Cotton: Fantastic Night Dreams (PC Engine CD)

Vamos agora voltar à PC Engine CD para mais um dos muitos shmups da biblioteca destes sistemas da NEC/Hudson, nomeadamente para este Cotton: Fantastic Night Dreams que acaba também por ser o primeiro jogo da série Cotton, conhecida pelos seus shmups do estilo “cute ‘em up“, devido às suas personagens serem tipicamente “fofinhas”. O meu exemplar veio de um lote que comprei a um particular algures no final de 2021. Foi um lote carote, mas todo ele com bons jogos de PC Engine, tendo-me ficado cada um a 60€. No caso deste Cotton, era um óptimo preço!

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

A história leva-nos a controlar uma bruxa muito gulosa chamada Cotton que acaba por encontrar uma fada algures numa floresta. Ora esta fada precisa de alguém que salve o seu reino que foi invadido por forças do mal, mas a Cotton não está muito interessada em ajudar-lhe. Isto pelo menos até a fada lhe dizer que poderá ter um doce gigante de recompensa e Cotton já nem precisa de ouvir mais nada! A história é simples, mas tem a vantagem de ser acompanhada por algumas cut-scenes interessantes e bem detalhadas entre os níveis!

Cotton é um jogo bem desafiante. Este nível em particular é de arrancar cabelos com tanta coisa no ecrã

A jogabilidade é algo complexa neste jogo, mas vamos começar pelos controlos que são consideravelmente simples: o botão II serve para disparar os projécteis principais, enquanto que o botão I serve para disparar bombas para o solo. Tipicamente temos sempre pelo menos uma fada que nos acompanha (servindo de satélite/option) e que nos dá algum poder de fogo adicional, mas mantendo o botão I pressionado faz com que mandemos as fadas para a frente para causar dano nalgum inimigo (um pouco como no R-Type e o seu satélite). Por outro lado, se mantivermos o botão II pressionado poderemos lançar um ataque mágico, se tivermos “munições” – cristais mágicos – para tal. Pressionando os botões I e II em simultâneo também nos permite usar uma manobra defensiva que gasta magia.

Os bosses tipicamente são grandes e bem detalhados

Para além de imensos inimigos que teremos de destruir, vamos ter também vários power ups que poderemos apanhar. Os mais comuns são os cristais coloridos que vão surgindo em vários tamanhos. Mas tal como no Twinbee, estes podem ser disparados consecutivamente fazendo com que os mesmos mudem de cor e mediante a cor com que os apanhemos dão-nos diferentes recompensas. Por exemplo, vermelhos ou azuis dão-nos cristais mágicos para as habilidades especiais, sendo que a cor corresponde a ataques de fogo ou electricidade. Os cristais amarelos aumentam-nos principalmente a pontuação, enquanto que os laranja nos dão mais pontos de experiência. Sim, pontos de experiência que eventualmente fazem com que Cotton suba de nível e os seus ataques normais causem mais dano. Para além dos cristais podemos também apanhar itens que nos melhorem o poder de fogo das nossas bombas, assim como fadas extra. De resto este é um jogo bem desafiante pela quantidade de inimigos e projécteis que por vezes teremos de enfrentar. E claro, perder uma vida faz com que percamos todos os upgrades das bombas e alguma da experiência que tenhamos eventualmente amealhado, o que torna todo o processo de voltar a evoluir a Cotton bastante demorado. Abençoados save states! E convém também mencionar que o jogo dá uma de Ghouls ‘n Ghosts pois obriga-nos a jogá-lo uma vez mais numa dificuldade ainda mais elevada para alcançar o final verdadeiro (entenda-se, ver créditos).

Entre níveis vamos tendo acesso a algumas cut-scenes bem humoradas e bem detalhadas. A versão japonesa tem voice acting e dá para colocar as legendas em inglês também!

Já no que diz respeito aos audiovisuais este até que é um jogo interessante, mas por vezes algo inconsistente. Gosto do facto de apesar deste ser primariamente um shmup horizontal, por vezes temos segmentos com scrolling vertical ou até diagonal! Os inimigos são engraçados, apesar de não terem tanto detalhe quanto isso. Já os cenários vão sendo bastante distintos entre si, atravessando florestas, montanhas, cavernas e castelos, mas se por um lado ocasionalmente temos alguns bonitos efeitos gráficos ou parallax scrolling (que no caso da PC Engine é sempre impressionante visto o sistema não os suportar nativamente), outras vezes vamos tendo vários segmentos que acabam por ser bastante simples a nível de detalhe. E entre níveis vamos tendo direito a várias cut-scenes algo cómicas e bem animadas que vão avançando com a história. A música é toda ela em formato CD Audio e apesar dos seus temas algo festivos, é agradável de se ouvir. Existem no entanto algumas diferenças entre a versão PC Engine CD e a Turbo CD (norte-americana), pois nesta versão japonesa todas as cut-scenes são narradas com voz, enquanto que na versão norte-americana isso não acontece. No entanto esta versão japonesa possui linguagem em inglês que pode ser alterada nas opções, sendo por isso, a meu ver, a melhor versão!

No final de cada nível podemos amealhar mais uns quantos pontos. E quantos mais pontos, mais vidas extra podemos ganhar!

Portanto estamos aqui perante um agradável, porém bastante desafiante shmup que possui algumas mecânicas de jogo interessantes, embora penalizem bastante o jogador quando este perde alguma vida. Esta é no entanto uma sólida conversão do original arcade de 1991, que acaba também por receber conversões para sistemas como o X68000 (que presumo que seja arcade perfect) e a própria Playstation, já em 1999. Curiosamente existe também uma adaptação para a Neo Geo Pocket Color, embora com muito menos detalhe como seria de esperar. Mais recentemente um remake intitulado de Cotton Reboot acabou por ser lançado para os sistemas modernos, com alguns lançamentos físicos também.

Psyvariar (Sony Playstation 2)

Psyvariar_PS2A rapidinha de hoje leva-nos de volta para a consola mais bem sucedida da Sony, onde mais um bom shmup clássico acabou por chegar até nós europeus por intermédio de lançamentos budget price. Este Psyvariar Complete Edition traz duas versões do Psyvariar original, ao contrário da compilação Psyvariar + Psyvariar 2 que eu idealizava. Custou-me 2€ na Cash Converters de Alfragide algures nos últimos meses de 2015, se bem me recordo.

Jogo completo com caixa e manual
Jogo completo com caixa e manual

As mecânicas chave nesta série são o Buzzing, que consiste em recompensar-nos no quão mais perto das balas inimigas passamos. E como estes são jogos em que a detecção de colisões apenas se despoleta se uma bala tocar no centro da nossa nave, vai dar para usar e abusar destas mecânicas. Isto porque cada buzz dá-nos alguns pontos de experiência e à medida que vamos amealhando pontos de experiência vamos também subindo de nível. Nestas alturas estamos temporariamente invencíveis pelo que podemos albarroar outras naves, dando ainda mais pontos. O jogo espera que arrisquemos bastante com este mecanismo de buzzing, mas claro que isso tem de ser algo cuidado pois a invencibilidade é temporária e os momentos de bullet hell acabam por ser cada vez mais comuns à medida que o jogo vai avançando. Entre certos níveis de experiência a forma da nossa nave também se altera, sendo cada vez mais poderosa.

Buzzing é passar mesmo rente às balas. Na versão Revision é possível aproveitar o buzzing da mesma bala mais que uma vez, aumentando ainda mais a pontuação
Buzzing é passar mesmo rente às balas. Na versão Revision é possível aproveitar o buzzing da mesma bala mais que uma vez, aumentando ainda mais a pontuação

Na primeira versão deste jogo, a Medium Unit, dispomos de apenas 6 níveis pela frente, sendo que cada nível requer obrigatoriamente que a nave tenha atingido um certo nível de experiência. Na versão Revision as mecânicas básicas de jogo mantêm-se, mas a dificuldade foi aprimorada, com as naves inimigas a serem mais agressivas no seu poder de fogo, mais denso e mais rápido. Temos também alguns níveis adicionais e um novo modo de jogo, o Replay. Aqui, antes de jogar um nível, podemos assistir a um replay de alguma play run. No entanto apenas podemos usar um crédito para terminar o jogo, mas se o conseguirmos somos recompensados com os replays das nossas façanhas ficarem registados. Não é algo que me faça muita falta, mas acredito que nas arcades asiáticas tenha sido uma loucura.

Como não podia deixar de ser também temos vários bosses para derrotar cujos padrões de fogo vão mudando
Como não podia deixar de ser também temos vários bosses para derrotar cujos padrões de fogo vão mudando

Antes de concluir, a nível de audiovisuais não tenho muito a dizer. É um shmup clássico vertical, todo high-tech com a nave que conduzimos e as que combatemos, com os cenários a serem condizentes, desde combates em órbita do planeta terra, ou a atravessar mega estações espaciais ou outras zonas militares/industriais. As músicas também têm todas aquela pinta futurista que assenta bem ao estilo de jogo.

Dominar o buzzing e os momentos de invencibilidade temporária que trazem é a chave da sobrevivência em momentos como este
Dominar o buzzing e os momentos de invencibilidade temporária que trazem é a chave da sobrevivência em momentos como este

Em suma, é um bom shmup para quem é fã do género, e as suas mecânicas de jogo originais tornam-se num desafio bem interessante!