Enquanto o próximo artigo está no forno a marinar um bocadinho antes de sair, aproveito para publicitar uma iniciativa do blogue parceiro Game-Chest, que recentemente me convidaram a integrar num podcast.
O tema deste podcast retrata as nossas opiniões sobre o retrogaming no geral, bem como quais as nossas plataformas preferidas e o porquê.
Aproveito mais uma vez para agradecer ao Mike do Game-Chest pelo convite e sem mais demoras, convido todos a consultarem o podcast aqui.
E siga para mais um artigo da série Blackwell, que nestes tempos em que tenho estado bem mais ocupado, tem sido do pouco que tenho jogado. Blackwell Convergence segue as mesmas mecânicas dos jogos anteriores (Legacy e Unbound), pelo que este vai ser mais um artigo curtinho. Blackwell Convergence é o terceiro jogo da saga, decorrendo algum tempo após o primeiro jogo, onde Rosangela Blackwell e o seu companheiro fantasma Joey Mallone já estão mais entrosados na sua missão de auxiliar espíritos perdidos a aceitar a sua morte e seguir em frente. Tal como os outros 2 jogos, este foi adquirido num bundle por uma bagatela.
No artigo do Blackwell Unbound, referi que esse jogo tinha sido projectado inicialmente para ser apenas uma sequência de flashback para este jogo, mas acabou por se tornar no seu próprio jogo. E de facto, apesar de Unbound protagonizar Joey e Lauren, tia de Rosangela em plenos anos 70, os acontecimentos desse jogo acabarão por se reflectir nesta nova aventura. Sem adiantar muito, a dupla Rosangela e Joey irão investigar uma série de mortes misteriosas, acabando por descobrir que há algo que as une a todas, bem como algo que já vem de trás. Infelizmente é mais um jogo curtinho, mas gostei mais da história em si deste jogo que dos 2 anteriores, a narrativa continua muito boa.
Nota-se que os gráficos se tornaram bem mais coloridos, mas na minha opinião, preferia o charme old school dos anteriores
As mecânicas de jogo são idênticas aos jogos anteriores e à maioria dos point and clicks de aventura. Uma adição interessante que introduziram neste jogo é a interacção de Rosangela com o seu computador, podendo aceder ao “bmail”, a um motor de busca “oogle” para procurar por novas pistas, bem como podemos ver o seu próprio site em construção, mesmo à anos 90. A habilidade de Joey atravessar paredes é também posta à prova mais uma vez, bem como a sua capacidade de interferir com sinais em rádio frequência, como internet wireless, por exemplo. Existem vários puzzles que podem ser resolvidos ao interagir entre Joey e Rosangela, algo que vai ser ainda melhorado em Blackwell Deception, mas depois lá iremos.
Algures num dos outros artigos eu referi que, embora os jogos Blackwell tivessem um visual oldschool repleto de pixel art, eles viriam a ter alguma evolução. Enquanto os primeiros jogos tinham nitidamente um aspecto retirado dos clássicos dos anos 80, este Convergence já é mais colorido e as sprites apresentam um pouco mais de detalhe, parecendo algo retirado de uma SNES. O artwork apresentado durante as falas das personagens também está mais trabalhado, o que retira um pouco daquele charme da velha guarda que os primeiros jogos traziam. De qualquer das formas, o voice acting e a banda sonora continuam muito bem implementados.
Joey Mallone continua com o seu humor sarcástico
Blackwell Convergence conta também com diversos extras a serem descobertos, como artwork e uma grande galeria de bloopers. O que regressa também é o modo comentário, onde Dave Gilbert nos vai falando de diversas curiosidades e as suas opiniões sobre alguns aspectos do jogo, à medida em que a acção vai decorrendo. No geral, para quem gostou dos jogos anteriores, este Blackwell Convergence é também um óptimo jogo de aventura, pecando mais uma vez pela sua curta duração.
Siga para mais um pequeno artigo da série Blackwell. Pensado originalmente como um prólogo do jogo Blackwell Convergence, o projecto foi crescendo de tal forma que acabou por se tornar neste Blackwell Unbound. Tal como todos os outros jogos da série, este chegou-me à colecção por intermédio de um bundle a um preço irrisório que não poderia deixar escapar.
Enquanto os restantes Blackwell decorrem nos tempos modernos e contam as aventuras de Rosangela Blackwell e o seu companheiro fantasma Joey Mallone, neste jogo regressamos no tempo para a década de 70. Desta vez a acompanhar o sarcástico fantasma Joey Mallone temos um outro elemento da família Blackwell: Lauren, tia de Rosangela. Enquanto Rosangela começou por ser uma personagem tímida e insegura, este jogo apresenta uma Lauren firme, decidida e pragmática, tendo aceitado sem grandes reservas o legado que Joey lhe trouxe, para além de ser fumadora compulsiva. Após ter dado uma vista de olhos no tablóide mais vendido da zona, Lauren decide investigar 2 rumores de aparições, um de um velho saxofonista de Jazz algures à beira rio, e um outro de uma dona de casa que assombra um local de obras. Inincialmente os casos parecem não possuir qualquer tipo de ligação entre si, mas depois iremos descobrir que afinal as coisas não são bem assim e mais não digo.
O grafismo retro continua excelente
O jogo herda todas as mecânicas da prequela. A utilização do rato para observar ou interagir com objectos ou personagens mantém-se como seria esperado, bem como a ligação de pistas que Lauren regista no seu bloco de notas para obter novas leads, ou usá-las para interrogar as personagens. Ainda assim, novos elementos de jogabilidade foram introduzidos. Um deles é a habilidade de trocar sempre que quisermos entre Lauren e o seu fantasma Joey, que, sendo fantasma, consegue atravessar paredes e interagir melhor com outros espíritos. A outra novidade é mais um blast from the past, onde em algumas circunstâncias o jogo pede-nos para utilizar o teclado de forma a introduzir algumas palavras. É certo que está longe de alguns jogos dos anos 80 em que tinhamos de introduzir comandos como “open door”, “take qualquer coisa”, mas não deixa de ser uma adição interessante.
Um exemplo do conteúdo bónus que pode ser desbloqueado
A produção audiovisual continua muito boa. Graficamente pouco mudou desde o jogo anterior, o que para mim é bom. O visual pixel-art está mais uma vez muito bem executado, embora prefira as sprites utilizadas no jogo anterior. O que continua também bom é o voice-acting e a banda sonora. Esta última é composta maioritariamente por músicas smooth-jazz, não fosse parte do jogo envolver essa cultura. Mais uma vez o jogo é acompanhado por um modo de comentários onde o seu criador Dave Gilbert vai-nos partilhando algumas curiosidades sobre o jogo.
Para quem gostou do primeiro jogo, certamente irá gostar deste e estou ciente que dos próximos 2 também. Mas nem tudo é bom neste Unbound, pois tal como o primeiro jogo é bastante curto, acabando-se em pouco mais de 2 horas, contudo o jogo redime-se em parte, ao introduzir diverso conteúdo bónus para ser desbloqueado.
E é na última PUSHSTART que podem ler a minha análise ao jogo de aventura point and click The Night of the Rabbit, da Daedalic – estúdio que nos trouxe jogos como Edna and Harvey ou Deponia. Sem mais demoras, podem ler a review aqui.
Tempo para mais um artigo relativamente curto de um jogo indie. Blackwell Legacy é a primeira iteração de uma série de jogos de aventura point and click desenvolvidos por Dave Gilbert do estúdio Wadget Eye Games. O jogo coloca-nos napele da escritora/jornalista amadora Rosangela Blackwell e o seu companheiro fantasma Joey Mallone, que tentam auxiliar almas penadas a aceitar a sua morte e seguir em frente. A minha cópia chegou-me por intermédio de um dos muitos indie bundles disponíveis por aí, onde consegui comprar os 4 jogos actualmente disponíveis desta série por um valor irrisório.
Rosangela é uma rapariga independente que muito cedo na sua infância perdeu os seus pais, tendo sido criada pela sua tia Laureen Blackwell. Por sua vez, Laureen também teve de abandonar Rosangela devido a ser internada numa instituição psiquiátrica, onde lá ficou até à sua morte. E agora vem um pequeno spoiler, mas tem mesmo de ser. Acontece que alguns elementos da família Blackwell têm poderes de medium, ou seja, conseguem ver e falar com espíritos. Neste caso são “assombradas” por Joey Mallone, um misterioso fantasma dos anos 30 que as acompanha 24/7 até à hora da sua morte, assombrando depois o Blackwell seguinte. Isso tem vindo a acontecer nas 3 últimas gerações da família e quando Laureen morre, os poderes de medium acordam em Rosangela, conhecendo assim pela primeira vez Joey, que lhe apresenta o legado da família Blackwell: Auxiliar todos os espíritos que vagueiam o mundo material a assumirem a sua morte e seguirem em frente. O primeiro mistério que Rosangela encara é o de um estranho suicídio de uma jovem universitária, o que se vai tornando mais complicado e interessante à medida em que o jogo vai progredindo.
Este é o local onde devemos encaminhar o espíritos aprisionados
As mecânicas de jogo são as típicas de um jogo deste tipo. Utilizando o rato e clicando ao longo do cenário, faz com que Rosangela se desloque e interaja/fale com objectos, pessoas ou outros espíritos. Para além disso, Rosangela possui um bloco de notas onde vai anotando algumas pistas sobre os mistérios que tem para resolver. É possível interrogar as pessoas sobre cada elemento dessas notas, bem como combinar diferentes notas de forma a obter algum elo de ligação ou nova pista para resolver os seus mistérios.
O único defeito que aponto a este jogo é mesmo a sua curta duração, levando cerca de 2h a terminar. Fora isso, mesmo durante as 2h de jogo que temos pela frente, as personagens deste jogo têm tudo o que um jogo deste género necessita: carisma. Enquanto Rosangela é naturalmente tímida, Joey por sua vez é bastante sarcástico, uma característica que tanto aprecio. O voice acting está muito competente para um jogo deste calibre, mas o que mais me agradou sem dúvida foi mesmo o visual da velha guarda, remetendo de imediato paraos bons adventure games dos finais dos anos 80, inícios dos 90. Enquanto o jogo saiu originalmente durante o ano de 2006, foi relançado em 2011 com novos diálogos e a atriz que interpretava Rosangela foi substituída por Rebecca Whittaker, de forma a tornar a série mais consistente entre si, utilizando os mesmos actores. Enquanto o jogo original já trazia um modo comentário onde ouvimos o que Dave Gilbert nos tem para dizer, este relançamento traz ainda um segundo modo de comentários, onde Dave Gilbert aproveita para fazer uma retrospectiva do jogo e das coisas que mudaram entre versões.
Por vezes tomamos o controlo dos diálogos do Joey
Resumindo, os jogos Blackwell apesar de serem curtos parecem-me ser muito interessantes na medida em que misturam o trabalho de detective com o de um “exorcista”, sempre com uma óptima narrativa por detrás e personagens carismáticas. O visual pixel art está também bem implementado, apesar de ter vindo a evoluir junto com a série. Mas isso ficará para um próximo artigo.