Yakuza 3 (Sony Playstation 3 / Playstation 4)

Tem-me sabido muito bem recuperar o tempo perdido com a série Yakuza, tendo agora terminado este Yakuza 3, lançado originalmente originalmente em 2009 para a PS3 no Japão e no ano seguinte no resto do mundo. Já tenho o meu exemplar da PS3 há uns valentes anos, comprado em Janeiro de 2013 numa Mediamarkt por cerca de 20€. Pouco tempo depois dessa compra fui viver e trabalhar para Lisboa, pelo que talvez tenha sido essa a razão pela qual não comecei logo esse jogo. Entretanto a Sega lançou os Yakuza 0 e Kiwamis pelo que fiquei algo dividido entre apostar directamente no Yakuza 3 ou voltar atrás à prequela e jogar novamente os remakes, decisão que tomei finalmente no final do ano passado. Entretanto a Sega lança também uma compilação dos Yakuza 3, 4 e 5 nas suas versões Remastered para a Playstation 4, algo que eu comprei em pre-order (a minha primeira em vários anos!) e foi essa versão para a PS4 que efectivamente joguei.

Jogo completo com caixa, manual, papelada, CD com a banda sonora e um código para resgatar alguns DLC que a edição inicial norte americana não incluía

O jogo decorre uns dois anos após os acontecimentos do Yakuza 2, onde Kiryu Kazuma se retira da clã de Tojo, após entregar a “pasta” ao Daigo Dojima e assegurar que Majima o apoia para deixar o clã em boas mãos. Kiryu muda-se então para Okinawa, onde toma conta de um orfanato para ajudar aquelas crianças desafortunadas. Tudo corria às mil maravilhas, tirando o ocasional drama causado por tanta criança junta, até que a certa altura o governo japonês decide investir em dois mega projectos para as ilhas de Okinawa: uma nova base militar em conjunto com os EUA que iria albergar um novo super sistema de defesa aérea e um luxuoso resort de férias. O problema? O orfanato de Kiryu está na localização desse futuro resort, pelo que este começa a ser pressionado para o abandonar. Existe um interesse financeiro de muitos milhões que naturalmente desperta o interesse de organizações mafiosas, tanto de Okinawa, como do próprio clã de Tojo. Daigo Dojima, pelo respeito que tem com Kiryu, decide não perseguir esses interesses financeiros, mas acaba por ser alvejado por uma entidade desconhecida. E o mesmo acontece com o líder de um clã da Yakuza de Okinawa, com o qual Kiryu tinha acabado de travar uma certa amizade. Está então lançada mais uma trama, onde iremos explorar uma pequena zona urbana de Okinawa e uma vez mais a região de Kamurocho em Tokyo para desvendar quem está por detrás de ambos os atentados.

Edição limitada da remastered collection com sleeve exterior de cartão, caixa de cartão desdobrável com uma arte interessante, um pequeno manual, autocolante e uma caixa vazia do Yakuza 5 para a PS3, cujo lançamento físico ocidental nunca se concretizou.

A nível de mecânicas de jogo confesso que foi um pouco estranho pegar neste Yakuza 3. Isto porque eu já vinha habituado a um sistema de combate mais fluído e alguns outros pequenos detalhes de melhoria de qualidade de vida que foram introduzidos nos Yakuza 0 e Kiwamis, como por exemplo a falta de um botão que nos levasse directamente a consultar o mapa da zona que estivéssemos a explorar no momento, ou o facto de termos menos save points. Mas na verdade, tirando uma ou outra mecânica que irei detalhar em seguida, não há assim tanta coisa que muda nas mecânicas de base. Continua a ser um jogo de exploração em mundo aberto em áreas urbanas com combates aleatórios nas ruas, muitas sidequests e conteúdo opcional para explorar se assim o quisermos. Tal como no Yakuza 2/Kiwami 2, não existem múltiplos estilos de luta para alternarmos com 4 categorias distintas a poderem ser evoluídas com pontos de experiência e que nos irão aumentar as barras de vida ou heat (a que nos permite fazer specials), melhorar certos atributos físicos ou aprender novos golpes. A experiência é ganha com combates, comer em restaurantes, ou ao completar sidequests e outros desafios opcionais, como os combates no coliseu, assim que o desbloquearmos.

A história anda à volta de Kiryu e o orfanato que gere em Okinawa que está em perigo de deixar de existir

Uma das mecânicas novas aqui introduzida são as perseguições. Durante várias alturas iremos ter de perseguir algum oponente pelas ruas de Kamurocho, onde teremos de ter cuidado com as outras pessoas ou objectos na rua, pois se colidirmos com eles perdemos segundos preciosos. Teremos também de ter em atenção ao nosso nível de fadiga, que também baixa sempre que colidimos contra alguma coisa ou alguém. De resto contem com imenso conteúdo adicional, como vários mestres espalhados pelo jogo que nos irão ajudar a aprender novas técnicas, podemos ir às arcades jogar qualquer coisa (embora infelizmente sem nenhum jogo clássico da Sega), jogar casino, mahjong, shogi e outros jogos tradicionais ou até pescar em Okinawa! E claro, podemos também engatar hostesses em bares, fazer massagens duvidosas ou até treinar algumas hostesses num clube em Okinawa. Uma versão bem mais aborrecida do que o mini jogo dos Cabaret que a Sega viria a introduzir mais tarde, diga-se de passagem.

Como se já não houvessem distracções que cheguem, alguns dos novos mini jogos consistem no golf e pesca

O lançamento original do Yakuza 3 no ocidente causou alguma polémica pois foi-lhe retirado imenso conteúdo pela equipa responsável pela sua localização para o ocidente, nomeadamente várias sidequests e mini jogos, nestes últimos incluiu-se o mahjong, shogi, as massagens e um jogo arcade chamado Answer X Answer, uma réplica dos quizz games que os japoneses por algum motivo gostam. De certa forma entende-se terem retirado alguns desses mini jogos, pois mahjong e shogi são intrisecamente asiáticos e têm pouca relevância no ocidente, mas visto que os jogos anteriores na PS2 os tinham, poderiam perfeitamente terem sido incluídos na mesma. O dos quizz também se entende pois as questões provavelmente apenas fariam sentido para o público japonês e seria algo difícil de localizar, até porque se as questões fossem mais genéricas de cultura ocidental saía um pouco do contexto. Já as massagens e sidequests achei uma decisão estúpida. Ainda houve mais conteúdo cortado, como as Haruka Requests e modos de jogo adicionais, que acabaram por ser reintroduzidos através de DLCs gratuitos. Já a versão remastered para a PS4 inclui todo esse conteúdo cortado, excepto o jogo dos quizz (que também não existe na versão remastered japonesa) e algumas sidequests novas. A excepção está no entanto num conjunto reduzido de sidequests que envolviam uma mulher trans que perseguia o Kiryu em situações hilariantes e essas foram cortadas nas versões remastered (em todos os territórios) devido ao tema ser algo sensível nos dias que correm. Sinceramente tenho pena que o tenham feito, mas compreendo. Outras das diferenças em relação ao lançamento original está nas hostesses que foram alteradas, visto que as do lançamento original eram baseadas em pessoas reais que tinham licenciado a sua imagem para o efeito.

É sempre um prazer explorar Kamurocho!

A nível visual, bom, suponho que para um jogo de PS3 esteja ok? Este foi outro dos impactos que senti ao pegar neste jogo depois de ter jogado o Yakuza Kiwami 2, que por sua vez utilizava o mesmo motor gráfico do Yakuza 6 e aí já se sentia um feeling bem mais next-gen quando comparado aos lançamentos anteriores. Quer isto dizer, quando comparado com esses jogos, o Yakuza 3 Remastered vai parecer pouco polido, com personagens e cenários com menos polígonos, texturas mais simples e piores efeitos de luz. Mas sinceramente ao fim de algum tempo lá me habituei e acabou por não fazer assim tanta diferença. O Yakuza 0, por exemplo, é um jogo cross-gen que sai tanto na PS3 (no Japão apenas) como na PS4 e restantes sistemas contemporâneos e já aí se notava que as personagens genéricas tinham um detalhe gráfico bem abaixo das principais. Aqui é practicamente a mesma coisa, embora as personagens principais não estejam muito melhores que as genéricas. A nível gráfico, este remaster a única coisa que faz é o upscale para a resolução 1080p e pouco mais. De resto, a banda sonora, apesar de agradável, pareceu-me um pouco mais contida que a banda sonora do Yakuza 0 e Kiwamis. Aqueles temas mais rock que ouvimos principalmente durante as batalhas são menos pujantes. Já a nível de som, absolutamente nada a apontar, pois o voice acting é inteiramente em japonês e pareceu-me bastante convincente.

As hostesses são diferentes da versão PS3 por questões de licenciamento das suas imagens

Portanto, e apesar deste ter sido o Yakuza que menos gostei de jogar até agora, continua a ser um excelente jogo, com uma narrativa empolgante e que dá muitas voltas e uma jogabilidade que já se começa a tornar familiar. Acredito que o impacto de ter jogado o Yakuza 3 na Playstation 3 na altura do seu lançamento tenha sido bem melhor, mas o facto de essa localização para o ocidente ter muito conteúdo cortado acaba por ser um factor determinante para jogar antes esta versão remastered que restaura muito desse conteúdo cortado.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

3 opiniões sobre “Yakuza 3 (Sony Playstation 3 / Playstation 4)”

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