Alien Soldier (Sega Mega Drive)

Tempo de finalmente voltar para a Mega Drive e ficarmos aqui com um grande jogo da Treasure, que por sua vez já havia produzido uns quantos jogos de acção bastante bons para a consola da Sega, como é o caso dos clássicos Gunstar Heroes ou Dynamite Headdy. Este Alien Soldier tem no entanto uma outra peculiaridade, visto que não chegou a receber nenhum lançamento físico nos Estados Unidos, mas sim apenas através do serviço Sega Channel como um jogo descarregável. O mesmo aconteceu com um certo lançamento do Mega Man… e como este é um excelente jogo de acção da Treasure, naturalmente que é um jogo bastante coleccionável, pelo que as cópias japonesas e também europeias têm vindo a ser alvo de importações massivas por parte de coleccionadores norte-americanos. Ou seja, não é um jogo barato e o meu exemplar também não o foi, embora tenha tido a vantagem de utilizar alguns cupões para atenuar bastante o seu preço final.

Jogo com caixa.

Este é então um run-n-gun shooter tal como no Gunstar Heroes, mas na verdade acaba por ser practicamente um boss rush, pois os segmentos entre bosses são bastante curtos, já os bosses, esses são bastante numerosos (na casa das dezenas), pelo que há que dar algum mérito à Treasure pela variedade de bosses que temos de enfrentar, todos com múltiplos padrões de ataque. As mecânicas de jogo e os controlos são também complexos, pelo que a curva de aprendizagem é algo elevada e tendo em conta que este não é propriamente um jogo fácil (como é habitual na Treasure), vai-nos também obrigar a muita práctica e memorização dos diferentes padrões de ataque que os bosses têm para nos mostrar. Antes de começar o jogo, podemos escolher 4 armas de 6 possíveis para equipar na nossa personagem, estas variam em vários tipos de projécteis, explosivos, raios laser ou lança-chamas, todos com diferentes alcances e trajectórias de fogo. As armas que usamos não têm munição infinita, mas vão-se recarregando com tempo quando não são usadas. No entanto, ao longo do jogo, os power ups que podemos apanhar podem-nos restaurar vida, mas também podemos ver itens com armas, cujas vão alternando com o tempo. Apanhar esse power up substitui a arma que temos equipada no momento, mas caso apanhemos a mesma arma que temos equipada, essa tem as suas munições restabelecidas ou até expandidas!

Antes de o jogo propriamente dito começar teremos de escolher 4 armas distintas para equipar

No que diz respeito aos controlos, o direccional move a personagem, o botão A serve para alternarmos de arma (em conjunto com o direccional e depois pressionar A novamente para confirmar), o botão B dispara e o C salta. Mas existem muitas mais particularidades a ter em conta. Por exemplo, pressionar baixo e A permite-nos alternar entre métodos de disparo: por defeito apenas podemos disparar estando estáticos e usar o direccional para direccionar o fogo, mas podemos alternar e activar um método de disparo na direcção do nosso movimento. O botão B serve para disparar e temos autofire activado por defeito, mas se apenas apertarmos ligeiramente o botão B duas vezes seguidas activamos um escudo capaz de deflectir projécteis inimigos. Por fim, o botão C é o que tem mais que se lhe diga. Por exemplo, a altura que saltamos depende do tempo que tivermos o botão pressionado e se o pressionarmos em conjunto com o direccional para cima permite-nos saltar ainda mais alto. Pressionar o botão C novamente a meio de um salto faz com que o nosso jetpack se active e fiquemos estáticos no ar. Pressionar o botão de salto uma vez mais faz com que saltemos novamente. Durante um salto se tocarmos no tecto a nossa personagem cola-se ao mesmo, podendo-se mover normalmente de cabeça para baixo. Mas a habilidade mais importante de todas é o dodge, que pode ser activado ao pressionar no botão C em simultâneo com o direccional para baixo, com a nossa personagem a teleportar-se para a direcção onde está virada. Somos invencíveis durante a animação do dodge, pelo que será uma habilidade extremamente valiosa ao longo de todo o jogo. Para além disso, se tivermos a barra de vida no máximo quando o fazemos, a nossa personagem é envolta numa bola de fogo, retirando uma grande percentagem de dano aos inimigos em questão. No entanto também perdemos parte da nossa vida sempre que usamos esta habilidade.

Quando saltamos se tocarmos no tecto ficamos lá agarrados, o que também dá algum jeito em certos níveis.

Como podem observar, há muitas nuances nos controlos do Alien Soldier e sim, os bosses vão sendo bastante variados tanto no seu aspecto como habilidades e padrões de ataque, pelo que utilizar todas as habilidades que temos à nossa disposição torna-se crucial, bem como saber que armas utilizar em cada situação. Portanto sim, é um jogo difícil também pela sua curva de aprendizagem, mas por outro lado é também bastante recompensador quando conseguimos derrotar alguns desses mesmos bosses! Temos duas dificuldades: super easy e super hard, mas são ambas difíceis. No modo “fácil” a acção pode ser mais lenta o que nos dá um melhor tempo de reacção mas por outro lado não nos dão temos mais tempo para completar cada nível, pelo que o tempo acaba por ser um inimigo também bastante importante se decidirmos optar por esse caminho.

Visualmente é um jogo muito bem conseguido, em particular na grande variedade de bosses, bem detalhados e animados

A nível audiovisual, uma das coisas que a versão europeia deste Alien Soldier perdeu é a mensagem “VISUALSHOCK! SPEEDSHOCK! SOUNDSHOCK! NOW IS THE TIME TO THE 68000 HEART ON FIRE!” o que tirando os erros de tradução para inglês, nos indica que este é um jogo que tira máximo partido do processador Motorola 68000. E na verdade é um jogo impressionante com as suas sprites grandes, múltiplos efeitos de parallax scrolling, cenários bastante diversificados e bem detalhados e bosses gigantes, muitos deles constituídos por várias sprites articuladas, como tem sido habitual noutros jogos da Treasure. Tudo isto com uma boa performance, sem os abrandamentos comuns na rival da Nintendo. Uma das coisas que mais gostei é a maneira dinâmica pela qual os níveis vão estando divididos, onde um nível acaba, o seguinte começa logo nesse preciso local e os cenários vão lentamente se transformando à medida que progredimos no jogo. São muito poucas as mudanças bruscas de cenários! De resto, nada de especial a apontar ao som. Já a banda sonora, apesar de não ser má, confesso que gostaria de ouvir algo mais próximo de um rock pesado, algo que a Mega Drive sempre fez muito bem e a meu ver até se adequaria bem neste jogo.

A Treasure é muito engraçada. O SuperEasy é na mesma difícil, mas tem um sistema de passwords e permite-nos também controlar a velocidade do jogo.

Portanto este Alien Soldier é então um excelente jogo de acção da Treasure e apesar de não ter sido seu o último lançamento na Mega Drive (essa honra recaiu no Light Crusader) este acaba por ser um jogo bem à imagem do que a Treasure nos havia habituado até então e sim, sabe bem mais a despedida do que o action RPG acima referido. Um jogo de acção absolutamente recomendado que pode ser jogado de forma legítima e mais económica em várias compilações que foram sendo lançadas ao longo dos anos ou em lançamentos do tipo virtual console da Nintendo.

Desconhecida's avatar

Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.