Vamos lá para mais uma rapidinha a uma consola que já não visitava há muito tempo. E o jogo que cá trago hoje é um daqueles bons exemplos em como um jogo de plataformas em 3D primitivo envelhece mal. Bug! em conjunto com Clockwork Knight foi uma das pseudo-mascotes da Sega na era da Sega Saturn, enquanto um novo jogo de plataformas do Sonic inteiramente em 3D não chegava (e na verdade nunca chegou a aparecer). Foi também um dos jogos daquela era pré-Super Mario 64 em que ninguém ainda sabia muito bem como fazer um jogo de plataformas em 3D, por isso o resultado foi um pouco estranho. Este meu exemplar foi comprado por 10€ na Cash Converters do Porto, há coisas de umas semanas atrás.
E o que se faz em Bug? Bom, encarnamos no pequeno insecto verde de mesmo nome que tenta resgatar os seus amigos após terem sido aprisionados por uma aranha gigante. Mas tudo se passa como um filme, pois entre cada “mundo” vemos uma cutscene do Bug a passar de set em set de gravação. Mas o que interessa aqui é a jogabilidade e sinceramente a de Bug deixa um pouco a desejar. Apesar de os níveis serem em 3D, os mesmos são apresentados como um “labirinto” e apenas podemos andar nas direcções que os caminhos nos levam. Um pouco como no primeiro Crash Bandicoot, mas aqui os caminhos são mesmo mais apertados e apenas podemos seguir ao longo de um eixo. E isso sinceramente nem me chatearia nada, o problema é que achei o design dos níveis muito fraquinho e por vezes confuso demais, até porque por vezes há uma falsa sensação de profundidade que nos dificulta as coisas, como fugir/atacar inimigos ou apanhar alguns itens que pareçam que estão ao nosso alcance.

Como uma imagem vale mais que mil palavras com este screenshot já dá para ter uma ideia do quão 3D é este jogo
Depois Bug não é propriamente um jogo fácil por essas coisas e por estr repleto de outros insectos que só nos atrapalham. Podemos atacá-los de várias formas, a mais comum acaba por ser ao saltar para cima deles, como em muitos outros jogos de plataforma. Existem claro outros power-ups que nos dão alguns poderes temporários, como um ataque eléctrico a partir das nossas antenas (também de curto alcance), ou umas cuspidelas tóxicas – sendo este ataque de maior alcance. Os inimigos vão sendo mesmo muito variados e surgem literalmente de todo o sítio. Uma das coisas engraçadas neste Bug! é mesmo a possibilidade de andarmos em “paredes” quando o caminho assim o indica, ou mesmo nos tectos de cabeça para baixo, temos é de evitar saltar pois ao saltar caímos mesmo para o chão, ou para a falta dele – o mais comum. Existem também vários níveis de bónus onde podemos ganhar vidas extras, um deles ficou-me gravado na memória, a possibilidade de correr contra o Sonic (e eventualmente ganhar mesmo com o nosso passo de caracol).
Graficamente é um jogo um pouco ultrapassado. Por um lado gosto do design do Bug e dos seus amigos pois é bastante cartoony. Já da maioria dos inimigos ou mesmo a maneira como os níveis são desenhados ou os seus backgrounds, aí já não acho lá muita piada. Os efeitos sonoros são competentes, embora por vezes o Bug tenha algumas tiradas um pouco chatas – em especial quando sofremos algum dano. As músicas não são más, fazem-me lembrar bastante os desenhos animados norte-americanos típicos de canais como o Nickelodeon ou o Cartoon Network, são alegres e adequam-se bem a uma atmosfera agradável que o jogo tenta capturar.

Por vezes lá temos umas cutscenes em CG que por acaso nem estão tão más, tendo em conta a qualidade geral das mesmas em outros jogos da mesma época na Saturn
Tal como já referi, para mim o maior problema do Bug é mesmo o seu design de níveis que acaba por ser bastante confuso e entediante e como se não bastasse temos sempre montes de outros insectos prontos a nos atordoar. Mas pronto, depois a Nintendo lá lançou o Super Mario 64 e toda a gente já passou a ver a fórmula que um jogo de plataformas 3D deveria seguir. Mas ainda assim queria ver se arranjava um Bug Too!