Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club (Nintendo Switch)

Ora cá está aquela que, para mim, foi mesmo uma das melhores surpresas de 2024! A série Famicom Detective Club, com as suas origens no final da década de 80, consistia em dois jogos de aventura gráfica que se haviam ficado pelo Japão desde então. O segundo jogo da série chegou a receber um lindíssimo remake para a Super Nintendo que uma vez mais se havia deixado ficar pelo Japão e mesmo esse, tendo sido lançado apenas pelo serviço “Nintendo Power” que obrigavam aos jogadores comprar cartuchos vazios que poderiam posteriormente ser “escritos” com jogos comprados em quiosques próprios, pelo que mesmo essa versão nunca havia chegado assim a tanta gente quanto isso. A Nintendo surpreendeu o público japonês em 2019 quando anunciaram um remake de ambos os títulos para a Nintendo Switch, e posteriormente toda a gente em 2021, quando anunciaram que esse remake também viria para o ocidente. A versão japonesa recebeu uma lindíssima edição de coleccionador, enquanto que todo o público ocidental se contentou com um lançamento digital, o que já não foi nada mau, visto que o estilo de jogo é visto como um nicho e poder jogar esses remakes devidamente e oficialmente localizados já foi uma boa notícia. Então a minha surpresa foi ainda maior quando num dos Nintendo Direct de 2024 a Nintendo anuncia uma sequela e para além disso iria ter direito a um lançamento físico no ocidente também! Naturalmente que o meu interesse foi logo imediato e foi um jogo que comprei no lançamento, aproveitando as promoções de pré-reserva da Worten. Não só o fiz com receio que fosse um lançamento algo reduzido por parte da Nintendo, mas também para dar o sinal certo à empresa que há público para estes jogos e que espero que os continuem a produzir.

Jogo com caixa.

Portanto neste terceiro voltamos a encarnar na pele de um jovem detective que investiga um assassinato de mais uma criança. No entanto, o facto o seu cadáver ter sido encontrado com um saco de papel enfiado na cabeça, com uma cara sorridente lá desenhada, faz adensar ainda mais o mistério em torno dessa morte, visto que há 18 anos atrás houve uma série de assassinatos de outras crianças que foram encontradas da mesma forma e cujo culpado nunca foi encontrado. Visto que o pormenor dos sacos de papel nunca havia sido revelado ao público, ambos os casos estariam seguramente ligados de alguma forma e acabaremos por investigar ambos os acontecimentos.

O jogo começa por nos levar a investigar um homicídio muito peculiar

Este é portanto uma aventura gráfica baseada em menus, onde poderemos escolher que acções queremos desempenhar, seja chamar ou falar com alguém (onde poderemos ainda escolher qual o tópico a abordar em vários casos), viajar para outros locais, observar o cenário, interagir com objectos, pensar ou pesquisar no nosso bloco de notas, que vai mantendo registos dos tópicos e pistas mais importantes acerca das pessoas que vamos investigando ou falando. No caso de observar ou interagir com objectos, ocasionalmente temos a hipótese de escolher directamente no menu o que queremos observar, mas na maior parte das vezes temos de seleccionar a opção “where“, que nos desbloqueia um cursor que nos permite investigar livremente dessa forma. E claro, para ir avançando na história teremos de repetidamente falar com pessoas sobre os mais variados tópicos, o que ocasionalmente nos levará a tentar todas as opções que temos à nossa disposição, até que todos os “triggers” para a história avançar sejam cumpridos. Existem no entanto algumas dicas visuais do que deveremos fazer a seguir, com certas palavras ou expressões a serem salientadas em amarelo nos diálogos, ou as próprias acções no menu ganharem também esse relevo, mas apenas por meros segundos. A opção “think” acaba também por nos dar dicas do que fazer a seguir, pelo que nunca iremos andar muito perdidos. De resto, tal como já referi acima, o bloco de notas faz agora parte do menu principal, ao contrário do menu de pausa dos títulos originais, pelo que apenas o conseguimos consultar no fim dos diálogos.

Tal como nos seus predecessores a história vai avançando à medida que vamos explorando todas as opções de diferentes acções que podemos tomar, representadas no menu à esquerda.

A nível audiovisual o jogo segue a mesma linha dos remakes anteriores, mantendo o mesmo estilo de arte. Os cenários são imagens estáticas muito bem detalhadas, mas há sempre algum pequeno movimento e animações, particularmente nas personagens, o que dá sempre mais vida a uma visual novel, com o jogo a parecer-se muito mais como uma espécie de anime interactivo. De resto, também tal como os remakes que lhe antecederam, todas as linhas de texto são faladas em japonês, com um voice acting aparentemente muito bom. A banda sonora vai sendo também algo eclética e agradável, com muitas músicas a darem mesmo aquela sensação de estarmos a ver um filme/série policial dos anos 80, o que me agradou bastante.

Tipicamente no final de cada dia de investigação reunimo-nos no escritório para resumir as novas descobertas e deduzir novas hipóteses.

Visto que já abordei ligeiramente no que consiste este jogo, posso agora dar a minha opinião. Eu sou um fã de visual novels e jogos de aventura gráfica, são uma maneira bem relaxante de nos envolvermos numa boa história e a série Famicom Detective Club marca muitos pontos nesse aspecto, ainda para mais vindo de um jogo que é propriedade intelectual da Nintendo. Não é nada comum a Nintendo lançar jogos deste género com uma narrativa mais madura! E sem dar grandes spoilers, acho que a narrativa está bem conseguida e aquela recta final foi mesmo uma grande viagem! No entanto, acho que os Famicom Detective Club anteriores foram melhores jogos como um todo. Não só a narrativa era mais rápida, com mais coisas a acontecer (isto é, novos crimes a serem descobertos), a história aqui foca-se mesmo num maior trabalho de investigação. E apesar de a narrativa deste Emio continuar a ser algo adulta (não é por acaso que o jogo tem uma avaliação PEGI 18), os jogos anteriores tinham cenas mais desconcertantes até porque teríamos de investigar vários cadáveres, algo que não acontece aqui. Aliás, acho mesmo que é por este jogo ser um pouco mais atenuado em coisas sangrentas que o mesmo acabou por ter um lançamento físico no ocidente. Mas apesar de ter preferido os jogos anteriores, continuo a achar este um excelente jogo dentro do género e facilmente recomendável a quem for fã do género. E para esses digo também: não ignorem os créditos pois ainda terão uma agradável surpresa no final.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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