Virtua Fighter Remix (Sega Saturn)

Virtua Fighter Remix JapMais um curto artigo da série Virtua Fighter, desta vez ao Virtua Fighter Remix, um jogo com um background interessante, na medida em que é uma conversão melhorada do primeiro Virtua Fighter que saiu para a Sega Saturn. Esta é também a primeira análise que faço a um jogo cuja versão que possuo é a japonesa, e durante uns tempos será também a última, pois todos os outros imports japoneses da Sega Saturn que possuo são RPGs e só os jogarei assim que existir um patch de tradução disponível. Este jogo teve entrada na minha colecção muito recentemente, após ter sido comprado a um particular por 6€. Está em bom estado, faltando-lhe unicamente a spinecard, que tenha conhecimento.

Virtua Fighter Remix - Sega Saturn
Jogo com caixa e manual – versão japonesa, com o melhor artwork dos 3 mercados

EDIT: Eventualmente lá arranjei uma versão europeia, mais concretamente a edição que vem em caixa de cartão. Custou-me 18€ a um particular. Infelizmente falta-lhe o manual.

Jogo com sleeve de cartão, caixa, e cd bónus

Falando um pouco mais do jogo, há que voltar às origens do Virtua Fighter para a Sega Saturn. A consola foi lançada nos finais de 1994 no Japão, com o Virtua Fighter ser o grande jogo de destaque, tendo sido practicamente comprado junto de cada Sega Saturn. Infelizmente o jogo foi demasiado apressado para o lançamento resultando numa conversão algo pobre para a consola da Sega, face ao original. Nos Estados Unidos e Europa o problema foi semelhante, com a agravante de na E3 de 1995 Sega ter anunciado contra todas as previsões que a consola não iria sair em Setembro, mas logo no próprio dia em pleno Maio. Isto apanhou toda a gente de surpresa, inclusivamente os outros publishers que não conseguiram lançar nada para Saturn até à data original de lançamento. Mais uma vez o Virtua Fighter foi jogo de lançamento com o mesmo port apressado sem nenhuma melhoria. Como forma de se emendar, e também para criar hype para o lançamento do  Virtua Fighter 2 para a Sega Saturn, este Remix foi lançado, onde os visuais do jogo foram melhorados, e vários bugs corrigidos. Virtua Fighter Remix é assim o jogo que deveria ter sido lançado em primeiro lugar.

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Ver os lutadores com texturas é um bónus que nem a versão arcade original possui

Existem vários lançamentos deste jogo, sendo o meu o japonês que possui um artwork bem mais do meu agrado que os lançamentos americano (com artwork de uma comic Virtua Fighter que pelos vistos saiu por lá com o selo da Marvel) e europeu, com as capas a retirar o artwork directamente dos modelos do jogo. Nos Estados Unidos o jogo até chegou a ser distribuido gratuitamente pelos donos de Sega Saturn que tinham registado as suas consolas. Na europa existem pelo menos 3 versões diferentes do mesmo jogo, sendo que pelo menos a original inclui uma série de CGs  sobre os diversos personagens do jogo, algo que tinha sido lançado originalmente no mercado japonês, com um lançamento para cada personagem do jogo “os chamados CG Portraits”. Virtua Fighter Remix apresenta contudo os mesmos modos de jogo do lançamento original, ou seja, o modo Arcade e VS, no entanto corrige vários bugs do lançamento original e inclui uma série de novos movimentos para os lutadores.

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O Ryu e Ken desta série

Mas é mesmo no aspecto visual que se nota uma grande diferença neste jogo. Embora não chegue ao nível do Virtua Fighter 2 na Sega Saturn e tecnicamente falando, em número brutos de polígonos ainda seja inferior ao próprio Virtua Fighter 1 na Arcade – nesse os lutadores ainda tinham dedos separados, ainda assim neste Remix todos os lutadores sofreram um upgrade no número de polígonos e mais importante, receberam texturas, o que lhes dá logo outro aspecto. A música é o tradicional da Sega desta altura, aquelas músicas sempre catchy que eu tanto gosto, como já tive a oportunidade de referir em vários artigos da SEGA para Saturn/Dreamcast ou até para outras plataformas mais recentes. Os efeitos sonoros são também o standard de Virtua Fighter, sempre aquela nostalgia a bater forte.

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Aqui nota-se bem que as mãos têm texturas, mas continuam um único bloco

Este jogo serviu posteriormente de base para a conversão do Virtua Fighter para Windows, intitulada apenas de Virtua Fighter PC. Para além de gráficos ainda mais detalhados e uma resolução maior, esta conversão é ainda mais completa, na medida em que inclui mais 3 modos de jogo: Ranking, team battle e watch. Mas isso será para um novo artigo, se eventualmente deitar as minhas mãos nesse jogo. Resumindo, Virtua Fighter Remix para a Sega Saturn é (quase) tudo o que a conversão do original para a Saturn deveria ter sido em primeiro lugar, pecando apenas por manter os mesmos modos de jogo. É sobretudo um grande facelift do VF1, melhorando o aspecto gráfico do jogo e corrigindo alguns problemas. É assim portanto a versão definitiva do primeiro Virtua Fighter para consolas, sendo obrigatório para qualquer fã de Sega Saturn e Virtua Fighter que se preze.

Virtua Fighter 2 (Sega Mega Drive)

Virtua Fighter 2

De volta para a série Virtua Fighter da Sega, com um artigo relativamente curto da única incursão da mesma na Mega Drive. Na verdade, antes deste Virtua Fighter 2, houve uma conversão do primeiro jogo para o addon que ninguém comprou, a 32X, sendo um jogo inteiramente em 3D (apesar de pobre), ao invés do 2D deste jogo. No entanto a decisão de tornarem este um jogo 2D não foi mal levada a cabo, pois este Virtua Fighter 2 mantém todo o carisma dos originais, pelo menos no audiovisual. A minha cópia foi comprada há uns meses atrás na Feira da Ladra em Lisboa, custando-me algo em torno dos 7€, e estando completa e em bom estado.

Virtua Fighter 2 - Sega Mega Drive
Jogo com caixa e manual

Embora este jogo tenha 2 no nome, na verdade é practicamente uma conversão para 2D dos dois primeiros Virtua Fighter, pois o elenco de lutadores é o mesmo de VF1, embora os cenários sejam do VF2. A jogabilidade herda também os controlos do primeiro Virtua Fighter, pois utilizava apenas os botões A-B-C do comando de Sega Saturn, transitando perfeitamente para o comando original da Mega Drive (bloqueio-soco-pontapé), no entanto, sendo um jogo completamente em 2D, ficou um pouco simplificada. Em relação aos movimentos, sinceramente não sei dizer se herda o moveset do Virtua Fighter 1 ou do 2, pois já não jogo ambos há algum tempo. O que sei é que os saltos flutuantes do primeiro jogo estão de volta. Podem achar parolo, mas para mim sempre foi uma característica que eu guardo com muita nostalgia dos primeiros jogos da série.

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As arenas estão muito bem representadas, para um jogo de Mega Drive

Muitos podem-se perguntar qual o objectivo de lançar um jogo tão popular por ser em 3D, numa conversão para 2D lançada em 1997, já com sistemas como a Playstation, Saturn ou Nintendo 64 bem cimentados no mercado. Bom, em especial no mercado europeu, ainda havia um grande público para a consola 16bit da Sega, e apesar de se calhar lhes ter custado uns trocos a mais, sempre gostei do facto da Sega dar um suporte  longo às suas plataformas, pelo menos nos mercados em que as mesmas fizeram sucesso. Foi assim com a Master System no mercado europeu e brasileiro, a Mega Drive em todo o mercado ocidental, a Saturn no japonês e a Dreamcast, bom, ainda foram saindo no Japão alguns jogos de forma oficial uns bons anos após a sua descontinuação, mas a Dreamcast é um caso diferente. Isto para dizer que apesar de Virtua Fighter 2 para a Mega Drive não ser um jogo com a complexidade das suas contrapartes saturn e arcade, acaba por capturar toda a sua essência, mas num plano 2D. A Sega poderia eventualmente fazer como no Virtua Racing e lançar uma conversão 2D com recurso ao chip adicional SVP, mas tendo em conta que o jogo não iria ficar melhor que o próprio Virtua Fighter 1 da 32x, sem mencionar o alto custo que o jogo viria a ter para uma consola em fim de mercado, esta abordagem pareceu-me muito mais acertada.

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Mahjong Kage-Maru?

E embora a jogabilidade se tenha modificado com a adaptação ao plano 2D, a verdade é que para mim este jogo herda todo o carisma do original. Os gráficos estão muito bem definidos para um jogo de Mega Drive, e tanto os menus, como as músicas, ou mesmo a expressão facial dos lutadores a alterar quando os seleccionamos são um autêntico blast to the past. Posto isto, a conversão para 2D deste jogo poderá ser vista como completamente desnecessária para os fãs hardcore da série, mas por outro lado, é um interessante “downgrade”, certamente melhor que o Virtua Fighter Animation da Game Gear, e um dos últimos jogos de renome a sairem para a 16-bit da Sega.