The King of Fighters: Neowave (Sony PlayStation 2)

Vamos voltar uma vez mais à série The King of Fighters para mais uma rapidinha. Este Neowave marca uma nova era na vida da SNK/Playmore, pois tinha sido algures perto do final do mês de Abril de 2004 que a SNK lança o seu último jogo nas arcades Neo Geo (Samurai Shodown V Special), com lançamentos para a AES a surgirem uns meses em seguida. A Neo Geo, que em 2004 já detinha uns belíssimos 14 anos de vida útil foi finalmente substituída pela SNK Playmore como o seu sistema de eleição para jogos arcade. O substituto escolhido foi nada mais nada menos que o sistema Atomiswave da Sammy, que por sua vez era baseado na arquitectura da Sega Dreamcast, tal como a Sega Naomi. E o primeiro jogo que a SNK Playmore decide desenvolver para este sistema foi precisamente este KOF Neowave, também lançado originalmente nas arcades em Julho de 2004. Eventualmente surgiram conversões para outros sistemas, entre os quais este lançamento da PS2, cujo lançamento ocidental é exclusivo europeu. O meu exemplar foi comprado às prestações, com a caixa e manual a terem-me custado uns 50 cêntimos numa feira de velharias há uns bons anos atrás. Infelizmente o jogo completo começou a ficar cada vez mais caro e mesmo CDs soltos não se viam muito, mas lá houve uma altura algures antes do Brexit ter sido colocado em práctica que comprei um CD solto no ebay, seguramente por menos de 10€.

Jogo com caixa e manual

Este Neowave é, tal como os KOF 98 e 2002, um dream match, na medida em que não segue nenhum arco de história em particular, podendo assim incluir personagens que supostamente já nem deveriam aparecer. No que diz respeito aos modos de jogo as coisas são bastante simples: tanto podemos jogar contra o CPU como contra um amigo, seja na modalidade tradicional da série KOF, ou seja com equipas de 3 a combaterem entre si, ou combates de 1 contra 1 puros e duros. Temos também um modo endless que, tal como o nome indica é um modo de sobrevivência onde o desafio é o de vencer o máximo de oponentes com um crédito. É através desse modo de jogo onde desbloquearemos vários extras como personagens secretas ou galerias com arte.

O elenco de personagens é bastante generoso, existindo ainda umas quantas desbloqueáveis

Já no que diz respeito às mecânicas de jogo, há também aqui algumas coisas novas. Por um lado este é um jogo que descarta todos os conceitos de strikers e batalhas tag team, introduzidas pelo KOF 2003. Para além dos 4 botões tradicionais para socos e pontapés, temos aqui um quinto botão de acção introduzido, que nos permite activar o heat mode, um estado onde somos recompensados com mais poder de ataque, com o custo de a nossa barra de vida se ir esvaziando com o tempo. É um modo que pode ser activado a qualquer momento, excepto se a nossa personagem já tiver com pouca vida. De resto é um jogo de luta bem competente, com um leque de personagens bem grande e como é habitual, todas as personagens têm um cardápio considerável de golpes especiais que deveremos dominar, muitos deles que só podem ser executados em certas condições. E é precisamente essas condições que mudam, consoante as mecânicas que queremos usar para os specials: Super Cancel, Guard Break ou MAX2, sendo que todos possuem particularidades bem distintas entre si e às quais eu não vou entrar em detalhe aqui até porque sinceramente não entendi muito bem algumas delas.

A ordem das personagens é agora definida em segredo, com recurso aos botões faciais acima representados

A nível audiovisual acho sinceramente que este jogo tem resultados mistos. Por um lado as sprites 2D continuam repletas de animações fantásticas e aparentemente foram reaproveitadas do próprio KOF 2002, mantendo portanto o mesmo nível de detalhe da Neo Geo nesse aspecto. O que para mim não é uma coisa má, pois eu adoro pixel art e a SNK sempre foi exímia no detalhe, estética e animações das suas personagens em jogos de luta. Já os cenários, bom aqui se visitarmos as opções poderemos alternar entre cenários 2D ou 3D. Os 2D são os cenários originais da versão arcade, que em vez do pixel art característico dos jogos Neo Geo, são agora cenários bem mais realistas com sprites pré renderizadas. Compreendo que a Neo Geo não os conseguisse representar com esse detalhe, mas sinceramente para mim é um passo atrás. Caso optemos pelos cenários em 3D, estes são então substituídos por cenários semelhantes mas agora em 3D poligonal e os mesmos vão-se alterando com o decorrer dos rounds, com as lutas a decorrerem em diferentes fases do dia ou os cenários a alterarem-se ligeiramente. É algo que já tem vindo a ser normal nas adaptações dos King of Fighters para sistemas da sexta geração de consolas. A banda sonora tem mais qualidade a nível dos instrumentos em si, soando também mais realistas e menos a videojogo e as músicas vão sendo algo ecléticas, com umas mais agradáveis que outras, na minha opinião.

O contraste entre os cenários realistas e as sprites 2D Neo Geo é um pouco estranho. Sinceramente por mim era tudo pixel art!

Portanto para mim este é um mais um King of Fighters que me parece um jogo de luta bem competente, tanto a nível de mecânicas de jogo, jogabilidade e elenco de personagens disponível. A razão pela qual a SNK abandonou a Neo Geo era por esse sistema já estar bastante datado e a Atomiswave representar possibilidades bem superiores a nível tecnológico. No entanto, para o meu gosto pessoal, o pixel art é mesmo uma arte que a SNK foi aperfeiçoando ao longo dos anos e aqui começou a se perder, com uma transição gradual para cenários e personagens mais realistas.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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