Lançado nos Estados Unidos para a Turbografx-16 como Samurai Ghost (a versão que acabei inclusivamente por jogar através de emulação por estar em inglês), este Genpei Toumaden Kannoni é a sequela do Genpei Toumaden, um jogo de acção bastante frustrante, porém original, por ter incluído 3 mecânicas de jogo completamente distintas, para além da sua não linearidade no progresso. Esta sequela já foi produzida apenas e exclusivamente para a consola da NEC/Hudson e é bem mais simplificado no seu conceito. Já a dificuldade mantém-se! O meu exemplar foi comprado em Julho deste ano, tendo-me custado algo em volta dos 30€.
Aqui encarnamos uma vez mais num samurai zombie que é invocado por uma velha, supostamente sua descendente e que o obriga a combater as forças demoníacas de um clã rival. A mesma fórmula na história portanto. Já a nível de jogabilidade, as mecânicas de jogo foram bastante simplificadas. Se bem se recordam, o primeiro Genpei Toumaden possuía níveis com 3 mecânicas de jogo completamente distintas. Os níveis de platforming, com sprites minúsculas e inúmeros inimigos e obstáculos. Os níveis de sidescroller mais voltados para o combate, com sprites gigantes e uma vez mais inúmeros inimigos a surgirem de todos os lados. E os níveis com uma vista de cima, tipo Gauntlet, uma vez mais com mais inimigos que sei lá o quê. Tipo Gauntlet, lá está. Para além disso tinha a particularidade de podermos ter saídas múltiplas no mesmo nível, que por sua vez nos levariam a níveis distintos.
Ora aqui as coisas são bem mais simplificadas. Apenas temos um estilo de jogo, numa perspectiva mais de acção 2D sidescroller, com algum platforming à mistura. As sprites são grandes mas não tão grandes quanto as maiores do primeiro Genpei Toumaden, daí haver espaço para algum platforming. De resto é na mesma um botão para saltar e outro para atacar com a espada e uma vez mais temos um sem fim de inimigos a surgirem de todos os lados e vários obstáculos para ultrapassar. Vamos também tendo a hipótese de apanhar diversos power ups. Alguns regeneram (ou extendem) a nossa barra de vida, que é uma vez mais medida pelo número de velas acesas que vemos no topo do ecrã. Outros podem até dar-nos alguns power ups temporários ao nosso ataque, como extender o alcance da nossa espada, saltar e rodopiar com a espada em riste ou até atirar alguns projécteis de longo alcance, o que dá um jeitaço. Mas lá está, o jogo continua bem desafiante, por todos os inimigos e obstáculos que temos de enfrentar em cada nível. Logo num dos primeiros níveis temos de nos mover constantemente para a direita pois há uma parede de fogo que se vai formando atrás de nós. Azar do caraças que pela direita temos sempre vários inimigos agressivos a surgir, incluindo umas aranhas com o corpo de uma caveira que se deslocam constantemente para a direita e disparam projécteis na nossa direcção. Apesar de não ser um jogo tão não-linear (ocasionalmente temos saídas múltiplas mas desta vez não temos de nos preocupar em seguir o caminho certo e apanhar os itens secretos que nos permitam derrotar o boss), temos ainda algumas dezenas de níveis pela frente e vários bosses para defrontar também.
No que diz respeito aos gráficos, até que há uma variedade considerável nos cenários, onde iremos atravessar florestas, montanhas, cavernas, templos, cascatas de água, as típicas florestas de bambu, etc. No entanto a tonalidade dos níveis é sempre bastante escura, o que de certa forma até se compreende tendo em conta que jogamos com um samurai zombie contra várias criaturas infernais. O efeito gráfico da passagem da noite para o dia que existia no primeiro jogo também foi recuperado aqui. Os inimigos mantêm aquela identidade muito própria da cultura oriental, como diferentes guerreiros do tempo do Japão feudal, várias criaturas próprias da cultura e folclore nipónicos, embora também me pareçam haver outras mais aleatórias. Pena que no entanto as animações de ataque da nossa personagem continuem bastante estranhas. De resto, as músicas mantém também essa identidade muito oriental que se adequa perfeitamente ao tipo de jogo. E sim, apesar de a versão norte-americana ter sido traduzida para inglês, os diálogos são quase inexistentes e mesmo assim estão repletos de erros ortográficos, como os conselhos que a velha nos dá antes de iniciarmos um novo conjunto de níveis: “don’t be innatention” ou “be caution!” antes de iniciarmos um novo conjunto de níveis.
Portanto este segundo Genpei Toumaden / Samurai Ghost continua a ser um jogo que possui um conceito bastante interessante, principalmente pela sua estética sinistra e muito influenciada pelo folclore nipónico. O facto de ser um jogo mais linear e mais simples nas suas mecânicas que o seu antecessor foi um passo na direcção certa, mas ainda assim o combate continua a ser bastante frustrante. É verdade que com dois botões e o d-pad temos múltiplos tipos de golpes que poderemos executar com a nossa espada, mas as animações e o timing desses ataques é sempre estranho. Felizmente existem continues infinitos, embora estes nos obriguem a recomeçar o jogo do início da última zona onde chegamos (não nível). Sinceramente é uma série que gostava que a Namco revisitasse um dia, mas com mecânicas de jogo mais fluídas.