Crash Bash (Sony Playstation)

Tempo agora de regressar à primeira Playstation para aquele que foi o primeiro jogo da série Crash Bandicoot desenvolvido sem qualquer envolvimento da Naughty Dog. Acontece que, apesar de o Crash Bandicoot ter sido muito usado pela Sony como uma mascote da plataforma, na verdade os direitos da propriedade intelectual pertenciam à Universal. O mesmo trajecto aconteceu com a série Spyro the Dragon, que um dia destes gostava também de cá trazer, por exemplo. A Naughty Dog tinha apenas contratualizada com a Universal o desenvolvimento de três jogos do Crash, com o Crash Team Racing a surgir entretanto e ser uma espécie de excepção à regra. A partir daí, os jogos que lhe seguiram foram tendo outras equipas de desenvolvimento, o que também levou a que a série fosse tendo lançamentos algo inconsistentes na sua qualidade com o decorrer dos anos. Este Crash Bash é o primeiro desses jogos, sendo mais um spin-off e cujas tarefas de desenvolvimento passaram para a Eurocom, com a cooperação da Cerny Games (do Mark Cerny, um veterano na indústria). Na verdade, a Universal havia também assinado um contracto com a Sony obrigando-a a lançar 5 jogos do universo Crash Bandicoot nas suas plataformas, pelo que este quinto jogo marca também o final da exclusividade da série com a Sony. O meu exemplar foi comprado ao desbarato numa Cash Converters há uns bons anos atrás, não me recordando ao certo de quanto terá custado.

Jogo com caixa e manual, versão Platinum

Eu confesso que tinha uma ideia errada deste jogo pois sempre o compararam aos Mario Party, mas na verdade a única coisa que ambos os jogos têm em comum é o seu foco em mini-jogos, que por sua vez poderão até serem jogados com um máximo de 4 jogadores em simultâneo, recorrendo a um multi-tap. Toda aquela premissa de um jogo de tabuleiro que caracteriza a série Mario Kart não está aqui implementada! A ideia por detrás da história é uma competição entre as entidades Aku Aku e Uka Uka e ambos arranjam uma equipa de várias personagens para competirem entre si que terão de participar numa série de mini-jogos. O principal modo de jogo daqui é o aventura que é essencialmente o modo história e pode ser jogado com um ou dois jogadores. Aqui vamos ter vários hubs para visitar, cada qual com vários mini-jogos e um boss, que para ser derrotado possui certos requisitos: o primeiro boss obriga-nos a ter quatro troféus de ouro antes de ser defrontado, já o segundo obriga-nos a ter nove troféus, 6 gems e um cristal e por aí fora, com os requisitos a serem cada vez maiores. Ou seja, tal como no Crash Team Racing, para ir desbloqueando mais conteúdo, teremos de rejogar partidas anteriores em busca de completar desafios adicionais. Os troféus de ouro são o objectivo básico e que nos obriga a vencer 3x um certo mini jogo. As gems são pequenas variações desse mesmo mini-jogo onde à partida começamos com alguma desvantagem em relação aos nossos oponentes e os cristais também nos introduzem alguma dificuldade acrescida. Eventualmente desbloquearemos também a possibilidade de competir por rélicas (tanto douradas como de platina) que são bem mais desafiantes mas felizmente não são obrigatórias para desbloquear os créditos. No entanto, depois dos créditos, desbloqueamos outros mini-jogos e esses sim, para serem jogados obrigam-nos a preencher requisitos que já incluem as tais relics.

Dependendo da personagem que controlarmos, poderemos ficar no lado bom ou mau da história, com potencialmente dois finais distintos para alcançar

No entanto, apesar termos 4 hubs com um número crescente de minijogos (de 4 a 7) e um boss, assim como um hub adicional de bónus pós-créditos, na verdade não temos assim tantas dezenas de minijogos diferentes como as publicidades da época nos faziam crer, pois todos esses minijogos aqui disponíveis são na verdade variações de 7 tipos distintos, que se seguem. Temos os Balistix que me fazem lembrar aquelas mesas de air hockey dos centros comerciais, mas para 4 jogadores; os Polar Push onde montamos ursos polares e temos de atirar os nossos oponentes para fora da arena; os Pogo Pandemonium, onde temos de nos mover num tabuleiro quadriculado e “reclamar território” ao saltar nos diferentes quadradinhos; os Crate Crush são arenas onde temos de atirar caixas uns aos outros; os Tank Wars são arenas onde conduzimos um tanque e o objectivo é o de derrotar os nossos oponentes; Os Crash Dash são competições de corrida em circuitos circulares, com obstáculos e power ups e por fim temos também os Medieval Mayhem, e estes sim, já poderão variar mais nas mecânicas de jogo entre eles. Portanto, a variedade de mini-jogos é uma coisa algo artificial e obrigar-nos a competir nos mesmos mini-jogos para ir avançando no jogo acaba por se tornar em algo repetitivo. Completar o jogo a 100% que inclui ganhar troféus, gems, cristais e dois tipos de rélicas ao longo de 28 mini-jogos é uma tarefa hercúlea que não desejo a ninguém, mas felizmente não precisamos de chegar a tanto para conseguir pelo menos ver os créditos. De resto temos também os modos de jogo Battle e Tournament são modos multiplayer assentes nos minijogos já desbloqueados anteriormente e confesso que nem sequer os experimentei.

Antes de cada minijogo temos umas pequenas instruções que nos explicam as mecânicas e controlos

A nível audiovisual sinceramente até acho o jogo bem competente. Os mini-jogos são coisas de um único ecrã, pelo que daria perfeitamente para se caprichar um pouco mais no detalhe gráfico, mas acaba por estar em linha com o que já estavamos habituados à série até então. As músicas são agradáveis por natureza e o único voice acting a registar é aquele entre Aku Aku e Uka Uka nas cut-scenes que avançam com a história.

Os mini jogos em si até temos alguns divertidos e acredito que tenham sido bastante caóticos no multiplayer com amigos

Portanto este Crash Bash é um jogo que confesso que até teve os seus momentos e acredito perfeitamente que tenha sido bastante divertido em partidas com vários jogadores. Para quem o quiser jogar sozinho, sinceramente acho que se torna algo repetitivo devido ao número de minijogos inteiramente distintos entre si ser bastante reduzido.