Diddy Kong Racing (Nintendo 64)

2925_frontApesar de Mario Kart ter as suas origens na Super Nintendo, foi a sequela para a Nintendo 64 que popularizou definitivamente o género. E a concorrência não se ficou pelas consolas rivais, pois mesmo dentro do seio da Nintendo, através da sua second party britânica Rare, lançaram também o Diddy Kong Racing, mais uma pérola no meio de um catálogo de luxo que o estúdio europeu juntou na consola da Nintendo. O meu exemplar foi comprado num bundle de vários jogos de Nintendo 64 completos que arranjei algures durante o ano passado na feira da Ladra em Lisboa. Creio que me ficou por cerca de 4€, uma pechincha.

Jogo com caixa, manual e papelada.
Jogo com caixa, manual e papelada.

Inicialmente podemos escolher um de 8 personagens, algumas bem conhecidas como o próprio Diddy Kong, Banjo ou Conker, todas personagens que protagonizaram jogos produzidos pela Rare. Depois de escolher a personagem pretendida, somos deixados na Timber Island, onde com o nosso veículo podemos percorrer a ilha que, tal como Mario 64, serve de hub aos diferentes níveis e mundos. Enquanto que no jogo de plataformas teríamos de recolher estrelas de forma a desbloquear os níveis seguintes, aqui acontece algo semelhante, mas com balões dourados. O jogo está dividido então em várias zonas distintas com diferentes circuitos onde podemos correr. Desde o mundo dos dinossauros, outro repleto de neve ou mesmo outro inspirado na idade média. O objectivo no final é defrontar o vilão WizPig, que nos desbloqueia depois um mundo futurista onde o poderemos derrotar de vez. Cada mundo possui diferentes pistas onde teremos de correr e um boss para enfrentar. Como o enfrentamos? Chegando à meta primeiro, claro. Depois de derrotarmos o boss pela primeira vez lá teremos de rejogar todos os níveis desse mundo, agora com o objectivo de apanhar 8 moedas prateadas espalhadas pelos circuitos e mesmo assim chegar em primeiro. Depois de defrontar o boss novamente ainda teremos de rejogar todo os circuitos de novo, agora como se um campeonato se tratasse, sendo que o objectivo é chegar ao final da “temporada” em primeiro. Isto para cada mundo, o que pode tornar as coisas um pouco repetitivas.

O elenco de personagens seleccionáveis não é tão cativante quanto no Mario Kart 64 mas não deixa de ser interessante ver ali o Conker
O elenco de personagens seleccionáveis não é tão cativante quanto no Mario Kart 64 mas não deixa de ser interessante ver ali o Conker

Mas felizmente a jogabilidade é excelente. Para além dos power-ups habituais, como boosts temporários de velocidade, óleo para despistar os adversários, ou mísseis tele-guiados para desfazer amizades de longos, aqui não conduzímos apenas karts, mas também poderíamos conduzir hovercrafts ou mesmo pequenos aviões, dando-lhe logo uma maior variedade que Mario 64. Depois por vezes temos também alguns itens secretos para encontrar como balões dourados espalhados pelo HUB ou chaves escondidas em circuitos. Essas chaves desbloqueiam alguns níveis de bónus que são na realidade simulações do modo multiplayer, que para além das tradicionais corridas em splitscreen, possui também vertentes similares ao capture the flag e deathmatch. De resto é um jogo com bastante longevidade, para quem o quiser completar a 100%. Apesar de o facto de nos obrigar a jogar os mesmos circuitos 3 vezes seguidas o que torna as coisas um pouco repetitivas, podemos ainda desbloquear uma personagem extra e o modo Adventure 2, que nos leva a uma “Master Quest” com os circuitos espelhados.

Explorar os circuitos não só é importante para descobrir atalhos como para encontrar chaves escondidas
Explorar os circuitos não só é importante para descobrir atalhos como para encontrar chaves escondidas

A nivel técnico é um jogo bem competente para a época. Os gráficos são bastante coloridos e limpos, não apresentando aquele “nevoeiro” típico das consolas daquela época. As personagens estão bem detalhadas, assim como os cenários que apresentam bastante variedade, levando-nos para cavernas, lagos, aldeias, castelos entre muitos outros sítios. Geralmente a Nintendo 64 apresenta texturas bastante simples nos seus jogos devido à pouca capacidade de armazenamento dos seus cartuchos, mas neste jogo acho que a Rare até fez um bom trabalho nesse aspecto. E como não poderia deixar de ser, as músicas são bastante alegres, assim como o som, que até possui mais voice acting do que aquele que estava à espera, mais uma vez pelas razões habituais nesta consola.

Cada circuito obriga-nos a ter na nossa posse um número mínimo de balões para o poder jogar.
Cada circuito obriga-nos a ter na nossa posse um número mínimo de balões para o poder jogar.

No entanto, Diddy Kong Racing, que esteve para ser um jogo de estratégia, ou um jogo de corridas protagonizado pela personagem Timber the Tiger, acabou por se revelar numa óptima surpresa. Pode não ter o mesmo carisma que um Mario Kart 64, mas acaba por ser um jogo bem mais completo e que tem um foco maior na exploração, o que para mim são pontos bem positivos. Felizmente a jogabilidade também é excelente, tornando este jogo num daqueles títulos que vale a pena ter do catálogo da Nintendo 64.

Fatal Fury Battle Archives Volume 1 (Sony Playstation 2)

fatal-fury-battle-archives-volume-1Infelizmente tenho estado bastante ausente nos últimos tempos, pelo que volto hoje às rapidinhas e às colectâneas. E este é mais um excelente exemplo do quão grande a Playstation 2 é para mim. Para além de ter recebido centenas de jogos interessantes e muitos deles que considero essenciais, também recebeu bastantes compilações de jogos mais antigos. Apesar de o valor comercial de muitas destas compilações também ter vindo a subir nos últimos anos, continuam a ser uma alternativa mais barata ao comprar os jogos individualmente. O artigo de hoje é uma compilação dos primeiros Fatal Fury, uma das mais famosas séries da SNK cujo primeiro jogo foi desenvolvido na mesma altura do Street Fighter II. O meu exemplar veio de uma CeX na zona de Lisboa e custou-me 15€.

fatal-fury-battle-archives-vol1-sony-playstation-2

Como habitualmente, não me vou focar muito nos jogos da compilação. Espero fazê-lo quando um dia os arranjar em standalone, para já apenas o primeiro Fatal Fury é que teve essa sorte e foi a versão da Mega Drive. Avançando então para a sequela, o Fatal Fury 2 já se aproximou mais da fórmula de sucesso do Street Fighter II, pois já desde o início poderemos jogar com bem mais personagens ao contrário das 3 principais que protagonizaram o primeiro jogo. Temos então um total de 8 personagens para escolher, com várias caras novas incluindo a Mai Shiranui, que se veio a tornar num dos maiores sex symbols dentro do género. No entanto, não podemos escolher nenhum dos 4 bosses que enfrentamos. No que diz respeito à jogabilidade esta mantém-se bastante coesa, agora aproveitando os 4 botões da Neo-Geo para aplicar socos e pontapés fortes ou fracos. O esquema da troca de planos (foreground e background) torna a regressar e a outra maior novidade a meu ver está na inclusão dos Desperation Moves, assim que estivermos com muito pouca vida. A nível audiovisual é um jogo muito bem detalhado, tanto nas personagens como nos cenários e nas músicas.

No Fatal Fury 2 as coisas já se aproximaram bem mais de um Street Fighter II
No Fatal Fury 2 as coisas já se aproximaram bem mais de um Street Fighter II

O Fatal Fury 2 teve direito depois a um update chamado Fatal Fury Special. Na verdade é um jogo não-canónico na história da série, pois para além de incluir os 4 bosses do Fatal Fury 2 como personagens jogáveis, traz ainda os lutadores do primeiro Fatal Fury que tinham ficado de fora no jogo anterior (incluindo o Geese Howard que supostamente teria morrido), bem como o Ryo da série Art of Fighting como personagem desbloqueável. A série Art of Fighting é uma espécie de prequela da série Fatal Fury e King of Fighters. De resto a nível de jogabilidade é essencialmente o mesmo, com algumas personagens a ganhar alguns golpes novos e pouco mais. Nos audiovisuais continua a ser um óptimo jogo, com muitos dos cenários do Fatal Fury 2 a decorrerem agora em diferentes alturas do dia.

O FF Special traz um ecrã de selecção de lutadores bem maior
O FF Special traz um ecrã de selecção de lutadores bem maior

O último jogo presente nesta compilação é o Fatal Fury 3, que já não é tão popular quanto os seus antecessores. Para além de 5 das personagens principais como Joe, Terry, Andy, Mai e Geese (sim, o homem voltou!), juntam-se 5 personagens inteiramente novas, para além de mais alguns bosses que não podem ser desbloqueados. Este é um jogo mais rápido e que apresenta algumas novidades na jogabilidade, para além de incluir novos golpes, e alguns secretos. O sistema de alternar entre planos usa agora 3 planos de referência e é possível alternar entre ambos de uma forma bem mais rápida e dinâmica, sem ter de saltar de um lado para o outro. Isso torna também os combates muito mais fluídos. Na sua apresentação, é um jogo que me faz lembrar o primeiro Fatal Fury, pelo seu foco maior na história. Nos primeiros 4 oponentes podemos escolher qual a ordem pela qual os enfrentamos, sendo que entre cada nível temos direito a pequenas cutscenes com diálogos, ou ver a nossa personagem a deslocar-se pelo mapa para o próximo combate. Graficamente continua a ser um jogo que apresenta bastante detalhe nas arenas e as personagens foram inteiramente redesenhadas. Acho que as cores não são tão vívidas como nos outros jogos, mas não deixa de ser também um bom trabalho.

Qualquer semelhança com Final Fight é mera coincidência. Ou não.
Qualquer semelhança com Final Fight é mera coincidência. Ou não.

Infelizmente esta compilação ficou-se por aqui. O segundo volume da mesma não chegou a sair na Europa infelizmente, mas também mesmo que tivesse saído pecaria sempre por não incluir o fantástico Mark of the Wolves, apenas os Real Bout Fatal Fury. Era bom poder ter a saga principal completa num só disco, e um DVD aguentaria bem tal façanha na minha opinião. Mas ainda assim, este primeiro volume não deixa de ser uma excelente escolha para quem gostar de jogos de luta 2D.