O artigo de hoje é uma muito interessante aventura gráfica do estilo point and click. Nunca tinha ouvido falar do jogo até que a certa altura o GOG chegou a oferecer cópias digitais do mesmo por um período limitado e como gostei do que vi, lá decidi adicioná-lo à minha conta para jogar quando calhasse. Eventualmente a Limited Run Games anunciou que iria lançar o jogo em formato físico e lá reservei a minha cópia algures no ano passado. Mas infelizmente só chegou às minhas mãos há poucos meses atrás.
E este é um jogo com uma temática cyberpunk, decorrendo num futuro não muito risonho e claro, onde a tecnologia avança de tal forma que a maior parte das pessoas possuem uma espécie de implantes no corpo que as permitem viver num mundo de “realidade aumentada”, o que as deixa cada vez mais alienadas da realidade propriamente dita. Nós controlamos Nathan, um hacker ainda resistente a essa mudança e que a certo dia acorda sem a sua namorada ao seu lado, que desaparece misteriosamente. Lá começamos a aventura no seu encalço onde teremos entretanto de resolver toda uma série de puzzles até chegar ao seu pé e vamos também conhecer todo aquele mundo alternativo. Obviamente que eventualmente lá iremos lutar para mandar abaixo o sistema que controla a humanidade, mas é toda uma viagem até chegarmos a esse ponto.
A jogabilidade é o que se espera de uma aventura gráfica deste estilo, com o cursor a servir para interagir com uma série de objectos ou outras personagens e ao contrário do que habitualmente estamos habituados no PC, aqui os dois analógicos do comando da PS4 são igualmente necessários, pois o direito controla o cursor, já o esquerdo controla o movimento de Nathan. Como é habitual, vamos ter vários itens que poderemos guardar no inventário para posteriormente utilizar noutros objectos ou personagens, assim como poderemos combiná-los uns nos outros. Ocasionalmente teremos alguns puzzles mais desafiantes, incluindo alguns puzzles bem geeks onde deveremos converter caracteres ASCII para chegar à sua solução! Ainda na jogabilidade convém também só referir que por vezes nos diálogos o jogo parece que encravava por alguns segundos, não nos deixando mudar a linha de diálogo.
Visualmente este é um jogo muito único pois é todo ele representado em pixel art, mesmo como eu gosto. O tema cyberpunk está muito bem representado e a utilização de tecnologias antigas (para fugir ao tal sistema) serve de desculpa para colocar imensas referências retro, como os computadores Lorraine 500 (Amiga 500) ou o Atari ST que é lá referido com um outro nome que não me recordo. Ou a trivia de o Doom precisar de 4MB de RAM para ser executado! Em suma, é um jogo para geeks! Sendo este um título indie infelizmente não temos qualquer voice acting, mas a banda sonora é excelente! Esta é composta por muitas músicas chiptune que nos remetem mesmo para a cena europeia da década de 80 / inícios dos 90, com aquele som característico de jogos de Amiga, Commodore 64 entre outros sistemas da época. Ocasionalmente temos alguns temas mais metal/electronica, pois a própria banda italiana Master Boot Record esteve envolvida na banda sonora deste jogo. Só pela banda sonora já valeu a pena e os MBR já tinha ouvido falar, agora irei descobrir a sua discografia com mais atenção.
Portanto este Virtuaverse é um óptimo jogo de aventura point and click com uns visuais (e banda sonora!) muito retro e que acabam por resultar lindamente. Recomendo vivamente a quem gostar de aventuras gráficas e de temas cyberpunk! Fico curioso para eventuais novos lançamentos desta equipa!




