Sub-Terrania (Sega Mega Drive)

O jogo que cá trago hoje para a Mega Drive é o interessante Sub-Terrania, o primeiro jogo desenvolvido para a Mega Drive pela Zyrinx, um pequeno estúdio dinamarquês composto primariamente por demosceners do Commodore Amiga. Aliás, o feeling ocidental e europeu deste Sub-Terrania é bem notório pela sua apresentação, mas já lá vamos. O meu exemplar é a versão norte-americana do jogo, foi comprado algures em Dezembro do ano passado na Feira da Vandoma no Porto. Se bem me recordo custou-me perto dos 10€. Edit: Arranjei recentemente um exemplar europeu por 25€ numa Cex, estando completo e em óptimo estado também

Jogo com caixa e manual

Esta é uma aventura futurista, onde uma das nossas colónias mineiras algures no espaço foi invadida por uma série de aliens! Nós pilotamos uma nave experimental no combate destes agressores, bem como teremos de resgatar uma série de inocentes trabalhadores que se viram presos no meio deste conflito. O problema aqui são os controlos que acrescentam muita complexidade ao jogo. Lembram-se do clássico Lunar Lander, onde controlávamos um módulo de aterragem lunar enquanto se prepara para aterrar na superfície? As mecânicas são semelhantes, com a adição do combate. Temos um botão para acelerar e o direccional roda a nave. Se deixarmos de pressionar o botão de aceleração, a nave vai caindo para o fundo do ecrã. Os outros botões servem para disparar e alternar entre munições e itens especiais que tenhamos apanhado.

Após concluirmos todos os objectivos do nível, ainda temos de regressar ao ponto de partida para avançar para o nível seguinte

Para além dos controlos não serem o mais intuitivos, os níveis são passados inteiramente em cavernas, com poucas áreas largas e repletos de corredores apertados onde cada encontrão na parede retira-nos um pouco do escudo. Os inimigos também são uma preocupação, assim como o combustível que se gasta num instante, felizmente existem vários power ups espalhados pelos níveis que nos restabelecem os escudos, dão vidas extra, ou restabelecem o combustível. O problema por vezes é chegar até lá, pelo que este é um daqueles jogos que precisa de muita tentativa-erro até finalmente conseguirmos interiorizar os seus conceitos e conseguir manobrar bem a nave, tanto em exploração, como em combate.

Em alguns níveis também temos uns carris onde podemos encaixar e mover de uma forma mais fácil, por vezes dá jeito, como contra este boss aqui representado

Inicialmente, antes de cada nível, temos um briefing que nos vai ilustrando quais os objectivos a cumprir naquela missão. Geralmente incluem destruir alguma infrastrutura alienígena, resgatar uma série de mineiros e procurar por partes do módulo de submarino para a nossa nave. Isto porque nos últimos níveis são mesmo passados em cavenas com água, onde as físicas de controlo da nave também se alteram, com a “gravidade” a puxar-nos para a tona da água, o que irá certamente causar algum desconforto no início.

A nível gráfico é um jogo bastante interessante, embora não tão tecnicamente impressionante quanto o Red Zone, também desenvolvido pela Zyrinx. O jogo tem mesmo um estilo gráfico muito próprio das produtoras europeias que produziam para o Commodore Amiga e a música é excelente. Foi composta pelo Jesper Kyd e tal como no Red Zone também me agradou bastante. Os gráficos só não são mais variados porque este é mesmo um jogo que se passa inteiramente em cavernas, pelo que não há muito assim onde se poderia improvisar. São níveis bem detalhados e basta.

Ao entrar na água o efeito de gravidade inverte-se, o que irá baralhar um pouco no início.

Portanto, Sub-Terrania é um shooter muito interessante, mas não é mesmo para todos, dado à sua dificuldade. Os controlos exigem mesmo muita práctica e tendo em conta que não há qualquer mecanismo de save ou passwords, para o terminar de uma assentada vai ser preciso suar muito.

Red Zone (Sega Mega Drive)

Red ZoneO jogo que trago cá hoje para uma análise não muito extensa é daqueles que são tecnicamente impressionantes em todos os aspectos, mas deixam um pouco a desejar naquilo que é mais básico e essencial: a jogabilidade. Mas já irei detalhar mais sobre isso à frente. Este meu exemplar foi comprado algures durante Janeiro deste ano numa das minhas idas à feira da Vandoma no Porto, creio que me custou cerca de 6€, faltando-lhe infelizmente o manual.

Red Zone - Sega Mega Drive
Jogo em caixa

A história é simples e segue um pouco os clichés da série Strike da Electronic Arts. Um ditador qualquer da ex-USSR toma um país fictício do bloco de leste, invade brutalmente um país vizinho, ameaçando também o resto do mundo do poderoso arsenal nuclear que dispõe. Os conflitos chegam ao ponto do general dar às nações unidas um prazo de 24h para aceitarem as suas condições, caso contrário choverão ogivas nucleares por todo o mundo. E a UN decide enviar uma pequena tripulação num helicóptero para desmantelar o arsenal nuclear do general, para depois proceder com uma invasão de infantaria e restaurar a paz.

screenshot
O sistema de dano é bastante interesssante, apesar de nos vir a dar muitas dores de cabeça

O controlo do helicóptero é muito semelhante ao da série Strike, com os direccionais horizontais a virarem o helicóptero na direcção pretendida, e os restantes a movê-lo para a frente ou para trás. Os outro 3 botões faciais da Mega Drive servem também para atacar, com um botão dedicado inteiramente à metralhadora pesada, já os outros dois servem para seleccionar e utilizar as armas secundárias, sendo estas diferentes tipos de mísses ar-terra, tele-guiados ou não, ou ar-ar. Também tal como a série Strike o helicóptero possui munições e combustível limitados, podendo restabelecer os mesmos em certos pontos no mapa. Mas o sistema de dano é bem mais interessante aqui. Do lado direito do ecrã vemos o status do nosso helicóptero, podendo o mesmo ficar danificado em diferentes pontos, o que pode inutilizar algumas das nossas armas ou mesmo prejudicar o movimento do bicho. Como se o jogo já não fosse difícil o suficiente, com apenas 1 vida disponível e sem qualquer continue. Felizmente existe uma password no final de cada missão.

screenshot
A nível gráfico a única queixa que posso ter é a de o jogo ser bastante escuro

Para além dos segmentos de helicóptero teremos também algumas outras partes em que controlamos directamente um de três diferentes soldados, em secções em que andamos a pé pelas bases inimigas, mais uma vez numa perspectiva “overhead” (ao contrário da isométrica da série Strike). Infelizmente não gostei quase nada destas partes pois a movimentação é muito lenta e estranha, para além das munições serem uma vez mais bastante limitadas. Cada personagem possui diferentes armas como metralhadoras, granadas, facas, lança-chamas, rockets ou explosivos (comum aos 3 e obrigatório serem usados nalgumas partes).

Graficamente este jogo é mesmo algo de outro mundo. Produzido pela Zyrinx, um pequeno estúdio dinamarquês que ganhou protagonismo nos anos 80 pelas suas contribuições na demoscene do Amiga (pequenos pedaços de software que demonstravam o poder técnico da plataforma), este Red Zone mostra tudo o que a Mega Drive teoricamente seria incapaz de fazer. Sempre que giramos o helicóptero a câmara e o nível também rodam, existem também vários efeitos de zoom, outros pseudo-3D como sprites empilhadas umas nas outras, dando a sensação de profundidade, mas o que mais impressiona são mesmo as cutscenes de entrada e fecho. Podem ser monocromáticas, mas as animações são fabulosas, parece mesmo quase full motion video. Numa Mega Drive sem qualquer tipo de add-on ou chip auxiliar no cartucho! Todos aqueles anos a escrever demos técnicas na Amiga deram os seus frutos, visto o processador da Mega Drive ser também um Motorola da mesma arquitectura.

screenshot
Os 3 que podemos levar para os segmentos a pé.

E o jogo está também repleto de outros pequenos detalhes deliciosos, como o radar que vai actualizando o mapa em tempo real à medida que o “vector de rastreio” vai girando (perdoem-me mas não sei mesmo o nome), ou mesmo o reflexo da cara do piloto sempre que consultamos o mapa ou reler os objectivos da missão actual. A música também é qualquer coisa absolutamente fora de série. Pode não ser ao nível da genialidade de um Yuzo Koshiro mas anda lá perto. São músicas quase sempre com uma sonoridade mais electrónica, mas a qualidade do som em si, as melodias e a percussão são realmente muito boas. E são músicas longas! Pelo menos para os padrões da época onde num cartucho cada bit valia ouro.

screenshot
Vão ao youtube e pesquisem por esta intro. Agora comparem-na com a do Sonic 3D.

Em suma, este Red Zone até pode ser um jogo bem difícil pela sua vida única, falta de continues, sistema de dano no helicóptero e inimigos agressivos no geral. Mas não deixa de ser um jogo divertido, só mesmo as secções a pé é que achei mais chatinhas pela sua lentidão. Tecnicamente é mesmo um jogo impressionante e também gostei do detalhe de ter um clone de Asteroids escondido no jogo.