Robo-Pit 2 (Sony Playstation)

Tempo de regressar às rapidinhas para abordar um título curioso da Playstation. O Robo-Pit original, cuja versão Saturn já aqui trouxe no passado, é um jogo de 1996 que não envelheceu particularmente bem, sobretudo no departamento gráfico e na escassez de modos de jogo. Ainda assim, tinha a particularidade de permitir uma grande variedade de customizações nos nossos robots. Algures em 1997, no Japão, surge uma sequela que, de forma inesperada, só chega aos territórios ocidentais em 2003, já muito perto do final de vida da primeira consola da Sony. A empresa responsável pela publicação europeia foi nada mais nada menos do que a Phoenix Games, conhecida por lançar jogos baratos e, em muitos casos, bastante maus. O meu exemplar foi comprado na feira da Vandoma, no Porto, algures em Setembro de 2018, por uns 5€, em conjunto com outros títulos do mesmo sistema.

Jogo com caixa e manual

Na sua essência, este Robo-Pit 2 continua a ser um jogo de combate 3D entre robots totalmente customizáveis, com um toque ligeiro de RPG, visto que no final de cada combate ganhamos pontos de experiência tanto para a personagem como para as armas utilizadas. Após cada vitória podemos ainda escolher algumas peças do robot derrotado, permitindo recriar a mesma liberdade de customização do primeiro jogo. Há pernas, troncos, cabeças e braços de todo o género, o que incentiva a experimentar diferentes combinações. Os controlos são simples, usando o direccional para deslocar o robot, os botões L1 e R1 para passos laterais, o triângulo para saltar e o círculo para bloquear, enquanto quadrado e X servem para atacar com as armas equipadas no braço esquerdo e direito, respectivamente. A acompanhar o nosso robot surgem também drones laterais capazes de disparar projécteis com L2 e R2. Existem ainda vários combos executados através de sequências de botões, assim como ataques especiais dependentes de uma barra de energia dedicada. No entanto, apesar destas adições, os combates continuam com uma sensação algo pesada e travada, algo compreensível tendo em conta que estamos a controlar robots volumosos.

Tal como no seu predecessor, as possibilidades de customização do nosso robot são elevadas

A grande diferença desta sequela deveria residir no modo principal. Enquanto as versões japonesa e norte-americana apresentam um modo história recheado de diálogos e decisões que conduzem a diferentes finais, a versão europeia prescinde totalmente deste conteúdo (incluindo as cenas em CGI), o que lhe retira grande parte do interesse. Uma das críticas que fiz ao primeiro Robo-Pit fora precisamente a sua repetitividade, e a versão PAL repete o mesmo erro, consequência da Phoenix não se ter dado ao trabalho de traduzir os diálogos para várias línguas. Para além disso, existe um modo versus para dois jogadores que, admito, não cheguei a experimentar.

Visualmente o jogo continua a ser simples, mas ligeiramente melhor que o primeiro

Visualmente, o jogo é simples, funcionando mais como uma ligeira evolução do seu antecessor do que como uma verdadeira renovação. Os robots são modelos poligonais básicos e, na maior parte dos casos, sem texturas, algo compreensível considerando as inúmeras possibilidades de customização das suas peças e das cores aplicáveis. As arenas seguem a mesma filosofia, simples mas funcionais, com menos pop-in poligonal e uma draw distance um pouco maior. Já o som sofre outra das facadas da Phoenix, porque aqui ouvimos apenas efeitos sonoros. O lançamento japonês inclui uma banda sonora agradável, com temas de toada electrónica e rock, mas tanto a versão norte-americana como a europeia surgem inexplicavelmente desprovidas de música, possivelmente devido a questões de licenciamento.

Infelizmente a versão europeia tem todo os diálogos, músicas e cenas em CGI cortadas, o que é uma autêntica burrice.

No fim de contas, Robo-Pit 2 encontra-se numa posição ingrata no ocidente. O lançamento japonês é um jogo razoavelmente actual para os padrões de 1997: gráficos simples mas competentes, modelos um pouco mais detalhados e uma jogabilidade pesada mas adequada. No entanto, as versões ocidentais de 2003 chegam demasiado tarde e já se encontram claramente ultrapassadas. Pior ainda, apresentam cortes significativos que afectam a experiência, desde a remoção total da banda sonora até à eliminação de toda a história na versão europeia, o que a transforma imediatamente na pior edição disponível.

Sonic Wings Special (Sony Playstation)

Sonic Wings SpecialHoje é tempo de uma super rapidinha para um shmup de uma série que eu já cá trouxe uma vez, a série Aero Fighter ou Sonic Wings. Tipicamente o nome ocidental é Aero Fighter e já por cá trouxe um pequeno artigo do Aero Fighters 2 para a Neo Geo. Este Sonic Wings Special tem esse nome cá na Europa pois foi trazido pela Phoenix e eles não sabem o que fazem. Ainda assim, este deve ser de longe o melhor jogo que a Phoenix alguma vez cá trouxe. E este meu exemplar veio de um negócio que podia ter corrido melhor no OLX. Infelizmente o que acabou por me chegar às mãos era um jogo cuja capa e contra capa foram impressas, não são as originais. Mas ao menos lá veio com o manual. Edit: Recentemente comprei um exemplar completo na Cash Converters por 9€.

Sonic Wings Special - Sony Playstation
Jogo com caixa, manual e papelada

No artigo do Aero Fighters 2 eu descrevi as mecânicas básicas de jogo. Este é um jogo simples, onde podemos escolher 1 de vários pilotos de diferentes nacionalidades e com aviões distintos. Cada avião possui armas com padrões de fogo diferentes e os power-ups que vamos encontrando servem unicamente para aumentar o poder de fogo ou servir de munições para os ataques especiais, capazes de causar dano em todos os veículos no ecrã ao mesmo tempo. Este Sonic Wings Special possui algumas diferenças, ao colocar um número maior de projécteis no ecrã em simultâneo, mas em contrapartida reduz também a “hitbox” do nosso avião. De resto, podemos considerar esta jogo como uma espécie de tributo à série, pois inclui conteúdo dos Sonic Wings 1, 2 e 3. Temos à nossa disposição 7 equipas diferentes, de onde poderemos escolher 1 de dois pilotos, que por sua vez possuem, na sua maioria, 2 aviões. Isso dá-nos margem de liberdade para escolher ao todo 26 diferentes aviões. Existem 17 níveis no total, embora em cada partida apenas percorremos 9, e a forma em como os jogamos é algo aleatória. O primeiro níveil é fixo, os restantes vão sendo atribuídos de forma aleatória e ocasionalmente também podemos optar qual o nível que queremos jogar. Isto claro, para além da variedade de escolha de personagens e naves que queremos jogar, aumenta bastante o factor de replayability.

Esta é uma série algo interessante também pelo design dos aviões e suas personagens, que vão buscar tanto coisas ao passado, como presente e também algo fantasioso
Esta é uma série algo interessante também pelo design dos aviões e suas personagens, que vão buscar tanto coisas ao passado, como presente e também algo fantasioso

De resto, a nível gráfico continua a ser um jogo com um 2D bastante competente. Os backgrounds vão sendo variados e bem detalhados, ao passarem-se em diferentes regiões do nosso planeta. Poderemos por exemplo visitar cidades como Paris e ver uma capital francesa durante a noite, completamente iluminada, inclusivamente com a Torre Eiffel em plano de destaque. As músicas são também cativantes como manda a lei neste género de jogos, mas é daquelas coisas que nem temos muito tempo para apreciar, tal é a demanda de atenção necessária para desviar dos projécteis inimigos.

Como muitos jogos arcade deste tempo, as suas personagens são bizarras e os diálogos também
Como muitos jogos arcade deste tempo, as suas personagens são bizarras e os diálogos também

De resto, é um excelente shmup para quem for fã do género. Para quem for fã da série Aero Fighters / Sonic Wings em especial, então poderá ser um jogo interessante na medida em que mistura várias coisas da trilogia original, bem como mudaram algumas pequenas coisas na jogabilidade.