Depois de ter jogado um dos melhores jogos da Wii decidi que ainda era cedo demais para desligar a consola e resolvi jogar mais outro título do meu backlog dessa plataforma. Infelizmente no entanto este jogo acabou por se revelar bastante mediano, o que é pena visto que sempre achei que a série tem um lore interessante para ser explorado e merecia um jogo melhor. O meu exemplar sinceramente já não consigo precisar quando e onde foi comprado mas foi seguramente barato.
A história decorre entre os eventos de Soul Edge e SoulCalibur e centra-se à volta da personagem Sigfried na sua procura pela poderosa espada e a sua transformação em Nightmare, com guerras entre os imperadores romano-germânico e otomano também a terem um grande foco na narrativa. Para além do Sigfried iremos eventualmente desbloquear várias outras personagens conhecidas da série, como é o caso da Ivy, Sophitia, Taki, Mitsurugi, entre outros… incluindo um certo Lloyd Irving… personagem principal do Tales of Symphonia. Bom, ao menos é de um jogo da Namco.

E este é então um jogo de acção do estilo hack-and-slash onde teremos de percorrer vários níveis e combater toda uma série de diferentes inimigos, bosses e ocasionalmente resolver alguns puzzles simples. Até aqui tudo bem, mas um dos maiores problemas deste jogo (senão mesmo o maior) é mesmo a maneira em como os controlos foram implementados. É que este é um daqueles casos onde temos de usar os sensores de movimento do wiimote e visto que todas as personagens da série usam armas brancas… já estão mesmo a ver o que vem daí. Portanto para atacar deveremos abanar o controlo na horizontal ou vertical para desferir golpes nessas direcções, ou movê-lo em direção ao ecrã para o movimento de “espetar”. Como devem imaginar, ao fim de uma hora de jogo os vossos pulsos vão estar doridos e infelizmente os controlos simplesmente nem sempre registam os nossos movimentos correctamente, para aumentar ainda mais a frustração.

Mas os problemas com os controlos não se ficam por aí pois também temos de utilizar o nunchuck. Como seria de esperar o analógico controla o movimento da personagem, enquanto o botão Z defende e o C serve para activar uns ataques especiais. Por outro lado, o wiimote também servirá para saltar (recorrendo ao botão B) e para alternar o lock para um inimigo diferente (com o botão A). O mecanismo de locking é francamente mau e muitas das vezes o jogo parece mesmo que escolhe o pior inimigo para trancar a nossa visão, obrigando-nos a trocar o alvo ou manter o botão pressionado para fazer reset. Como se isso não chegasse, o sensor de movimento do nunchuck também é utilizado para a mecânica de dodge. Escusado será reafirmar que a combinação de todos estes factores resulta numa experiência frustrante de jogo, até porque vamos tendo combates cada vez mais exigentes à medida que vamos avançando na aventura. E infelizmente não há qualquer controlo de câmara, a não ser o botão de defesa que centra a mesma nas costas da personagem. Compreendo que em 2007 ainda andava muita gente maluca com os sensores de movimento da Wii, mas infelizmente nem todos os jogos são o Super Mario Galaxy onde os mesmos não são nada intrusivos, ou outros em que o seu uso faz todo o sentido. Eu compreendo tudo isso… mas seria muito mais simples se para além de suportarem este esquema de controlo pudessem ter também suporte ao classic controller ou a um comando de GC, mesmo perdendo alguma fidelidade na orientação dos golpes. Tornaria a experiência muito menos penosa.

Mas infelizmente não é só nos controlos que este jogo fica aquém das expectativas, pois mesmo se suportasse outros métodos de controlo mais tradicionais, não deixaria de ser algo aborrecido infelizmente. Isto porque vamos ter dezenas de missões ao longo do globo onde tipicamente apenas teremos de derrotar todos os inimigos mais um eventual boss. No entanto as zonas repetem-se bastantes vezes, pelo que a variedade de cenários e mesmo de inimigos é bastante reduzida e é logo mais uma coisa a contribuir para o jogo ser aborrecido. Entre cada nível vamos vendo pequenas cut-scenes que fazem avançar a história, mas mesmo estas são aborrecidas, com imagens estáticas das personagens a acompanhar balões de texto, sem grandes animações pelo meio. De resto, convém também referir que existem vários modos multiplayer que sinceramente não me atrevi sequer a experimentar. Apenas sei que muito desse conteúdo vai ser desbloqueado à medida que vamos progredindo na história.

A nível audiovisual o jogo também decepcion. Sim, é certo que é um SoulCalibur e as personagens principais estão bem detalhadas com todos os jiggly habituais nas personagens femininas. No entanto os cenários não são nada de especial graficamente e com toda a repetição dos mesmos também não ajuda. O voice acting está limitado a algumas cut-scenes e a alguns pequenos diálogos/monólogos durante o jogo e a banda sonora, bom pelo menos essa continua bastante orquestral, o que é o habitual na série SoulCalibur.

Portanto este SoulCalibur Legends é um jogo frustrante pela sua implementação de controlos e aborrecido devido à repetição de níveis, o que se agrava também pelo pouco detalhe nos cenários. O que é pena, pois a série até tem algum lore interessante que poderia ser melhor explorado em videojogos deste tipo. Suportar controlos mais tradicionais já seria uma grande ajuda em tornar esta experiência muito melhor, seguramente.

