The House in Fata Morgana (Sony Playstation 4)

Apesar de ter estado de férias durante estas duas semanas e muito ter jogado, o blogue não teve tanta actividade quanto isso, pois tenho-me focado em 2 jogos consideravelmente longos. Na primeira semana joguei um outro jogo na PS4 que ainda não terminei e irei retomar já em seguida. Já nesta segunda semana, para variar um pouco lá me decidi a começar este The House in Fata Morgana, na esperança que não fosse uma VN muito longa. Como me enganei, foram vários os dias seguidos em que estive a ler todo o texto que este jogo nos apresenta, até porque esta edição contém também muito conteúdo adicional como prólogos, epílogos, histórias secundárias ou até sequelas! O meu exemplar foi comprado na Vinted algures no final de Julho. Não foi nada barato, mas tendo em conta que tinha um saldo considerável para lá gastar, acabou por ficar bem mais em conta.

Jogo na sua edição de coleccionador com caixa exterior de cartão, livro com arte, banda sonora em 2 CDs (a única coisa que se manteve selada aqui), póster, caixa e pequeno panfleto no lugar de um manual de instruções.

Esta é então uma visual novel onde ocasionalmente teremos algumas opções a tomar que nos poderão levar a diferentes finais. São 8 capítulos ao todo, embora nem todos os finais nos permitam chegar a todos os capítulos (alguns ficam-se pela metade do jogo!). Sem querer revelar muito da história, digamos que a mesma se passa numa espécie de mansão amaldiçoada e onde vamos acompanhar a história trágica de vários dos seus residentes, ao longo de vários séculos de existência. É uma história repleta de momentos desconcertantes, repletos de tensão e ocasionalmente até bastante macabros. E mais não revelo, se ficarem tão curiosos quanto eu fiquei após um amigo me ter recomendado este jogo, joguem-no!

Esta edição traz bastante conteúdo que terá de ser desbloqueado aos poucos (a menos que usem o Back Door para o desbloquear todo de seguida). O Requiem for Innocence por si só traz também toda uma série de outras histórias para experienciarmos.

Agora sendo esta uma visual novel esperem então pelas características habituais deste tipo de jogos: muito texto para ler, sobreposto sobre algumas imagens estáticas que representam os cenários, assim como imagens também algo estáticas das personagens com as quais vamos interagindo. A sério, apenas as suas expressões faciais vão-se alterando aqui e ali. E tal como referi logo no primeiro parágrafo deste artigo, o jogo é bastante longo. E eu confesso que, durante VNs consideravelmente longas acabo invariavelmente por adormecer. E isso aconteceu bastantes vezes durante este Fata Morgana, pois a história por vezes extende-se demasiado em coisas que parecem algo supérfluas para o desenrolar da narrativa principal. Pois bem, mas mesmo esses momentos que parecem algo aborrecidos e só estão ali para “encher chouriços”, são na verdade muito importantes pois servem para melhor enriquecer o universo do jogo, os backgrounds e relações entre as personagens, o que acaba por potenciar bem mais todos os sentimentos menos positivos que sentimos mal a história dá alguma reviravolta e alguma coisa chocante acaba por acontecer. Nessas partes acordava sempre e perdoava toda a “seca” que por vezes fui obrigado a ler antes.

Ocasionalmente termos algumas escolhas para fazer, por vezes com consequências directas que nos levam a finais distintos.

Depois, também como já referi acima, o jogo está também repleto de conteúdo adicional. Um deles é o Requiem of Innocence, uma compilação de várias outras histórias adicionais, de onde se destaca a What’s Past is Prologue que detalha um pouco mais o passado de várias das personagens principais e os eventos que levaram a que uma das tragédias acontecesse. É também uma história consideravelmente longa, e apesar de não achar a narrativa tão boa como a da aventura original, está também bem escrita. Para além disso temos ainda o Reincarnation, uma sequela da aventura original e que decorre nos dias de hoje (também com uma longevidade considerável), bem como todo um conjunto de pequenas histórias de cerca de 20/30min que poderemos também ler. Todo este conteúdo vai sendo desbloqueado à medida que vamos completando o anterior, no entanto e claro, isso aumenta bastante a longevidade deste lançamento.

Gosto bastante da arte e maneira mais sinistra como certas personagens vão sendo representadas. Particularmente estas duas!

Não há muito a referir no que diz respeito aos visuais, pois estes são bastante estáticos como é normal em muitas VNs. Por um lado nem sempre acho grande piada aos cenários escolhidos, já a arte das personagens achei bastante bem conseguida, excepto numa ou noutra ilustração. Por outro lado a banda sonora que nos acompanha é bastante boa e eclética. Por vezes temos agradáveis melodias que tentam acompanhar a época em questão, desde a utilização de instrumentos medievais ou renascentistas, passando até por músicas jazz quando visitamos o século XIX. Outras vezes, para os momentos mais desconcertantes, vamos ter músicas incrivelmente tensas e dissonantes, que encaixam perfeitamente na atmosfera de puro terror que o jogo nos tenta passar. Outras vezes temos músicas altamente repetitivas mas em constante crescendo e que também resultam muito bem! Um outro detalhe interessante é o facto de muitas dessas músicas serem também vocais, muitas delas cantadas em várias línguas. Até português ouvi, embora com um sotaque muito carregado, visto que todos os temas foram compostos por músicos japoneses. Infelizmente apenas a sequela Requiem possui voice acting (todo ele em japonês), já nenhum dos outros títulos aqui incluídos o possui. Por um lado é pena, por outro lado, tendo em conta que o lançamento original do The House of Fata Morgana foi desenvolvido por um pequeno estúdio até se entende a falta de vozes. E acima de tudo, se houvessem vozes, creio que um certo elemento de surpresa se perdiria e mais não digo.

Ocasionalmente os cenários são substituídos por uma outra imagem estática com mais detalhe e que melhor ilustra o que está a acontecer

Portanto este The House of Fata Morgana é um jogo bastante interessante, especialmente para quem gostar de ler uma boa história. E sublinho o ler, pois esta é uma visual novel bastante longa. Os seus momentos mais aborrecidos acabam por ser recompensados de longe pelos mais excitantes e, tal como já referi acima, também os tornam necessários para que o choque para o jogador/leitor resulte melhor. Infelizmente o lançamento físico deste jogo em inglês está, até ver, limitado aos lançamentos da Limited Run Games que há muito estão esgotados e infelizmente fazem com que o seu preço no mercado seja bastante elevado. É uma pena ver muitos jogos selados da LRG à venda na internet quando títulos como este merecem totalmente ser jogados, mas isso seria conversa para um outro tópico.