Durante estas minhas pequenas férias, trouxe comigo a Nintendo 3DS e decidi finalmente dedicar algum tempo a Luigi’s Mansion 2, sequela de um dos títulos de lançamento da Nintendo GameCube. Ao contrário do original, o desenvolvimento desta continuação ficou a cargo de um estúdio norte-americano, a Next Level Games, que já havia colaborado com a Nintendo em jogos como Mario Smash Football, ou Punch-Out!! para a Wii, entre outros títulos do universo da empresa. A relação entre ambas viria a consolidar-se ao ponto de a gigante nipónica adquirir o estúdio no início de 2021. Quanto ao meu exemplar de Luigi’s Mansion 2, confesso que já não me lembro bem de quando ou onde o comprei, apenas sei que foi há vários anos e por um preço baixo.
A premissa é simples: o Professor E. Gadd, o excêntrico cientista por detrás do equipamento de caça-fantasmas do primeiro jogo, encontrava-se a estudar os espectros que habitam os edifícios devolutos do vale de Evershade quando o vilão do Luigi’s Mansion original escapa da sua prisão, destrói a Dark Moon e passa a controlar os fantasmas da região, tornando-os subitamente hostis. Qual a solução? Para seu grande desagrado, Luigi é mais uma vez convocado por E. Gadd e acaba por aceitar a missão. Cabe-nos, então, explorar os diversos edifícios assombrados em busca dos fragmentos da Dark Moon e, eventualmente, enfrentar quem está por detrás destes estranhos acontecimentos.
No que diz respeito à jogabilidade, esta herda muitas das mecânicas introduzidas na prequela. Luigi está munido de um aspirador que serve não só para caçar fantasmas, mas também para interagir com os cenários: podemos aspirar cortinas ou tecidos que escondam segredos, accionar ventoinhas e ventiladores, ou desbloquear passagens ocultas. A ponta do aspirador funciona igualmente como lanterna, cujo feixe pode ser carregado (mantendo o botão A pressionado) para emitir um clarão que atordoa momentaneamente os fantasmas, deixando-os vulneráveis para serem aspirados. Cada fantasma possui uma determinada quantidade de pontos de vida, que vão diminuindo à medida que os sugamos. Ao puxarmos o analógico na direcção oposta à do movimento do fantasma, conseguimos reduzir a sua barra de vida mais rapidamente, numa mecânica que recorda o acto de “pescar” inimigos. Mais adiante, desbloqueamos também uma luz negra, capaz de revelar objectos escondidos no cenário e, por vezes, até fantasmas Boos. Estes últimos, caso sejam todos encontrados, desbloqueiam níveis de bónus. O dinheiro que vamos amealhando ao longo da aventura permite-nos ainda melhorar o nosso equipamento.
Quanto aos controlos, o botão B permite correr, enquanto o X é utilizado para interagir com determinados objectos. O botão Y activa a luz negra e o A serve para carregar o clarão da lanterna. O botão R é utilizado para aspirar, ao passo que o L serve para soprar. Para direccionar o aspirador verticalmente, seja para cima ou para baixo, teremos de recorrer também aos botões X e B, que ajustam a altura da “boca” do dispositivo. Não é uma solução perfeita, especialmente considerando que a Nintendo 3DS não é das consolas mais ergonómicas para sessões prolongadas, mas trata-se da melhor configuração possível dentro das limitações do sistema. Importa ainda referir que o jogo recorre aos sensores de movimento em determinadas secções, seja para manipular a câmara, seja em minijogos específicos. Um exemplo recorrente são as passagens estreitas, onde temos de usar o giroscópio da consola para equilibrar Luigi. Na prática, o ideal é mesmo pousar a 3DS numa superfície plana para ultrapassar estas sequências com maior precisão.
Uma das maiores críticas ao Luigi’s Mansion original foi a sua curta duração, algo que é consideravelmente melhorado nesta sequela. Em vez de uma única mansão, teremos agora cinco edifícios distintos para explorar, cada um com múltiplos níveis. Estes níveis não apenas apresentam áreas diferentes, como podem sofrer alterações entre visitas. Por exemplo, o segundo edifício é composto por duas torres dedicadas ao estudo e cultivo de plantas; à medida que avançamos, o crescimento descontrolado da vegetação vai transformando o espaço, afectando tanto o seu aspecto visual como as possibilidades de exploração. Como referi acima, o jogo está repleto de segredos e elementos coleccionáveis, incluindo os fantasmas Boos, cuja captura total desbloqueia um nível extra em cada “mundo”. Existe ainda um modo multiplayer cooperativo, que, no entanto, não cheguei a experimentar.

Visualmente, este é, a meu ver, um jogo muito bem conseguido. Do ponto de vista estritamente técnico, confesso que ainda não estou totalmente familiarizado com os limites gráficos da Nintendo 3DS, mas o resultado aqui é bastante competente. Os diferentes edifícios que exploramos são distintos entre si e apresentam cenários bem detalhados. As texturas têm uma boa qualidade, tendo em conta a resolução da portátil, e os modelos poligonais oferecem um nível de detalhe mais do que adequado. No entanto, mais do que o aspecto técnico, é na atmosfera que o jogo realmente brilha. Esta remete-nos de imediato para o imaginário de filmes de animação inspirados no Halloween, com ambientes assombrados cheios de charme e pequenos toques de humor visual. O jogo está repleto de detalhes deliciosos, como o próprio Luigi a cantarolar, nervosamente, a melodia principal enquanto explora, ou as constantes interrupções do Professor E. Gadd, que nos contacta através de um “telemóvel” improvisado a partir de uma Nintendo DS modificada. A banda sonora é igualmente eficaz, com composições discretas mas evocativas que reforçam a tal atmosfera típica de Halloween, alternando entre o mistério e o tom ligeiramente cómico. Quanto ao trabalho sonoro, como é habitual nos jogos da Nintendo, não encontramos vozes completas, mas sim pequenas frases, interjeições e sons característicos que, ainda assim, conseguem transmitir com clareza as emoções e intenções das personagens.
Portanto, este Luigi’s Mansion 2 revelou-se uma excelente surpresa. É um jogo que não só herda e aprimora as mecânicas introduzidas pela prequela, como ganha pontos adicionais por oferecer uma maior longevidade, com conteúdo opcional e um modo multiplayer. Entretanto, em 2024, a Nintendo lançou um remaster deste mesmo título para a Nintendo Switch. Como já possuía o original de 3DS na minha colecção, optei por não adquirir esta nova versão, mas, ao que tudo indica, o remaster inclui melhorias gráficas e de controlos, o que o torna, à partida, na forma mais acessível e refinada de jogar o título nos dias de hoje. Ainda assim, a versão 3DS continua a ter o seu encanto, até precisamente por suportar o efeito 3D, que, apesar de não ser essencial, confere alguma profundidade adicional aos cenários.





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