Castlevania é uma das séries que mais me agrada nesta arte. Enquanto nos primeiros jogos a jogabilidade era a de um simples side-scroller sempre com a temática vampiresca, desde o fenomenal Symphony of the Night lançado originalmente para a PS1 que a série adoptou uma mecânica mais aproximada de um Metroid 2D, com uma imensa exploração e backtracking ao longo dos cenários, em conjunto com alguns elementos de RPG tal como subir níveis, ganhar pontos de experiência e utilizar várias peças diferentes de equipamento. Para além disso a série ganhou também algumas iterações em 3D mas isso não é agora para aqui chamado. Order of Ecclesia é o terceiro Castlevania a sair para uma DS, saindo originalmente durante o ano de 2008. A minha cópia foi adquirida no início deste Janeiro numa loja GAME no Maiashopping. Custou-me 12€, usado e está em bom estado. Só não está em perfeito estado pois os imbecis da GAME colocaram as etiquetas do preço no próprio papel do jogo, não no plástico da capa, e ao arrancar o autocolante danifiquei um pouco a capa.

Como sempre a história anda à volta de Dracula, o seu regresso ou alguém que o tenta ressuscitar. É um jogo que se passa no século XIX, altura em que o Clã Belmont que protegeu durante séculos a Humanidade das forças das Trevas se encontrava desaparecido. Várias organizações surgiram para colmatar essa falha, sendo que este jogo se centra na Order of Ecclesia, que criou um trio de Glyphs baseadas nos poderes de Dracula para usar contra o próprio. A protagonista principal é a jovem Shanoa, que se preparava para ser a próxima hospedeira das Glyphs (de nome Dominus). Durante o ritual da passagem, o melhor amigo de Shanoa, também um membro da Order of Ecclesia chamado Albus, rouba as glyphs para si, fazendo com que Shanoa perca todas as memórias que previamente possuia. O resto do jogo é passado na perseguição de Albus e das Glyphs, com a trama a ir-se desenrolando a partir daí.

A mecânica de jogo é ligeiramente diferente dos restantes “Metroidvanias“, com os vários níveis estarem separados entre si através de um world map, sendo que é possível revisitar níveis antigos para ganhar experiência ou para explorar novas áreas. O ataque é feito utilizando as glyphs, que existem dezenas e dezenas delas espalhadas pelo jogo. As glyphs tanto podem ser armas brancas como feitiços, e sempre que usamos uma delas consumimos Magic Points, existem também outras especiais que nos dão habilidades próprias. A barra de energia dos MPs é restabelecida automaticamente ao fim de algum tempo. Podemos usar 3 glyphs ao mesmo tempo e desencadear golpes especiais bastante poderosos chamados “Glyph Union”. Estes ataques especiais consomem os coraçõezinhos que vamos encontrando ao longo do jogo. Para além disso temos a barra de energia, que mal chegue a zero é sinal de Game Over. O sistema de batalha é portanto algo complexo, para além do mais que podemos ganhar experiência para subir os stat points de Shanoa bem como de várias glyphs. Para além disso com o decorrer do jogo vamos libertar vários habitantes da vila de Shanoa que posteriormente nos dão várias side-quests para fazer, é um jogo bastante completo neste aspecto, com a dificuldade esperada num Castlevania.

Para além da quest principal existe muito mais a fazer em Order of Ecclesia. Em primeiro lugar podemos mencionar o Boss Rush mode, que como o próprio nome indica é uma série de combates seguidos contra os vários bosses do jogo. Também, no final da quest principal poderemos rejogar o jogo com outra personagem que não vale a pena estar a dizer agora. Para além disso temos várias vertentes multiplayer, que tanto podem ser jogadas numa rede local entre várias DS (cada qual com a sua cópia do jogo) bem como na própria Wi-Fi Connection. Existe o Shop Mode, que não é nada mais nada menos que uma feira virtual, onde podemos comprar e vender items do jogo uns aos outros, bem como o Race Mode. Neste modo competitivo somos largados num “circuito”, que não é nada mais do que uma passagem repleta de obstáculos e inimigos. A pontuação é obtida mediante o número de inimigos derrotados e o tempo que cada jogador demora a atingir a meta. Este race mode é possível de ser treinado em single-player, na vertente “Practice”.
Graficamente é um jogo bonito que usa bem as capacidades da DS em fazer um jogo 2D com fundos e personagens bonitas e bem definidas para a resolução do ecrã. Gosto particularmente do artwork, que embora não seja de Ayami Kojima, a artista responsável pelo artwork de Symphony of the Night, Lament of Innocence e vários outros jogos da série, afastam-se do artwork genérico de anime dos 2 Castlevania de DS que sairam anteriormente. O responsável em questão chama-se Masaki Hirooka, e conseguiu um artwork diferente de Kojima, mas igualmente maduro, a meu ver. As musicas também são óptimas, tendo em conta que estamos a falar de um hardware como a Nintendo DS.

Para quem gosta da série, este é sem dúvida um Castlevania a não perder, apesar do meu preferido da DS ainda ser o Portrait of Ruin. Em Order of Ecclesia a Konami decidiu enveredar por mecânicas de jogo diferentes, bem como um artwork mais maduro que as iterações anteriores na Nintendo DS. Apesar de ser um pouco mais linear que os anteriores, Order of Ecclesia tem bastante conteúdo para deixar um fã da série satisfeito.