Tiger Road (PC Engine)

Lançado originalmente nas arcades através da Capcom em 1987, este Tiger Road é um jogo de acção 2D sidescroller que muito me faz lembrar o Kung Fu Kid da Master System, por partilhar algumas das temáticas e até inimigos. Eventualmente foi convertido para a PC Engine através de algum estúdio a cargo da nipónica Victor, sendo esta a única versão disponível numa consola, com todas as restantes a terem sido lançadas para os diversos computadores da década de 80 (curiosamente todas essas versões foram publicadas pela própria Capcom). O meu exemplar foi importado directamente do Japão algures em Junho por cerca de 40 dólares, tendo-me chegado às mãos já no mês seguinte.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

Este jogo é então uma história de vingança, pois protagonizamos um guerreiro chamado Lee Wong que após ter partido numa viagem pela China em busca de aprimorar as suas artes marciais, recebe a notícia que o seu templo foi invadido, destruído e uma série de crianças também raptadas. Quem é o vilão? De acordo com o manual norte-americano é o Dragon God que, auxiliado por dezenas (ou centenas) de minions nos vão fazer a vida negra.

O que não nos faltam são itens para coleccionar mas nem todos são positivos

Tecnicamente este é um jogo com uma jogabilidade simples, com um botão a servir para saltar e outro para atacar. Estamos sempre equipados com uma arma branca, começando a aventura com um machado, mas podemos também encontrar uma morning star ou uma lança (que o manual da versão norte-americana teima em chamar de espada). Para além dessas armas adicionais o jogo está também repleto de outros itens e power ups que poderemos apanhar, podendo estes estar escondidos em caixas que teremos de destruir, ou largados por inimigos que derrotemos. Estes podem ser vasos com poções que nos restabelecem (ou diminuem!) a nossa barra de vida, itens que nos dão invencibilidade temporária, paralizam os inimigos no ecrã, aumentam o dano da arma, vidas extra entre outros que simplesmente nos dão mais pontos. O jogo está dividido em 5 níveis e no final dos primeiros 4 temos também um pequeno nível treino de bónus que podem ser divididos em duas categorias: apagar a chama de uma vela com machados dentro de um tempo limite (basicamente é um mash button) ou derrotar dezenas de inimigos também dentro de um certo tempo. Caso vençamos o primeiro tipo de treinos, a nossa barra de vida é expandida a um novo máximo, já no segundo caso desbloqueamos a técnica secreta “do tigre” onde a nossa arma é automaticamente substituída por uma arma mágica que lança poderos aparições de tigres com um bom alcance. O problema é que apenas conseguimos utilizar esta técnica sempre que tivermos a vida no máximo, o que vai ser muito raro.

Ocasionalmente teremos também alguns segmentos onde podemos voar livremente pelo ecrã, mas claro que tudo nos causa dano

Isto porque sim, como já devem ter adivinhado, e sendo este um jogo de acção com origens nas arcades, este Tiger Road é um jogo bastante desafiante. Os inimigos surgem de todas as direcções e com respawn constante pelo que mal temos tempo para respirar. Para além disso, de cada vez que sofremos dano a nossa personagem ressalta ligeiramente para trás, o que é um mimo para cairmos em abismos sem fundo nalguns segmentos com um platforming mais desafiante. O jogo tem apenas 3 continues, mas caso tenhamos a hipótese de salvar o nosso progresso em memória (o que acontece em sistemas como os Duo) temos sempre a hipótese de continuar a partir do último save.

De resto, no que diz respeito aos audiovisuais, o jogo é mais colorido que o original arcade mas perde no detalhe dos níveis, que não possuem qualquer parallax scrolling, por exemplo. As sprites também são mais pequenas e com menos detalhe, mas de resto até que há uma boa variedade de inimigos e cenários, todos eles influenciados por paisagens típicas da China e seus templos antigos. A banda sonora confesso que não a achei nada do outro mundo.

O jogo é bastante desafiante pelos inimigos que renascem constantemente e muito rapidamente nos rodeiam

Portanto este Tiger Road é um jogo de acção que apesar de ser interessante no papel, não deixa de ser também bastante desafiante devido às suas raízes nas arcades. Se gostam destes jogos de acção 2D sidescroller da segunda metade dos anos 80 e de um desafio então sim, recomendo que experimentem este Tiger Road.

Sherlock Holmes Consulting Detective (PC Engine CD)

Mais uma super rapidinha a um jogo de PC Engine porque sinceramente o tempo disponível para jogar não tem sido muito. E hoje resolvi cá trazer a versão PCE-CD do Sherlock Holmes Consulting Detective Volume 1 que já cá tinha abordado na sua versão para a Mega CD. O jogo parece-me ser rigorosamente o mesmo, pelo que recomendo a leitura desse artigo para mais detalhes. O meu exemplar foi comprado a um particular num lote de vários jogos PC Engine, TurboGrafx-16 e Saturn que comprei algures no mês passado. Este em particular custou menos de 5€.

Jogo com caixa, infelizmente não me apercebi que não trazia manual

Ora este Sherlock Holmes Consulting Detective é um jogo produzido por uma empresa norte-americana, a ICOM Simulations (responsável também por clássicos como Shadowgate), embora o Wikipedia refira que a primeira versão deste jogo tenha saído no FM-Towns, um computador inteiramente japonês, o que sinceramente tenho algumas dúvidas. É um jogo em full motion video, um dos percursores daquela moda que assolou o ocidente na primeira metade da década de 90, em todos os sistemas que possuíssem tecnologia em CD. A Mega CD foi muito afectada por isto e ganhou má fama ao longo dos anos, embora possua outros jogos bem interessantes na sua biblioteca que acabam por passar mais despercebidos. A Turbo CD também poderia passar pelo mesmo caminho, não fosse o sistema ter sido um fracasso completo no mercado norte-americano e ainda assim receberam alguns jogos FMV, este é um deles, pois acabou por receber conversões para uma série de diferentes plataformas.

O vídeo é, tal como na versão da Mega CD, altamente comprimido e numa resolução muito baixa. Mas ao menos tem mais cor!

Neste jogo teremos 3 casos policiais para resolver e por resolver entenda-se visitar vários locais e pessoas, ouvir o que têm para dizer, ler notícias em jornais, usar os “Baker Street Irregulars” para obter mais informações e, quando acharmos que temos informações suficientes para resolver um caso, visitamos um Juíz, que nos faz uma série de perguntas em relação ao culpado, suas motivações e afins. Se acertarmos nas perguntas, caso resolvido! Embora tudo isto seja construído com base em testemunhos, sem qualquer evidência que as sustente.

Não se deixem enganar por screenshots. Apesar de vários menus estarem em inglês, as vozes estão todas em japonês e muitos dos textos também.

Mas vamos às diferenças. Tecnicamente, a versão PC Engine CD / Turbo CD é muito similar à conversão da Mega CD, com vídeos bastante comprimidos e com uma resolução muito diminuta, embora se note uma melhor definição de cor, particularmente em cenas com maior luminosidade. A versão norte-americana da Turbo CD está integralmente em inglês, com o mesmo acting de qualidade acima da média para a altura. Já a versão PC-Engine CD, todo o voice acting foi dobrado para japonês. Alguns dos menus mantêm-se em inglês, como os locais ou pessoas a explorar, mas o conteúdo de certos menus, como notícias de jornais, telegramas, notas tiradas pelo detective ou até as questões colocadas pelo juíz foram todas traduzidas também para japonês. Portanto sim, a versão PC-Engine CD não é um jogo nada import friendly ao contrário do que inicialmente até esperaria.

The Legendary Axe (Turbografx-16)

Continuando pela PC-Engine / Turbografx-16, mas agora com um jogo bem melhor, este The Legendary Axe, produzido pela Victor Entertainment, foi um dos títulos de lançamento da consola no mercado norte-americano. E muitos norte-americanos referem que este sim, deveria ser o jogo incluído com a consola no seu lançamento, ao invés do Keith Courage, que sinceramente ainda não joguei. Nós, Europeus, recebemos a Turbografx com o Blazing Lazers, que também foi uma óptima escolha. O meu exemplar foi comprado a um particular algures em Janeiro, tendo-me custado pouco mais de 20€.

Jogo com caixa e manual embutido na caixa

Este The Legendary Axe é um jogo de acção 2D sidescroller onde controlamos um guerreiro bárbaro, Gogan. É uma espécie de clone do Rastan portanto, mas a meu ver joga-se muito melhor. O objectivo é então o de Gogan salvar a sua amiga Flare que se preparava para servir de sacrifício humano por parte de um poderoso culto que tomou controlo da sua terra.

Ao longo dos níveis vamos encontrar vários mini bosses, inimigos mais poderosos que os demais que ainda vão demorar um pouco a derrotar

A jogabilidade é super simples, com um botão para saltar e o outro para atacar com o seu machado. Temos uma barra de vida algo generosa e à medida que vamos avançando no jogo poderemos encontrar vários itens que poderemos coleccionar. Uns são meras pedras preciosas que nos aumentam a pontuação. Outros são esferas vermelhas que nos vão regenerando a barra de vida, mas poderemos também encontrar vidas extra, asas que melhoram a agilidade dos nossos ataques ou, mais importante que todos, há uns power ups dourados que melhoram o nosso poder de ataque. Temos 4 para coleccionar ao longo de 6 níveis e por cada item desses que coleccionemos, há uma barra de energia que vai sendo expandida. Com essa barra no máximo, os nossos ataques dão mais dano, com a mesma a ser regenerada automaticamente a cada ataque. Quanto maior for a barra de energia, mais poderosos os nossos ataques são, mas também mais tempo a mesma demora a ser restabelecida, pelo que quando enfrentarmos os inimigos mais poderosos teremos de ter isso em conta. De resto é um jogo algo linear, embora possua alguns caminhos alternativos que nos levem a becos sem saída, mas com itens de bónus para coleccionar. A notável excepção vai no entanto para o quinto nível, que é um autêntico labirinto dividido por várias salas, muitas delas com mais que uma saída, pelo que teremos de ter alguma preserverança até encontrar o caminho certo.

Graficamente é um jogo interessante, bastante colorido mas por vezes ainda se nota bem que é um título que transita entre as gerações 8 e 16bit.

A nível audiovisual, nota-se bem que este é um jogo do início de vida da Turbografx-16, pois ainda está ali num híbrido entre um jogo tipicamente 8bit, mas muito mais rico em cor e algum detalhe gráfico que já antecipa o que a geração das 16bit seria capaz. Os cenários vão variando entre selvas, florestas, cavernas, montanhas ou ruínas/edifícios em pedra. As músicas são agradáveis, mas é engraçado que em algumas não consigo deixar de notar algumas semelhanças com o som que a Master System é capaz de produzir, como é o caso das músicas das cavernas. Essas parecem-me que utilizam apenas o PSG e nenhuma das funcionalidades PCM que a PC-Engine/TG16 também traz de raiz, daí me ter lembrado a Master System.

Eventualmente vamos encontrar power ups que nos permitam ter uma barra de energia (no topo do ecrã) que pode ser expandida até 4 unidades. Sempre que esteja no máximo, os nossos ataques dão muito mais dano

Portanto este The Legendary Axe até que se revelou uma excelente surpresa. É um jogo de acção 2D bastante sólido que, apesar de ir buscar muito da moda dos guerreiros bárbaros que vimos nos anos 80, tal como aconteceu com Golden Axe ou Rastan, acaba por se controlar muito melhor que este último, por exemplo. A Victor produziu uma sequela que chegou dois anos depois (1990) também a este sistema. Estou curioso em jogá-la um dia destes, a ver se a arranjo.

Jack Nicklaus Greatest 18 Holes of Major Championship Golf (PC-Engine)

Vamos ficar agora com uma rapidinha a um jogo de desporto na PC-Engine e esperem por umas quantas destas nos próximos tempos. Isto porque em Dezembro comprei um lote de jogos considerável de PC Engine directamente do Japão a um preço muito convidativo, embora naturalmente tivesse muitos jogos de desporto à mistura. Basicamente ficou-me a menos de 5€ por jogo já a contar com o acréscimo de portes e alfândega, o que não foi nada mau. Os jogos chegaram-me às mãos na segunda metade de Janeiro e vou começar por esta adaptação do Jack Nicklaus, cuja versão da NES já cá trouxe no passado.

Jogo com caixa e manual embutido

Basicamente, como a versão da NES e o título do jogo indica, este é um simulador de golfe com o “patrocínio” de Jack Nicklaus, um dos seus practicantes mais famosos da década de 80. E também tal como o nome indica, o que teremos aqui não são circuitos de golfe completos, mas sim 18 buracos distintos retirados de diferentes circuitos (que não faço a mínima ideia se serão reais mas presumo que sim). Os modos de jogo são os mesmos da versão NES, com o strokes play e o skins, onde o objectivo é o de terminar o conjunto dos 18 buracos com menos tacadas, ou então obter o menor número de tacadas buraco a buraco, respectivamente.

A jogabilidade é simples, com o direccional a servir tanto para trocar de tacos, como para ajustar a direcção da tacada. Uma vez com isso definido, somos levados para a habitual barra de energia que deveremos interagir a dois tempos, um para determinar a potência da tacada, o segundo para ajustar a precisão de forma a manter uma trajectória o mais próximo possível da pretendida. Naturalmente que temos de considerar outros detalhes a força e direcção do vento, bem como a distância máxima que cada taco poderá alcançar.

O ecrã apresenta-nos toda a informação que precisamos, embora a distrância coberta por cada taco apenas aparece caso seleccionemos o modo de dificuldade mais baixo (que é a dificuldade por defeito)

Graficamente este é um jogo simples onde tal como em muitos jogos de golfe desta época, temos sempre de esperar alguns segundos entre tacadas para que o CPU consiga renderizar o cenário, que é apresentado numa câmara de terceira pessoa, nas costas do jogador. No entanto estava à espera que graficamente pudesse ser um jogo mais apelativo, pois as cores são muito escuras e a PC-Engine possui a capacidade de renderizar um número bem maior de cores no ecrã. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros e a música, bom essa apenas existe no ecrã título, todo o resto do jogo é jogado em silêncio. Convém também referir que mesmo sendo esta uma versão japonesa, está inteiramente em inglês visto ter sido desenvolvida pela Accolade.

As versões norte americana (esquerda) e japonesa (direita) possuem menus diferentes e os circuitos de golfe também o são

Portanto este é um dos vários jogos de golfe que chegaram à PC-Engine e devo dizer que não fiquei lá muito impressionado pois já experimentei brevemente alguns outros jogos do mesmo estilo (como o Naxat Open que trarei cá em breve) e que me pareceram bem mais interessantes. Um detalhe interessante a apontar é que este jogo é mencionado em muitos locais na internet como sendo exactamente o mesmo que a versão americana da Turbografx-16: Jack Nicklaus Turbo Golf, e isso não é verdade. Por um lado o motor do jogo é exactamente igual, mas os menus são diferentes e mais importante que isso, os circuitos de golfe também o são. Aqui são mesmo 18 buracos retirados de circuitos distintos, enquanto que a versão americana tem 18 buracos de um circuito qualquer Australiano. Para adicionar ainda mais confusão existe uma versão do Jack Nicklaus Turbo Golf em CD que mantém exactamente o mesmo nome e que possui mais circuitos e modos de jogo. Supostamente essa versão foi lançada no Japão sob o nome de Jack Nicklaus World Tour Golf, mas estou curioso em saber se será realmente o mesmo jogo ou não.