Yakuza Dead Souls (Sony Playstation 3)

Vamos voltar agora à série Yakuza / Like a Dragon para mais um jogo terminado desta série que eu tanto gosto. E este Dead Souls é mais um dos vários spin offs à série principal que a Sega foi lançando na sétima geração de consolas. Lançado originalmente no Japão em 2011 e no ocidente no ano seguinte, este jogo segue a “moda” dos zombies que bem se fazia sentir nessa altura, com séries televisivas como The Walking Dead ou videojogos como Left 4 Dead ou Dead Rising. O meu exemplar deu entrada na colecção há já uns bons anos. Creio que foi comprado numa Mediamarkt por cerca de 15€ se a memória não me falha.

Jogo com caixa, manual e papelada

Mas como é que um jogo desta série se consegue adaptar a um contexto de zombies? Bom, em vez de andarmos à pancada com bandidos e outros infelizes que se atravessem no nosso caminho, o jogo descarta (quase) por completo o seu sistema de combate em detrimento da utilização de armas de fogo. Mas sim, continuamos a poder pegar em objectos espalhados nos cenários e usá-los para atacar zombies! Mas se por um lado o sistema de combate ser então consideravelmente diferente, o jogo ainda mantém toda a identidade da série ao manter mecânicas ligeiras de RPG, sidequests para completar e toda uma série de diferentes minijogos que poderemos vir a ter acesso.

O jogo abre com Kiryu a receber a notícia do rapto da “sua” Haruka, mas até que este a consiga salvar ainda muita coisa vai acontecer.

Detalhando então o sistema de combate, os controlos são agora distintos com os botões L1 e R1 a servirem para apontar e disparar e os botões faciais passam a ter funcionalidades diferentes. O X continua a ser para esquivar e o círculo para apanhar/atirar objectos. O quadrado recarrega a arma que temos equipada no momento e o triângulo serve na mesma para activar o modo “heat” que neste jogo se resume a disparar alguns tiros certeiros em certos pontos de interesse, como barris de combustível, condutas de gás, entre outros, ou mesmo para contra-atacar algum ataque inimigo, como disparar sobre cocktails molotov que alguns zombies chatos teimam em atira contra nós. À medida que vamos avançando no jogo, combatendo, comendo em restaurantes e completando sidequests vamos ganhando pontos de experiência que nos permitirão subir de nível e ficar mais fortes, para além de ganharmos skill points que por sua vez poderão ser gastos em melhorar a nossa personagem, incluindo aumentar o número de itens e armas que podemos carregar. Apesar de eventualmente pudermos vir a carregar mais do que quatro armas, apenas 4 poderão estar equipadas e alternamos entre as mesmas com recurso ao botão direccional.

Sim, logo que a personagem esteja virada para zombies, pressionar o botão de disparo sem apontar irá na maior parte das vezes atingi-los. Mas apontar permite-nos ter mais precisão e alvejá-los nos seus pontos fracos.

As armas de fogo poderão vir em várias formas e feitios, desde simples pistolas, passando por várias armas automáticas, lança granadas, shotguns, entre outras. Cada arma usa uma munição diferente que por sua vez também ocupa espaço no inventário, pelo que teremos de o gerir bem com munições, itens regenerativos e outros que eventualmente possamos precisar. As pistolas possuem munição infinita, no entanto! Eventualmente vamos também desbloquear uma série de “parceiros” que podem explorar a cidade infectada de Kamurocho connosco e estes também vão ganhando experiência e adquirir novas habilidades que poderemos customizar. De resto, a única coisa que não gostei do sistema de combate é o facto de, quando pressionarmos o botão L1 para apontar a arma, esta não fica apontada para onde a câmara está virada, mas sim na direcção da personagem, o que nos irá obrigar vezes sem conta a perder alguns segundos para corrigir a nossa pontaria. Eventualmente lá nos vamos habituando a isto, mas preferia que funcionasse de outra forma.

À medida que vamos avançando na história, cada vez mais partes de Kamurocho irão sucumbir à invasão zombie.

Mas, também tal como já referi acima, o jogo herda todas as mecânicas de aventura da série principal. Isto porque poderemos na mesma cumprir sidequests, engatar miúdas e toda uma série de outras actividades paralelas como jogar em casinos, pescar, dar umas tacadas de baseball ou golfe, entre muitas outras. Algo que ainda não referi mas convém fazê-lo é o facto de nos podermos movimentar pela Kamurocho infectada de zombies e a parte da cidade que ainda está segura, sendo que à medida que o jogo vai avançando, a área infectada da cidade irá crescendo. Mas mesmo nas zonas infectadas (que é o único sítio onde poderemos de facto combater) há mais coisas a explorar. Lojas ou locais de interesse como os tais clubes nocturnos poderão ser libertados para poderem ser visitados novamente, algumas das sidequests apenas são possíveis de serem inicializadas na zona infectada, bem como o acesso ao Subterranea. Este é um sistema de túneis labirínticos associado a uma grande sidequest que nos irá acompanhar ao longo de todo o jogo. Os túneis são gerados aleatoriamente e teremos de descer cada vez mais fundo à medida que vamos avançando no jogo.

Tal como na restante série, o que não faltam são coisas para passar o tempo. Algumas com piada!

De resto, convém também referir que, tal como no Yakuza 4, este é um jogo onde iremos controlar 4 personagens distintas, cada qual com uma arma única e uma secção de jogo dividida em 4 capítulos. A primeira personagem que controlamos é o ricaço Shun Akiyama (primeira personagem do Yakuza 4 também) e a sua arma única são as pistolas duplas. Em seguida jogamos com Goro Majima (tendo em conta que o Yakuza 0 sai depois, esta é a primeira vez que podemos jogar com ele) que fica radiante por Kamurocho ser invadida por zombies e a sua arma é uma shotgun poderosa. A terceira personagem jogável é nada mais nada menos que Ryuji Goda, o principal antagonista do Yakuza 2, que possui um braço biónico que se transforma numa gatling gun capaz de facilmente dizimar multidões de zombies. Por fim controlamos Kazuma Kiryu, se bem que a sua arma única apenas é desbloqueada já perto do final do jogo.

O regresso desta personagem é de louvar e que satisfatório foi utilizar a sua gatling gun!

A nível audiovisual sinceramente acho este um jogo bem conseguido. Tendo em conta que joguei tanto o Yakuza 3 como o 4 nas suas versões remastered na PS4, esta é a primeira vez que jogo um jogo desta série na Playstation 3 propriamente dita. E devo dizer que me pareceu bem melhor conseguido que o Yakuza 3, pelo menos! E sim, apesar de a cidade de Kamurocho ser a mesma de sempre, a equipa aqui teve o esforço adicional de a redesenhar à medida que a mesma ia sendo destruída com o avanço da infecção dos zombies. O voice acting pareceu-me óptimo como sempre e as músicas também são agradáveis, com a banda sonora a ficar mais tensa sempre que exploramos a parte infectada da cidade. E tem alguns detalhes super interessantes como as músicas que passam nalguns estabelecimentos serem à volta dos zombies. Sim, as músicas são todas em japonês, mas a palavra zombie é universal e essa saltava logo à atenção. De resto só mesmo a acrescentar que o jogo possui algumas quebras severas de framerate, especialmente quando existem explosões à mistura.

Não serão só zombies normais que teremos de combater, mas também uma série de mutantes e bosses também!

Portanto devo dizer que este Yakuza Dead Souls foi uma experiência interessante. É um jogo muito diferente nas suas mecânicas de combate, mas a Sega está de parabéns ao ter conseguido manter a identidade da série num contexto muito distinto. Pena no entanto aquele problema da mira nos levar sempre para o ponto de vista da personagem e não para onde a câmara estava a apontar. Presumo no entanto que o jogo não tenha tido um grande sucesso comercial pois não só este Dead Souls se mantém exclusivo da PS3 até à data de publicação deste artigo, como a Sega ainda esteve algum tempo sem lançar novos jogos da série no Ocidente. O Yakuza 5 por exemplo, acabou por sair na PS3 já uns anos depois do seu lançamento original, mas apenas em formato digital. O Ishin! apenas recebeu uma versão localizada para inglês no seu remake recente e o Zero apenas chega cá 2 anos depois do seu lançamento, em 2017. Felizmente desde essa altura que não temos perdido muita coisa da série.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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