General Chaos (Sega Mega Drive)

Vamos agora ficar com um interessante jogo da Mega Drive que conheci inicialmente através da emulação, algures no ano longínquo de 1999. Apesar de na altura não entender nada do que estava ali a fazer, o aspecto cartoon do jogo e alguns momentos de bom humor nas animações das personagens sempre me fizeram gostar minimamente dele. Fast forward para 2023, onde depois de anos à procura de uma edição normal (e completa) deste jogo a um preço sub-10€, lá me decidi antes a comprar este relançamento EA Classics, que acaba por ser bem mais comum. Veio de um amigo meu no passado mês de Setembro e custou-me precisamente 10€. Um dia que encontre a edição normal a um preço semelhante ou inferior lá tratarei de a substituir.

Jogo com caixa, manual e papelada na sua versão EA Classics

Mas em que é que consiste este jogo mesmo? Bom, é nada mais nada menos que um jogo de estratégia/acção em tempo real, onde numa série de batalhas iremos controlar pequenos esquadrões de 5 soldados distintos (ou uma dupla de comandos) que terão de derrotar um esquadrão inimigo e eventualmente destruir/proteger algum objectivo adicional como uma central eléctrica ou um tanque de guerra, por exemplo. A história é simples: depois de dois irmãos inseparáveis (Chaos e Havoc) e ávidos fãs de guerra e estratégias militares se terem zangado algures na sua adolescência, estes acabam por crescer separadamente, continuam a evoluir nos seus estudos militares e eventualmente chegam a ditadores (e comandantes supremos) de duas nações vizinhas. A guerra estala, mas como rapidamente chegou a um impasse, ambos os generais decidiram então mudar a sua estratégia: em vez de enormes batalhas, usar apenas pequenos esquadrões de assalto para resolver este eterno conflito.

Um dos aspectos muito positivos do jogo é a inclusão de um modo tutorial

Mas como é que um jogo de “estratégia” destes funciona mesmo? Bom, antes demais convém conhecermos que tipos de soldados podemos controlar. Temos soldados com metralhadoras que são de longe os mais balanceados, temos tipos que atiram granadas ou barras de dinamite, e embora a última cause bem mais dano que a primeira, as dinamites têm um alcance e taxa de fogo menores. Temos também soldados munidos de bazucas ou outros com lança-chamas. As bazucas são algo lentas a serem reutilizadas, mas são a arma com maior alcance. Por outro lado o lança chamas é super poderoso, mas é a arma de menor alcance de todas, obrigando-nos a colocar esses soldados bem próximos do fogo inimigo. Em cada batalha que iremos defrontar poderemos escolher um esquadrão de 5 destas classes de soldados, ou uma dupla de comandos.

Quem toma a iniciativa de ataque pode escolher em que território será a próxima batalha

Como controlamos esta gente então? Bom, no caso de um esquadrão completo de 5 soldados, temos de seleccionar cada unidade individualmente e, com recurso a um cursor teremos de as movimentar e ordenar para atacar alguns alvos em específico. O cursor é movido com o direccional, o botão C vai “rodando” o soldado que controlamos no momento e o botão B serve para indicar ao soldado seleccionado para se dirigir ao local indicado pelo cursor, enquanto que o botão A serve para indicar para atacar. Caso controlemos apenas uma dupla de comandos, então as coisas mudam um pouco de figura. Por um lado o controlo é bem mais simplificado, não havendo cá cursores. Usamos o botão C na mesma para alternar o controlo de um soldado ou outro e o A para atacar, movimentando o soldado seleccionado directamente com o d-pad. O botão B serve no entanto para chamar o outro companheiro para junto do soldado actualmente seleccionado. Existem no entanto mais uns quantos tópicos a ter em conta: sempre que dois soldados inimigos se aproximam, poderá dar-se uma luta corpo a corpo entre ambos, com os botões faciais a servirem para desferir socos, pontapés ou bloquear. Sempre que uma unidade nossa seja abatida, geralmente teremos a hipótese de a salvar ao chamar um médico (levar o cursor até ao soldado caído e pressionar A). Temos no entanto um número limite de vezes que poderemos chamar médicos em cada batalha e no caso das bazucas ou lança chamas existe também uma chance que essas armas causem dano letal, impossibilitando a chamada de um médico.

É verdade que existe toda uma estratégia que temos de ter em conta, mas na verdade rapidamente as coisas escalam para o caos completo

E como vamos progredindo no jogo? Bom, se o jogarmos sozinhos, este está dividido em três campanhas, sendo cada uma uma guerra entre as nações de Moronica (do Chaos) ou Viceria (do Havoc). A primeira batalha de cada campanha dá-se sempre num terreno algures na fronteira entre ambas as nações e as batalhas seguintes vão prosseguindo pelo território adentro dos derrotados, até que a sua capital possa ser atacada. O nosso objectivo é o de, naturalmente, chegar e conquistar a capital do país vizinho e tipicamente, quando somos nós que temos a iniciativa e passamos ao ataque, temos a hipótese de escolher um de 3 diferentes campos de batalha distintos. Ocasionalmente poderemos perder algumas batalhas (e isso vai acontecer), mas logo que consigamos defender a nossa capital temos sempre a hipótese de recuperar.

Ocasionalmente, tropas inimigas que estejam muito próximas entre si originam pequenos confrontos corpo a corpo onde poderemos controlar o nosso soldado na porrada

Ora uma vez explicado os conceitos base do jogo, vamos ao que gostei nele. É impossível não apreciar os visuais cartoon que caricaturam e parodiam a natureza violentíssima da guerra. Temos alguns pequenos detalhes hilariantes, como as animações das metralhadoras a encravar, os lança chamas dispararem bolhas de sabão caso o soldado que o carregue tenha atravessado algum rio/lago recentemente, ou os combates corpo a corpo que por vezes podem ser interrompidos por uma das partes sacar de uma pistola e enfiar um balázio no adversário. Outro detalhe muito importante é que apesar das mecânicas serem complicadas de entender no início, o jogo possui um tutorial que explica todos os básicos. Apesar de não o ter experimentado, existe toda uma série de modos multiplayer que tanto podem ser competitivos como cooperativos (no caso de dois jogadores), bem como é também possível jogar com até 4 pessoas em simultâneo, recorrendo ao multitap lançado pela própria EA. E o multiplayer entre amigos deve ser mesmo bastante divertido!

Os esquadrões vão sendo algo variados nos tipos de tropas que podemos levar para cada missão

Agora o que não gostei: as músicas têm naturalmente temas militares, mas estas apenas existem entre batalhas, já durante os confrontos ouvimos apenas os efeitos sonoros. Apesar de todas as boas ideias, um comando de Mega Drive não é de todo o meio mais adequado para controlar um jogo deste género. É que apesar de facto existir toda uma componente estratégica associada, como tentar proteger certas tropas atrás de cobertura, enquanto poderemos mandar outras flanquear certas posições inimigas, rapidamente a acção se degenera num caos completo e com estes controlos por vezes é difícil de reagir rapidamente. E depois parece que há toda um certo factor de sorte e aleatoriedade nalguns eventos, como certas tropas morrerem instantaneamente (se forem atingidas por bazuca ou lança chamas), ou os combates corpo a corpo por vezes terminarem num balázio injusto. É giro ver isso uma vez ou outra, mas quando nos acontece a nós com alguma frequência já não achamos tanta piada assim.

Portanto este General Chaos é, no mínimo, um jogo curioso e divertido de se experimentar. A dificuldade começa a ficar algo desiquilibrada particularmente na terceira campanha, onde o CPU começa a ser bastante cruel connosco, mas isto jogado com amigos deve ser bem divertido!

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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