Cá está um artigo que tenho vindo a atrasar a sua escrita pois na verdade já o “terminei” há mais de duas semanas atrás. No entanto, visto que irei falar dele com detalhe no próximo episódio do Backlog Battlers no The Games Tome queria dar os meus dois cêntimos sobre o que acho desse jogo nesse espaço primeiro. Mas visto que esse novo episódio teima em não ser gravado (será para breve), decidi finalmente escrever um artigo aqui primeiro, enquanto a minha memória do jogo está consideravelmente fresca. O que já não me lembro de todo é como este meu exemplar veio parar à colecção. Não me recordo quando, onde muito menos quanto terá custado mas terá sido muito barato garantidamente.
Ora este Super Mario Galaxy, apesar de não ter sido um jogo de lançamento da Nintendo Wii, acabou por sair ainda algo relativamente cedo no seu ciclo de vida e poderemos afirmar que seria sem dúvida o jogo mais antecipado da Nintendo para esse sistema. O The Legend of Zelda: Twilight Princess era na verdade um jogo de Nintendo GameCube adaptado com alguns controlos por movimento, o Metroid Prime 3: Corruption seguramente que é um excelente jogo (ainda está no meu backlog!) mas não teve o mesmo impacto do factor novidade do primeiro jogo, mas este Super Mario Galaxy sim, parecia absolutamente incrível e as expectativas estavam altíssimas, até porque o Super Mario Sunshine não foi tão bem recebido quanto isso.
O jogo leva-nos uma vez mais ao Mushroom Kingdom, mas numa data especial, pois esta é a noite do Star Festival, que marca a chegada de um cometa aos céus do reino com inúmeras estrelas cadentes coloridas (star bits) a caírem dos céus e fazer as delícias de todos os Toads que por lá andavam. Mario foi convidado por Peach a visitá-la no seu castelo pois esta teria uma surpresa para si mas quando lá chegamos o inesperado acontece: Bowser ataca! Munido de um exército de navios e discos voadores, levantam para os céus o castelo de Peach, levando-a (e mais uns quantos Toads) para o centro do universo. Mario segue-os no seu encalço e após mais alguns acontecimentos acordamos num micro-planeta, onde nos são introduzidos os Lumas, pequenas estrelas e Rosalina, que é uma espécie de guardiã da Galáxia e que nos pede ajuda para recuperar a sua nave espacial, cujo poder havia também sido roubado pelo Bowser. Lá teremos então de explorar uma imensidão de galáxias compostas por vários micro-planetas e recuperar toda uma série de estrelas que vão desbloqueando as capacidades da nave de Rosalina, até que finalmente teremos a hipótese de viajar para o centro do universo, para um confronto final com Bowser e salvar Peach uma vez mais.

Há muito a dizer da jogabilidade deste Mario Galaxy, mas vamos começar pelos seus controlos. Eu não sou o maior fã do wiimote, mas tendo em conta que este jogo foi criado exclusivamente a pensar num wiimote e nun-chuck (até ao recente relançamento na Switch não tínhamos forma de o jogar com um esquema de controlo mais tradicional), convém então dar-lhe o devido destaque. O analógico do nun-chuck serve então para controlar o Mario pelo ecrã e o resto do jogo é controlado primariamente com os botões A (saltar), B (disparar star bits acumulados) e Z, que pode ser usado em conjunto com outros botões para acções diversas como aquele salto onde a meio do mesmo podemos cair com força no chão, efectuar saltos longos para a frente, ou saltos mais altos com um mortal para trás. Usando o botão A com os timings certos permite-nos também efectuar os mesmos 3 saltos diferentes que já poderíamos fazer com o Mario 64, por exemplo. Mas e os controlos de movimento? Bom, esses são utilizados primariamente em duas coisas distintas. O wiimote serve, entre outras coisas, como um apontador com um cursor no ecrã. Ao mover esse cursor poderemos apanhar os vários star bits espalhados ao longo dos níveis que poderão posteriormente não só servirem para desbloquear novos níveis, mas com o botão B podem também ser disparados para o local apontado pelo wiimote. Por exemplo, podemos atordoar temporariamente certos inimigos se lhes dispararmos com star bits de forma certeira. De resto podemos também abanar o wiimote e, dependendo do contexto, poderá resultar em diferentes acções. A mais comum é fazer o Mario rodopiar sobre si mesmo, o que poderá também ser uma maneira de atacar os inimigos ou até de extender um pouco o nosso salto. Viajar entre micro-planetas também nos obriga a abanar o wiimote em certos pontos, assim como em alguns power ups que possamos apanhar. Por exemplo, na forma de “Super Mario”, abanando o wiimote faz com que disparemos as bolas de fogo. Aliás, há aqui toda uma série de novos power ups a ter em conta, como um Super Mario que dispara bolas de gelo, a possibilidade de nos transformarmos numa abelha que nos permite voar temporariamente e agarrarmo-nos a certas superfícies, transformarmo-nos num Boo e assim atravessar certas paredes, entre outros.

Mas para além de a jogabilidade ser simples, algo intuitiva e relativamente complexa se quisermos executar alguns movimentos mais avançados, a enorme criatividade que a Nintendo conseguiu aqui introduzir é o que leva mesmo a cereja no topo do bolo. É difícil colocar em palavras toda a criatividade que aqui temos. Logo a primeira sequência de planetas serve de forma brilhante para nos introduzirem os controlos e nos habituarmos a esta nova realidade, pois podemos percorrer cada um destes pequenos planetas livremente, sendo que cada um possui a sua própria força gravítica e podemos até saltar de planeta em planeta se estes estiverem próximos o suficiente. Há toda uma grande variedade de mundos a explorar, e a criatividade da Nintendo ao apresentar-nos mundos distintos e com particularidades próprias é algo de absolutamente incrível. Vamos ter, por exemplo, secções com uma jogabilidade mais 2D e com gravidade alternada, mundos esféricos, cubos coloridos, mundos com largos corpos de água ou lava, entre muitos outros. Até uma galáxia formada com casas assombradas à lá Luigi’s Mansion teremos para explorar! E tal como nos outros jogos do Mario em 3D, apesar de apenas precisarmos de coleccionar 60 estrelas para desbloquear o nível que nos leva ao confronto final com Bowser, há na verdade o dobro das estrelas para coleccionar, inúmeros níveis secretos para desbloquear e outros bem mais desafiantes, assinalados pelo aparecimento de certos cometas nos observatórios de cada uma dessas galáxias. Esses níveis podem consistir em speed runs onde teremos de terminar um nível dentro de um tempo limite, jogar um nível inteiro (geralmente culminando no confronto com um boss) apenas com uma barrinha na nossa barra de vida ou aqueles em que teremos de coleccionar dezenas de moedas roxas, obrigando-nos a explorar cada nível à exaustão. Para além disso, uma vez coleccionadas as 120 estrelas desbloqueamos Luigi como personagem jogável e poderemos tentar apanhar todas as 120 estrelas novamente. Se assim o fizermos, lá desbloqueamos o verdadeiro final do jogo. Eu sinceramente não me dei ao trabalho de fazer isso pois tenho mais para jogar, mas é inegável que o jogo tem bastante conteúdo para quem o quiser completar a 100%.
A nível audiovisual é também um jogo muito bem conseguido, tendo em conta que a Nintendo Wii é uma Nintendo Gamecube com um pouco mais de sumo. Lembro-me bem de ver o jogo em 2007 e achar que a Wii, nas mãos certas, era capaz de fazer pequenos milagres e de facto a Nintendo esmerou-se bem. Os mundos para além de bastante variados a nível visual uns dos outros estão também bem detalhados graficamente, assim como Mario e restantes personagens mais importantes. Para além de que toda esta estética do espaço (mas sem parecer um jogo de ficção científica) ficou também muito bem conseguida. A banda sonora é a meu ver um outro sucesso, consistindo em várias músicas mais orquestrais e épicas, mas claro, temos também outras músicas não orquestrais e com aquele factor Nintendo bem característico, assim como novas versões de músicas bem conhecidas da série.

Portanto este Super Mario Galaxy é um excelente jogo de plataformas que tinha uma missão extremamente difícil: convencer o público geral que é possível se criarem óptimos jogos de acção recorrendo ao wiimote e nunchuck. Os controlos são simples e não abusam dos sensores de movimento, bastanto apenas abanar o comando para fazer toda uma série de diferentes acções, baseadas no contexto actual, embora ainda assim considere que jogar isto num comando normal deve ser ainda melhor. E claro, é inegável e muito difícil de colocar em palavras toda a criatividade que a Nintendo teve ao produzir este jogo com os seus mundos variados e as mecânicas à volta da gravidade. Quando todos os meus amigos me dizem que o Super Mario Galaxy 2 consegue ser ainda superior, a minha curiosidade está nos píncaros!





















