Mission: Impossible (Nintendo Entertainment System)

Antes dos filmes protagonizados por Tom Cruise, Mission: Impossible era uma série televisiva que foi transmitida ao longo da década de 60 e 70, no apogeu da Guerra Fria e de todo o romaticismo à volta das agências secretas, bem como no final da década de 80, onde uma nova série televisiva surgiu e é daí que este videojogo se baseia. Produzido pela Konami, embora através da label Ultra Games/Palcom, este é um jogo muito interessante (e desafiante também), lançado originalmente em 1990. O meu exemplar foi comprado numa loja online no passado mês de Julho por cerca de 12€ se bem me recordo.

Apenas cartucho

A nossa missão impossível é a de resgatar o Dr. 0 e sua secretária das garras da organização terrorista Sinister Seven, que estará certamente a tramar alguma coisa não muito agradável. Ao longo do jogo poderemos alternar livremente entre três agentes secretos, cada qual com a sua barra de vida e habilidades distintas. Max Harte é o agente mais corpulento, mais lento, porém equipado com uma metralhadora de munição infinita e bombas capazes de derrotar uma série de inimigos à sua volta. Grant Coller é o mais ágil, mas o seu ataque principal são os seus punhos e o especial são umas granadas paralizantes. Por fim temos o Nicholas Black, cuja agilidade está algures no meio entre a de Max e Grant e a sua arma principal é um bumerangue. A sua habilidade especial é das mais úteis em situações onde teremos muitos inimigos pela frente, pois permite-nos disfarçar de soldado inimigo e passar despercebido pelo perigo, se bem que de forma muito temporária.

Tal como na série, a mensagem auto destrói-se no final

Logo no primeiro nível somos largados numas ruas em Moscovo, onde temos carros prontos a nos atropelar, soldados inimigos que nos atacam mal nos põe os olhos em cima, bem como transeuntes inocentes que não deveremos atacar, caso contrário a nossa personagem seleccionada no momento acaba por ser presa pela polícia e deixamos de a poder usar até ao final do nível. Depois poderemos entrar em vários edifícios ou passagens, onde teremos mais inimigos, NPCs que nos vão dando algumas dicas (como a de arranjar um street pass, que é muito importante para não sermos presos por forças inimigas) e/ou vários interruptores e alavancas que irão activar ou desactivar armadilhas e outras passagens espalhadas pelo nível.

O passe é necessário para passar alguns checkpoints, teremos de o descobrir na maioria dos níveis

A dificuldade está mesmo na longevidade dos níveis, repletos de inimigos e armadilhas como alçapões, paredes que se movem e nos tentam esmagar, câmaras de segurança, entre outros! Muitas destas armadilhas podem ser evitadas se explorarmos bem os níveis e descobrirmos as alavancas que as desactivam, o que nos levará a muita tentativa-erro. E se perdermos alguma personagem, poderemos arruinar o nível por completo, pois há situações em que as suas habilidades dão jeito ou são mesmo necessárias para progredir. Por exemplo, as portas trancadas, apenas uma das personagens tem a habilidade de as destrancar, se a perdermos num nível e precisarmos de abrir uma dessas portas… mais vale fazer reset. Vamos tendo uma password por nível e vá lá que ao menos temos continues infinitos! A versão norte-americana é ainda mais difícil pois alguns dos inimigos e/ou armadilhas causam mais dano que na versão europeia que já veio um pouco mais balanceada nesse aspecto. Portanto este Mission: Impossible é um jogo sádico, que nos obriga mesmo a jogar cautelosamente e memorizar o layout dos níveis, onde estão as armadilhas e onde as poderemos desactivar. As coisas só vão ficar mais complicadas à medida que vamos progredindo no jogo!

Estes inimigos com escudos são extremamente perigosos. Não só levam imenso tempo para morrer, como nos podem empurrar para a morte certa

No que diz respeito aos audiovisuais, esperem pela competência habitual da Konami neste período. Teremos então um jogo bem trabalhado graficamente, com bonitos detalhes como as pequenas cutscenes que ocasionalmente vamos vendo entre cada nível. Os níveis vão atravessando localizações como a Moscovo, Veneza, os Alpes Suíços, culminando na base secreta dos Sinister Seven algures na ilha do Chipre. As músicas são igualmente excelentes, desde a adaptação do tema clássico da franchise no ecrã título, bem como as restantes músicas que são bem catchy e orelhudas.

Portanto este Mission: Impossible é um jogo que me surpreendeu pela positiva, tanto pela pela sua jogabilidade como na variedade de mecânicas de jogo, até porque há dois níveis que fogem das mecânicas de jogo “normais”. Temos um nível que mais parece retirado do Spyhunter onde conduzimos uma lancha e outro onde escapamos da Suíça numa autêntica perseguição com skis. Mas se a jogabilidade é boa e variada, o jogo é também extremamente desafiante, obrigando-nos a jogar constantemente de forma cautelosa para não perdermos nenhuma personagem e memorizar os níveis para evitar e/ou desactivar as suas inúmeras armadilhas. Vai dar trabalho, principalmente no último nível que é de bradar aos céus.

Teenage Mutant Hero Turtles (Nintendo Entertainment System)

TMNTApesar dos jogos clássicos das “Tartarugas Ninja” da Konami serem beat ‘em ups como Final Fight ou Double Dragon e terem as suas nas arcades, o primeiro jogo desta franchise acaba por ser bastante diferente, sendo em parte um jogo de plataformas, noutra um jogo de acção com vista de cima. Pessoalmente eu prefiro os beat ‘em ups, mas ainda assim este primeiro jogo é também bastante interessante. O meu exemplar veio através de umas trocas e vendas que fiz com um particular algures no mês passado. Update: recentemente ofereceram-me uma caixa novinha em folha e o manual!

Jogo com caixa
Jogo com caixa. Gosto bastante da arte da capa, embora sejam todos o Raphael…

Inicialmente a nossa missão é salvar a jornalista April que tinha acabado de ser raptada pelos ninjas do Foot Clan, mas as coisas acabam por escalar de tal forma que teremos de também de desactivar bombas numa barragem, salvar o Mestre Splinter e claro, derrotar também o Shredder de forma a devolver o Mestre Splinter à sua forma humana… ah, os anos 80 e as séries de animação da nossa infância!

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Nos segmentos em overview, por vezes temos vários caminhos para optar

Tal como referi acima, o jogo vai-se dividindo em 2 perspectivas diferentes. Em cada nível vamos tendo acesso a um mapa da área, começando o jogo numa perspectiva aérea nos subúrbios da cidade, onde poderemos ir combatendo alguns inimigos e tal. Ocasionalmente lá veremos umas tampas de esgoto ou portas de edifícios abertas. Para conseguirmos avançar nos níveis, teremos mesmo de ir entrando por essas aberturas de forma a ir dar a outras zonas… se bem que por vezes temos várias alternativas de caminhos a tomar e nem sempre nos levam onde gostaríamos, pelo que também há uma forte componente de exploração neste jogo. Quando entramos num esgoto ou edifício, a perspectiva muda para a de um sidescroller, tornando o jogo em algo muito semelhante a um jogo de plataformas tradicional.

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O status screen mostra-nos um mapa do nível, o objectivo a atingir e a saúde das nossas tartarugas

Há algo que eu gosto bastante neste jogo. Podemos jogar com qualquer uma das quatro tartarugas ninja e alternar entre elas a qualquer momento no jogo. Cada tartaruga tem a sua própria barra de energia que se vai mantendo idêntica ao mudar de nível, ou seja, se chegarmos ao fim do nível com o Raphael quase a morrer, começaremos o seguinte da mesma forma, pelo que devemos ir fazendo a gestão das tartarugas de forma inteligente, e sim, itens como pizzas servem para regenerar a vida da tartaruga que esteja activa. Caso uma tartaruga “morra”, acaba por desmaiar e é raptada pelos Foot Clan, podendo ser resgatada mais tarde, a partir do terceiro nível. Para além das pizzas temos outros power-ups como armas secundárias de munição limitada (bumerangues ou shurikens) ou vidas extra. Cada tartaruga tem também as suas vantagens e desvantagens, embora nos segmentos de plataforma eu acabe por preferir o Donatello pelo seu bastão ser uma arma de maior alcance.

Este jogo é também famoso por ser bastante difícil, em especial nos segmentos subaquáticos do nível da barragem. E de facto esse é provavelmente o momento mais frustrante do jogo, pois temos de nadar por túneis estreitos e repletos de armadinhas, com “paredes” electrificadas, raios a serem lançados periodicamente e que só nos atrapalham, os controlos para nadar são super sensíveis e como se não chegasse, temos um tempo limite para bater que geralmente acaba por ser bastante curto para quem quiser fazer as coisas cuidadosamente. Sim, dá trabalho e requer muita prática, mas também precisam de ver as coisas do lado positivo: esses segmentos são ainda na primeira metade do jogo, se conseguirem sobreviver provavelmente chegam ao fim. Até porque os bosses depois de se perceber os seus padrões de movimento e ataque acabam por ser bem fáceis e nos outros níveis em que estamos sempre rodeados de inimigos… bom, por vezes o segredo é avançar sempre e evitar o combate a menos que tenha de ser.

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Nem todos os bosses são compicados…

A nível técnico é um jogo que eu até acho que é bem conseguido. Sim, os beat’em ups têm cenários e sprites mais bem detalhados, mas não acho que este seja um jogo mau no aspecto gráfico. Apenas reparei num ou noutro momento de slowdowns em alturas em que apareciam muitos inimigos no ecrã. Já as músicas… essas são excelentes, facilmente a melhor parte técnica deste jogo! Adoro o chiptune da NES e este jogo em particular tem uma percussão fantástica.

Concluindo esta rapidinha, o primeiro videojogo das tartarugas ninja para a NES é bastante diferente dos que lhe seguiram, e apesar de eu preferir os beat ‘em ups pois esses da Konami são clássicos absolutos, também não desgostei nada deste primeiro jogo. Apenas trocaria os segmentos de jogo com perspectiva aérea pelos segmentos meramente de plataformas.