Tatsunoko vs. Capcom: Ultimate All-Stars (Nintendo Wii)

Tempo de voltar à Nintendo Wii para um dos poucos jogos de luta que a consola tem no seu catálogo, sendo este muito provavelmente o mais famoso até porque se mantém exclusivo do sistema. É mais uma das muitas entradas de jogos de luta crossover entre a Capcom e propriedades intelectuais de outras empresas, com esta parceria com a Tatsunoko a dar os seus primeiros frutos em 2008, com o lançamento do Tatsunoko vs. Capcom: Cross Generation of Heroes, que sai para a Arcade e Nintendo Wii, ambas exclusivas do mercado nipónico. Com um interesse alto por fãs no ocidente, a Capcom esforçou-se em obter as devidas licenças para que o jogo tivesse direito a um lançamento no resto do mundo e conseguiram-no, embora o jogo que tenhamos recebido seja algo diferente, sendo na verdade um update do anterior, agora intitulado de Ultimate All-Stars. O meu exemplar foi comprado numa Cash Converters algures em 2020, tendo-me custado uns 12€.

Jogo com caixa e manual

Tal como tem sido habitual nestes jogos de luta crossover da Capcom, a acção é bastante frenética e apesar do mesmo suportar controlos de movimento, fiz questão de nem sequer os experimentar e usei um classic controller, embora um comando de GameCube também seja suportado. Aqui o direccional ou analógico esquerdo é usado para movimentar a personagem que controlamos e os botões Y, X e A servem para golpes fracos, médios ou fortes, não havendo mais a distinção entre socos e pontapés. O jogo tem mecânicas de tag team, obrigando-nos a escolher equipas de dois lutadores e o botão B usado para chamar o nosso parceiro, seja só para um assist, ou seja, ataca e sai de cena, ou mesmo para substituir a personagem que controlamos anteriormente. A excepção a essa regra está no entanto entregue a duas personagens gigantes que não podem ser jogadas com mais ninguém, sendo ambos mechas, um do lado da Tatsunoko e outro do lado da Capcom, da série Lost Planet.

Apesar de não conhecer a maioria das personagens da Tatsunoko, as mesmas até que são divertidas e com uma boa variedade de golpes.

No que diz respeito às restantes mecânicas de jogo, a barra de vida dos lutadores possui duas cores possíveis, com a vida perdida, mas que ainda está realçada a vermelho pode ser recuperada lentamente caso esse lutador volte para a reserva. De resto temos também uma barra de special para cada equipa cuja vai aumentando à medida que vamos distribuindo pancada, podendo ir até um máximo de 5 níveis. Como é habitual, essas barras de energia poderão ser utilizadas para uma grande variedade de golpes especiais. Uma das técnicas exclusivas deste jogo são os Baroque Combos onde ao sacrificarmos a nossa barra de vida que esteja numa cor vermelha (ou seja, vida que poderíamos ainda recuperar), a personagem em questão fica temporariamente mais forte, podendo vir a desbloquear golpes e outros combos mais poderosos também.

Visualmente o jogo tem os seus momentos, apesar de eu preferir de longe que tivessem utilizado sprites em 2D bem detalhadas como na série Guilty Gear, por exemplo.

A nível de modos de jogo temos o arcade, que nos coloca a combater contra 7 oponentes aleatórios, culminando num combate contra um boss gigante, aparentemente retirado do Okami. O versus para 2 jogadores marca também aqui presença, assim como modos de sobrevivência e time attack, ambos algo comuns em jogos deste género. Um modo de treino está aqui também incluido e eventualmente poderemos também desbloquear um outro jogo: o Ultimate All-Shooters, um shooter 2D visto de cima, aparentemente decorrendo no desolado planeta da série Lost Planet. Ao ir jogando tudo isto poderemos desbloquear mais personagens secretas e ganhar dinheiro que pode posteriormente ser utilizado numa loja onde poderemos comprar alguns conteúdos adicionais como os modelos 3D das diferentes personagens e algumas peças de arte, que podem posteriormente ser observadas numa galeria.

Personagens gigantes, como é o caso deste robot da Tatsunoko não beneficiam do sistema de tagging

No que diz respeito aos audiovisuais, apesar da jogabilidade ser típica de um jogo 2D, o mesmo é todo renderizado em 3D, tanto nas suas personagens como cenários. As personagens são renderizadas num estilo algo de desenho animado e que de certa forma até me faz lembrar a técnica de cel-shading. No geral nem resulta mal, pois o jogo é tão frenético e as animações tipicamente são bastante boas, mas em certas aproximações notam-se bastante bem as suas imperfeições por serem modelos poligonais. Por isso continuo a preferir de longe os sprites 2D. Jogos como os Street Fighter III ou a série Guilty Gear já os faziam muito bem e com boas resoluções! E considerando que adoro a arte da capa do jogo, seria muito bom terem criado sprites 2D nesse estilo artístico. De resto o elenco de personagens até que é bem balanceado, embora eu não conheça quase nenhuma das personagens do lado da Tatsunoko, a não serem o Ken e Jun da série Gatchaman, cuja tenho memórias de ver em criança na TV portuguesa (e já agora quem se lembrar do nome da série em português agradeço!). Do lado da Capcom o elenco é curioso pois do universo Street Fighter apenas temos o Ryu, Chun-Li e Alex. As restantes personagens vêm de títulos variados como Darkstalkers, Rival Schools, Onimusha, Dead Rising, Lost Planet ou Viewtiful Joe. A série Mega Man é também, a par do Street Fighter, a mais representada do lado da Capcom, mas com personagens algo incomuns: o temos o Mega Man do Legends, a pequena Roll da série original ou o Zero como personagem desbloqueável. De resto, nada de especial a apontar ao som e a música é, como seria de esperar, bastante enérgica o que se adequa perfeitamente ao clima frenético das lutas.

Não esperava ver o tipo dos Dead Rising aqui, confesso.

Portanto este Tatsunoko vs Capcom é um jogo de luta bem competente e um dos exclusivos da Wii que ainda o permanecem ao fim de todos estes anos e visto que todas as licenças envolvidas na distribuição deste jogo em mercados fora do japonês, é bem possível que este jogo permaneça um exclusivo da consola por muitos mais anos também. Esta edição Ultimate All-Stars apesar de ter novas personagens jogáveis, perde no entanto algum conteúdo que havia sido introduzido na versão Wii do Cross Generation of Heroes. Para além de uma personagem da Tatsunoko não ter sido aqui incluída (talvez por questões de licenciamento), foram também cortados vários mini-jogos que poderiam ser desbloqueados, assim como vários clipes de vídeo ou arte, o que é pena.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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