F.E.A.R. 2: Project Origin (PC)

Já cá trouxe no passado o primeiro F.E.A.R. onde inclusivamente mencionei que foi o último jogo “recente” que tentei jogar no meu velhinho Pentium 4 algures pelos finais de 2005, já depois do seu lançamento. Desenvolvido pela Monolith Productions, os mesmos que nos trouxeram os clássicos Blood ou No One Lives Forever, o primeiro FEAR foi um jogo que marcou principalmente em dois aspectos: a inteligência artificial dos inimigos, que eram bem agressivos e activamente se reposicionavam no mapa em posições mais vantajosas para nos atacar e claro, os seus elementos de terror devido à Alma Wade, uma miúda sinistra que ia aparecendo em várias alucinações. Entretanto, após duas expensões desenvolvidas pela Vivendi e que acabaram por se tornar não canónicas, em 2009 a Monolith lança a primeira verdadeira sequela. O meu exemplar sinceramente já não me recordo onde e quando o comprei mas foi seguramente bastante barato.

Jogo com caixa e manual

A história decorre após o final dos acontecimentos do primeiro jogo, onde encarnamos no papel de Michael Beckett, um soldado de um grupo de elite de operações especiais, que foram enviados para resgatar a Genevieve Aristide, presidente da empresa Armacham Technology Corporation, basicamente os maus da fita que fizeram todas as experiências à Alma que presenciamos no primeiro jogo. Começamos por tentar resgatá-la numa penthouse no topo de um hotel de luxo e rapidamente vamos sendo atacados por mercenários da mesma empresa que também tentam chegar primeiro a Aristide para a silenciar. Desde cedo começamos também a sofrer algumas alucinações com a Alma e eventualmente a história começa a ganhar alguns contornos estranhos, onde a própria Genevieve parece ter os seus próprios planos que nos incluem e à própria Alma também.

Como seria de esperar, gore é coisa que não falta

No que diz respeito à jogabilidade, esta é muito semelhante à do primeiro FEAR na medida em que é um first person shooter com combates intensos e certos elementos de terror, com todas as alucinações e pequenos sustos que Alma nos vai pregando, bem como a inclusão de certos inimigos mais “sobrenaturais”. Mas no que diz respeito aos tiroteios, a acção continua bastante intensa. Há uma maior variedade de inimigos do que no primeiro jogo mas a maioria dos inimigos que combatemos continuam a ser super soldados com uma inteligência artificial avançada e agressiva, continuamente a moverem-se pelo mapa em busca de melhor posição para nos atacarem. Os tiroteios acabam por ser bastante intensos não só pela agressividade dos inimigos, mas também pelos seus números. Não que tenhamos dezenas de inimigos para combater em simultâneo, mas acabam mesmo por serem dezenas de inimigos que vão surgindo sequencialmente e nos obrigam a estar sempre atentos.

Aparições e experiências paranormais são outras das ocorrências comuns neste jogo

Vamos ter acesso a um arsenal considerável de armas para utilizar, sendo que desta vez poderemos carregar um máximo de quatro armas em simultâneo, assim como vários tipos de granadas ou explosivos. E sim, tal como nos FPS da velha guarda, temos armadura e medkits para encontrar. A vida é apenas regenerativa quando baixa abaixo dos 30% e apenas regenera até essa percentagem. Nós supostamente somos também um super soldado e, tal como no primeiro jogo, para simular os nossos reflexos fora de série, poderemos abrandar a acção por alguns segundos, activando um efeito similar ao bullet time dos Max Payne, onde tudo à nossa volta se mexe muito lentamente. De resto, a outra grande novidade na jogabilidade está talvez na possibilidade de, pelo menos duas vezes ao longo do jogo, podermos entrar dentro de um grande mecha altamente blindado e com um poder de fogo incrível, o que nos leva a algumas sequências de acção non-stop.

Ao menos temos uma variedade de cenários maior que no primeiro jogo

Graficamente é um jogo bem competente para os padrões de 2009. Há uma maior variedade de cenários perante o primeiro jogo, pois iremos explorar o tal hotel de luxo, mas também um hospital, uma escola, cidades em ruínas e claro, as tais instalações industriais onde muitas experiências foram sendo feitas. Há também uma maior variedade de inimigos, embora a esmagadora maioria continuem a ser os tais super soldados. A banda sonora é, como seria de esperar, maioritariamente tensa e dissonante, o que conjuga bem com a atmosfera de terror que o jogo tenta incutir. No entanto o terror em si acaba muito por ser na base de jump scares e não uma atmosfera aterradora. Já o voice acting, bom, sinceramente achei o ponto mais fraco de todo o jogo. Mas kudos para a cena final, não estava nada à espera daquilo.

Os tiroteios são bastante intensos como referi, mas felizmente vamos tendo acesso a um extenso arsenal que nos facilita um pouco as coisas

Porto isto, achei o FEAR 2 um FPS bem competente, particularmente nos seus tiroteios intensos, cuja habilidade de abrandar o tempo nos dá muito jeito. Aparentemente a crítica e os fãs continuam a preferir o primeiro FEAR a este, mas sinceramente não os achei tão díspares assim. É um óptimo FPS para quem quiser participar em tiroteios frenéticos. Já a parte do terror, não se preocupem muito com isso, pois o jogo apenas oferece alguns pequenos sustos nesse departamento.

Cross Wiber: Cyber Combat Police (PC-Engine)

Publicado pela Face, este Cross Wiber: Cyber Combat Police parece ser um sucessor espiritual do Cyber Cross, que é também um jogo de acção / beat ‘em up de plano único onde o protagonista também se pode transformar. O meu exemplar foi comprado num bundle a um particular algures em Julho deste ano por cerca de 30€.

Jogo com caixa e manual embutido na caixa

Apesar deste ser um exclusivo japonês, o pessoal da Face foi simpático o suficiente para incluirem uma cutscene inicial onde nos é contada a história. O problema é que essa é uma parede de texto e com uma história bastante convoluta e confusa. O que interessa saber é que somos alguém com a possibilidade de se transformar numa espécie de robot e teremos inúmeras criaturas estranhas e outros robots para combater. E sim, o jogo parece ser algo futurista também.

Apesar do jogo ser exclusivo japonês, os seus criadores foram simpáticos o suficiente para nos mostrarem a história em inglês. Pena é que seja aborrecida à brava!

No que diz respeito à jogabilidade, esta é simples, com um botão para saltar e um outro para atacar com socos e pontapés com um alcance muito reduzido. Sendo um beat ‘em up de plano único, tipo, sei lá, My Hero ou Kung-Fu, não há muita margem para complexidade. O problema é que temos inimigos a surgirem constantemente no ecrã, vindos de todos os lados e visto que o alcance dos nossos golpes é muito curto, vamos estar constamentemente a sofrer dano. Felizmente que à medida que vamos jogando, pequenos robots voadores vão atravessando o ecrã. Se os conseguirmos destruir (o timing nem sempre é fácil), estes vão largando itens que nos regenerem parcialmente a nossa barra de vida, barra essa que não começamos o jogo com ela cheia, nem a mesma é regenerada entre níveis.

Sim, este é um daqueles jogos onde os inimigos são mais que as mães

O segredo então é ir sobrevivendo da melhor forma que conseguirmos e ir apanhando os medkits todos que conseguirmos. Assim que conseguimos elevar a nossa barra de vida até à cor azul, pressionem logo o botão de select! É isso que nos leva a transformar para a tal forma de super herói e temos agora um sabre de luz para combater, que tem um pouco mais de alcance. Quando estamos nesta forma, para além dos power ups de regenerar vida, também poderemos encontrar outros que nos vão melhorando a espada, cuja se vai tornando cada vez mais poderosa. A sua última forma, pelo menos à qual eu cheguei, já dispara alguns projécteis de energia, o que torna o jogo bem mais fácil no combate. Mas também temos alguns níveis com platforming exigente e repleto de abismos sem fundo e claro, inúmeros inimigos voadores que ao mínimo contacto nos podem atirar pelo abismo fora e assim perder uma vida. De resto, temos também 2 níveis com mecânicas de shmup, onde conduzimos uma mota voadora e um outro bem labiríntico, que nos obrigará a explorar várias portas, elevadores e teletransportes.

Pelo meio temos um ou outro nível com mecânicas de shmup

A nível audiovisual sinceramente até achei o jogo bem interessante. Os bosses tipicamente são muito bem detalhados, assim como os níveis, que possuem muitas paisagens urbanas, bem coloridas e detalhadas. As músicas são também bastante agradáveis no geral!

Portanto este jogo, se não fosse pela jogabilidade ser um pouco frustrante (se bem que as coisas melhoram bastante quando conseguimos activar a nossa forma de super herói) até teria boas hipóteses de ser uma hidden gem no sistema. Pessoalmente eu gostei bastante do design gráfico que a Face aqui introduziu e a banda sonora também não é nada má!