Vamos voltar às compilações para mais um trabalho da Digital Eclipse, que já muitas outras compilações de jogos retro nos foram trazendo ao longo dos anos. Este título em particular, como o seu nome indica foi lançada originalmente em 2005 (embora só tenha cá chegado à Europa um ano depois) no ano em que a Namco faria 50 de existência como empresa. Esta compilação traz-nos então vários dos clássicos produzidos pela empresa nipónica para arcades, particularmente os do final da década de 1970 e anos 1980. Tendo sido mais uma compilação produzida pela Digital Eclipse, as minhas expectativas eram razoavelmente altas, mas infelizmente este não é um dos seus melhores trabalhos. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu algures em Março de 2023.
Vamos então, muito brevemente, escrever sobre cada jogo desta compilação, visto que não são assim muitos. O jogo mais antigo aqui presente é o Galaxian (de 1979!), um dos muitos jogos que surgiram após o sucesso de Space Invaders. Afinal, o propósito do jogo é similar, pois controlamos uma nave que apenas se pode mover no eixo horizontal e temos uma série de criaturas alienígenas para combater, que também se movem na horizontal. A grande diferença é que várias dessas criaturas vão saindo da sua formação e fazer voos picados e mais agressivos para nos atacarem, antes de voltarem à sua posição original. Quanto mais tempo passa, mais frequentes e agressivas são as investiduras e o objectivo é o de destruir todas as criaturas inimigas, passando então para o nível seguinte onde tudo se repete. Este jogo deu depois origem ao Galaga de 1981, onde as mecânicas de jogo base são muito idênticas. As principais diferenças é que no início de cada nível, as criaturas inimigas vão-nos fazendo alguns voos rasantes antes de entrarem a formação, o que também nos dá a opção de destruir umas quantas no início. A formação inimiga em si é bem mais dinâmica e temos de ter em atenção às criaturas roxas, que são capazes de disparar um raio capaz de capturar a nossa nave, deixando-nos com menos vida. Caso isso aconteça, a nossa nave perdida junta-se à formação inimiga, mas a mesma pode ser recuperada quando a criatura roxa que a detém nos atacar. Se a destruirmos dessa forma, a nave capturada junta-se à nossa nave que controlamos, ficando nós com a controlar 2 naves ao mesmo tempo, o que nos duplica o poder de fogo, mas também nos deixa mais vulneráveis ao fogo inimigo. É uma óbvia mecânica de risco/recompensa, pelo que este Galaga é também mais um grande clássico. Um dos desbloqueáveis desta compilação é a versão arcade do Galaga 88 (que eu não cheguei a desbloquear), mas que um dia destes irei arranjar a sua versão PC-Engine e nessa altura lá falarei um pouco mais do jogo.

Passando agora a bola para outro clássico, obviamente que o Pac-Man está também aqui representado, na sua versão arcade de 1980. Já cá falei desse jogo várias vezes noutras versões, pelo que não me irei alongar aqui. O Ms. Pac-Man de arcade está também aqui presente, embora seja curioso que esse jogo não foi originalmente desenvolvido pela Namco, mas sim pela Midway, empresa que distribuiu as arcades Pac-Man nos Estados Unidos. Eventualmente a Namco assumiu esse jogo como “oficial”, pelo que está também aqui representado. Por fim, o segundo jogo desbloqueável desta compilação é também a versão arcade do Pac-Mania de 1987, cujas versões Mega Drive e Master System também já foram cá trazidas.

Mas voltando a 1980, o Rally-X é outro dos clássicos arcade da Namco aqui presente. É um outro jogo influenciado pelo Pac-Man, na medida em que temos um labirinto para percorrer, mas com várias diferenças consideráveis, a começar pelo labririnto que é bem maior e não cabe todo no ecrã e o facto de controlarmos um carro em vez de um smiley amarelo. O objectivo é então o de percorrer esse labirinto e coleccionar as 10 bandeiras amarelas por lá espalhadas. Temos no entanto de nos esquivar de uma série de carros vermelhos que nos começam a perseguir, assim como de várias rochas também espalhadas nos labirintos. O combustível é também limitado e do lado direito do ecrã temos um mostrador do combustível restante, assim como um ecrã tipo radar com a posição das tais bandeiras amarelas e dos carros que nos perseguem. Em 1981 sai o Bosconian que também aproveita o conceito deste tal radar, embora já seja um shmup. Mas ao contrário dos Galaxian/Galaga, aqui já nos podemos mover livremente pelo ecrã e o objectivo é o de destruir várias bases espaciais inimigas, assim como uma série de outras naves inimigas mais pequenas que vão sendo lançadas pelas bases para nos atacarem directamente. O radar à direita do ecrã mostra a posição dos inimigos que teremos de destruir e outra das particularidades do jogo é o facto de a nossa nave disparar projécteis frontais e traseiros respectivamente.
1982 traz-nos mais uns quantos clássicos arcade da Namco que estão também aqui representados. Um dos mais importantes (pelo menos para o género dos shmups) é o Xevious, cuja versão NES já cá trouxe no passado. No mesmo ano tivemos também o Dig Dug, um videojogo muito peculiar. Aqui controlamos uma criatura que vai construindo túneis subterrâneos à medida que nos vamos movendo pelo cenário. O objectivo é o de destruir todos os inimigos presentes no ecrã e podemos fazê-lo de duas formas: Dig Dug está munido de uma bomba de ar que pode ser atirada para a sua frente. Se apanhar algum inimigo, podemos usar a bomba de ar para os ir enchendo, se bem que temos de ficar imóveis (e dessa forma vulneráveis) enquanto os vamos enchendo de ar. Se conseguirmos ar suficiente, os inimigos rebentam que nem balões. Se nos mexermos, a bomba de ar solta-se dos inimigos e estes vão lentamente esvaziando, até que se possam mover outra vez. A segunda forma que temos de atacar os inimigos é inerente aos cenários, pois temos também algumas rochas presentes no solo que podem ser “desenterradas” e caso caiam sobre os inimigos matam-nos. No entanto nós também podemos cair nessa mesma armadilha. Uma vez derrotados todos os inimigos, passamos para o nível seguinte onde repetimos este processo, com a dificuldade a aumentar consecutivamente.
1982 foi também o ano de um outro jogo revolucionário, o Pole Position. Foi um dos primeiros, senão mesmo o primeiro, videojogo arcade de corridas com uma câmara posicionada na traseira do carro e, acompanhado de um hardware bastante poderoso para a época, os seus gráficos não deixaram ninguém indiferente. Foi uma grande pedrada no charco e a sua fórmula visual acabaria por se tornar num standard de muitos outros jogos de corrida que lhe seguiram. O jogo em si é simples, onde temos apenas um circuito para competir, mas com a obrigação de cumprir primeiro uma volta de qualificação para depois competir contra os restantes oponentes. Este clássico foi seguido pelo Pole Position II, lançado no ano seguinte, que utiliza a mesma fórmula, mas acrescenta mais 3 circuitos jogáveis e melhora ligeiramente os gráficos.
Segue-se depois o Mappy de 1983, cuja versão Famicom joguei bastante nos anos 90 nas clones que muito se viam por aí. Nós aqui controlamos um rato polícia que tem de recolher toda uma série de objectos roubados por um gangue de ratos, que também nos vão perseguindo ao longo dos níveis. Entre os vários corredores temos alguns trampolins que podemos usar para os alcançar, sendo que temos de ter em atenção em não saltar demasiadas vezes seguidas no mesmo trampolim visto que este pode romper. Os gatos que nos perseguem também não nos podem causar dano enquanto lá saltamos! Nos corredores temos também portas que apenas podem ser abertas do lado do seu puxador e que podem atordoar os inimigos ou, no caso das portas coloridas, lançarem umas ondas electromagnéticas que derrotam os inimigos que vão no nosso encalço. Uma vez recolhidos todos os objectos no nível, saltamos para o seguinte, com a dificuldade a ir aumentando consecutivamente.
Esta compilação não traz nenhum jogo de 1984, pelo que o seguinte é um título de 1985, o Sky Kid, embora fosse um jogo que eu desconhecesse por completo. Basicamente é um shmup horizontal onde controlamos uma pequena avioneta e ao contrário de outros jogos do mesmo género, ao mover o avião pelo ecrã, mudamos também a sua orientação e direcção dos disparos! De resto os níveis seguem todos uma estrutura semelhante. A primeira parte leva-nos a combater uma série de inimigos terrestres e aéreos, enquanto que na segunda parte devemos aproximarmo-nos da superfície, apanhar uma bomba, combater mais inimigos e bombardear um objectivo principal, seja uma base inimiga ou um navio. A recta final leva-nos a aterrar numa pista de aterragem e repetimos o processo no próximo nível. O único jogo de 1986 desta compilação é o primeiro Rolling Thunder, um excelente jogo de acção mas também bastante desafiante com a quantidade absurda de inimigos que vamos encontrando. Em Rolling Thunder temos tipicamente 2 planos de acção onde vamos podendo alternar, um no chão, outro superior, bem como toda uma série de portas onde também nos poderemos esconder temporariamente para nos evadirmos do fogo inimigo ou até recuperar algumas munições. De resto, para além dos Galaga 88 e Pac-Mania já brevemente mencionados acima, o único outro jogo original de 1987 é nada mais nada menos que o Dragon Spirit, um shmup vertical cuja versão PC-Engine também já cá trouxe no passado.
De resto, esta compilação traz muito pouco de conteúdo adicional. Visto que todas as versões aqui presentes são arcade, poderemos customizar alguns dos parâmetros que os operadores das máquinas tinham a possibilidade de fazer, como alterar a dificuldade, número de vidas por crédito entre outros parâmetros. Infelizmente, ao contrário do excelente trabalho que a Digital Eclipse tem vindo a fazer em compilações recentes, não temos nenhum outro conteúdo bónus a não ser os tais jogos extra que poderão ser desbloqueados. Para uma compilação intitulada de Namco Museum, de museu tem muito pouco. As compilações Namco Museum originais de PS1, produzidas pela própria Namco, já incluíam muito conteúdo bónus como flyers, manuais, entre outros itens promocionais da época. Aliás, todas essas compilações eram exploradas como uma visita a um museu autêntico, pelo que se perdeu aqui uma boa oportunidade de se ter celebrado melhor os 50 anos da Namco.






