1080º Avalanche (Nintendo Gamecube)

Depois do relativo sucesso do 1080º Snowboarding para a Nintendo 64, numa altura em que videojogos alusivos a desportos radicais estavam cada vez mais em moda, a Nintendo não perdeu muito tempo em começar a produzir uma sequela. Mas o seu desenvolvimento acabou por ser algo atribulado, pois começou na Nintendo 64, passando depois para a Gamecube, acabando também por mudar de equipa pelo meio. Primeiramente iria ser desenvolvido pela Left Field, que já estava por detrás dos NBA Courtside e Excitebike 2000 para a Nintendo 64, acabando depois por transitar para a Nintendo Software Technology, o ramo norte-americano da gigante nipónica. O meu exemplar foi comprado algures no início de 2018, tendo vindo de uma CeX lá dos lados da capital, tendo-me custado 4€ se bem me recordo.

Jogo completo com caixa, manual e papelada

Tal como no seu predecessor, temos aqui vários modos de jogo que marcam novamente a sua presença, como o Time Trial, Match Race ou o Trick Attack. O primeiro, tal como no jogo anterior, tem como objectivo o de chegar ao final de cada circuito no menor tempo possível. Mas desta vez, espalhados ao longo de cada circuito, poderemos coleccionar pedaços de moedas de forma a desbloquear novas pranchas para todas as personagens. Os circuitos, tal como no primeiro jogo, possuem imensos caminhos alternativos e obstáculos, pelo que estes coleccionáveis acabam por ser uma óptima maneira de nos obrigarem a conhecer os percursos melhor. As Match Race consistem numa série de corridas pelos mesmos percursos do Time Trial, desta vez contra um rival. O twist está mesmo no último nível de cada grau de dificuldade, onde o nosso oponente acaba mesmo por ser a própria Natureza, pois teremos de fugir de uma gigante avalanche.

Tal como no jogo anterior, consoante o nível de dificuldade teremos mais circuitos para competir. A diferença é que agora são todos diferentes entre si.

O modo Trick Attack, tal como no jogo da Nintendo 64 é aquele onde se dá um maior foco nos truques que podemos fazer, de forma a amealhar o máximo de pontos possível. O outro modo de jogo é o Gate Challenge, onde ao longo de cada circuito teremos de passar pelo meio de uma série de checkpoints. Faz lembrar as corridas mais arcade, pois para além de corrermos contra relógio, por cada checkpoint destes que atravessemos, ganhamos uns quantos segundos extra para terminar a prova. Por fim convém também referir a vertente multiplayer, onde para além de podermos competir com até 4 pessoas com splitscreen (a versão Nintendo 64 apenas nos deixava competir com 2), este acaba também ser dos poucos jogos que, oficialmente, suportam o adaptador de banda larga da Game Cube para ligar consolas em rede. É uma funcionalidade interessante, mas mais interessante teria sido a Nintendo ter apostado mais no online, nem que fosse um esquema mais simples como a Sony tinha na PS2. Mas pronto, já sabemos como a Nintendo consegue ser casmurra numa série de decisões. De qualquer das formas, mesmo no modo LAN apenas conseguimos jogar com um máximo de 4 jogadores na mesma, pelo que acaba por ser um modo de jogo um pouco inútil.

Uma das falhas do primeiro jogo que foram aqui colmatadas é o multiplayer para 4 jogadores em simultâneo

Já no que diz respeito às mecânicas de jogo, estas foram aqui algo aprimoradas, embora continue a ser um jogo que dê mais primazia à velocidade do que aos truques que podemos fazer. À medida que vamos deslizando, podemos pressionar o botão L para fazer a nossa personagem se agachar e alcançar uma velocidade estonteante, a custo de perder alguma agilidade, pelo que por vezes manobrar pelos circuitos, que uma vez mais são bastante dinâmicos e repletos de obstáculos, pode se tornar uma tarefa mais difícil. Até porque para além da nossa prancha apenas aguentar com uma certa quantidade de dano, se aterrarmos mal nalgum salto, podemos perder o balanço, cair e com isso perder alguns segundos preciosos. No entanto, é possível recuperar o balanço com um pequeno QTE. Já no que diz respeito aos truques, estes são agora bem mais simples de serem executados, com o botão A para saltar (embora agora saltar seja mais difícil), o R e os restantes botões faciais a servirem para girar e executar os restantes truques. Para além disso, à medida que vamos fazendo truques com sucesso (sem cair), vamos enchendo uma barra de energia que, quando estiver cheia, nos permite não só derrubar os nossos oponentes, bem como recuperar rapidamente de uma queda. Isto é tudo muito giro, mas comparando com o que se podia fazer em SSX, série essa que nesta altura já havia amadurecido bastante, esta sequela acabou por desiludir um pouco.

A sensação vertiginosa de velocidade é um dos pontos fortes deste jogo!

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um título bem conseguido a meu ver. Isto porque os circuitos são uma vez mais bastante dinâmicos, atravessando não só montanhas repletas de neve, bem como cavernas ou outras zonas como fábricas de tratamento de madeira, pequenas aldeias,  resorts turísticos ou até centros comerciais. Os gráficos possuem um bom nível de detalhe e a sensação de velocidade está mesmo muito bem representada. Os obstáculos são imensos, especialmente nos circuitos onde temos de escapar de avalanches como deslizamento de rochas gigantes, árvores a cair, ou mesmo animais a correrem de um lado para o outro só para nos chatear. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, já a banda sonora consiste numa série de músicas licenciadas de artistas punk rock que nunca ouvi falar, mas assentam bem ao conceito do jogo.

Portanto este 1080 Avalanche até que não é um mau jogo de todo, especialmente pelo dinamismo e diversidade nos seus circuitos, repletos de diferentes obstáculos e caminhos alternativos. A sua sensação de velocidade é mesmo muito boa e a ideia de fugir a avalanches também, embora sejam poucas as pistas que seguem esta mecânica de jogo. No entanto, quando comparado com a série SSX, acaba por não ser tão apelativa. SSX, do pouco que joguei, para além de possuir melhores controlos, os seus truques também são muito mais apelativos. Com o SSX 3 a ser lançado no mesmo ano, e na mesma consola, não é de admirar que este novo 1080 já não tenha sido tão apelativo quanto o primeiro jogo.

Mario vs Donkey Kong (Nintendo Gameboy Advance)

O Donkey Kong sempre foi uma personagem muito importante para a Nintendo. O seu primeiro jogo foi também o primeiro grande sucesso global da gigante nipónica, ainda nas arcades e antes de a mesma lançar a sua primeira grande consola a NES/Famicom. Após 2 sequelas com sucessos mais moderados e respectivas conversões domésticas, o famoso gorila manteve-se adormecido até 1994, ano em que saem 2 novos jogos. Para a Super Nintendo o gorila é redesenhado na forma de Donkey Kong Country através da Rare. Para a Gameboy, o jogo lançado acaba por ser uma evolução natural dos clássicos arcade. Esse Donkey Kong introduz uma série de novas mecânicas que acabam por dar a base de uma nova série dentro do universo da Nintendo, o Mario vs Donkey Kong, cujo primeiro jogo com essa nomenclatura é lançado só 10 anos depois, para a Gameboy Advance em 2004. O meu exemplar veio de uma ida à feira da Vandoma. Custou-me 7€ se bem me recordo.

Apenas cartucho

Neste novo jogo o Donkey Kong volta a tramar das suas. Desta vez assalta uma fábrica de brinquedos do Mario, pequenos autómatos iguais ao canalizador bigodudo. Tal como no Donkey Kong da Game Boy, iremos percorrer uma série de níveis onde teremos de perseguir o DK. Na primeira parte do jogo, cada nível está subdividido em 2 fases. A primeira fase é muito semelhante ao seu predecessor, onde teremos de percorrer uma série de obstáculos de forma a encontrar e carregar uma chave que nos desbloqueia a porta para a próxima fase. Aqui nessa segunda fase teremos um mini-Mario para salvar e, assim que o alcançamos, avançamos para o nível seguinte. Nesta primeira parte, o jogo está então dividido em 6 mundos, cada qual com diferentes níveis divididos nestas 2 fases. Existem no entanto duas excepções: o boss de cada mundo e o nível imediatamente anterior. Neste temos de guiar todos os mini-Marios para a sua caixa de brinquedos, onde uma vez mais teremos de lhes abrir caminho e evitar uma série de obstáculos. Os níveis de boss, bom esses já são mais tradicionais, temos de dar porrada no DK, tipicamente ao pegar em objectos, atravessar uma série de plataformas e atirar-lhe com os objectos em cima.

Procurar a chave e levá-la até à porta, é a maior parte das nossas tarefas!

Terminando esta primeira fase de jogo desbloqueamos os níveis “Plus”. Aqui já teremos de guiar um dos mini-Marios que já carregam uma chave, até à porta que nos leva ao nível seguinte. Uma vez mais, no final de cada mundo, temos o Donkey Kong para derrotar. Por fim, após completarmos todos os níveis plus, temos ainda os Expert. Onde apenas controlamos Mario, procurando a chave e levando-a à porta que nos desbloqueia o nível seguinte. É uma repetição das mecânicas de jogo da primeira fase do jogo, mas em níveis mais complexos. Isto faz com que o jogo possua uma longevidade muito interessante, e a versão japonesa traz ainda mais níveis, desbloqueados através de cartões para o e-Reader, acessório que infelizmente nunca chegou à Europa. De resto as mecânicas de jogo são muito similares às do Donkey Kong da Gameboy, visto que também podemos fazer o pino e repelir objectos que nos caiam em cima, escalar lianas como no Donkey Kong Jr. clássico, balançar em trapézios e pegar e atirar objectos ou inimigos e por aí fora.

Se a nossa performance for boa, lá desbloqueamos um nível bónus onde poderemos ganhar algumas vidas extra

Tal como no Donkey Kong da Gameboy, continuam a existir muitas referências aos DK clássicos, como as lianas ou correntes que podemos trepar, os martelos para apanhar, o Donkey Kong a atirar barris, entre vários outros detalhes. Graficamente é um jogo bem colorido e detalhado, com os mundos a atravessar diferentes temáticas, desde a própria fábrica dos brinquedos, passando para ambientes mais tradicionais das séries Mario e Donkey Kong como selvas e florestas, a casa assombrada dos Boos ou áreas em construção. As sprites parecem-me digitalizadas tal como nos Donkey Kong Country, algo que também é bastante notório naquelas pequenas cutscenes em transições de níveis. No que diz respeito ao som, tal como é habitual este é excelente com músicas cativantes e os efeitos sonoros bastante familiares a quem é fã de ambas as séries.

Há sempre um piscar de olho ao passado da série Donkey Kong clássica

Portanto este Mario vs Donkey Kong é mais um óptimo jogo da Nintendo, misturando de forma perfeita os elementos de puzzle e plataformas. Foi uma sequela algo tardia do Donkey Kong para a Gameboy, mas depois deste jogo felizmente não foi preciso esperar muito mais até obtermos uma sequela.

Wave Race: Blue Storm (Nintendo Gamecube)

Wave Race Blue StormVoltando à consola cúbica para mais uma análise a um título de lançamento: Wave Race Blue Storm, uma sequela a um dos jogos da Nintendo 64 de maior sucesso (ou não!). Confesso que apesar de ser um óptimo jogo, não sou um grande fã da sua jogabilidade e a minha história com este título já é longa. A primeira vez em que me passou pela colecção foi comprado por 5€ na extinta Singer no Maiashopping, talvez por volta de 2002 ou 2003. Aproveitei uma limpeza de stock que eles andaram a fazer. Tempos depois reuni alguns jogos da Gamecube que não gostava assim tanto e vendi-os, incluindo esse Wave Race que foi vendido ao mesmo preço que o comprei. Passados todos estes anos, há uns meses atrás voltei a encontra-lo na cash converters de Alfragide por 3€, bateu-me a saudade e trouxe-o para casa, apesar de as condições deste jogo já não serem assim tão boas.

Wave Race Blue Storm - Nintendo Gamecube
Jogo completo com caixa, manuais e papelada.

Neste Wave Race Blue Storm existem diversos modos de jogo, embora o Championship seja naturalmente o principal. Depois de escolher o conjunto personagem/moto de água que queremos utilizar no campeonato é altura de começarmos as corridas. Os campeonatos estão divididos em vários graus de dificuldade, com novos circuitos a serem desbloqueados conforme a dificuldade vai sendo aumentada. Uma coisa boa é o facto de podermos escolher a ordem pela qual quisermos jogar cada circuito, algo que deve ser “jogado” de acordo com as previsões metereológicas para cada dia, pois alguns circuitos são mesmo bem mais difíceis de ser jogados com mau tempo. Depois lá começamos a corrida e começam aqui os meus problemas pois nunca fui um bom jogador de Waverace. Apesar de existir um mapa do circuito no canto superior esquerdo do ecrã, alguns dos circuitos são demasiado “abertos” o que por vezes faz com que nos percamos nas voltas. Para piorar isso temos um sistema de bóias que devemos contornar pela esquerda (as amarelas) ou pela direita (as vermelhas), e caso não contornemos correctamente um certo número de bóias somos retirados da corrida. Mas isso também acrescenta um interessante conceito de estratégia nas corridas. A cada 6 bóias contornadas correctamente de forma consecutiva ganhamos um turbo e no entanto também existem alguns atalhos que podemos descobrir em cada circuito. Isso aliando à garra dos nossos adversários e por vezes as condições adversas do tempo, pode compensar apanhar um atalho e falhar algumas bóias só mesmo para garantir que cheguemos em primeiro lugar.

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As bóias indicam a direcção em que as devemos contornar e se falharmos 5 somos desclassificados

Para além do modo campeonato, dispomos de vários outros modos de jogo incluindo o famoso multiplayer que, tal como na Nintendo 64 nos dá a oportunidade de jogar com até mais 3 amigos em qualquer combinação de circuito/condição atmosférica que tenhamos desbloqueado no modo campeonato. Para além desses temos também o Time Attack, onde o objectivo é mesmo obter os melhores tempos possível, mais uma vez nos circuitos que tenhamos desbloqueado anteriormente. Também temos o tal Stunt Mode, onde o objectivo é alcançar o máximo de pontos possíveis ao fazer várias manobras bonitinhas e este é também um modo de jogo que pode ser experimentado por 4 jogadores. Existem ainda 2 vertentes para nos treinarmos. Temos um modo tutorial que nos ensina as mecânicas de jogo num circuito básico e por fim temos um “Free Roam” onde podemos treinar livremente nos circuitos já desbloqueados. De resto devo dizer que este jogo tem uma jogabilidade muito própria e eu nunca me consegui dar lá muito bem com ela, mas dou-lhe bastante valor pela forma como diferentes condições climatéricas alteram completamente a jogabilidade, afinal uma coisa é andarmos em águas calmas, outra completamente diferente é corrermos durante uma tempestade.

Wave Race Blue Storm (5)
Pode não parecer mas os efeitos de água estão realmente excelentes para a altura

Graficamente este foi um jogo que impressionou. Em conjunto com o Star Wars Rogue Squadron II, este Wave Race foram os jogos com um maior poderio técnico. Enquanto o primeiro impressionava pela quantidade de polígonos que enfiavam no ecrã e excelentes gráficos no geral, este também prima por bons gráficos, coloridos e detalhados, mas os efeitos de água e chuva são simplesmente muito bons e certamente dos melhores que se tinham visto até então. Tomara muito jogo de Wii, lançado a mais de 5 anos deste Wave Race ter a mesma qualidade com os efeitos de água que este. Jogar um circuito com uma enorme tempestade e ver as ondas realistas, ou o efeito da chuva forte a tapar-nos a visão, são coisas que ficaram realmente muito bem feitas aqui. As músicas são OK, não tem nenhuma que me agrade particularmente, mas cumprem bem o seu papel. O voice acting dos pilotos e anunciadores das corridas parece-me bem feito e não tenho nada a apontar.

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Podemos também fazer algumas manobras para ganhar pontos ou turbos

No fim de contas, apesar de este ser um jogo cuja jogabilidade não me agrada assim tanto, na medida em que eu sou um zero à esquerda nele, reconheço que o problema é meu, parece-me ser um jogo excelente para quem gostar do género e surpreende-me a Nintendo, que tanto recicla as suas franchises, ainda não ter voltado a pegar nesta série.