Star Wars: Knights of the Old Republic (PC)

Já há algum tempo que não pegava num western RPG e nesta semana de férias que tive aproveitei finalmente para o fazer. E à terceira foi de vez, foi desta que terminei o Star Wars: Knights of the Old Republic, da Bioware. A primeira vez que lhe peguei foi não muito depois de o jogo ter saído para as lojas, creio que ainda durante o ano de 2004. Não tinham passado tantos anos assim desde que comecei a gostar de RPGs, pelo que a possibilidade de jogar um RPG no universo Star Wars era algo que me fascinava. Mas pouco depois de o começar apercebi-me de algo que os RPGs ocidentais fazem muito bem: a não linearidade na sua progressão e as múltiplas escolhas que nos levam a caminhos diferentes. Ora como eu sempre estive habituado à linearidade que caracterizava os JRPGs, estes novos conceitos eram selvagens demais para mim nessa altura e acabei por encostar o jogo. Tentei novamente começá-lo no ano passado mas encontrei alguns problemas técnicos ao tentar corrê-lo numa máquina mais recente e depois de os resolver, outras prioridades meteram-se no caminho. Esta semana pensei seriamente em começar o Cyberpunk 2077, mas depois lembrei-me que ainda tinha este Star Wars instalado no disco, pelo que foi mesmo desta. O meu exemplar já foi comprado há cerca de 10 ou mais anos atrás, não me recordo onde nem quanto custou, mas foi muito barato.

Jogo com caixa, manual e vários discos

A história deste jogo leva-nos uns 4000 anos antes dos eventos dos filmes, onde os Sith, liderados pelo Darth Malak, iniciam uma nova guerra contra a República. Nós encarnamos numa personagem anónima e como é normal em jogos deste género, começamos a aventura precisamente a construir a nossa personagem, tanto esteticamente, como escolhendo quais as classes, stats e skills associadas. Uma vez construida a nossa personagem, somos levados para a acção: descobrimos que viajamos numa nave da república e que a mesma está a ser invadida por forças dos Sith. Ao combatê-los, iremos encontrar outros sobreviventes e eventualmente entrar num veículo salva-vidas, que se acaba por despenhar num planeta próximo. A nossa missão passa então a ser a de salvar Bastila, uma poderosa Jedi que se encontrava na mesma nave connosco. Uma vez salva, iremos acabar por percorrer a Galáxia em busca de uma tecnologia antiga que nos possa dar vantagem para combater esta nova ameaça dos Sith.

Bastila. A Jedi que temos de salvar no início do jogo. Quaisquer semelhanças com a princesa Leia são mera coincidência.

O sistema de combate é bastante interessante, na medida em que vamos poder trazer connosco dois NPCs para nos auxiliar no mesmo (à medida que vamos avançando no jogo iremos desbloquear muitos mais) e o combate propriamente dito tem a flexibilidade de se tornar totalmente por turnos, ou em tempo real. Nas opções por defeito, a acção pausa sempre que estamos prestes a entrar num combate e aí poderemos decidir, para cada personagem da nossa party, quais as primeiras acções que queremos que cada desempenhe, seja diferentes tipos de ataque a algum inimigo em específico, utilizar itens ou poderes da Força. Uma vez escolhidas as acções iniciais basta pressionar a tecla de espaço para a acção se começar a desenrolar e qualquer momento poderemos voltar a pausar a acção para melhor posicionar as nossas personagens ou escolher as suas acções específicas. Os NPCs que nos acompanham também podem ser customizados para tomarem algumas acções de forma automática, mas confesso que não perdi muito tempo com isso. Já no que diz respeito aos poderes da Força, iremos ter vários Jedi que nos acompanham e a nossa própria personagem também se irá transformar num, pelo que estes poderes serão parte integral da jogabilidade e da evolução das nossas personagens Jedi.

Este andróide é hilariante. Perfeito para quem quiser seguir os caminhos dos Sith na sua aventura.

À medida que vamos avançando no jogo iremos também encontrar, comprar/vender e até melhorar muito equipamento que poderá ser utilizado pelas nossas personagens, dependendo claro da classe de cada uma. E claro, certas aptidões podem ser úteis em determinadas situações. Há personagens com maior aptidão para desbloquear certos mecanismos electrónicos, como portas ou baús que escondem tesouros que nos poderemos apropriar. Mas outras personagens podem simplesmente destruir esses obstáculos. De resto, à medida em que exploramos dungeons poderemos encontrar certos terminais que, depois de interagidos, nos permitem activar/desactivar armadilhas para evitar certos combates. Alguns andróides podem também serem reparados e reprogramados para nos ajudarem a explorar alguns locais, por exemplo.

Visualmente o jogo está muito bom para o ano de 2003. Os cenários são bastante distintos entre si e todas as customizações que fazemos às personagens se reflectem no seu aspecto.

Confesso que já não sou um grande fã de Star Wars (Dune mudou isso por completo), mas até achei a história deste jogo bastante interessante. Muitas quests, sejam elas mandatórias ou não para a progressão do jogo, possuem diferentes maneiras de serem executadas e as escolhas que vamos fazendo aqui e ali vão ditando se vamos pender para o lado bom ou mau da Força e claro, existem finais e progressões da história distintas para cada um dos caminhos que vamos escolhendo. Tipicamente para pontuar no lado negro da força teremos de usar violência, intimidação, ou corrupção, enquanto que no lado bom teremos de ser muito mais pacifistas e diplomatas, embora nem sempre seja possível fugir ao combate (e ainda bem!). Por exemplo, por vezes pedem-nos para ajudar pessoas numa situação complicada e podemos chegar lá e matá-los a todos, ou então ajudar de facto o que pode ser um pouco mais complicado, mas perfeitamente possível. No entanto, tirando o julgamento de um certo velhote, as escolhas que teremos pela frente são muito “preto e branco” e não os tons de cinzento que outras séries (por exemplo The Witcher) nos trazem. De resto, todas as personagens que nos acompanham possuem histórias interessantes e à medida que os vamos conhecendo e explorando novos planetas iremos também desbloquear algumas sidequests alusivas ao passado de cada um.

As escolhas que vamos fazendo vão-nos levar para o lado bom ou mau da força, o que por sua vez nos pode também levar a finais distintos.

A nível audiovisual sinceramente acho este um jogo bem conseguido tendo em conta que é um lançamento de 2003. Existe uma boa variedade de cenários a explorar e inúmeras raças com as quais vamos interagir, muitas delas com dialectos próprios. E é aqui onde o jogo mais me impressionou. Todos os diálogos possuem voice acting, seja em inglês, seja num de muitos dialéctos alienígenas que iremos ouvir. A banda sonora é boa e repleta de músicas mais orquestrais como a série Star Wars nos habituou. No que diz respeito às personagens em si que vamos encontrando, até que existe alguma variedade nas mesmas, mas sendo este um RPG algo vasto, vamos acabar por interagir com personagens com caras muito semelhantes entre si. De resto bons gráficos para um jogo de 2003, embora eu tenha tido bastantes problemas em o conseguir correr numa máquina recente. Supostamente o motor gráfico do jogo não se dá bem com placas gráficas AMD, o que é uma pena. Mesmo depois de resolver alguns problemas iniciais, assim que aterrei no planeta de Dantooine comecei a ter vários artefactos gráficos em cenários mais abertos que me levavam ao jogo a ir abaixo frequentemente. Tive então de ressuscitar o meu velhinho portátil de 2011 para o conseguir terminar, já que este possui uma gráfica integrada com chipset nvidia. Até existe uma comunidade considerável para mods e patches e provavelmente alguns até me poderiam resolver alguns problemas, mas quis uma experiência o mais próximo possível do original, pelo que acabei por não instalar quaisquer packs de texturas novas e afins.

Portanto até que gostei bastante deste Knights of the Old Republic, apesar dos problemas técnicos que enfrentei ao tentar corrê-lo num sistema mais recente. O jogo foi originalmente lançado também para a primeira Xbox, cujas consolas suas sucessoras o correm também através de retro compatibilidade e em Novembro de 2021 sai também uma versão para a Nintendo Switch, pelo que poderão ter também essas versões em consideração. Também em 2021 foi anunciado um remake para a PS5 (e posteriormente para outros sistemas), mas aparentemente existem graves problemas no seu desenvolvimento pelo que actualmente não se sabe bem se isso algum dia se irá materializar. De resto temos também uma sequela, esta já desenvolvida pela Obsidian e supostamente, apesar de partilhar o mesmo motor gráfico, é nativamente mais compatível com sistemas recentes devido a um relançamento digital em 2015. Veremos!

Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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