Heavy Nova (Sega Mega Drive)

Heavy Nova é um título curioso. Lançado originalmente no Japão para a Mega CD em 1991, acabou por receber também um lançamento norte-americano, mas para a Mega Drive, ou Genesis, como é por lá conhecida. Cá na Europa não tivemos essa sorte (e sinceramente também se perdeu pouco), mas acabamos por receber a sua sequela, o Black Hole Assault. O meu exemplar foi comprado no ebay algures no mês de Agosto, tendo-me custado 8 dólares mais quase o dobro em portes de envio…

Jogo com caixa e manual, infelizmente com um sticker manhoso mesmo no cartucho!

O jogo decorre no futuro, onde uma raça alienígena entra em contacto com a Terra e oferece-lhe tecnologia que os fazem avançar bastante como civilização. No entanto, embora eles não expliquem isso lá muito bem, tudo isto fazia parte de um plano para os aliens escravizarem a nossa raça, os humanos descobrem a tempo e lá os conseguimos derrotar. O jogo decorre anos após estes acontecimentos, onde os humanos desenvolveram uma série de mechas high tech para proteger o nosso planeta de ameaças externas e basicamente nós vamos encarnar num piloto prestes a cumprir o seu teste práctico final da academia militar.

Se ao menos a Micronet tivesse investido tanto na jogabilidade como na apresentação…

No seu modo single player, cada novo nível começa com um segmento de platforming, onde teremos de derrotar alguns robots e evitar obstáculos. No final desse nível é quando temos de derrotar o boss, com o jogo a assumir as mecânicas de jogo de um fighting game. Logo na primeira fase vemos que controlar os robots é algo lento e que exige muita paciência e quando somos levados para as lutas propriamente ditas… bom é aí que vemos que o jogo é realmente muito pobre. Temos 2 botões de ataque, um de socos e outro de pontapés, mas com ambos os botões poderemos desencadear uma série de diferentes ataques, que irão depender de vários factores: alguns golpes terão de ser desbloqueados ao coleccionar pontos de experiência nos níveis de platforming, e uma vez desbloqueados muitos acabam por depender também da nossa distância em relação ao robot inimigo, mas também do nível de energia disponível, que é medido numa barra de energia mesmo abaixo da barra de vida. Com essa barra de energia muito baixa nem nos conseguimos mover, com a barra bem alta poderemos desencadear alguns golpes mais poderosos. Isto tudo são muitas variáveis para dois botões apenas! E depois os controlos são lentos, não muito responsivos e, acima de tudo, as mecânicas de detecção de colisões são horríveis. E caso não derrotemos o robot inimigo no tempo disponível, mesmo que no fim do combate tenhamos mais vida, é na mesma game over e toca a gastar continues.

No modo história antes de combater o robot inimigo temos um pequeno nível de platforming para atravessar. Se ao menos o nosso robot fosse mais ágil!

A jogabilidade é portanto muito mal implementada e desnecessariamente complicada, mas pelo menos no factor audiovisual até achei o jogo bem competente. No início e fim temos uma cutscene bem animada e visualmente impressionante, já durante o jogo, apesar de os gráficos não serem a melhor coisa do mundo, não deixam de ser minimamente atractivos, bem como a música que também me pareceu bem conseguida. A versão Mega CD que, tal como referi anteriormente se ficou apenas pelo Japão, é em tudo idêntica à versão Mega Drive, com a diferença de incluir música em formato CD Audio (que também me pareceu muito interessante).

Os combates 1 contra 1 têm as mecânicas de jogo mais desnecessariamente complicadas de sempre

Portanto este Heavy Nova é um jogo que apesar de tecnicamente trazer alguns pontos bem interessantes, peca, e muito, na sua jogabilidade, com controlos lentos, imprecisos, uma detecção de colisão horrível e falta de variedade entre robots, pois todos partilham o mesmo skill set, embora existam alguns robots que não conseguem voar. Pelo que, no caso de jogar partidas a 2, não há motivo nenhum para escolher um desses mechas. O Black Hole Assault mantém a mesma identidade visual, uma vez mais com óptimas cutscenes, mas a jogabilidade, apesar de ligeiramente melhor, continua a deixar bastante a desejar.

Black Hole Assault (Sega Mega CD)

A rapidinha de hoje leva-nos para mais um jogo da Mega CD, nomeadamente este Black Hole Assault que sinceramente nunca tinha ouvido falar do mesmo. Desenvolvido pela nipónica Micronet, este é um jogo de luta futurista entre mechas e sequela directa do Heavy Nova, um outro jogo da Micronet lançado para a Mega CD e Mega Drive, mas apenas em solo japonês e americano respectivamente. Bom, a jogabilidade não é grande coisa, mas devo dizer que fiquei bastante supreendido pela sua apresentação. Mas já lá vamos. O meu exemplar veio do reino Unido há uns tempos atrás, creio que me custou algo entre os 7,5 e os 10€ se bem me recordo.

Jogo com caixa e manual

40 anos após os acontecimentos de Heavy Nova, onde uma civilização alienígena conhecida pelo nome de Akirovianos, atacou o planeta terra, deixando-o à beira da ruína. Agora, com a humanidade ainda a recuperar, os aliens estão de regresso, ao posicionar uma série de robots em pontos fulcrais do sistema solar e que estão a atacar as nossas naves que para lá viajam em busca de recursos. Cabe-nos a nós então encarnar num piloto humano que irá conduzir o seu mecha e combater cada um destes robots, eliminando uma vez mais esta ameaça.

Apesar do jogo investir muito na sua apresentação, a jogabilidade deveria ser bem melhor.

Entre cada combate podemos escolher quais dois dois mechas queremos controlar, seja o Cyquest ou o Orion, cada um com diferentes habilidades. Depois nos combates em si, para além do tempo de combate que temos disponível, cada robot possui uma barra de vida que se vai esvaziando com o dano infligido e o nosso objectivo é naturalmente o de derrotar o oponente à pancada. Para além disso, cada robot possui também um certo nível de energia (medido em percentagem) que quando no máximo, nos permite executar o golpe especial do robot em questão, ao pressionar o mesmo botão dos socos. Portanto a nível de jogabilidade em teoria as coisas são bastante simples, mas quando começamos a jogar, o caso muda de figura. Os robots são lentos, os controlos nem sempre respondem (ou sou eu que não acerto no timing) e não há uma grande variedade assim de diferents golpes.

Gosto bastante destas introuções semelhantes a programas de computador

De resto, para além do modo história, temos também alguns modos multiplayer, desde partidas casuais, que curiosamente possuem um editor muito interessante onde podemos customizar os nossos oponentes, a probabilidade de desferirem cada golpe, etc. Temos também modos de torneio (combates eliminatórios) e campeonatos (por pontos), o que até seria um ponto positivo, se a jogabilidade não fosse tão mázinha.

As cutscenes são excelentes para um jogo de Mega CD

Por outro lado a nível de audiovisuais este é um jogo decididamente surpreendente. O mesmo está repleto de cutscenes anime e com um voice acting bem melhor do que estaria à espera (o que também não quer dizer muito) e entre cada combate vamos tendo também uma série de animações que simulam uma linha de comandos, um toque que sinceramente me agradou. Infelizmente muitas das cutscenes têm história para encher chouriços, mas é de louvar o esforço que a Micronet colocou na apresentação do jogo. As arenas e lutadores possuem gráficos bons quanto baste, com os combates a decorrerem em diversas luas e planetas do sistema solar, cada qual com diferentes paisagens. As músicas são todas em CD-Audio e bastante agradáveis.