Aproveitei estas duas últimas semanas em que estive de férias para finalmente jogar um dos RPGs que há muito estavam aqui na lista para jogar assim que possível. Final Fantasy X foi o primeiro RPG da conhecida série a ser desenvolvido de raiz para a Playstation 2, apresentando uns excelentes visuais para a época, voice acting e um interessante sistema de combate e evolução das personagens. Mas já lá vamos. Sinceramente já não me recordo quando comprei o meu exemplar, creio que terá sido numa Cash Converters algures em Lisboa ou Porto e foi certamente barato. É a edição black label original que vem com um DVD bónus.
O protagonista principal deste jogo é o jovem Tidus, o Cristiano Ronaldo do Blitzball (uma espécie de futebol subaquático) que se preparava para mais um jogo quando subitamente vê a sua cidade Zanarkand a ser atacada por uma criatura gigantesca que destrói completamente a cidade. No meio do caos e da confusão, Tidus é transportado para o misterioso mundo de Spira, onde a criatura que destruiu Zanarkand é conhecida por Sin e costuma também espalhar o terror pelos seus habitantes. Na aldeia tropical de Besaid acabamos também por encontrar a jovem Yuna e os seus guardiães. Yuna é uma summoner em treino e tradicionalmente os summoners fazem uma longa peregrinação pelos templos de Spira, coleccionando Aeons (as poderosas criaturas como Ifrit ou Bahamuth que acabamos por conseguir invocar) até conseguirem invocar o Aeon Final que lhes permite derrotar temporariamente Sin, dando à população de Spira alguns anos de descanso antes de Sin reaparecer novamente.
É claro que as coisas não são tão simples assim, esperem pelas reviravoltas do costume e devo dizer que até que gostei bastante da história apresentada neste jogo. Há aqui uma grande conotação religiosa pois os habitantes de Spira, à parte dos estranhos Al-Bhed, seguem à risca “os ensinamentos de Yevon”, mas à medida em que vamos avançando na história vamos descobrindo que os líderes religiosos também não são tão boas pessoas assim, e a religião acaba por ser uma forma de controlo das massas. Os Al-Bhed são mais ligados à ciência e questionam muitas vezes os “ensinamentos” que as pessoas seguem religiosamente sem saberem o porquê. Há paralelismos que podem ser tirados com o mundo real? Completamente!
No que diz respeito à jogabilidade, há aqui também várias mudanças, a começar pelo sistema de combate. O Active Battle System utilizado em vários jogos da série desde o Final Fantasy IV foi substituido pelo Conditional Turn Based Combat System, que acaba por ser um sistema de combate por turnos onde podemos, sem qualquer pressão, levar o tempo que bem entendermos a escolher a acção a tomar. O “Conditional” tem a ver com as condições pelas quais a ordem dos turnos é atribuída (que pode ser vista no canto superior direito do ecrã). Tipicamente personagens com stats bem mais elevados possuem turnos mais cedo e mais frequentes que os oponentes. As acções que podemos desempenhar em combate são as habituais, com a possibilidade de usar ataques físicos, mágicos (para quem os tiver), ou skills físicas especiais que poderemos também ir aprendendo. No caso de Yuna, podemos também invocar os Aeons que tivermos actualmente à disposição. Mas ao contrário dos summons de outros Final Fantasy, que simplesmente apareciam no ecrã, lançavam um poderoso ataque e depois iam-se embora, aqui eles ficam em combate e podemos controlá-los livremente, atacando ou usando as suas habilidades especiais.

O sistema de combate desta vez é inteiramente por turnos e podemos demorar o tempo que quisermos a tomar uma decisão. A ordem pela qual os turnos são atribuidos de forma dinâmica, dependendo dos stats dos intervenientes.
Os Limit Breaks do FF VII estão aqui representados como Overdrives. Estes são ataques super poderosos que cada personagem pode desencadear ao fim de algumas batalhas, mas desta vez são ataques interactivos, obrigando-nos a participar num Quick Time Event de alguns segundos enquanto o ataque está a ser preparado. Se o QTE for correctamente desencadeado, o ataque tem mais sucesso. De resto, e ainda sobre o sistema de batalha, tipicamente temos três personagens em combate em simultâneo, mas podemos alternar entre elas a qualquer momento entre turnos, ao pressionar o botão L1.
No final de cada batalha, para além de ganharmos dinheiro, e/ou itens aleatórios, ganhamos também Action Points (APs). Estes são os pontos de experiência que depois se traduzem em Sphere Levels, que podem posteriormente ser usados para evoluir as personagens no Sphere Grid System. Permitam-me que elabore um pouco mais: O Sphere Grid System é como se fosse um jogo de tabuleiro gigante. Cada personagem começa a sua evolução numa determinada posição do mapa e pode gastar os Sphere Levels para se movimentar ao longo das várias “casas” do mapa. Cada casa pode evoluir alguns stat points como a magia, força, agilidade, aumentar pontos de vida ou de mana, ou mesmo ensinar novas habilidades, sendo que para activar as casinhas também devemos ter as respectivas spheres, que também ganhamos no final de cada combate. Temos também algumas “casinhas” vazias que poderemos activá-las no futuro, sendo que para isso também precisamos de alguns itens específicos. Cada personagem possui um caminho próprio de evolução no Sphere Grid, mas a certa altura também conseguimos “invadir” o caminho de outras personagens e começar a aprender também algumas das suas habilidades.

Os summons são imponentes e quando os invocamos eles substituem a nossa party e podemos comandá-los livremente.
Para além disso, o jogo oferece também a possibilidade de customizar o equipamento das personagens, conferindo-lhes mais habilidades, bem como melhorar os Aeons. Por fim, convém também referir que temos imensas side quests e conteúdo opcional para realizar, para quem quiser adicionar mais umas dezenas de horas à sua playthrough. Desde dungeons e bosses extra, novos Aeons, campeonatos de Blitzball (que sinceramente não gostei muito da jogabilidade destes), ou coleccionar monstros para a Monster Arena, as possibilidades são imensas!
No que diz respeito aos audiovisuais, este jogo apresenta pela primeira vez os cenários completamente modelados em 3D, descartando assim os cenários pré-renderizados dos tempos da primeira Playstation. No entanto, e com pena minha, ainda não há qualquer controle de câmara. A mesma não é completamente estática, sendo algo dinâmica consoante a nossa posição no cenário, mas ainda assim é pena que não a consigamos controlar livremente. Dessa forma alguns baús com tesouros podem passar mais despercebidos aos olhares mais desatentos. De resto, os cenários vão sendo bastante variados entre si, desde aldeias tipicamente tropicais, planícies verdejantes, cidades mais imponentes, desertos e ruínas ancestrais. No que diz respeito ao som, nada a apontar ao voice acting que está 100% competente e gostei da maneira como o Tidus ia narrando certas partes da história. As músicas também vão sendo bastante variadas entre si, misturando temas mais folk, bonitas melodias de piano, alguma música electrónica, outras mais épicas e orquestrais, ou mesmo uma Otherworld que está ali quase a roçar no Death Metal que me surpreendeu bastante da primeira vez que a ouvi!
Portanto, este Final Fantasy X acabou por ser uma óptima surpresa. Tinha gostado bastante do IX pela sua história mais ligeira, mas com personagens carismáticas, do que o VII e VIII com algumas personagens bastante deprimentes que acabaram por me irritar bastante. Aqui conseguiram equilibrar bastante bem as coisas e a história até que era agradável, assim como a jogabilidade. Também de louvar o DVD bónus que nos presentearam, com artwork e várias entrevistas aos criadores do jogo, o que para mim é algo que dou bastante valor como conteúdo adicional. Convém também referir que anos mais tarde a Square-Enix fez um remaster em HD deste jogo e da sua sequela directa, que possuem gráficos muito mais polidos, sendo talvez a versão mais interessante para se jogar este jogo.
Pingback: Final Fantasy X-2 (Sony Playstation 2) | GreenHillsZone