Technoclash (Sega Mega Drive)

Vamos voltar à Mega Drive para um dos exclusivos que a Electronic Arts lançou neste sistema e que sinceramente eu até considero um jogo bem interessante e com algumas boas ideias, mas a sua execução poderia ser melhor. O meu exemplar chegou à colecção através de um amigo meu algures em Setembro passado e creio que me custou uns 20€.

Jogo com caixa e manual

O jogo coloca-nos no papel de Ronaan, um dos manda-chuvas do reino de Inner Realm, um mundo fantasioso onde a magia prevalece e a sua população possui fortes convicções anti tecnológicas. Mas eis que a certo dia um portal se abre vindo da Terra, onde uma série de soldados e máquinas invadem aquele mundo e levam a Life Staff, um valioso artefacto. Cabe-nos então a nós viajar para a terra e recuperá-lo, onde iremos também eventualmente descobrir quem esteve por detrás de tal ataque.

A história até que é interessante, pena que não tenham apostado numa arte melhor a acompanhar os diálogos

E este é um jogo de acção interessante onde através de uma série de níveis deveremos cumprir vários objectivos, desde o de eliminar todos os inimigos presentes, passando por coleccionar uma série de chaves ou destruir vários objectos-chave como geradores, por exemplo. Ronaan terá todo um arsenal de diferentes feitiços à sua disposição e as mecânicas de jogo têm o que se lhe diga. Devo começar então por avisar que este é um título que suporta os comandos de 6 botões da Mega Drive e deveremos mesmo utilizá-los caso os tenhamos para facilitar um pouco mais os controlos. O botão A serve para atacar fisicamente com o bastão mágico que dispomos, enquanto que o botão B serve para disparar o feitiço ofensivo actualmente equipado. O C serve para equipar um outro feitiço ofensivo, onde para isso deveremos manter o botão C pressionado, que nos abre, no canto inferior esquerdo do ecrã, uma matriz de 3×3 com as iniciais de todos os feitiços que dispomos no momento, devendo seleccionar o novo feitiço com o direccional e só depois largar o botão C. Para além de feitiços ofensivos, teremos também acesso a feitiços de suporte como curar, levitar, teletransportar para a base (início do nível) ou temporariamente invencível. Num comando de 6 botões, esses feitiços ficam automaticamente mapeados para os botões mode, X, Y e Z, já num comando de 3 botões teremos de utilizar várias combinações de botões para os activar. Pressionar start leva-nos a um menu de pausa onde também poderemos fazer todas estas acções.

Temos de prestar atenção constante à nossa barra de vida e às munições disponíveis do feitiço actualmente seleccionado

Todos os feitiços necessitam de munições para poderem ser utilizados, munições essas que são largadas pelos inimigos assim que os derrotamos, ou podem também estar escondidas nalguns locais de cada nível. A única excepção é a do feitiço ofensivo básico, cujas munições apenas servem para o seu rapid-fire, podendo ser utilizado normalmente em qualquer circunstância. Outras mecânicas a ter em conta é o facto de podermos activar o Indar, uma ave mágica que nos acompanha e que poderemos controlar para sobrevoar o nível e identificar a localização de inimigos ou objectivos. O Indar pode ser activado tanto com a combinação de A+Start ou através do menu de pausa também. Para além disso, poderemos também escolher um de dois guarda-costas disponíveis para nos acompanhar: Farrg ou Chazz. O primeiro é mais forte fisicamente e ataca com uma bazooka, enquanto Chazz é também um feiticeiro, sendo portanto mais frágil mas com ataques mágicos mais fortes. O comportamento destes guarda-costas pode também ser alterado entre guard, offensive ou shadow (neste último eles apenas nos seguem sem atacar qualquer inimigo) e tal como nós deveremos ter também em atenção à sua barra de vida.

Se não quisermos mudar de feitiços on the fly, podemos fazê-lo também no ecrã de pausa.

Apesar dos controlos que requerem uma curva de aprendizagem considerável (que seria bem maior no caso dos comandos de 3 botões), o jogo rapidamente se mostra ser também consideravelmente desafiante. Os inimigos são numerosos, persistentes e várias vezes com respawn, alternar entre feitiços ofensivos recorrendo ao botão C, ou usar a habilidade do pássaro não pausam a acção, pelo que corremos o risco de sofrer dano constantemente e perder uma vida. O facto de alguns níveis serem algo labirínticos e confusos (o último nível então…) pode tornar as coisas ainda mais frustrantes. Usar o feitiço de teletransporte pode e deve ser utilizado em alturas de maior aperto, pois leva-nos de volta à base, o que faz com que recuperemos vida (e a do nosso companheiro também), assim como poderemos mudar de guarda-costas, se um deles nos parecer mais eficiente para os inimigos em questão. Teletransportar para a base leva-nos de novo ao início do nível no entanto, o que para os níveis mais complexos pode também ser algo chato para fazer o caminho todo novamente. E o jogo não tem nenhum sistema de save, apenas passwords.

As munições têm as iniciais dos feitiços a que correspondem. As de cor laranja são para o nosso companheiro

No que diz respeito aos audiovisuais este não é o jogo de Mega Drive mais bonito que alguma vez irão jogar. Os gráficos são algo simples, embora os níveis até sejam bastante diversificados entre si: vamos atravessar Las Vegas, sucatas, desertos e bases militares/tecnológicas, até aos últimos níveis que nos levam de volta ao Inner Realm. A acompanhar a história vamos tendo pequenos diálogos com direito a retratos dos protagonistas, mas nada de especial. O final do jogo surpreendeu-me pela positiva, no entanto, indicando uma potencial sequela que nunca se materializou. A banda sonora não é nada de especial, assim como os efeitos sonoros. Este é portanto mais um jogo que utiliza o driver de som GEMS, largamente utilizado por estúdios norte-americanos e que muito contribuiu para a fama do som da Mega Drive não ser lá grande coisa.

Portanto este Technoclash é um jogo super interessante nas suas ideias. Os mundos de tecnologia e magia que colidem entre si, os diferentes feitiços que podemos usar ou mesmo os guarda-costas são tudo boas ideias mas infelizmente a sua execução não é a melhor, resultando num jogo bastante frustrante. Abençoados save states!

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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