F.E.A.R. 2: Project Origin (PC)

Já cá trouxe no passado o primeiro F.E.A.R. onde inclusivamente mencionei que foi o último jogo “recente” que tentei jogar no meu velhinho Pentium 4 algures pelos finais de 2005, já depois do seu lançamento. Desenvolvido pela Monolith Productions, os mesmos que nos trouxeram os clássicos Blood ou No One Lives Forever, o primeiro FEAR foi um jogo que marcou principalmente em dois aspectos: a inteligência artificial dos inimigos, que eram bem agressivos e activamente se reposicionavam no mapa em posições mais vantajosas para nos atacar e claro, os seus elementos de terror devido à Alma Wade, uma miúda sinistra que ia aparecendo em várias alucinações. Entretanto, após duas expensões desenvolvidas pela Vivendi e que acabaram por se tornar não canónicas, em 2009 a Monolith lança a primeira verdadeira sequela. O meu exemplar sinceramente já não me recordo onde e quando o comprei mas foi seguramente bastante barato.

Jogo com caixa e manual

A história decorre após o final dos acontecimentos do primeiro jogo, onde encarnamos no papel de Michael Beckett, um soldado de um grupo de elite de operações especiais, que foram enviados para resgatar a Genevieve Aristide, presidente da empresa Armacham Technology Corporation, basicamente os maus da fita que fizeram todas as experiências à Alma que presenciamos no primeiro jogo. Começamos por tentar resgatá-la numa penthouse no topo de um hotel de luxo e rapidamente vamos sendo atacados por mercenários da mesma empresa que também tentam chegar primeiro a Aristide para a silenciar. Desde cedo começamos também a sofrer algumas alucinações com a Alma e eventualmente a história começa a ganhar alguns contornos estranhos, onde a própria Genevieve parece ter os seus próprios planos que nos incluem e à própria Alma também.

Como seria de esperar, gore é coisa que não falta

No que diz respeito à jogabilidade, esta é muito semelhante à do primeiro FEAR na medida em que é um first person shooter com combates intensos e certos elementos de terror, com todas as alucinações e pequenos sustos que Alma nos vai pregando, bem como a inclusão de certos inimigos mais “sobrenaturais”. Mas no que diz respeito aos tiroteios, a acção continua bastante intensa. Há uma maior variedade de inimigos do que no primeiro jogo mas a maioria dos inimigos que combatemos continuam a ser super soldados com uma inteligência artificial avançada e agressiva, continuamente a moverem-se pelo mapa em busca de melhor posição para nos atacarem. Os tiroteios acabam por ser bastante intensos não só pela agressividade dos inimigos, mas também pelos seus números. Não que tenhamos dezenas de inimigos para combater em simultâneo, mas acabam mesmo por serem dezenas de inimigos que vão surgindo sequencialmente e nos obrigam a estar sempre atentos.

Aparições e experiências paranormais são outras das ocorrências comuns neste jogo

Vamos ter acesso a um arsenal considerável de armas para utilizar, sendo que desta vez poderemos carregar um máximo de quatro armas em simultâneo, assim como vários tipos de granadas ou explosivos. E sim, tal como nos FPS da velha guarda, temos armadura e medkits para encontrar. A vida é apenas regenerativa quando baixa abaixo dos 30% e apenas regenera até essa percentagem. Nós supostamente somos também um super soldado e, tal como no primeiro jogo, para simular os nossos reflexos fora de série, poderemos abrandar a acção por alguns segundos, activando um efeito similar ao bullet time dos Max Payne, onde tudo à nossa volta se mexe muito lentamente. De resto, a outra grande novidade na jogabilidade está talvez na possibilidade de, pelo menos duas vezes ao longo do jogo, podermos entrar dentro de um grande mecha altamente blindado e com um poder de fogo incrível, o que nos leva a algumas sequências de acção non-stop.

Ao menos temos uma variedade de cenários maior que no primeiro jogo

Graficamente é um jogo bem competente para os padrões de 2009. Há uma maior variedade de cenários perante o primeiro jogo, pois iremos explorar o tal hotel de luxo, mas também um hospital, uma escola, cidades em ruínas e claro, as tais instalações industriais onde muitas experiências foram sendo feitas. Há também uma maior variedade de inimigos, embora a esmagadora maioria continuem a ser os tais super soldados. A banda sonora é, como seria de esperar, maioritariamente tensa e dissonante, o que conjuga bem com a atmosfera de terror que o jogo tenta incutir. No entanto o terror em si acaba muito por ser na base de jump scares e não uma atmosfera aterradora. Já o voice acting, bom, sinceramente achei o ponto mais fraco de todo o jogo. Mas kudos para a cena final, não estava nada à espera daquilo.

Os tiroteios são bastante intensos como referi, mas felizmente vamos tendo acesso a um extenso arsenal que nos facilita um pouco as coisas

Porto isto, achei o FEAR 2 um FPS bem competente, particularmente nos seus tiroteios intensos, cuja habilidade de abrandar o tempo nos dá muito jeito. Aparentemente a crítica e os fãs continuam a preferir o primeiro FEAR a este, mas sinceramente não os achei tão díspares assim. É um óptimo FPS para quem quiser participar em tiroteios frenéticos. Já a parte do terror, não se preocupem muito com isso, pois o jogo apenas oferece alguns pequenos sustos nesse departamento.

Aliens versus Predator 2 (PC)

Depois do Aliens versus Predator de 1999 produzido pela Rebellion, não confundir com o jogo de 2010 do mesmo nome produzido por eles também, em 2001 acaba por sair uma nova sequela, desta vez a cargo da Monolith, os mesmos por detrás de clássicos como Blood ou No One Lives Forever. E o artigo de hoje vai inserir nesse jogo e sua expansão, que já tinha jogado há bastantes anos atrás (versão pirateada, claro) e apenas há cerca de 2 anos arranjei tanto o jogo principal como a sua expansão por 1€ cada numa loja de usados na zona do Porto mas por algum motivo nunca cheguei a escrever nada sobre os mesmos!

Jogo com caixa, 2 discos e manual

Tal como o seu predecessor podemos jogar tanto como um humano (mais uma vez um Space Marine), um predador ou um alien, mas desta vez as 3 histórias estão todas interligadas, em vez de serem campanhas completamente separadas. E a história leva-nos então ao planeta LV-1201, onde a corporação Weiland-Yutani montou lá uma grande base científica para explorar ruínas e artefactos da civilização misteriosa que viemos a descobrir mais sobre eles nos filmes Prometheus e Covenant. Mas como sempre as coisas não correm bem, não só pelos aliens, mas também pelo aparecimento algo inesperado dos Predators. A expansão é na verdade uma prequela, onde podemos jogar com humanos (os mercenários ao serviço da Weiland-Yutani), um predador 500 anos antes dos acontecimentos do jogo principal e um predalien, um híbrido entre o predador e os xenomorfos.

Expansão com caixa e manual

A campanha dos Space Marines é o típico que podemos esperar deste tipo de jogos. Estamos inicialmente munidos de pistolas e a típica pulse rifle, para além dos sensores de movimento que começam a apitar sempre que algo surge próximo de nós. E os primeiros níveis são mesmo bastante tensos, com os aliens a surgirem do nada e atacar de forma ágil e em grande número, o que nos obriga a estar sempre alerta. Mas uma parte considerável do jogo será também passada a confrontar contra soldados humanos, os tais mercenários da Weiland-Yutani que também possuem planos obscuros e vão ser um obstáculo ao nosso caminho. Já os predadores estão munidos de todas aquelas armas e artefactos que estamos habituados a ver nos filmes, bem como diferentes visores, como visão térmica ou nocturna, ou a possibilidade de se tornarem invisíveis. A invisibilidade, munições de algumas armas ou o uso de visores vão gastando a nossa energia, que é apresentada num indicador no canto superior direito do ecrã, mas temos também a possibilidade de a qualquer momento usar um gerador de energia e restabelecer esse nível. Um dos artefactos dos Predadores permite-nos também recuperar vida, a troco de energia. Mas tendo o tal gerador, acaba por ser muito fácil ir regenerando a nossa barra de vida ao longo do jogo, se bem que há uma altura no jogo onde perdemos grande parte do equipamento e já estamos mais vulneráveis.

Temos aqui alguns aliens diferentes para combater, este mais armadurado

Jogando com o alien também tem o seu quê de originalidade, até porque começamos precisamente por ser um facehugger. Nesse estado o jogo tem um foco bastante furtivo, onde teremos de passar despercebidos por vários soldados até encontrar um que esteja sozinho e poder “abraçá-lo” à vontade. Depois passamos para o estágio seguinte, um alien infantil, pequeno e ainda algo indefeso. Uma vez mais teremos de ter uma abordagem mais furtiva até conseguirmos encontrar algum alimento de menor porte, tipo animais de estimação. Em seguida já controlamos um alien adulto e em plena posse de todas as suas capacidades. E com estes aliens podemos não só subir paredes e andar pelos tectos, bem como atacar com as garras, cauda e dentes. Para as zonas mais escuras podemos também activar uma espécie de visão nocturna e para regenerar vida temos de devorar as nossas vítimas. Na expansão, apesar de jogarmos com um híbrido entre alien e predador, as mecânicas de jogo são em todo idênticas às dos aliens, apenas o que representamos tem um aspecto mais próximo dos predadores. De resto o jogo possui também uma vertente multiplayer que confesso que nunca experimentei. Nem sequer na altura em que o joguei pela primeira vez!

Com o predador, temos imensos gadgets para usar, inclusivamente diferentes visores. Este vermelho faz com que os aliens sobressaiam

A nível audiovisual é um jogo bom para a sua altura, tendo em conta que estamos a falar de um jogo de 2001. O planeta LV-1201 tem uma fauna e flora muito própria, que é explorada principalmente na campanha do predador, onde podemos inclusivamente saltar nos topos das árvores para passar despercebidos aos soldados… mas infelizmente não envelheceram tão bem assim com as árvores a serem super quadradas ainda. Já a base científica, bem como os “ninhos” dos aliens ou as ruínas da tal antiga civilização, têm um aspecto muito próximo dos filmes. Gosto particularmente daqueles visuais retro high-tech dos dois primeiros filmes e aqui temos precisamente o mesmo tipo de estruturas e tecnologia que habitualmente vimos lá. Os aliens em si estão uma vez mais muito bem representados, letais e arripilantes como sempre! No que diz respeito ao som, o voice acting é competente e o som em si é muito bom. A pulse rifle faz o barulho que estamos bem habituados, bem como os xenomorfos e os predadores.

Portanto este Aliens versus Predator 2 é mais um FPS bem sólido sobre este fantástico crossover entre ambas as franchises. Aliás, eu até me arrisco a dizer que estes 3 FPS que já cá analisei, qualquer um é francamente superior aos filmes AVP!

F.E.A.R. (PC)

F.E.A.R. é um interessante First Person Shooter produzido pela Monolith Productions, os mesmos que nos trouxeram outros FPS como os clássicos Blood e No One Lives Forever. Lançado originalmente para o PC em 2005, e posteriormente nos dois anos seguintes para a Xbox 360 e Playstation 3. A título de mera curiosidade, este foi também o primeiro jogo que já não consegui correr no meu velhinho Pentium 4 em 2005, para além da performance ser terrível, estava cheio de problemas gráficos, mas essa parte acredito que tenha sido corrigida com algum patch. No laptop que comprei em 2011 já o conseguia correr sem problemas mas por acaso nunca o tinha chegado a fazer. Agora com uma nova máquina, foi altura de finalmente pegar no jogo. O meu exemplar sinceramente já nem sei bem onde foi comprado nem por quanto. Certamente não terá sido mais de 5€, e para além do jogo principal esta Gold Edition traz também a primeira expansão, Extraction Point. Ambos os jogos e uma segunda expansão, Perseus Mandate também vieram parar à minha conta steam, sinceramente já não sei quando nem como, mas este artigo irá englobar todos.

F.E.A.R. Gold com o jogo original e a primeira expansão Extraction Point. A outra tenho apenas em formato digital.

F.E.A.R. é uma sigla para First Encounter Assault Recon, uma fictícia força especial Norte Americana especializada em lidar com eventos paranormais e a sua última missão é a de eliminar Paxton Fettel, um psíquico que toma de assalto as instalações do fornecedor militar Armacham Technology Corporation, que, no meio de outros projectos sinistros, tinha desenvolvido um exército de super soldados, clones, controlados telepaticamente por um líder, neste caso o tal Fettel que por algum motivo se revoltou e está a usá-los para os seus fins. Ao longo do jogo iremos no entanto presenciar diversos momentos de actividade paranormal, desde pequenas coisas como objectos a moverem-se sozinhos, aparições de uma pequena menina vestida de vermelho, que mais tarde vimos a descobrir chamar-se Alma e ser um pivot central em toda a história do jogo. Ou outras alucinações maradas envolvendo Alma, o próprio jogador e/ou Paxton Fettel.

Sim, esperem por ver muito gore

A nível de jogabilidade, este é um FPS onde vamos tendo à nossa disposição um arsenal considerável de armas, se bem que apenas poderemos carregar 3 de uma vez. Para além das armas teremos também diversos tipos de granadas que podemos carregar, bem como um máximo de 10 medkits. Portanto sim, este F.E.A.R. ainda não tinha aderido à moda dos jogos com vida regenerativa. A inteligência artificial dos inimigos era também muito avançada para a época, assim como o sistema de física. Os inimigos, assim que nos detectarem, seja visualmente, seja com o ruido dos nossos passos ou com a luz da lanterna, colocam-se imediatamente alerta e comunicam uns com os outros de forma a decidir a melhor estratégia para nos limpar o sebo. Podemos vê-los a agruparem-se e flanquear-nos cuidadosamente, bem como se retirando quando as coisas lhes correm mal. Mas o jogador é suposto ser um soldado com reflexos super-humanos e é aí que entra o “bullet time“. Durante alguns segundos (enquanto uma barra de energia própria se vai esvaziando), conseguimo-nos nos mover mais ou menos à mesma velocidade que antes, mas tudo á nossa volta abranda bastante, permitindo-nos conseguir reagir melhor aos inimigos e ter a oportunidade de lhes acertar em cheio, com todas as balas a contar. Isto é algo que nos teremos de habituar mesmo a usar, pois os inimigos frequentemente surgem em números elevados e a partir de certa algura também teremos de enfrentar turrets automáticas e outros oponentes fortemente protegidos com armaduras. Apesar de existirem muitas armas espalhadas pelo jogo, as munições começam a ser escassas, obrigando-nos frequentemente a rodar pelas armas que vamos encontrando espalhadas pelos níveis, ou deixadas pelos inimigos que derrotamos.

Alguns inimigos são autênticas esponjas de balas, pelo que enfrentá-los em câmara lenta é quase obrigatório

De resto o progresso no jogo vai sendo relativamente linear, sendo que por vezes teremos de fazer algum backtracking para activar interruptores e afins de forma a progredir. Mas a exploração cuidada dos níveis é encorajada, não só para ir encontrando munições adicionais, mas também para encontrar alguns power ups que nos extendem permanentemente a barra de vida, ou o tempo disponível para manter o modo slow motion activo. Também temos uma vertente multiplayer que sinceramente não cheguei a experimentar, mas consistia nas habituais variantes de deathmatch, Capture the Flag e outros modos de jogo baseados na conquista e controlo de objectivos.

Alma vai tendo várias aparições, se bem que na sua forma adulta aparece sempre desfocada

Tal como referi acima, o jogo possui também um sistema avançado de física para a época. Para além de vários objectos poderem cair e as balas deixarem marcas nas paredes ou mesmo destruição parcial dos cenários, é frequente os inimigos revirarem mesas, ou sofás para servirem de abrigo durante os tiroteios.  A iluminação no geral também está muito boa, pois por exemplo, se abanarmos um candeeiro de tecto, o feixe de luz fica a balancear-se pela sala, de uma forma realista. Outros detalhes como os efeitos de partículas (especialmente quando activamos o modo slow motion) ou as sombras também me pareceram bastante bem conseguidas. Portanto, a nível gráfico, para 2005 foi um excelente esforço, com as personagens a possuir um elevado número de polígonos e bem detalhadas. Já os níveis em si, bom infelizmente não são os mais bonitos de sempre, com o jogo a decorrer em zonas industriais, armazéns, escritórios e pouco mais, pelo que não há uma grande variedade de cenários. As expansões já nos levam a outros sítios, como zonas residenciais, estações de metro, um hospital, entre outros. No entanto, há sempre uma atmosfera tensa, cenários a meia luz e jogamos sempre na expectativa de algo inesperado a surgir no meio das trevas, como as alucinações que vamos presenciando, cada vez mais frequentes e assustadoras.

Não teremos só aparições maradas, algumas criaturas estão mesmo aí para nos limpar o sebo

Ambas as expansões foram produzidas não pela Monolith mas sim pela TimeGate Studios. A primeira expansão é o Extraction Point, decorrendo imediatamente após o final do jogo, onde temos de atravessar meia cidade de Auburn e chegar ao Extraction Point, para sermos finalmente resgatados em segurança. A nível de jogabilidade esta expansão inclui algumas armas novas como uma arma laser ou uma metralhadora pesada. Poucas são as restantes novidades, a não ser o facto que vamos explorar novos cenários como um hospital ou uma estação de metro. A segunda expansão é a Perseus Mandate, esta lançada de forma standalone, ou seja, sem ser necessário ter o jogo original para a jogar. Esta expansão decorre em paralelo com o jogo principal e sua expansão, onde controlamos um outro operativo do grupo F.E.A.R., que também investiga os eventos que decorrem em instalações da Armacham.  Uma vez mais teremos algumas armas extra, como uma arma automática com visão nocturna ou um lança granadas, bem como novos inimigos para defrontar. Aparentemente esta expansão possui também diferentes modos multiplayer, mas uma vez mais não os cheguei a testar.

Graficamente é um jogo muito bem conseguido, pelos seus efeitos de luz e sombra, física e partículas

Por fim, convém também referir que algumas reedições contém alguns extras, como um making of do jogo, um vídeo de 1h com os criadores do jogo a comentarem uma playthrough do demo, uma curta-metragem em live action que serve de prequela e o primeiro episódio de P.A.N.I.C.S. uma mini série cómica que fizeram com o motor gráfico do jogo. Todos estes extras estão incluídos nos ficheiros locais da versão Steam também. Portanto este F.E.A.R. e suas expansões são bons FPS, muito pela atmosfera tensa que proporcionam e os combates desafiantes que nos obrigam a usar todos os recursos que temos à disposição. A minha queixa maior vai se calhar para alguma falta na variedade de inimigos e a extensão algo exagerada de alguns níveis. Mas estou curioso em ver como a série evoluiu com os tempos. O primeiro F.E.A.R. ainda tem uma costela de “velha guarda” em mecânicas de FPS, já os restantes já foram lançados numa altura em que os paradigmas das mecânicas de jogo mudaram.

No One Lives Forever (PC)

No One Lives ForeverVamos voltar aos FPS clássicos do PC para uma análise a um jogo da Monolith, os mesmos que nos trouxeram o fantástico Blood, ou mais recentemente os F.E.A.R.. Este No One Lives Forever, lançado originalmente em 2000 é um excelente FPS, repleto de acção, stealth e bom humor, ao satirizar os imensos filmes de espionagem da década de 60, mais notavelmente a série James Bond, pois também jogamos com um (neste caso uma) agente secreta britânica. Este jogo foi comprado na feira da Ladra há umas semanas atrás, mas já não me recordo se me custou 1 ou 2€. De qualquer das formas foi um óptimo preço visto estar completo e até traz um CD extra com a banda sonora.

No One Lives Forever - PC
Jogo completo com caixa, manual e cd com músicas do jogo e não só.

Cate Archer é o nome da personagem principal, uma agente secreta que trabalha para a organização de espionagem Unity. A nossa primeira missão leva-nos para Marrocos juntamente com o nosso mentor, Bruno Lawrie para proteger um embaixador norte-americano que se encontrava de férias e recebeu ameaças de morte. Mas Cate e Bruno cairam numa armadilha montada por uma misteriosa organização criminosa chamada de H.A.R.M., com o assassino profissional Dmitri Volkov a atacar ambos. Volkov era o principal suspeito de ter liquidado anteriormente um grande número de agentes secretos da Unity, e com este ataque a história vai ganhando outros contornos, com muitas conspirações à mistura e Cate a viajar por todos os cantos do mundo para descobrir mais sobre a H.A.R.M.

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Uma granada disfarçada de baton? check!

E neste NOLF as missões para além de se passarem em localidades completamente distintas, como Marrocos, Alemanhas, Caraíbas e até no próprio espaço ou mesmo debaixo de água. As missões vão tendo também diferentes objectivos, onde muitas vezes o jogo nos tenta persuadir a utilizarmos uma abordagem mais furtiva para irmos passando despercebidos. Outros momentos notáveis como defender um pobre coitado ao assassinar uma série de snipers que o tentam abater, ou matar uns quantos inimigos enquanto saltamos de um avião em plena atmosfera. Vamos descobrindo imensas armas e items ou gadjets que podemos utilizar, desde revólveres, a metralhadoras, sniper rifles e lança-granadas. Como uma boa sátira a filmes de espionagem, vamos tendo também vários gadjets à nossa disposição, onde até poderemos treinar previamente a sua utilização em alguns níveis de treino antes da missão seguinte. Desses temos granadas disfarçadas de batons de senhora, um travessão de cabelo que tanto pode ser utilizado para fazer lockpicking como atacar os inimigos, uns óculos de sol que nos permitem fotografar ou detectar minas ou lasers invisíveis, ou outros aparelhos electrónicos para descodificar códigos de segurança ou desabilitar câmaras de vigilância. O arsenal de Cate é mesmo longo, existem muito mais coisas a descobrir e usar.

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A variedade de itens e gadjets que Cate tem ao seu dispor é impressionante

Apesar de podermos passar a maior parte dos níveis “à rambo” e atirar para tudo o que mexa, o jogo encoraja-nos sempre a seguir furtivamente e em alguns níveis teremos mesmo de passar completamente despercebidos. Para isso temos de ter a preocupação de fazer pouco barulho enquanto caminhamos e evitar que algum inimigo ou câmara de vigilância nos descubra. Outra preocupação é não deixar cadáveres de inimigos à vista e em alguns níveis eles até nos conseguem descobrir pelo rasto de pegadas que vamos deixando. Para além dos habituais silenciadores e do já referido item para desabilitar as câmaras, temos também um pó para decompor os corpos dos inimigos, de forma a que sejam descobertos, ou outras coisas como equipar chinelos fofinhos para fazer menos barulho enquanto se corre. No entanto como já referi, muitas vezes podemos nos safar bem mesmo que tenhamos sido descobertos, embora com mais dificuldade pois os inimigos vão-nos saltar todos em cima. Para além disso este jogo é também dos primeiros, senão mesmo o primeiro a deixar-nos equipar mais de um tipo de balas em certas armas. Para além das balas metálicas normais, temos também as “Dum Dum” que explodem no impacto ou balas fosfóricas que incendeiam os inimigos.

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Ora cá está uma coisa que não se vê todos os dias num FPS. Andar aos tiros em queda livre

Outra coisa também presente neste jogo são os segmentos onde podemos conduzir veículos, são segmentos também relativamente longos, à semelhança dos vistos em Half-Life 2, e são outra mais-valia para a diversidade do jogo. Ou o facto de podermos descobrir documentos secretos que, mesmo não sendo obrigatórios, dão sempre para rir mais um pouco com algumas das mensagens que vamos lendo. De resto, para além deste modo campanha que é longo quanto baste, o jogo tem uma vertente multiplayer que infelizmente possui apenas 2 modos de jogo, o tradicional deathmatch e uma vertente do team deathmatch onde para além de uma equipa tentar aniquilar a outra, temos de fotografar uma série de documentos secretos da equipa adversária. Não que eu perca muito tempo em vertentes multiplayer, mas penso que poderia haver uma maior variedade de coisas para fazer aqui.

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Durante as cutscenes e mesmo ao longo do jogo, podemos ouvir imensos diálogos bem humorados.

Mas na minha opinião o que realmente marca pontos neste jogo é o bom humor. Apesar de não ter o sexismo de um Austin Powers, o jogo está repleto de cutscenes bem cómicas e dei-me por mim muitas vezes a escutar os diálogos dos inimigos por uns  bons minutos antes de aparecer e cravá-los de chumbo. Com isso devo dizer que o voice acting está excelente, com os clichés do costume de sotaques carregados sejam britânicos, alemães ou outros, mas fazem parte e resultam muito bem no conceito do jogo. A música é agradável e mais uma vez vai buscar inspirações ao rock psicadélico dos anos 60 e 70, tal como nesses filmes de paródias a James Bond e companhia, bem como algumas orquestrações mais épicas. Graficamente é um jogo bem robusto para os padrões de 2000, principalmente tendo em conta que corria numa engine proprietária da Monolith e não nos colossos da Unreal Engine ou id Tech 3 que estavam muito em moda em tudo o que fosse FPS.

Para além da versão PC, existe também uma versão PS2 que até não me importaria de jogar num dia destes. Essa versão PS2 contém uma série de novos níveis que servem de flashbacks ao passado de Cate Archer, quando ela era uma simples ladra. Tenho curiosidade em jogar esses níveis. De resto, para todos os fãs de FPS e de jogos com um bom sentido de humor no geral, apesar de não ser perfeito e o stealth ter alguns problemas com a IA dos inimigos, não deixa para mim de ser um excelente jogo a ter em conta.