto várias possibilidades de golpes, mas num jogo de acção sidescroller preferia mecânicas de jogo mais próximas às de um beat ‘em up… com um botão próprio para saltar, por exemplo!

De resto o jogo leva-nos a progredir ao longo de 6 níveis, sendo que cada nível vai ter várias secções que devem ser terminadas dentro de um tempo limite. No final de cada nível esperem sempre por um boss sendo que a excepção a essa regra é o último nível, que é basicamente um boss rush. Apesar de ocasionalmente termos direito a alguns itens que nos regenerem parcialmente a barra de vida, o jogo acaba por ser bastante desafiante, precisamente por esta mistura de jogabilidades entre um sidescroller, beat ‘em up e jogo de luta de 1 contra 1! Os confrontos contra os bosses poderão ser então bastante duros e temos apenas uma vida. Se perdermos, poderemos continuar desde o início do nível, no entanto. Por fim convém mencionar que o jogo possui também um modo versus que pode ser jogado contra o CPU ou contra um amigo.

A nível audiovisual este até que é um jogo interessante. É verdade que não há uma grande variedade de cenários, com o jogo a decorrer principalmente em várias áreas urbanas, com o quarto nível a decorrer nas ruínas de uma grande metrópole, já o quinto e sexto níveis decorrem numa gigante base aérea inimiga. Apesar de não ser um jogo incrivelmente bem detalhado graficamente, acaba por cumprir serviços mínimos e apresentar de vez em quando alguns efeitos de parallax scrolling, mas nada de mais. As músicas no entanto são excelentes! A banda sonora faz-me lembrar bastante temas rock dos anos 80 e a Mega Drive como sabemos, nas mãos de quem sabe o que está a fazer, é um sistema exímio em bandas sonoras deste género.
Portanto este Mad Stalker é um lançamento interessante e de certa forma compreendo o porquê de terem cancelado o seu lançamento inicial na Mega Drive. Para um jogo de 1994 já era algo datado nas suas mecânicas e tendo em conta que a Mega Drive em 1994 estava numa posição muito desfavorável no mercado japonês, a decisão de não o terem lançado talvez tenha sido acertada. Existem no entanto outras versões para além do original X6800. As primeiras conversões foram para o também computador nipónico FM Towns e uma outra para a PC Engine CD também no ano de 1994, com a versão PC Engine a possuir algum conteúdo extra. Mais tarde em 1997 surge um outro lançamento para a Playstation que já me parece practicamente um remake. Um detalhe curioso é que todas essas versões chamam-se Mad Stalker: Full Metal Force pois o Forth é mesmo um erro ortográfico do lançamento original de X68000 e que a Columbus Circle preferiu manter nesta versão.


