Sega Worldwide Soccer 97 (Sega Saturn)

Sega_Worldwide_Soccer_'97_CoverartTal como disse no post do International Victory Goal, eu não sou um grande entendedor de videojogos de futebol. Ponham-me um PES ou um FIFA à frente e sinceramente não devo notar grande diferença no gameplay. Portanto não estranhem se neste post eu falar pouco da jogabilidade deste jogo, ou disser asneiras completas. Mas hey, os comentários estão aí para me corrigirem. Comprei este jogo na Virtualantas da Maia, acho que me custou uns 4€, não tenho a certeza. Falta-lhe o manual. Comprei o jogo mais pela sensação de nostalgia que me trouxe das tardes passadas em casa de amigos meus, onde este jogo, Daytona USA, Sega Rally e Virtua Fighter 2 eram motivos de muitas horas de diversão. Edit: recentemente arranjei um outro exemplar por 2.5€ que está mais completo.

Jogo com caixa, manual e um pequeno catálogo

International Victory Goal trazia pouquíssimas equipas, já este jogo traz 48 selecções, incluindo a selecção Nacional que nessa altura ainda não dava muito nas vistas. Os nomes dos jogadores são todos fictícios, visto a SEGA não possuir as licenças para o efeito. Contudo é possível editar os nomes de todos os jogadores e guardar isso na memória da Saturn, para quem tiver paciência para tal. A nível de modos de jogo existem os habituais modos de “exhibition” para um jogo amigável, “World League”, para se jogar um campeonato mundial de selecções (não um torneio), “World Cup” – com qualificações como o Mundial, Tournament Cup (realização de torneios customizáveis) e finalmente treino de pontapés de penalti. Vários destes modos de jogo permitem multiplayer que pode ser até 4 jogadores. A jogabilidade é um misto de simulador e arcade. Simulador em toda a parte táctica, o jogo permite configurar uma série de estratégias de posicionamento de jogadores (4-4-2, 4-3-3, etc), tácticas atacantes e defensivas (jogar para o fora-de-jogo adversário, por exemplo). Estas opções realmente fazem a diferença no comportamento dos jogadores controlados por IA em campo. Os jogadores têm também diferentes características entre si, e é possível gerir o seu cansaço. Em campeonatos ou torneios, os jogadores estão também sujeitos a castigos disciplinares pelo acumular de cartões, bem como lesões. A parte arcade do jogo está claro no gameplay em campo. A acção é bastante fluída, e o jogo encoraja bastante o remate à baliza, nem que seja do meio-campo. Os adversários são agressivos na recuperação de bola, já os guarda-redes deixam muito a desejar, sofrendo vários frangos frequentemente. A nível de opções de jogo é possível também escolher vários estádios para se jogar, a câmara de jogo (horizontal, vertical ou diagonal), o clima, etc.

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Menu principal

Os gráficos não são nada de especial, como é óbvio, mas para finais de 1996 não se pedia muito melhor. As animações dos jogadores são fluídas e os estádios são minimamente detalhados. Para os golos existem também algumas animações mais festivas que até dão alguma pinta (menos quando somos nós que os sofremos). Já o som, sinceramente acho que é algo de bem conseguido aqui. O comentador britânico tem pinta e as falas dele até que vão condizendo com a acção do jogo, entre outros pequenos detalhes, como a plateia reagir de maneiras diferentes dependendo de qual for a equipa que jogue em casa. Música só nos menus, mas nas opções do jogo podem ser desligados os comentários e entra a banda sonora em acção. Banda sonora essa a habitual dos jogos “arcade” da Sega na segunda metade dos anos 90. Músicas mais roqueiras cheias de guitarradas como eu bem gosto, e umas outras mais pop/rock à base de teclados que já não sou grande fã.

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Como habitual, os replays são vistos de vários ângulos

Como se devem ter apercebido este é um outro post algo rápido. Para além de jogos desportivos não serem o meu forte a minha vida académica está a ser bastante exigente no tempo livre que me deixa, pelo que só de vez em quando é que poderei vir cá escrever nas próximas semanas. Para concluir este artigo, resta-me só referir que para quem tiver uma Saturn e quiser o melhor jogo de futebol da mesma, fica muito bem servido com este SWWS97, apenas superado pela sua sequela que é practicamente o mesmo jogo com mais uns clubes e campeonatos de alguns países. Fujam dos FIFAs para a Saturn (em especial o FIFA98) que foram ports bastante preguiçosos e ficaram horriveis na máquina de 32bit da Sega.

International Victory Goal (Sega Saturn)

International Victory GoalMais uma análise rápida que a minha vida académica impede-me de escrever aqui com frequência. International Victory Goal foi o primeiro jogo de futebol a chegar à Sega Saturn no ocidente e nota-se que as software houses ainda não estavam minimamente confortáveis em programar para a Saturn, o jogo é fraquinho. Eventualmente esta série acabou por se transformar na série “Sega Worldwide Soccer” que em 1997 se tornou numa história completamente diferente. A minha cópia foi comprada na loja Virtualantas, custou-me uns 3, 4€ e está em óptimo estado.

International Victory Goal Saturn
Jogo completo com manuais e caixa

International Victory Goal é um jogo simples. Apenas 12 selecções estão disponíveis (não contem com Portugal) e os nomes dos jogadores são fictícios. Os modos de jogo disponíveis são os seguintes: Exhibition, conforme o nome indica é meramente uma partida normal, podendo ser jogada contra o CPU ou com um máximo de 4 jogadores. O modo World League que conforme o nome indica simula um campeonato que pode ter 22 ou 44 jogos. O S-League é semelhante ao campeonato, mas apenas com 11 jogos (e suponho que o nível de dificuldade seja superior). Existe também o modo “Cup” que consiste em torneios de 4, 8 ou 12 equipas, podendo ser jogado contra o CPU ou jogadores humanos. Finalmente existe também o “Penalty Shoot Out”, um modo de jogo para treinar pontapés de penálti.

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International Victory Goal

A nível de jogabilidade, bom eu não sou nenhum especialista em jogos de desporto, pelo que não farei grandes comentários à mesma. Apenas não contem com uma jogabilidade “realista” como vemos em vários jogos de futebol actualmente. Naquele tempo os jogos de futebol sempre tiveram uma jogabilidade mais “arcade” e fluída, embora não possa dizer que a jogabilidade neste jogo esteja algo de especial. Graficamente isso sim, aqui posso reclamar à vontade pois tenho olhos na cara. IVG é um jogo de primeira geração da Sega Saturn, consola que adoro, mas teve uma série de problemas de design que já mencionei várias vezes neste espaço. Os gráficos de IVG são bastante simples, os modelos são bastante “quadradões” e com pouco detalhe. Os jogadores ainda são sprites a moverem-se pelo ecrã, não há muito mais a dizer. Passando para o som, agora sim, finalmente algo de genuinamente bom a falar. Os efeitos sonoros não são nada de especial, mas em contrapartida a banda sonora é o “rock clássico SEGA” dos anos 90 que eu tanto gostava e está presente aqui. Várias músicas mais roqueiras com guitarradas, megusta.

Bom, este post é realmente mais pequeno, mas não há muito mais a escrever sobre este jogo. É um jogo da primeira geração da Saturn, bastante feio, com pouco conteúdo e uma jogabilidade algo questionável. A banda sonora é boa, mas isso vai do gosto pessoal de cada um. A Sega redimiu-se com o Sega Worldwide Soccer 97 que veio no seguimento deste jogo, mas isso já é conversa para outra altura.

Dragon Ball Z The Legend (Sega Saturn)

Dragon Ball Z The LegendA série Dragon Ball é sem dúvida alguma a mais bem sucedida série anime, principalmente a segunda série “Z”. Dragon Ball começou no ano de 1984 como um manga periódico da revista Shonen Jump. Em 1986 a série ganhava a sua própria série de animação, tornando-se no fenómeno que é hoje. Ao longo dos anos foram sendo desenvolvidos vários filmes, jogos, brinquedos, e tudo o resto que pudesse ser capitalizado sob o sucesso desta série. Em Portugal Dragon Ball apenas chegou à televisão nacional em meados dos anos 90. Em 1996 a série estava no seu auge de popularidade por cá (lembro-me perfeitamente de até professores meus fazerem gazeta para verem os episódios connosco lá na escola), tendo sido a melhor altura para trazer 2 dos mais recentes jogos de DBZ para as consolas da Sega (The Legend para Saturn e Buyū Retsuden para Mega Drive). A minha cópia foi adquirida no miau.pt, algures no final do ano passado ou no início deste ano. Não me recordo quanto custou mas não terá sido muito.

Dragon Ball Z Saturn
Jogo completo com caixa, manual e papelada.

De facto, o sucesso da série foi um factor chave para que os 2 jogos tivessem um lançamento por cá. Dragon Ball Z The Legend teve apenas 2 releases em solo europeu, ambas as versões com a linguagem em francês. Para além da edição francesa o jogo foi também lançado em Espanha e Portugal, tendo esta versão um manual em espanhol e português. Já o Dragon Ball Z da Mega Drive saiu apenas uma versão francesa em solo europeu, sendo que em Portugal a Ecofilmes importou directamente o jogo japonês, oferecendo em conjunto um conversor Jap->Eur para que o jogo pudesse ser jogado. Enfim, curiosidades à parte, vamo-nos concentrar na versão Saturn.

Dragon Ball Z The Legend tinha tudo para dar certo, a nível do gameplay (isto no ponto de vista de um pré adolescente em 1996). Senão vejamos: combates 3×3 em tempo real, com cenários destrutíveis em 3D? Melhor ideia seria impossível! Hoje em dia obviamente que olhando as coisas mais friamente a opinião deste jogo não poderá ser a mesma. Este jogo pode ser jogado no modo história ou no modo VS. O modo VS poderá ser jogador contra CPU, jogador contra jogador, ou CPU contra CPU, podendo serem escolhidas até 3 personagens de cada lado para a pancada. O modo história é semelhante na jogabilidade, estando apenas a selecção de personagens restrita nos vários capítulos que a história se vai desenrolando. História essa que vai desde o combate de Goku contra Nappa e Vegeta até ao evil Buu, abraçando portanto a maior parte da história da série. Os combates desenrolam-se de uma forma muito peculiar. Controlamos apenas um de um máximo de 3 personagens (podendo no entanto alternar entre as personagens a qualquer momento no jogo), sendo que as outras personagens vão atacando de forma autónoma. Os ataques normais não provocam dano nos inimigos, apenas vão actualizando a “power balance” (uma barra de energia localizada em baixo, ao centro) para um dos lados. Quando a balança pender apenas para um dos lados poderemos executar (ou sofrer) um Chain Hit indefensável, um ataque especial como o Kame Hame de Goku por exemplo. Esses ataques especiais são a chave para derrotar os inimigos e vencer os combates, sendo a única forma de lhes causar dano. Infelizmente a escolha desses ataques especiais é feita de forma automática, não podemos escolher quais executar, é pena. Apesar de os combates serem frenéticos com um máximo de 6 personagens a lutarem ao mesmo tempo e o mundo ser aberto e parcialmente destrutível, este esquema algo confuso de “balanceamento de poder”, aliando a uns maus controlos tornam esta experiência algo frustrante, pois tinha todo o potencial para ser muito melhor. E não é nada incomum que um combate dure mais de 20 minutos… Voltando aos modos de jogo, lá mais para a frente podem ser desbloqueado o modo “Special” que é um modo onde o jogador tem de enfrentar vários combates com personagens pré-determinadas. Por exemplo, Vegeta contra Vegeta em super guerreiro. Não é algo assim tão interessante pois pode-se fazer exactamente o mesmo no modo VS…

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6 gajos à batatada!

Graficamente o jogo não é nada de especial. Os mundos 3D são algo simples, mas também em 1996 não se poderia pedir muito melhor a um Saturn (a versão PS1 que se ficou pelo Japão é idêntica). Já as personagens que são em 2D tinham a obrigação de serem mais detalhadas. A Saturn é capaz de muito mais neste departamento. Antes de cada combate no modo história é mostrada uma cutscene com a história pré-combate, através de slide de imagens retiradas da manga de DBZ. Não é um FMV, mas não é mau de todo. Na versão Japonesa, nestas introduções ouvia-se um narrador a falar em japonês, contando a história mediante a apresentação de imagens. Na versão europeia cortaram isso, simplesmente passam música e as imagens. Poderiam ter tentado colocar legendas e manter o narrador japonês, mas pronto. Aliás, a própria tradução para francês é muito fraquinha (chergemant em vez de chargement, por exemplo, é o que aparece nos ecrãs de loading). Sonoramente o jogo possui uma banda sonora muito cheesy, tal como era comum nos jogos em CD dos anos 90. Nada de especial. Sinceramente não me recordo se as vozes das personagens eram as originais em japonês ou traduzidas para francês, mas penso que sejam em japonês.

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Balança está mais pendente para o Vegeta

Para finalizar o artigo, enfatizo o que já disse anteriormente. Este jogo tinha imenso potencial, com combates frenéticos até 6 lutadores no ecrã era uma óptima ideia. Contudo, com os controlos não muito intuitivos e uma jogabilidade algo confusa em torno de um balanceamento de poder acabam por tornar esta experiência mais frustrante. Este jogo foi também lançado na PS1 apenas no Japão. A versão europeia é algo rara lá fora, embora ainda se vá encontrando em Portugal em sites como o miau.pt ou o leiloes.net a preços relativamente baratos. É um jogo recomendado para coleccionadores, que para fãs de Dragon Ball existem muitos mais jogos de luta com mais qualidade que este.

Sega Touring Car Championship (Sega Saturn)

Sega Touring Car ChampionshipQuando somos novinhos, somos mesmo facilmente impressionaveis. Em 1996, eu com 10 anos na altura, lembro-me de ver imagens do próximo “grande” jogo de corrida da Sega para a sua Saturn e babar-me completamente para o que estava a ver. O jogo em questão era o Sega Touring Car Championship e finalmente uma data de anos depois (mais de 10!) finalmente acabou por chegar às minhas mãos e o resultado foi algo decepcionante. A minha cópia foi comprada no ano passado na loja portuense PressPlay, penso que me tenha custado algo à volta de 7€. Está em óptimo estado, faltando apenas o manual europeu. Edit: recentemente arranjei outra cópia que me ficou por 2.5€, estando bem mais completa e adivinhem, não era só o manual europeu que me faltava, pois isto está cheio de papelada.

Jogo com caixa, manuais e papelada diversa.

É inegável o amor da Sega pelo desporto motorizado. Apesar de nos anos 80 termos sido presenteados com Outrun e Hang On, foi nos anos 90 com o florescer dos jogos 3D que a Sega deu o grande salto no que diz respeito a jogos desta área. Virtua Racing, Daytona USA, Sega Rally, Manx TT, foram uma série de óptimos jogos arcade que revolucionaram o género. O jogo seguinte foi o Sega Touring Car Championship, desenvolvido pela AM3 (também conhecida por Hitmaker) na placa Model 2. Apesar de não ser um mau jogo, não conseguiu ter o mesmo sucesso dos seus antecessores. Por consequência a versão Saturn também não iria ter o mesmo sucesso que Sega Rally ou Daytona USA. STCC é baseado na antiga competição alemã de carros de turismo “Deutsche Tourenwagen Meisterschaft” (DTM), onde conduzimos carros da Mercedes, Opel, Alfa Romeo e Toyota.

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Ecrã de selecção de veículos

O grande problema deste jogo, e o que me deixou decepcionado é a sua controlabilidade, que está longe de ser tão suave e perfeita como a do Sega Rally, ou até a de Daytona USA. Podemos fazer várias modificações aos carros, desde suspensões até à própria “handling”,mas a verdade é que eu não noto diferenças na pista. E para além de ter controlos que dificultam a condução, o jogo é bastante exigente. Podemos estar a conduzir com o “pé na tábua”, sem bater nas paredes ou outros obstáculos e ainda assim estarmos bem atrás da concorrência. Muita gente diz que esto jogo se for jogado com o comando 3D da Saturn se torna numa experiência mais agradável, acredito que sim, mas não o posso fazer pois actualmente não possuo o tal comando.

No que diz respeito a modos de jogo, como tem sido habitual nas conversões arcade da época, a versão caseira pouco ou nenhum material novo introduzia. Aqui à partida parece ser o mesmo, mas à medida que vamos jogando iremos desbloquear uma série de novos circuitos, carros e modos de jogo, que tornam esta conversão numa experiência mais completa. Temos logo à partida uma distinção de modos – Arcade ou Saturn. Em Arcade temos o Championship Mode que uma réplica da versão original, onde corremos com um dos 4 carros disponíveis nos 3 circuitos base. Se no final ficarmos em primeiro lugar é desbloqueado um quarto circuito. Ao vencer também este circuito desbloqueamos o Grand Prix Mode (igual ao anterior, mas com 20 voltas em cada pista), e ao vencer o GP Mode é desbloqueado o modo de jogo final na Arcade, o Expert Mode. O Saturn mode alberga uma maior variedade de opções. Temos também o Championship Mode, em tudo idêntico à vertente Arcade mas com a opção de fazer modificações aos veículos, Time Attack que são corridas livres contra-relógio, bem como o modo VS que inclui a vertente multiplayer para 2 jogadores em split-screen. Ao terminar a pista bónus do Championship Mode no modo Saturn, é desbloqueado o Exhibition Mode e mais uma pista de bónus. Ao terminar esta última pista é desbloqueado um carro protótipo. Ao completar tudo o que há nos modos Arcade e Saturn são também desbloqueados os carros do Sega Rally. Claro que estas coisas também podem ser todas desbloqueadas através de códigos de batota.

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O jogo em movimento parece mais bonito…

Uma das funcionalidades mais interessantes deste jogo é a sua vertente online. Como eu devo ter referido no meu artigo da Sega Saturn, a mesma chegou a ter acesso à Internet nos mercados dos EUA e Japão, bem como jogos com suporte a multiplayer online (Duke 3D é um exemplo). Embora não tenha jogo online, STCC vinha com a opção de fazer upload dos tempos de cada jogador para o site da Sega, de modo a fazerem parte do ranking mundial. Nas versões americanas e japonesas deste jogo, isto era possível fazer-se através do próprio jogo e do uso do modem NetLink. A versão PAL também permite que o façamos, mas através do PC. O cd do jogo tem um ficheiro html para o efeito. Outra funcionalidade muito interessante são os “Global Net Events”. Ocorreram 3 “torneios” especiais, um no dia de Natal de 1997 e mais 2 em 1998, tendo os mais variados objectivos, desde 2 voltas em Time Attack, passando por correr fora de mão e evitar bater nos outros carros.

Falando agora dos visuais, caímos num outro problema do jogo. STCC não tem os problemas graves de “pop in” característicos de Daytona USA e Manx TT, embora sofra de algum “clipping” algumas vezes – algo habitual no tempo das 32bit. O jogo é também muito rápido, mas o grande problema é que o framerate é demasiado baixo, o que torna o jogo um pouco desagradável para os olhos. Os modelos dos carros até que estão bem conseguidos, mas as pistas e as suas texturas poderiam ter recebido mais trabalho. Passando para o som, a banda sonora ao contrário dos outros jogos já não é inspirada em rock/metal, passando para uma sonoridade mais pop/electrónica. Não é de todo o meu género musical de eleição, mas devo dar o braço a torcer que as músicas até que estão bem conseguidas.

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Multiplayer – se forem os 2 azelhas como eu, passa a ser um jogo de pinball

Finalizando, Sega Touring Car Championship não é de todo dos piores jogos de corrida da Saturn, mas ainda fica uns bons furos abaixo de Sega Rally ou Daytona USA. Para quem gosta de jogos de corrida com o feel e a jogabilidade agradável de um jogo Arcade, este não é jogo para isso. Contudo, para quem tiver um comando 3D da Saturn e gostar de jogos de corrida com mecânicas de controlo mais complexas poderá dar uma tentativa. STCC também recebeu um lançamento para PC (Windows 95). Os gráficos estão melhores e o framerate também, mas ainda assim o jogo tem uma controlabilidade difícil.

Manx TT Superbike (Sega Saturn)

Saturn-ManxTTA Sega é/foi uma enorme potência no mercado Arcade. Principalmente nos anos 90 com as placas da série Model X, a Sega chegou ao seu auge de criatividade, criando novas fronteiras e desenvolvendo jogos muito à frente da concorrência. Virtua Fighter, Daytona USA, Virtua Cop, Sega Rally, são apenas alguns dos nomes mais sonantes. Muitos destes jogos viram conversões para a consola caseira da Sega do momento, Sega Saturn, com diferentes graus de sucesso. Um desses jogos é o Manx TT Superbike, um jogo de corridas de motos baseado nos famosos circuitos na Isle of Man, Reino Unido. A minha cópia foi comprada no ebay uk por uma bagatela e está completo com o manual.

Manx TT Saturn
Jogo completo com CD e manual multilingue

Como quase todas as conversões de jogos Arcade dos anos 90, a versão caseira pouco ou nada acrescenta à versão original, o que no caso de um jogo já por si curto como o Manx TT não é muito abonatório. Isle of Man não é uma ilha muito grande pelo que só existem 2 circuitos neste jogo, “Laxey Coast” e “TT Course”, embora não tenha a certeza se os circuitos aqui apresentados são uma réplica dos originais ou apenas adaptações. Mesmo que este jogo tenha a temática da Isle of Man, poderia perfeitamente ter mais circuitos. Ora bem, Manx TT Superbike oferece o modo Arcade, semelhante ao original, apenas com as 2 pistas à escolha e 2 motos (mudanças automáticas ou manuais). O Saturn Mode é o que traz algumas novidades, a começar por uma selecção de mais 2 circuitos – que não nada mais que versões reversas e espelhadas dos originais, bem como uma selecção de 8 motos com diferentes características. Bom, mas estas novidades estão disponíveis em vários modos de jogo diferentes dentro do Saturn Mode. Temos o Practice Race, que dispensa quaisquer apresentações, temos um Challenge mode, que é um pequeno campeonato. O objectivo é chegar num dos 3 primeiros lugares nas 3 primeiras corridas, enquanto que na última teremos mesmo de vencer. Ao vencer o Challenge Mode desbloqueiam-se uma série de 3 novas motos “Superbikes” com características de topo (mas também mais difíceis de manobrar). Por fim temos o Superbike mode, desbloqueado após se ter finalizado o Challenge mode. É na verdade um outro modo Challenge mas onde todos os oponentes conduzem Superbikes, é o derradeiro desafio do jogo. Saindo do Saturn Mode ainda temos mais 2 modos de jogo. Time Trial é um modo de corrida contra-relógio, onde podemos aperfeiçoar os tempos e “competir” contra um “Ghost Rider”, que não é nada mais que a gravação de uma corrida que tenhamos feito anteriormente. Finalmente, temos também o modo multiplayer, com corridas em split-screen para 2 jogadores. Pode parecer muita coisa, mas todos estes modos de jogo são coisas muito “recicladas” entre si e 2 circuitos sempre serão 2 circuitos, por muitas voltas que lhes derem.

Screnshot
O wikipedia diz que já morreram mais de 200 pessoas neste circuito ao longo dos anos, realmente bati várias vezes de cabeça contra muros de pedra.

Graficamente, tal como as outras conversões para Saturn, muito do detalhe gráfico é perdido devido ao hardware inferior da Saturn, mas ainda assim o jogo é agradável de se jogar e a sensação de velocidade é convincente. A nível gráfico este jogo sofre de muito “pop in“, ou seja, à medida que vamos avançando, a pista vai surgindo no ecrã por blocos, digamos que o horizonte está demasiado próximo e parece que alguém está a montar a pista como se fossem legos à nossa frente. É um mal que a conversão original do Daytona USA também para Saturn sofria. Por outro lado a conversão do Sega Rally sofre muito pouco desse mal, e sendo Manx TT para Saturn mais recente, é uma pena que tenham dado um passo atrás nessa questão. Talvez se explique por a conversão ter ficado a cargo da Tantalus Interactive, em vez da Sega AM3 ou AM4. No entanto lembro-me perfeitamente de ser puto e ver este jogo a ser anunciado no saudoso “Templo dos Jogos” na SIC e ter ficado espantado com esse pop-in, achava-lhe um certo charme. Enfim, as pessoas crescem e mudam de opinião. 😛 A nível de som Manx TT não é tão memorável quanto Daytona USA ou Sega Rally. As músicas são na mesma à volta do Rock, o que é óptimo, mas a voz do “comentador” é algo estranha.

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Notem a falta de cenário lá ao fundo, isto é o pop-in que me refiro.

Mas passemos à jogabilidade. Manx TT é um jogo demasiado pequeno, portanto tiveram de complicar um pouco na jogabilidade para que o desafio fosse maior. Dizem que as motos se controlam muito bem usando o 3D Gamepad que contém um analógico, e eu acredito, pois controlar a moto usando o D-Pad é muito chato principalmente naquelas curvas mais apertadas. A inteligência artificial também é agressiva, mesmo o jogador estando em primeiro lugar e a 100 metros da meta, ainda tudo pode acontecer, o melhor é mesmo festejar no fim. Mas não deixa de ser uma experiência agradável.

Em suma, Manx TT apesar de ser um jogo com muito pouco conteúdo, não deixa de ser um jogo agradável de jogar de vez em quando, para jogadas rápidas e descomprometidas, tal como os clássicos Daytona USA e Sega Rally. Para algo mais, o que não faltam são simuladores de motociclismo por aí. Se o virem a um bom preço, eu não deixava escapar. Existe também uma versão PC, convertida pela Psygnosis (os autores de Wipeout) que apresenta gráficos mais polidos, novas vozes, menos problemas de pop-in, e um modo multiplayer até 8 jogadores, tal como na versão Arcade.