De volta à Turbografx-16 para mais um clássico das arcades. Depois do esmagador sucesso que o primeiro Pac-Man recebeu, não só nas arcades mas practicamente em todo o lado que tenha recebido uma conversão, inúmeras sequelas e imitadores foram produzidas. A Namco decidiu inclusivamente usar a sua mascote em jogos de outros géneros, como foi o caso deste Pac-Land, um jogo de plataformas com origens nas arcades algures em 1984. Esta versão PC-Engine / TG-16 foi produzida pela própria Namco, pelo que se esperava uma conversão competente e de facto não desiludiram nesse aspecto. O meu exemplar foi comprado em bundle a um coleccionador francês algures em Janeiro deste ano. Custou-me uns 45€ e o jogo estava ainda selado de fábrica.

O conceito deste Pac-Land é muito simples: cada conjunto de 4 níveis corresponde a uma viagem (trip) sendo que nos primeiros 3 níveis temos de atravessar níveis de platforming da esquerda para a direita e levar uma fada de volta à sua terra. No quarto nível simplesmente teremos de viajar no sentido contrário e regressar a casa para junto da nossa família. Rinse and repeat, ao longo de 32 níveis distintos no total. Depois disso desbloqueamos o modo Pro, onde o jogo se repete mas num nível de dificuldade mais elevado.
No que diz respeito aos controlos, o jogo oferece-nos a possibilidade de optar por um button control ou um lever control. Recomendo-vos a optar pelo último, que corresponde a um método de controlo mais tradicional, com o d-pad para a esquerda ou direita a fazer-nos mover nessas direcções e o botão I para saltar. Já o button control, esquema de controlo por defeito, é alusivo ao método de controlo da versão arcade original, que usava botões normais para fazer o Pac-Man se mover pelo ecrã. Neste caso esse papel recai então nos botões II e I enquanto o d-pad é usado apenas para saltar. De resto as mecânicas de jogo são simples de entender, mas difíceis de dominar. O objectivo é o de chegar à saída do nível dentro de um tempo limite, evitando uma série de inimigos ou obstáculos como abismos ou água pelo caminho. Podemos ir coleccionando fruta pelo caminho para ganhar pontos e temos de evitar todos os fantasmas que nos atravessam pelo caminho, excepto se apanharmos aquela típica esfera amarela que nos dá super poderes temporariamente, pelo que poderemos devorar os fantasmas durante esse período para arrecadar ainda mais pontos. Depois de devolvermos uma das fadas à sua terra, é tempo de regressarmos a casa e para isso as fadas dão-nos um presente: botas mágicas que nos permitem saltar infinitamente, enquanto formos pressionando o botão de salto.

Mas como referi acima, o jogo possui mecânicas fáceis de entender, porém difíceis de dominar. Alguns saltos apenas são possíveis de executar com sucesso se estivermos a correr e mesmo assim é preciso ter cuidado em momentos que exigem um platforming mais preciso, pois o Pac-Man também ganha inércia e muito facilmente escorrega de uma plataforma, se aterrarmos muito próximo da sua extremidade. Para além de termos de nos desviar de inúmeros inimigos, claro. Nalguns níveis vamos poder atravessar umas pranchas, que tipicamente estão junto de uma grande piscina. O truque para passar essas fases é correr, saltar na extremidade da prancha, e depois pressionar repetidamente o botão para mover o Pac-Man para a direita, fazendo-o planar e prolongar o salto. Para além disso existem também inúmeros segredos, muitos deles escondidos em objectos que podem ser movidos, como cactos ou bocas de incêndio. Se os movermos totalmente, estes poderão revelar power ups que nos dão um capacete (capaz de absorver os pequenos fantasmas que um certo inimigo nos atira), outros que nos dão invencibilidade temporária, entre outros que nos podem recompensar com mais pontos. Claro que perder tempo para mover cada um destes objectos é um risco que poderemos não querer correr. Ao menos sempre que perdemos uma vida recomeçamos não muito longe de onde morremos e caso as esgotemos a todas, lá poderemos usar um continue, que são infinitos.

Graficamente este é um jogo muito simples, porém bastante colorido e detalhado, particularmente para um jogo de 1984. Até parecia um desenho animado, tanto que na versão arcade norte-americana o design do Pac-Man foi modificado para se assemelhar mais ao Pac-Man de uma série de animação televisiva que passava na época. Tanto a versão PC-Engine como a ocidental da Turbografx-16 são baseadas no visual nipónico do Pac-Man, presente na versão arcade original. No entanto, as músicas são aparentemente baseadas nas mesmas que passavam nos tais desenhos animados. Esta versão TG-16 é muito próxima à original arcade, faltando-lhe alguns efeitos de parallax scrolling em vários níveis e pouco mais.
Portanto estamos aqui perante um clássico. Um dos jogos que veio a influenciar a criação de um certo Super Mario Bros. ou mesmo um Wonder Boy, pelo que a sua importância para o género dos platformers é inegável. O jogo em si algo simples nas suas mecânicas, porém bastante desafiante. E é fácil de entender o porquê de também ter tido um sucesso considerável na altura em que foi lançado, por todo o seu charme.


Um pensamento em “Pac-Land (Turbografx-16)”