Voltando às rapidinhas a jogos de luta da PC-Engine CD, vamos ficar com o último (pelo menos até agora) jogo que tenho na colecção e que requer o Arcade Card para ser jogado. Ora esta é a última das expansões de memória lançadas pela NEC para a PC-Engine e que adiciona cerca de 2MB de memória que pode ser utilizada pelo sistema. Os videojogos que mais proveito tiraram desse acessório foram algumas conversões impressionantes de jogos de luta da SNK/Neo Geo. Este Kabuki Ittou Ryoudan é mais um de vários spin offs da série Tengai Makyou (Far East of Eden), uma série de RPGs que tem as suas raízes precisamente na PC-Engine. Esses RPGs parecem-me fantásticos e repletos de um bom sentido de humor, mas até à data, apenas o lançamento Tengai Makyou Zero (da Super Nintendo) recebeu uma conversão. Mas com o sucesso da série no Japão não tardaram a ser lançados vários títulos secundários, inclusivamente um jogo de luta 1 contra 1, algo semelhante aos Samurai Shodown, a ser lançado para a Neo Geo! Mas este Kabuki Ittou Ryoudan é um outro jogo de luta, exclusivo da PC-Engine CD, e que acaba por ser mais um clone de Street Fighter II do que propriamente de Samurai Shodown. O meu exemplar veio de um bundle que importei do Japão algures durante o mês passado de Agosto. Custou-me 60€, mas veio com um Arcade Card e vários outros jogos!
Jogo com caixa, manual embutido na capa, spine card e papelada
Aparentemente este Kabuki Ittou Ryoudan é inspirado no Fūun Kabukiden, um RPG secundário que se centra na personagem de Kabuki. Quer isto dizer que para além de Kabuki (o protagonista de cabelo azul que vemos na capa, à direita), teremos também uma série de oponentes que supostamente apareceram nesse RPG. No que diz respeito aos modos de jogo, temos, para além dos habituais modo arcade/história e versus para 2 jogadores, temos também um outro modo de jogo chamado de life attack, que é na verdade um nome janota para um modo survival, onde teremos de derrotar o máximo de oponentes possível com uma barra de vida apenas.
Graficamente é um jogo colorido e bem detalhado, mas seria bom que os cenários possuissem algum movimento
No que diz respeito à jogabilidade, este é mais um dos jogos que recomenda que seja utilizado um comando de 6 botões. À semelhança do Street Fighter II para esta consola, os 6 botões faciais servem para socos ou pontapés fracos, médios ou fortes, já no caso de usar um comando de 2 botões, os botões RUN, I e II servem para golpes fracos, médios e fortes, com o botão Select a servir para alternar entre socos e pontapés. Depois, tal como no Street Fighter II esperem por uma jogabilidade simples, sem barras de specials, mas com cada personagem a possuir os seus golpes especiais também.
No final de cada combate temos sempre um pequeno texto proferido pelo vencedor
A nível gráfico, estamos perante um jogo bastante colorido e bem detalhado. As personagens possuem sprites grandes e bem detalhadas (sem dúvida graças ao arcade card) e os cenários são igualmente bem detalhados, embora bastante estáticos. As músicas são agradáveis, sendo na sua maioria inspiradas por melodias folclóricas japonesas e com uma qualidade CD audio. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros e vozes, que naturalmente estão 100% em inglês. Entre cada combate temos também alguns textos em japonês, mas poderia no entanto ter algumas cutscenes mais trabalhadas, mas mesmo que as tivesse também seriam inteiramente em japonês, pelo que para os meros ocidentais como nós, não se perde grande coisa.
Portanto este Kabuki Ittou Ryoudan, apesar de não reinventar a roda, é mais um jogo de luta bastante sólido no catálogo da PC-Engine. Graficamente é um jogo muito interessante graças ao arcade card e a sua jogabilidade inspirada no Street Fighter II torna-o numa experiência agradável. Mas o que queria mesmo eram as traduções dos RPGs…
Mais uma rapidinha a um jogo de luta da PC-Engine CD, desta vez para o World Heroes 2 que já o abordei anteriormente na compilação para a PS2 World Heroes Anthology. Os World Heroes são uma espécie de jogos de luta de segunda linha que foram desenvolvidos pela ADK para as plataformas Neo Geo e, apesar dos seus protagonistas não terem o mesmo carisma que nas séries de luta da Capcom e SNK, até que são jogos de luta bastante sólidos. O meu exemplar, tal como os outros jogos de PC-Engine CD que requerem o Arcade Card e que já trouxe cá, veio num bundle de vários jogos e o próprio Arcade Card que comprei algures no mês passado directamente do Japão.
Jogo com caixa e manual desdobrável
E este é um jogo de luta relativamente simples, um clone de Street Fighter II sem grandes novidades, a não ser o modo Deathmatch que irei detalhar em seguida. O conceito que está por detrás da narrativa da série World Heroes é a de procurar o melhor guerreiro de todos os tempos, daí termos personagens de várias civilizações do passado como vikings, ninjas, piratas, bem como outras dos tempos actuais e futuro. No que diz respeito aos controlos, este é um jogo que não tira grande proveito do comando de 6 botões da PC-Engine. Temos um botão para socos e outro para pontapés, sendo que a intensidade dos golpes é medida consoante o tempo que mantemos os botões pressionados antes de os soltar. Sinceramente nunca gostei muito deste esquema. De resto, temos também a acção de throw que no comando de 6 botões tem um botão específico, já num comando normal apenas teríamos de pressionar o botão Run.
O elenco de personagens disponíveis neste segundo jogo é mais variado, mas continuam sem o carisma de outras séries
No que diz respeito aos modos de jogo, temos a possibilidade de jogar o modo arcade e o deathmatch (para além do habitual versus para 2 jogadores em ambas as vertentes). O modo arcade dispensa apresentações, pois é o modo de jogo onde defrontaremos a maioria dos oponentes nas suas arenas respectivas. Já o deathmatch é um modo de jogo parecido, mas ambos os lutadores partilham a mesma barra de vida, cuja vai pendendo para um dos lados, mediante quem der mais porrada. Para quem for abaixo, começa uma contagem de 10 segundos, onde esse jogador terá de pressionar em todos os botões em simultâneo para se levantar, e ter uma segunda chance. Para além disso, as arenas possuem tipicamente alguns obstáculos adicionais, como minas anti pessoais no chão, ou espinhos na parede.
Visualmente esta versão PC-Engine está muito apelativa, com as sprites grandes e bem detalhadas
A nível audiovisual este é mais um jogo que requer o arcade card para ser jogado. Quer isto dizer que, com a memória adicional acessível pelo sistema, o jogo apresenta as personagens com um tamanho bem considerável e um bom nível de detalhe e animações. O mesmo para as arenas, embora estas não sejam tão detalhadas e animadas como na versão original em virtude de algumas limitações de sistema da própria PC-Engine (por exemplo, a PC-Engine não faz parallax scrolling nativamente). As músicas são também agradáveis e em formato CD-Audio, já os efeitos sonoros, principalmente as vozes, soam algo arranhadas por algum motivo.
De resto estamos aqui uma vez mais presentes a uma óptima conversão de um jogo arcade Neo Geo, que só é possível na PC-Engine (um sistema muito inferior) graças à utilização do Arcade Card. É uma pena que este sistema não tenha tido o mesmo sucesso no Ocidente que teve no Japão, pois possui muitas pérolas escondidas e algumas conversões notáveis, como é o caso destas que usam o arcade card.
Voltando às rapidinhas para jogos de luta clássicos, vamos cá ficar agora com a adaptação para a PC-Engine CD do Fatal Fury 2, cujo eu já mencionei ligeiramente na compilação Fatal Fury Battle Archives Vol. 1 para a Playstation 2. Esta conversão para a PC-Engine CD, tal como vários outros jogos de luta da SNK no sistema, necessita do arcade card para ser jogado, uma expansão de memória que ajuda mesmo para que pequenos milagres como este sejam possíveis num sistema com uma arquitectura algo modesta e já de 1987! O meu exemplar veio juntamente num bundle com vários jogos de luta e o arcade card, que importei directamente do Japão há pouco mais de um mês atrás, por cerca de 60€.
Jogo com caixa e manual embutido na capa
Como eu já referi anteriormente, o primeiro Fatal Fury foi um jogo desenvolvido ao mesmo tempo que o Street Fighter II e tanto num como no outro, o seu desenvolvimento foi liderado por pessoas que tiveram um papel importante na criação do Street Fighter original! Mas no fim de contas, apesar de o primeiro Fatal Fury ser um bom jogo, é inegável que Street Fighter II tenha acabado por levar a melhor. Então esta sequela acaba por tentar replicar um pouco mais essa fórmula de sucesso. Agora já não temos um foco tão grande na história (que foi substituída pela participação num torneio de artes marciais à escala global), pelo que poderemos jogar logo de início com qualquer uma das 8 personagens. Dessas 8 personagens temos os heróis Andy e Terry Bogard, Joe Higashi e mais 5 personagens inteiramente novas, como é o caso de Mai Shiranui ou Kim Kaphwan. Para além desses teremos 4 bosses para derrotar, incluindo o já conhecido Billy Kane e por fim o Krauser. A nível de jogabilidade é uma vez mais recomendado usar-se o comando de 6 botões da PC-Engine. Quatro dos botões faciais são usados para socos e pontapés fortes ou fracos e também para outras acções como taunt (provocar o adversário) ou alternar entre planos, que é agora feito de uma forma bem mais dinâmica, deixando os combates bem mais fluídos que no título anterior. Como também é habitual nos jogos de luta desta época, contem também com alguns níveis de bónus onde teremos de destruir uma série de objectos dentro de um tempo fixo, de forma a obter mais pontos no final.
A transição de planos, que é agora bem mais dinâmica, é uma óptima forma de evasão dos ataques adversários
Já no que diz respeito aos gráficos, estamos aqui uma vez mais presentes a uma conversão bastante competente graças ao uso do arcade card. Como já referi no artigo do Art of Fighting para esta consola, o arcade card é uma expansão de memória que inclui cerca de 2MB adicionais. Isto permite que, durante os loadings entre cada batalha, sejam carregados para o cartão todos as assets necessários para apresentar o combate, como as sprites dos lutadores e suas animações, vozes e os cenários. Ora com toda essa memória adicional, temos então sprites grandes e bem animadas, assim como os cenários possuem um bom nível de detalhe. Não é uma adaptação arcade perfect até porque a PC-Engine nativamente é um hardware de 1987 e possui as suas limitações, mas é uma conversão tecnicamente muito boa sim. A banda sonora, que está toda em CD-Audio é bastante agradável e eclética, mas não consigo deixar de ter um arrepio na espinha de cada vez que vou levar porrada do Krauser ao som da Dies Irae do Mozart!
Portanto estamos aqui perante mais uma excelente conversão de um clássico arcade para um sistema que, para todos os efeitos, não deixa de ser uma máquina de 8bit. É uma pena o arcade card ser um acessório tão caro, pois estas conversões que o usam merecem bem ser experienciadas!
Vamos voltar a mais um jogo de luta e a mais uma rapidinha, desta vez à surpreendente adaptação do Art of Fighting para a modesta PC-Engine CD. E este artigo é uma rapidinha pois já escrevi sobre o primeiro Art of Fighting por duas vezes: tanto na sua compilação Art of Fighting Anthology, como a conversão da Mega Drive. O meu exemplar veio de um bundle de vários jogos PC-Engine CD que comprei no mês passado por 60€, directamente importados do Japão, bem como o Arcade Card Duo que é necessário para correr este jogo.
Jogo com manual embutido na caixa e um folheto.
Ora e tal como no primeiro Fatal Fury este é um jogo de luta de 1 contra 1 onde, no modo história, apenas poderíamos escolher os heróis e seguir a história a partir daí. Neste caso os protagonistas são o Ryo Sakazaki e o seu amigo Robert Garcia, que partem à procura de Yuri, irmã de Ryo, que tinha sido raptada por uns bandidos lá da cidade. A nível de mecânicas de jogo as coisas são bastante simples, com um botão para socos, outro para pontapés, um outro para throws e o final para os taunts, ridicularizar o adversário. Isto serve para diminuir a sua barra de special que é necessária para executar uma série de golpes especiais. Sinceramente nem experimentei o jogo com um comando normal de 2 botões (até porque de momento não tenho um), pelo que não sei ao certo qual seria o seu esquema de controlo nessa configuração.
Graficamente esta uma versão surpreendentemente próxima da original
Visualmente devo dizer que fiquei bastante surpreendido com esta conversão para a PC-Engine CD. O jogo original nas arcades era visualmente impressionante, com as suas arenas detalhadas assim como as personagens, com sprites grandes e com o detalhe delicioso das caras ficarem marcadas à medida em que vão levando pancada. A câmara que se ia aproximando ou afastando dos lutadores à medida em que estes se aproximavam ou afastavam entre si também era algo visualmente impressionante e isso foi tudo mantido nesta versão PC-Engine CD. Mas a PC-Engine não suporta nativamente técnicas de spritescaling, pelo que o efeito de ampliação da câmara é um pouco estranho e brusco. Os lutadores também são sprites grandes, bem detalhadas e mantêm as caras deformadas depois de levarem umas batatadas! Só os cenários é que ficaram um pouco a desejar tendo em conta a versão original. E isto só foi possível graças ao uso da expansão Arcade Card, um HuCard que contém cerca de 2MB de RAM que é usada, antes de cada combate, para carregar todos os assets necessários. É por isso que a versão PC-Engine consegue ter toda esta qualidade! Já a nível de som nada a apontar, as músicas são de muita qualidade até porque estão também no formato CD Audio. Nas opções podemos também mudar a linguagem do jogo para inglês, o que nos dá as cutscenes seguintes com texto (e algum voice acting!) em inglês.
Nas opções podemos definir o idioma para inglês. Até algumas vozes passaram para inglês nas cutscenes!
Portanto estamos aqui perante uma versão muito competente, facilmente a melhor das conversões do Art of Fighting lançadas para o trio das máquinas SNES, Mega Drive e Turbografx/PC-Engine. Um outro detalhe interessante e que convém mencionar é a inclusão de um mini-jogo secreto, exclusivo a esta versão. Se ligarem a consola sem o Arcade Card inserido vão ver uma cutscene simples, inteiramente em japonês, com as personagens principais num aspecto super deformed e com a cena a terminar num ecrã verde com texto, muito provavelmente a indicar que precisam do Arcade Card para jogar. Ora se fizermos o soft reset à consola nesta altura (pressionar em Run + Select) e repetir este processo uma vez, no final da terceira vez que vemos a cutscene começamos a jogar o Daikon Cut, um mini jogo que envolve roletas e Ryo a cortar legumes com as suas mãos. Com todo o texto em japonês não entendi nada do que era para fazer, mas fica a nota.
Voltando à série Ys, vamos ficar agora com a versão PC-Engine CD do Ys IV, aqui intitulado de The Dawn of Ys. O meu exemplar foi comprado algures em Fevereiro deste ano a um particular no eBay, creio que me custou algo próximo dos 15€. Sendo a versão japonesa, acabei uma vez mais por o jogar em emulação, visto que o jogo recebeu dois patches de tradução feitos por fãs. Um é um patch que traduz todos os diálogos em texto para inglês, enquanto o outro é um patch que substitui na íntegra o áudio dos diálogos de todas as cutscenes, por vozes em inglês, todas elas regravadas por fãs. Foi sem dúvida um trabalho muito interessante da comunidade!
Jogo com caixa e manual embutido na capa
Mas antes de começar a analisar o jogo mais a sério, é curioso abordar a sua origem, pois existem vários Ys IV que são jogos muito diferentes entre si. Até então, todos os Ys foram produzidos originalmente pela Falcom para uma série de computadores nipónicos e convertidos posteriormente para outras plataformas por outros estúdios. Visto que os 3 primeiros Ys para a PC-Engine, que haviam sido convertidos pela Alfa System e publicados pela Hudson, aparentemente foram um sucesso comercial, a Hudson pediu à Falcom a licença para lançarem o eventual Ys IV para a PC-Engine CD novamente. No entanto, algures em 1992/1993 a Falcom estava a passar por um mau período, quando muito do seu talento saiu da empresa. Não havia ainda Ys IV, tudo o que tinham era um design document que esboçava a história, cenários, músicas e elementos de jogabilidade e a Falcom acabou por entregar esses documentos à Hudson para eles produzirem um Ys IV. Mas a Falcom entregou os mesmos documentos também à Sega e Tonkin House, que havia convertido o YS III para a Super Nintendo. No caso da Sega infelizmente isto acabou por não dar em nada, mas a Tonkin House produziu o Ys IV: Mask of the Sun que é um jogo que possui muitas similaridades com este Dawn of Ys, mas é também substancialmente um jogo diferente. Anos mais tarde, quando a Taito estava a produzir remakes em 3D dos primeiros Ys para a PS2, pegaram na versão SNES do Ys IV por base e lançaram um novo jogo, este também substancialmente diferente. Então, em 2012 a Falcom decidiu produzir finalmente um Ys IV por eles próprios, dando origem ao Ys: Memories of Celceta, que planeio jogar muito em breve.
Apesar de não serem ainda em FMV, o facto deste ser um jogo no formato Super CD-Rom² permitiu a existência de cutscenes bem mais detalhadas!
Ora este jogo decorre algures entre os eventos do Ys II e os de Ys III. Apesar de começarmos a aventura na já conhecida terra de Esteria, a grande parte do jogo será passado na terra de Celceta, onde Adol é “convidado” a visitar aquela região e ajudar os seus habitantes, que estavam a ser incomodados pelas forças do império de Romn (certamente uma alusão ao império Romano), bem como os membros do Clan of Darkness, que procuravam ressuscitar uma grande entidade maléfica. A jogabilidade é muito próxima à de Ys II, ou seja, há um regresso à perspectiva vista de cima (abandonando a perspectiva sidescroller de Ys III), com o sistema de combate clássico, onde Adol não possui um botão de ataque, mas sim para combater os inimigos teremos de ir contra eles, de preferência num ângulo não centrado, para evitar sofrer dano. Eventualmente ganhamos também a habilidade de executar algumas magias tal como no Ys II. Tal como nos Ys clássicos iremos ter várias dungeons e cidades para explorar, onde iremos desbloquear alguns itens que eventualmente nos darão novas habilidades ou simplesmente desbloquear o progresso no jogo para explorar novas áreas.
Em alguns diálogos importantes também somos presenteados com um retrato de alta qualidade da personagem com a qual conversamos
O sistema de experiência é idêntico aos clássicos, com os inimigos a darem-nos cada vez menos experiência consoante o nosso nível vai aumentando, para evitar o grinding em demasia e tornarmo-nos overpowered rapidamente. Ainda assim, vamos precisar de fazer algum grinding pois existem imensos bosses para serem derrotados e por vezes um nível de experiência faz uma grande diferença no combate. Procurar equipamento e habilidades mais poderosas é também um must, pois vamos encontrar inimigos que podem ser imunes a dano causado por equipamento mais fraco, por exemplo. Anéis que nos conferem habilidades adicionais, como melhor ataque, defesa ou a possibilidade de regenerar vida em qualquer momento do jogo também podem ser encontrados e devemos usá-los de forma inteligente Tal como nos Ys antigos apenas podemos equipar 1 herb ou outros itens regenerativos de cada vez e, a menos que tenhamos o tal healing ring equipado, a nossa vida apenas pode ser regenerada nos exteriores.
Como é habitual, vamos tendo também vários bosses para derrotar, onde teremos de memorizar os seus padrões de ataque
A nível audiovisual este é de facto um jogo muito bom. Sendo um jogo de PC-Engine que usa a tecnologia Super CD-Rom², vamos ter inúmeras cutscenes que, ainda que não sejam em full motion video, apresentam muito mais detalhe gráfico do que em qualquer outro jogo de PC-Engine em CD-Rom² normal. Mesmo em diálogos normais, somos muitas vezes surpreendidos com retratos em “alta definição” das personagens com as quais vamos interagindo. Fora essas cutscenes e diálogos, é um RPG típico de 16bit e a PC-Engine sendo um sistema algo híbrido entre tecnologia 8 e 16bit, não esperem por nada do outro mundo. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, já as músicas… essas continuam muito boas. Vamos tendo alguns remixes de músicas conhecidas na série (até porque revisitamos alguns locais de jogos anteriores) bem como uma série de novas melodias. Estas, tal como vem sendo habitual, tanto são melodias bem alegres, outras mais calmas e, as minhas preferidas, algumas músicas bastante rock, cheias de riffs enérgicos e solos de guitarra por todo o lado, sintetizadores ou até saxofones! Mas as palavras finais teriam mesmo de ficar para o voice acting. Bom, eu não sei se foi um problema do emulador que usei, mas infelizmente o volume das vozes ficou muito baixo comparando com as músicas que iam tocando em fundo, e isto tornava os diálogos bem mais imperceptíveis, obrigando-me a usar phones para tentar entender melhor o que ia sendo dito. Tirando este “pequeno” inconveniente que uma vez mais assumo, poderá ser problema do emulador que usei, é realmente de louvar o esforço que os fãs fizeram ao regravar todos os diálogos áudio com vozes em inglês. Não são performances dignas de hollywood, mas o trabalho final não ficou nada mau, sendo até superior em muitos lançamentos profissionais da época.
Por vezes vamos tendo alguns NPCs que nos seguem e ajundam-nos com o combate.
Portanto este Ys IV foi uma surpresa muito agradável. Já os primeiros Ys não tinham ficado nada mal na PC-Engine CD, mas este Ys IV leva as coisas realemente a um outro nível. O facto de usar a RAM adicional introduzida pelo uso da tecnologia Super CD-Rom² permite-lhe ter cutscenes bem mais detalhadas e, em conjunto com todos os diálogos narrados, a experiência de jogar um JRPG assim era de facto de outro nível, quando comparado com a Mega Drive ou Super Nintendo. E isto juntando-lhe à jogabilidade sólida dos Ys, mas a sua óptima banda sonora, torna este Dawn of Ys um clássico. Acredito que esta conversão tenha dado um trabalho tremendo, mas visto que ainda existem uns quantos JRPGs de culto perdidos no catálogo da PC-Engine CD, seria muito bom ver mais traduções assim surgirem. Mas, voltando aos Ys, não planeio jogar a versão Super Nintendo (Ys IV: Mask of Sun), mas sim o remake oficial Memories of Celceta.