Assault Suits Valken (Sony Playstation 2)

O artigo de hoje será mais uma rapidinha, pois este Valken para a PS2 é um remake do mesmo jogo da Super Nintendo que chegou cá ao ocidente como Cybernator. Portanto este artigo será mais focado nas diferenças entre esta versão e a original! O meu exemplar foi comprado em Novembro de 2014 na extinta loja Gamer de Santo Tirso por menos de 4€.

Jogo com caixa e manual

Ora o remake foi desenvolvido pela X-Nauts, que aparentemente era uma empresa formada por antigos funcionários da Psikyo (o logo da Psikyo surge na contra-capa, mas é o da X-Nauts que vemos ao arrancar o jogo), que por sua vez era um estúdio japonês que já tinha uma boa experiência em produzir shmups, com séries como Gunbird ou Strikers 1945 no seu catálogo. Então este remake por mãos tão experientes teria tudo para dar certo, certo? Infelizmente o resultado final ficou um pouco aquém das expectativas.

Ao menos recuperaram os retratos durante os diálogos

A começar pelos controlos e dificuldade no geral, que são muito superiores nesta versão PS2. Os controlos e mecânicas de jogo são em todo idênticos aos da versão SNES, excepto num detalhe crucial. Ao manter o botão L1 pressionado, trancamos a direcção de disparo, tal como na SNES. Excepto se depois pressionarmos para trás, o mecha acaba por inverter a direcção de disparo. Por exemplo, assumindo que trancamos a direção de disparo num ângulo de 45º, da esquerda para a direita. Na SNES ao pressionar para trás o mecha simplesmente andava de costas, mantendo a mesma direcção de disparo. Aqui o mecha vira-se para trás, mantendo o ângulo de 45º, mas na direcção oposta. É um pequeno detalhe, mas que faz uma grande diferença. Para além disso esta versão é francamente mais difícil pois os inimigos são mais resistentes, o nosso mecha é mais frágil e há menos drops de vida pelo decorrer dos níveis.

Tal como no original temos alguns curtos segmentos onde o jogo se comporta como um shmup tradicional

Do ponto de vista audiovisual a diferença deste remake para o lançamento original não é assim tão acentuada, notando-se no entanto francas melhorias em explosões e afins. O sexto nível, onde temos de explorar uma caverna escura e que usava um interessante efeito de luz na versão da SNES, está agora um pouco mais genérico. Mas em contrapartida temos todo o conteúdo que foi cortado ou censurado da versão SNES ocidental, nomeadamente os retratos das pessoas que estão a falar durante os diálogos, bem como uma certa cena que foi cortada já perto do final do jogo. Pena no entanto que não tenham incluído voice acting como a Dracue fez no remake do Assault Suit Leynos. A banda sonora foi também toda regravada, embora sinceramente até que prefiro antes as versões originais.

Portanto este Assault Suits Valken para a PS2 até que se tornou algo decepcionante, pois é um jogo que teria um potencial tremendo para um remake de melhor qualidade, que poderia ser perfeitamente possível na PS2. Ainda assim não deixa de ser um lançamento interessante por parte da 505 Games, que na era da PS2 trouxe imensos jogos low budget japoneses para o mercado Europeu e alguns até que eram bastante interessantes. Este em particular nunca chegou a sair em solo Americano, por exemplo.

Gunbird Special Edition (Sony Playstation 2)

gunbirdseEsta rapidinha, que à partida será o último artigo que publico da PS2 nesta semana, é sobre mais uma pequena compilação, desta vez são conversões directas das arcades de dois shmups bem divertidos da Psikyo, o Gunbird 1 e 2. E sendo conversões directas de arcade, não teremos aqui os extras de Gunbird 2 para a Dreamcast como por exemplo, ter a Morrigan da série Darkstalkers jogável. Este meu exemplar foi comprado algures em 2015 na cash converters de Alfragide por 2.5€.

Gunbird Special Edition - Sony Plastation 2
Jogo com caixa e manual

E quando digo que estes são jogos bastante divertidos, não me estou a referir só à jogabilidade, mas também ao carácter das diversas personagens e da história em geral. Nesta última, apesar de parecer, não estamos propriamente a combater um império qualquer ou defender-nos de alguma invasão alienígena. No primeiro Gunbird o objectivo é reunir várias peças de um espelho mágico para invocar um génio que nos permite realizar um desejo. No segundo temos como objectivo também encontrar alguns cristais que depois nos dão acesso a um esconderijo do próprio Deus para ir embusca de um medicamento qualquer… claro que temos sempre a oposição de um conjunto de piratas que difere de um jogo para o outro…

Castelos medievais, comboios a vapor e mechas no mesmo jogo ditam variedade de cenários
Castelos medievais, comboios a vapor e mechas no mesmo jogo ditam variedade de cenários

Depois temos o carácter bem humorado do elenco de personagens ao longo dos dois jogos. A irreverente bruxinha (Marion) cujo maior desejo é ser adulta, um cientista que quer precisamente o contrário, que Marion permaneça uma pré adolescente (sim, é pedófilo), outro velhote homosexual, um vampiro todo estiloso mas que na verdade o seu cabelo é uma peruca e cheira terrivelmente mal dos pés, um tarado sexual, ou um indiano que venera gente gorda. Até a Morrigan do Darkstalkers, no caso de jogarem a versão Dreamcast, tem uma diferente personalidade!

Sim, Gunbird é uma série bizarra e sexualmente depravada
Sim, Gunbird é uma série bizarra e sexualmente depravada

No Gunbird, a ordem pela qual os primeiros 4 níveis começam é aleatória e os cenários ao longo da série vão sendo bastante variados, desde castelos medievais até cenários steampunk ou mais futuristas. Até nisso é um jogo que não se leva muito a sério! De resto a jogabilidade é excelente, com cada personagem a ter as suas próprias características, com diferentes modos de fogo e bombas especiais. Ao longo de cada nível vamos podendo apanhar uma série de power-ups como é habitual, aumentando assim o nosso poder de fogo. Especialmente no segundo essa jogabilidade está mais refinada, ao acrescentar bosses mais complexos e a possibilidade de usar a barrinha do charge shot para desencadear ataques de curto alcance bastante poderosos, mas sendo de curto alcance, tornam-se também arriscados de executar. No que diz respeito à dificuldade, para mim são bons desafios quanto baste, pois as balas seguem padrões incomuns e não muito previsíveis e no caso do primeiro Gunbird, são também bastante rápidas.

Embora não seja um bullet-hell, os padrões de tiro são muito mais imprevisíveis
Embora não seja um bullet-hell, os padrões de tiro são muito mais imprevisíveis

Graficamente é um jogo bonitinho, em especial o segundo Gunbird que por ser mais recente possui níveis bem mais detalhados, assim como aquelas pequenas cutscenes entre cada nível ou nos finais (que por sua vez costumam ser hilariantes). Por outro lado nas músicas é que já não achei assim tão cativantes.

Resumindo, esta é uma compilação interessante de dois shmups que de outra forma (a não ser pelo Gunbird 2 da Dreamcast), pouco seriam conhecidos pela Europa. É que a outra versão do primeiro Gunbird que saiu em consolas por cá foi mesmo a da Playstation, tendo sido lançada já no novo milénio como um budget title. O problema é que lhe trocaram o nome para Mobile Light Force e escarrapacharam uma capa que nada tem a ver com o jogo. Pior, é que na mesma altura lançaram também um Mobile Light Force 2 para a Playstation 2 com exactamente a mesma capa, mas agora a referir-se ao Shikigami no Shiro. Mais sobre este jogo talvez num futuro próximo.

1945 I and II The Arcade Games (Sony Playstation 2)

1945 I and IIUma das coisas que eu mais gosto da Playstation 2 é a quantidade de budget releases que existem nesta plataforma. Já na PS1 haviam imensas, mas na PS2 as coisas chegaram mesmo a outro nível. Mas os budget titles que eu aprecio não são aquele crapware que empresas como a Phoenix Games ou a Midas trouxeram às pazadas, mas sim na sua maioria as importações de budget titles japoneses, de onde se enquadram ports de clássicos arcade ou de outras plataformas. E esta pequena compilação é um desses casos, trazendo-nos os dois primeiros shmups da série Strikers 1945 da Psikyo. Este meu exemplar veio de uma Cash Converters por 2.5€, algures em Agosto deste ano.

1945 I & II The Arcade Games - Sony Playstation 2
Jogo com caixa, manual e papelada

Bom, a primeira coisa que tenho a dizer desta dupla de jogos é que o título é muito enganador. Quando o comprei pensei que estivesse perante alguns jogos da série 19XX da Capcom, que também se especializou em shmups com uma temática algo fantasiosa da Segunda Guerra Mundial. Mas não, estes pertencem à série Strikers 1945, que por algum motivo a palavra Strikers desapareceu desta capa! Mas adiante…

Segunda guerra mundial? Com mechas?
Segunda guerra mundial? Com mechas?

Falando do primeiro jogo, é um shmup influenciado pela WW2 tal como referi acima. Os aviões que podemos pilotar fazem lembrar caças contemporâneos da década de 40, assim como muitos dos inimigos menores que teremos pela frente. Mas rapidamente as coisas acabam por ficar fantasiosas, com enormes bombardeiros e navios de guerra a transformarem-se em mechas, ou a acção levar-nos até ao espaço onde defrontaremos um exército alienígena com bases na Lua. Inicialmente temos ao nosso dispor vários aviões similares a alguns bem conhecidos como o Spitfire britânico ou o Zero japonês, sendo que cada um dispõe de diferentes tipos de ataques. Temos também 8 níveis pela frente, atravessando várias localizações europeias e culminando numa viagem espacial, como já referi.

screenshot
Muitas vezes temos de passar pelo buraco da agulha, mas felizmente só somos atingidos se o projéctil tocar no cockpit

E a jogabilidade é excelente, com o jogo a exigir-nos reflexos de lince, pois com o decorrer da acção os inimigos vão-se movimentando cada vez mais rápido e o número de projécteis no ecrã vai aumentando, bem como os seus padrões de tiro acabam por ficar cada vez mais variados e imprevisíveis. Ou seja, é daqueles jogos que temos mesmo de ter muita prática e para mim é por vezes super difícil perceber precisamente o que está a decorrer no ecrã, pelo que conduzir a nossa nave por buracos de agulha é uma tarefa complicada. Mas claro, temos sempre os power ups para nos ajudar. Cada power up que apanhamos aumenta o nosso poder de fogo, bem como nos coloca uma nave auxiliar ao nosso lado, disparando diferentes projécteis da nossa arma principal. Para além disso, cada nave/avião dispõe de diferentes charge shots e bombs, os tais ataques especiais capazes de causar dano a tudo o que estiver no ecrã e que devem ser utilizados com moderação. No que diz respeito aos audiovisuais é um jogo competente para os padrões de 1995, e as músicas têm sempre uma toada mais épica.

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Alguém no Japão descobriu o word art e achou um piadão, só pode…

Já o Strikers 1945 II modificou algumas coisas na fórmula, mas a sua identidade permanece, ou seja, o jogo continua a decorrer em 1945, os bosses continuam a se transformar em mechas, embora desta vez não hajam viagens pelo espaço… houve também uma alteração no lineup de aviões disponíveis e as suas armas também se alteraram. A primeira coisa negativa que me salta logo à vista está precisamente no ecrã de selecção dos aviões com os quais queremos jogar. O nome de cada um foi escrito com WordArt do Office!! Fica muito mal na fotografia… de resto a jogabilidade continua bastante insana e exigente. A grande mudança na jogabilidade está na forma como os charge shots funcionam. Agora a sua potência não está relacionada com o número de naves adicionais que temos a nos acompanhar, mas numa barra de energia lateral que se vai preenchendo à medida em que vamos destruindo os inimigos que surgem à nossa frente.

screenshot
Os bomb attacks continuam a ser imponentes, muitas vezes envolvendo ataques de bombardeiros gigantescos

A nível gráfico é um jogo superior ao original. Os níveis possuem backgrounds muito mais detalhados e os ataques especiais bastante coloridos e repletos de efeitos especiais, que dão logo outra vida ao jogo. Já a banda sonora não gostei tanto. Consiste em músicas que tanto imprimem um tom mais rock, ou mais orquestral para aqueles momentos mais épicos, o que por mim seria sempre algo bom, sinceramente não gostei do timbre com que os instrumentos me soaram. Mas o que interessa mais aqui é a jogabilidade e essa continua frenética e divertida, como já referi.

screenshot
No Strikers II a ameaça alien está mascarada… no centro da Terra!

Para finalizar, só mais umas palavrinhas sobre esta compilação em si. Existem mais dois jogos nesta série que poderiam também estar incluidos mas infelizmente não o foram. O Strikers 1945 III ou Strikers 1999 é um shmup “dos tempos modernos” e o Strikers 1945 Plus que é uma espécie de remake do Strikers 1945 II, com várias diferenças nos padrões de ataque dos inimigos e nas naves que podemos pilotar. A outra diferença está na orientação do ecrã. Enquanto os anteriores eram jogados com monitores na vertical, como este Plus foi desenvolvido para a Neo Geo, tiveram de adaptar para os ecrãs horizontais. E a orientação do ecrã é algo que está contemplado nesta compilação da PS2, pois apesar de por defeito utilizar orientação horizontal, com umas barras laterais que mantêm o aspect ratio, temos também a opção de virar a TV na lateral e adaptar o jogo a essa orientação.