Super Magnetic Neo (Sega Dreamcast)

Vamos agora ficar com uma rapidinha a um dos jogos que já tinha em backlog na Dreamcast há imenso tempo, o Super Magnetic Neo. Produzido pela Genki, os mesmos por detrás da série Tokyo Xtreme Racer, este é um jogo de plataformas muito apelativo, mas também com uma dificuldade bem acima da média, pelas razões que irei detalhar mais à frente. O meu exemplar foi comprado já em Março de 2016, tendo-me custado uns 5€ e veio de new old stock de uma loja no Porto.

Jogo com caixa e manuais

A história é parva, mas até que tem o seu charme. Aliás, todo o jogo parece retirado de uns desenhos animados para crianças, mas confesso que até gostei do seu aspecto. Aqui nós controlamos o tal Super Magnetic Neo, um robot com propriedades magnéticas e que, a pedido do seu criador, vai combater o terrível gangue dos Pinkis, liderados por uma bébé de 2 anos e que invadiram o parque de diversões lá da zona.

Ao activar o mesmo pólo magnético destas plataformas coloridas, somos disparados pelo ar e isto naturamente terá de ser usado vezes sem conta para ultrapassar alguns desafios

Basicamente, estamos aqui perante uma espécie de clone de Crash Bandicoot, onde teremos um jogo de plataformas em 3D mas sem controlo de câmara e tipicamente os níveis possuem corredores em profundidade ou laterais que deveremos atravessar, evitando uma série de obstáculos, abismos e inimigos. Mas claro, tinha de haver também um grande twist. O robot tem a particularidade de controlar o seu magnetismo, podendo activar os seus ímans com a polaridade que desejarmos e isso acaba por ser a principal mecânica ao longo de todo o jogo. Com os botões A e B poderemos activar temporariamente os poderes magnéticos de Neo, com as polaridades norte e sul, que por sua vez possuem também as cores vermelha e azul respectivamente. Ora como todos sabemos, pólos opostos atraem-se, enquanto pólos iguais repelem-se. Ao longo do jogo iremos encontrar diversos objectos magnéticos com os quais devemos interagir, como plataformas, transportadores e inimigos coloridos que representam a polaridade respectiva. Ao saltar para uma plataforma magnética, ao activar o magnetismo do pólo oposto faz com que Neo fique colado à plataforma, enquanto se activarmos o pólo semelhante somos repelidos a alta velocidade. Para os transportadores ou pêndulos já temos de ter a preocupação de activar o pólo oposto para sermos atraídos para os mesmos e desactivar o magnetismo de Neo no momento certo para sermos disparados com sucesso. Com os inimigos é igual, temos inimigos azuis ou vermelhos que deveremos activar o magnetismo idêntico para os repelir, ou o oposto para os absorver, transformando-os em cubos que podem posteriormente ser usados para atacar bosses ou abrir portas. Outros inimigos não possuem magnetismo de todo pelo que devem ser evitados.

Os Pinki, o gang mais temido de sempre

Ou seja, ao longo do jogo vamos ter vários exigentes desafios de platforming que nos vão obrigar a estar constantemente a alterar a polaridade magnética de Neo entre plataformas magnéticas, transportadores ou pêndulos, interruptores e inimigos. E a preocupação que temos em activar a polaridade correcta para cada situação vai demorar a ser assimilada, pois num segundo teremos de activar um pólo, no segundo seguinte, e já em pleno ar, poderemos ter de activar o pólo oposto e qualquer hesitação resulta em caírmos num abismo sem fundo e perder uma vida. Ora os Crash Bandicoot clássicos já tinham por vezes o problema da câmara fixa nem sempre ajudar a calcular a distância nos saltos. Aqui isso também acontece mas é muito pior pela confusão das mecânicas de jogo. E à medida que vamos avançando no jogo vamos tendo desafios cada vez mais difíceis e frustrantes, pelo que ocasionalmente teremos de revisitar os primeiros níveis para ir amealhando vidas extra.

Ao longo do jogo vamos tendo também pêndulos e outros tansportadores que temos de usar ao activar a polaridade certa, no momento e locais certos também

De resto, tirando a dificuldade, até que é um jogo bonitinho, mas que peca também por ser bastante curto. Existem apenas quatro mundos diferentes para serem explorados, sendo que cada mundo possui 4 níveis mais um boss. E os níveis, se não fosse pelo facto de serem cada vez mais difíceis, nem são assim tão longos quanto isso. Mas no que diz respeito aos audiovisuais propriamente ditos, os gráficos são bastante coloridos e com um bom nível de detalhe. A Dreamcast é uma consola que, apesar de poderosa para a sua época, possui também as suas limitações, mas o facto de o jogo ter um aspecto algo infantil e de desenho animado até resultou muito bem, na minha opinião. A banda sonora também achei muito agradável, possuindo sempre uma toada um pouco mais electrónica. Os efeitos sonoros cumprem bem o seu papel e o pouco voice acting que existe também se adequa perfeitamente ao look de cartoon que o jogo tenta transparecer.

Portanto este Super Magnetic Neo até é um jogo de plataformas com boas ideias, mas a sua dificuldade acabou mesmo por alienar muita gente. Se não houvessem tantos abismos sem fundo, ou o robot não perdesse uma vida em qualquer pequena falha ou erro, seria certamente um jogo bem mais agradável de jogar. Mas se assim fosse, também calculo que seria um jogo para durar uma horita se tanto a terminar, pelo que suspeito que a Genki tenha aumentado a sua dificuldade propositadamente para mascarar a sua longevidade.

Sobre cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.
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