Onimusha 3 Demon Siege (Sony Playstation 2)

Já há bastante tempo que tinha este Onimusha 3 em backlog e nestes últimos dias lá me decidi finalmente em jogá-lo a sério, depois de uma primeira tentativa algures em 2013/2014, quando arranjei este meu exemplar algures em local indeterminado e preço também, apesar de ter sido certamente muito barato. Lembro-me de na altura o ter começado a jogar por curiosidade (sempre achei piada ao facto do Jean Reno protagonizar uma das personagens principais) e apesar de estar a gostar, não o queria jogar sem antes terminar os seus antecessores.

Jogo com caixa, manual e papelada diversa

Enquanto o Onimusha 2 nos colocou no papel de uma nova personagem, o samurai Jubei, este terceiro capítulo volta a colocar-nos no papel de Samanosuke, o protagonista do primeiro jogo, onde uma vez mais iremos lutar contra as forças demoníacas dos Genma, lideradas pelo tirano Nobunaga. E o início do jogo coloca-nos mesmo perto de defrontar Nobunaga uma vez mais, embora as coisas não corram lá muito bem. É que quando Nobunaga se prepara para nos desferir um golpe fatal, eis que surge um portal que nos transporta para… Paris… em 2004! As forças demoníacas de Genma vêm atrás e a cidade parisiense é atacada, com muitas baixas civis. É aqui que entra Jacques Blanq, um membro da polícia local que se vê envolvido nesses combates e, pouco depois de se cruzar com Samanosuke, Jacques acaba também por ser teletransportado, mas para o Japão, mais precisamente para o mesmo período do próprio Samanosuke. Aliás, é transportado para uns dias antes, pelo que Jacques acaba inclusivamente por conhecer e colaborar com o próprio Samanosuke dessa linha temporal. Sim, as coisas ficam um pouco confusas, mas ao longo do jogo iremos alternar entre ambas as personagens e períodos temporais.

A introdução de Jean Reno foi precisamente para cativar o público europeu, que aparentemente tinha sido o território onde Onimusha 2 vendeu pior.

No que diz respeito às mecânicas de jogo, este herda as mesmas mecânicas bases do seu antecessor. É na mesma um jogo de acção com ângulos de câmara fixos à semelhança dos Resident Evil clássicos e tal uma personagem como a outra vão ter acesso a diversas armas brancas, cada qual com um ataque mágico distinto. Ao derrotar os inimigos estes vão deixando várias esferas de energia que podem ser absorvidas pelo artefacto mágico que tanto Samanosuke como Jacques possuem. Estas podem servir para nos regenerar parcialmente a barra de vida, magia, onimusha ou no caso das mais comuns, as vermelhas, servem como uma espécie de pontos de experiência, que podem ser posteriormente trocados para melhorar cada uma das nossas armas e armaduras. Há pouco mencionei a barra de Onimusha, e esta, quando cheia, permite-nos transformar, se bem que temporariamente, numa forma mais poderosa. De resto o sistema de combate também me parece ser mais complexo, ao introduzirem um sistema de counters e criticals que requerem precisão no timing em que defendemos ou atacamos.

O jogo continua bem voltado para a acção e as armas que ambas as personagens vão ganhando dão-lhes também uma jogabilidade diferenciada

Samanosuke e Jacques possuem habilidades ligeiramente diferentes. As armas de Samanosuke estão mais voltadas para o combate próximo, embora também tenhamos acesso a um arco e flechas (estas com munições limitadas) para melhor alcançar inimigos mais longínquos. Já as armas de Jacques são baseadas em chicotes, o que nos permite atacar com mais algum alcance, bem como alcançar zonas que Samanosuke não conseguiria alcançar, ao usar o chicote para balançando por entre plataformas. Sim, vão haver certas alturas onde teremos de explorar a mesma zona mas em diferentes alturas no tempo e o progresso de uma personagem terá de ser desbloqueado pela outra e vice-versa. Para além disso, temos ainda uma outra personagem jogável, a Michelle, namorada de Jacques. Ela é militar, pelo que nas poucas vezes que a temos de controlar, ela não possui quaisquer habilidades mágicas, mas terá acesso a diferentes armas de fogo modernas. De resto, tal como nos seus predecessores e Resident Evil clássicos, teremos de explorar cada área afincadamente e ocasionalmente resolver um ou outro puzzle para progredir.

É muito estranho ver um samurai numa cidade de Paris moderna, mas sinceramente gostei do resultado desta experiência

No que diz respeito aos audiovisuais, o destaque para mim sempre foi a cutscene inicial em CGI, que era de uma qualidade incrível para a época e estava muito bem feita. O facto de o jogo envolver viagens no tempo e decorrer tanto no Japão feudal como numa Paris moderna, deu-lhe também uma grande diversidade de cenários. Para além de florestas, cidades e castelos japoneses, iremos também explorar o arco do triunfo, a catredal de Notre Dame, o castelo do mont Saint Michel e claro, a torre Eiffel. Os cenários estão bem detalhados e apesar de o jogo herdar os ângulos de câmara fixos, desta vez os cenários não são imagens pré-renderizadas mas sim completamente em 3D poligonal e o resultado final acaba por ser bem satisfatório. O detalhe das personagens principais, sempre foi algo que me impressionou bastante pela positiva nesta série e aqui o resultado final foi também bem satisfatório. O voice acting é bem competente, Jean Reno deu a voz à sua personagem e a personagem de Samanosuke é também interpretada por um conhecido actor japonês, embora aqui não ouvimos a sua voz porque infelizmente a Capcom não nos deu nenhuma opção para activar o voice acting original japonês. As vozes em inglês até que estão bem competentes, mas num jogo com origens e influências nipónicas tão acentuadas, manter as vozes em japonês seria mais autêntico digo eu. Até porque há inclusivamente algum diálogo em francês, pelo menos até que chega ao ponto em que “magicamente” as personagens entendem-se e os diálogos passam a ser todos em inglês daí em diante.

O sistema de upgrades é muito similar ao seu antecessor

Portanto devo dizer que gostei bastante deste Onimusha 3. Apesar de existirem alguns spin offs como um título da GBA que ainda não me apareceu na colecção e um jogo de luta algo desnecessário, esta série tinha sido idealizada como uma trilogia e este terceiro capítulo fecharia bem a série, a meu ver. Acho que a Capcom foi ousada ao pegar numa série, tão baseada em folclore e factos históricos japoneses e misturá-la com o mundo ocidental moderno, mas no fim de contas acho que o resultado final foi bem positivo. Apesar dos planos iniciais para uma trilogia, isso não impediu a Capcom de lançar uma outra sequela, já em 2006, também para a Playstation 2. Aparentemente muita coisa mudou na jogabilidade desse último jogo, mas isso será tema para um artigo futuro.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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