Vamos lá voltar à consola de 16bit da Sega, para uma breve análise a um clássico da consola. Altered Beast foi um dos poucos jogos de lançamento da Mega Drive tanto em solo japonês como norte-americano, tendo sido o jogo com maior destaque para demonstrar as capacidades superiores da Mega Drive face à NES. Na Europa e particularmente em Portugal onde recebemos oficialmente a consola mais tarde, já chegou cá com um catálogo mais bem compostinho. E o Altered Beast entrou na minha colecção algures durante o mês passado, tendo sido comprado na feira da Vandoma no Porto por uma quantia a passar um pouco dos 3€.

“RISE FROM YOUR GRAVE!” é logo o nosso cartão de boas-vindas quando Zeus nos ressuscita, incumbindo-nos de uma simples missão: salvar a sua filha Athena das mãos do malvado deus demoníaco do underworld, Neff. Apesar de Neff não ser Hades, dá para perceber que este é um jogo com muitas influências da mitologia da Grécia Antiga.
Numa primeira olhada, Altered Beast é um beat ‘em up difícil, mas simples. Ao contrário de Double Dragon ou Golden Axe, a nossa personagem e inimigos movem-se num único plano, ao invés de ser simulado um espaço 3D. Não há uma grande variedade de golpes, temos um botão para murros, outro para pontapés e um outro para saltar. É possível atacar quando saltamos, ou ao pressionar o direccional para baixo. O que diferenciou Altered Beast de todos os outros jogos na altura é mesmo a licantropia dos heróis, sendo capazes de se transformar em diversos animais. O jogo está dividido em 6 níveis distintos e em cada um podemos nos transformar em animais diferentes, cada um com os seus poderes e habilidades características.

Para nos transformarmos, ao longo de cada nível vamos vendo uns lobos azuis, ao derrotá-los eles soltam umas orbs azuis que devemos coleccionar. Por cada orb coleccionada, o jogador ficará cada vez mais poderoso, quase a rebentar com os músculos que ganham. Por fim ao apanhar a terceira orb, transformam-se no tal animal. No primeiro nível transformam-se num lobo capaz de atirar bolas de fogo e saltos horizontais que levam tudo à frente, no seguinte num dragão voador com ataques eléctricos, depois um urso que petrifica os inimigos e é capaz de se enrolar sobre si mesmo. Os últimos dois, são um tigre, também cospe bolas de fogo e tem saltos verticais que levam tudo acima ou abaixo e por fim, no último nível, temos novamente o lobo, desta vez dourado e mais poderoso.
Altered Beast é um jogo para os duros, pois começamos o jogo com apenas 3 vidas e uma barra de energia que não regenera de nível para nível. E os inimigos vão ficando cada vez mais resilientes e agressivos, o que nos irá dar algumas dores de cabeça. No entanto, através de alguns cheat codes obscuros, é possível desbloquear um menu que nos permite mudar a dificuldade do jogo de Normal até Very Hard (awesome), o número de vidas ou o tamanho da health bar. Existem ainda ou outros códigos que nos vão deixando continuar o jogo após um game over, ou mesmo um código que nos deixa escolher qual o bicho que nos queremos transformar em cada nível, por exemplo.

Graficamente, apesar de ser um jogo que não tira o maior partido da biblioteca da Mega Drive, afinal é um jogo de lançamento, percebe-se perfeitamente o porquê da Sega of America ter-lhe dado um grande destaque por alturas do seu lançamento. As suas sprites grandes e bem detalhadas, tanto dos lutadores, inimigos e bosses, ou mesmo as fantásticas animações quando nos transformamos numa das bestas, eram certamente impressionantes para os padrões nos finais dos anos 80, mostrando claramente a superioridade gráfica da Mega Drive face à concorrência 8bit. A versão Mega Drive é muito parecida à versão arcade, embora possua menos detalhe nas sprites e background, mas para compensar tem um efeito de scrolling em parallax melhor. As músicas também são mais pujantes na versão arcade, assim como os próprios samples de voz são mais nítidos. Ainda assim não deixa de ser awesome ouvir na Mega Drive “Welcome to your doom!” antes de cada luta de boss.

No fim de contas, Altered Beast acaba por ser um jogo que não envelheceu muito bem a nível de mecânicas de jogo, mas não deixa de ser divertido e uma pedra importante tanto do catálogo da Mega Drive, como mesmo da própria Sega. É um jogo que também foi convertido por outras empresas para inúmeros sistemas, não só a Master System, mas para vários computadores (Atari ST, Spectrum, Commodore 64 e Amiga, entre outros), como para consolas da concorrência, como a PC-Engine/TG-16 ou mesmo a NES. Mas a versão da Mega Drive é superior a todas essas conversões. O jogo acabou por aparecer também noutras plataformas mais recentes em várias compilações, aí já com emulações bem competentes: Dreamcast, Xbox, X360, PS3 ou o Virtual Console da Nintendo Wii. Mas a melhor conversão de todas parece-me mesmo ser a mais recente, que saiu na 3DS, com o jogo a ser retocado para tirar partido do ecrã 3D da portátil da Nintendo.
Tens aí um erro gravissimo. Não é “RISE FROM YOUR GRAVE!”. É “WISE FWOM YOUR GWAVEEE” 🙂
Belas memórias que este deixou também.
Abraço
Pinto
Welcome to your doom!
Eu pessoalmente não gosto muito deste jogo, acho-o bastante limitado, mas em termos graficos é perfeitamente compreensível porque escolheram este jogo para o lançamento da mega drive, vozes sintetizadas, aquelas animações cheias de labaredas, criaturas monstruosas, só faltava fogo de artificio e ursos de monociclo a saltarem por arcos em chamas… xD
É engraçado que a capa envelheceu muito melhor que o próprio jogo e ainda é das minhas capas preferidas. Chegaste a jogar a versão de PS2 que passou meio despercebida em 2003/4?
Concordo plenamente em relação à capa. O versão de PS2 dizem ser tão má que eu preciso de a ter para tirar a teima. 😛