É verdade. Até agora nunca tinha jogado nenhum Silent Hill. Há uns meses atrás decidi que na altura do Halloween deste ano ia finalmente pegar nessa série, começando pelo seu primeiro jogo na Playstation e lá o fiz. E que jogão é! Apesar de não ter sido o primeiro survival horror a ser lançado, Resident Evil foi um jogo importantíssimo na popularização do género que lhe trouxe muitos imitadores. Mas apenas 3 anos após esse lançamento, a Konami conseguiu apresentar um outro survival horror com um foco muito maior na atmosfera de terror e mesmo passados todos estes anos, Silent Hill continua a ser um jogo tão assustador e bem conseguido como em 1999. O meu exemplar foi comprado há muitos anos atrás, no antigo site leilões.net. Custou-me 7.5€, veio dos Açores e tinha chegado em excelente estado!
A história leva-nos a encarnar no papel de Harry Mason, um cidadão norte-americano perfeitamente comum que estava a viajar para a pequena cidade de Silent Hill com a sua filha adoptiva (Cheryl Mason) para umas pequenas férias. Mas mesmo quando estavam prestes a entrar na cidade, Harry sofre um acidente automóvel e quando volta a si descobre que a sua filha está desaparecida, partindo imediatamente no seu encalço. Mas a pequena cidade de Silent Hill, envolta numa névoa permanente e aparentemente desprovida de qualquer presença humana, rapidamente começa a mostrar as suas verdadeiras cores: estranhas e grotescas criaturas atacam, ocasionalmente somos transportados para uma outra dimensão ainda mais opressora e os poucos NPCs que ocasionalmente vamos conhecendo ainda mais contribuem para todo o mistério.

No que diz respeito aos controlos, confesso que inicialmente me custou um pouco voltar aos tank controls do passado, mas ao fim de algum tempo lá me voltei a habituar. Os controlos são então os seguintes: o direccional ou analógico esquerdo servem para controlar a personagem, com os tank controls a obrigarem-nos a que a personagem ande em frente quando pressionamos para cima, para trás ao pressionar para baixo e as direcções a rodarem Harry em ambos os sentidos. Os botões faciais servem para interagir com objectos/atacar (X), o quadrado para correr, triângulo para consultar o mapa a zona onde estamos (se o tivermos encontrado, claro) e o círculo para ligar/desligar a lanterna. Os botões L1 e R1 servem para strafing lateral, o L2 para posicionar a câmara nas costas de Harry e R2 para activar a postura de ataque, onde poderemos posteriormente atacar com o X. Start pausa e Select abre o menu onde poderemos explorar o nosso inventário, utilizar itens regenerativos, mudar de armas, entre outros. O ecrã de opções possui algumas opções escondidas e uma delas deu um grande jeito: alternar entre andar ou correr por defeito, o que eu acabei por fazer, pois sempre que possível, particularmente em áreas largas, fugia dos inimigos para conservar munições.

E sim, conservar munições e itens regenerativos continua a ser uma das preocupações que teremos de ter em conta. Existem diversas armas que poderemos vir a encontrar, desde melee como facas, tubos metálicos ou machados, bem como diversas armas de fogo com munições limitadas. Há inimigos que são complicados de os atingirmos com armas brancas (aquelas criaturas voadoras particularmente), pelo que ir alternando de arma consoante as munições que temos e avaliar se cada combate vale a pena ou não, é um exercício que terá de ser feito recorrentemente. É que ocasionalmente teremos também alguns bosses para defrontar e convém ter munições e itens regenerativos suficientes para os enfrentar. De resto, lá teremos de ir explorar os cenários em busca não só de mantimentos mas também objectos como chaves ou outros que nos irão a resolver uma série de puzzles, que por sua vez nos darão acesso a novas áreas a serem exploradas.

Mas é mesmo na atmosfera que este Silen Hill brilha. A própria vila de Silen Hill coberta de nevoeiro, que é tipicamente utilizado em videojogos desta geração para mascarar a curta draw distance, acaba no entanto por fazer todo o sentido aqui, até porque oculta também uma série de perigos que inevitavelmente nos irão surpreender. O som que nos acompanha está repleto de ruído estático, sirenes ou campainhas que tocam ininterruptamente, particularmente quando temos inimigos nas nossas imediações. Ocasionalmente iremos transitar entre a dimensão “real” e uma outra ainda mais macabra, onde no lugar de solo alcatroado e paredes normais, todas as superfícies são substituídas por um metal bastante oxidado e muitas vezes adornado com decorações macabras: corpos mutilados pregados à parede, poças de sange por razão nenhuma, entre outros. O design dos inimigos é também bastante original, embora as enfermeiras ainda tenham um aspecto bem mais humano do que as que nos foram introduzidas nas sequelas. A versão europeia é ligeiramente censurada, pois há um inimigo (dos primeiros a aparecer) que parece uma criança deformada, tendo sido substituída por outro inimigo mais grotesco que apenas surge mais tarde nas outras versões. E essa tal outra dimensão é ainda bem mais escura, o que nos obriga a utilizar a lanterna para conseguirmos ver alguma coisa. No entanto a lanterna é também um chamariz para os inimigos, pelo que também aí devemos ter algum cuidado enquanto a usamos. Portanto, toda esta conjugação de factores tornam o Silent Hill num jogo que nos coloca constantemente numa atmosfera bastante tensa e de puro terror. E sim, mesmo sendo um jogo de PS1, com gráficos em 3D poligonal algo primitivos, não deixa de ser excelente na atmosfera que cria.

Portanto sim, adorei jogar este Silent Hill e de facto concordo perfeitamente com o que se vai ouvindo sempre que o jogo é trazido à baila: a sua atmosfera aterradora e foco num terror mais psicológico é sem dúvida o grande diferenciador perante outros survival horrors da mesma época. E mesmo sendo um jogo com quase 25anos, continua a ser excelente naquilo que faz. Muito curioso para jogar o Silent Hill 2, que para muitos fãs é o seu preferido da série.


Um pensamento em “Silent Hill (Sony Playstation)”