Nas últimas semanas tenho estado a jogar este Far Cry 3, um jogo que já tinha em backlog há imenso tempo e finalmente tanto a vontade como o tempo disponível se alinharam. Este título é uma evolução do Far Cry 2, que por sua vez já tinha trazido a série para um open world e com muito para fazer se assim quiséssemos. O meu exemplar sinceramente não me recordo ao certo quando e onde o comprei, mas lembro-me de ter sido barato. Foi numa altura em que jogos em formato físico para PC ainda eram bastante comuns e também eram logo os primeiros a cair de preço, pelo que este título me custou 5 ou 10€, isso recordo-me.
Este Far Cry 3 leva-nos a controlar Jason Brody, um norte-americano que quis passar umas férias extremas na Ásia com um grupo de amigos. A certa altura decidem fazer skydiving num arquipélago qualquer de ilhas algures no Pacífico mas quando chegam à terra as coisas não poderiam ter corrido da pior forma, pois todo o grupo acaba por ser raptado por um grupo de piratas que aterrorizava toda a ilha e, para além de pedirem resgates às suas famílias, acabariam por vender os seus prisioneiros para redes de tráfico humano. Eventualmente acabamos por nos escapar do cativeiro com a ajuda do irmão de Jason que é militar, mas infelizmente este acaba por ser assassinado por Vaas, líder dos piratas e que se revela um excelente vilão. Jason acaba por sobreviver ao confronto e é encontrado por Dennis, um ex-militar norte-americano que o introduz à tribo de guerreiros nativos dos Rakyat, grupo rebelde que tenta libertar as ilhas do domínio dos piratas e aos quais nos acabamos por aliar, em busca de vingança e de resgatar os restantes companheiros.

Este é então um first person shooter em open world e que também me faz lembrar o Assassin’s Creed em várias instâncias. Por exemplo, explorando o mapa poderemos ver torres de rádio que poderemos escalar e libertar, onde poderemos fazer o “sincronismo” com a área à nossa volta e assim popular o mapa com mais pontos de interesse. Os pontos de interesse mais importantes são bases inimigas que poderemos tentar conquistar, de preferência de uma maneira mais furtiva e ir desactivando os seus alarmes. Uma vez conquistados, esses pontos servem de base que poderemos utilizar para fast travel, desbloqueiam toda uma série de missões secundárias e reduzem fortemente a presença de inimigos nas suas imediações na ilha. Também ao explorar iremos dar de caras com muita vida selvagem, sejam criaturas inofensivas como veados ou porcos, outras herbívoras mas bastante territoriais como búfalos e claro, predadores como leopardos, dragões de komodo, tigres entre muitos outros.

Explorando poderemos encontrar dinheiro, loot e vários coleccionáveis, assim como ao matar inimigos e cumprir missões vão-nos dando experiência. O dinheiro pode ser usado para comprar munições, armas e customizações das mesmas, como adicionar silenciadores, aumentar o número de balas em cada carregador ou vários tipos de miras ópticas. Equipamento especial como pistolas de flares ou equipamento para reparar veículos podem também serem comprados. Ao longo da ilha temos também uma série de plantas que podem ser coleccionadas, assim como as peles dos animais que caçamos, que por sua vez os seus recursos podem ser utilizados num sistema de crafting. As plantas servem para criar injecções que tanto podem servir para nos regenerar a barra de vida, como para nos auxiliar nos combates, na caça ou mesmo para aguentar mais tempo debaixo de água, por exemplo. À medida que vamos progredindo no jogo iremos também desbloquear novas receitas para preparar novas injecções. Por outro lado, as peles de animais podem ser utilizadas para criar novas carteiras e bolsas que nos permitem carregar mais dinheiro ou loot respectivamente, assim como muitas outras bolas que nos permitem tanto carregar mais armas (até um máximo de 4 em simultâneo) assim como poder carregar com mais explosivos como granadas, cocktails molotov, C4, rockets ou até reservas de combustível para o lança-chamas.
À medida que vamos matando inimigos ou cumprindo missões iremos também ganhar pontos de experiência, pontos esses que poderão ser maiores se conseguirmos executar certas manobras, como headshots, matar vários inimigos em simultâneo ou conquistar um ponto de controlo sem termos sido detectados, por exemplo. Esses pontos de experiência podem posteriormente serem utilizados para evoluir a nossa personagem num sistema de skills que não só nos permitem ter uma barra de vida maior, como desbloquear várias skills de takedown de inimigos de forma silenciosa, mover mais rapidamente, mais silenciosamente, entre muitas outras. Tudo isto aliado às centenas de coleccionáveis opcionais, missões secundárias e outros entretenimentos como corridas de veículos, jogos de poker ou galerias de tiro, fazem com que este Far Cry tenha muito para oferecer. E a jogabilidade é bastante boa, particularmente quando vamos desbloqueando mais habilidades e armas. Por exemplo, mais para o fim, depois de ter comprado a melhor sniper rifle do jogo e lhe ter colocado um silenciador, conquistar os postos de controlo inimigos passou a ser trivial, visto que os atacava silenciosamente e à distância sem nunca ser descoberto. Em combates mais próximos a acção consegue ficar bastante intensa, particularmente quando os inimigos trazem reforços ou alguns animais selvagens decidem aparecer para nos dificultar as coisas.
A nível audiovisual acho que este jogo está muito bem implementado. Tal como o seu predecessor, este Far Cry 3 corre num motor gráfico que é uma evolução daquele que foi introduzido com o Far Cry original por parte da Crytek, mas sinceramente acho que este jogo é visualmente muito mais rico que o seu predecessor. Temos toda uma série de ilhas para explorar, repletas de pequenas povoações, florestas, lagos, ruínas de civilizações antigas ou até de bunkers e fortificações japonesas da segunda guerra mundial. O jogo tem um ciclo de dia e noite, bem como um sistema de metereologia dinâmica e que resulta bastante bem em simular uma experiência num clima tropical. Pena no entanto que os NPCs, particularmente os civis, sejam practicamente todos idênticos entre si. Alguns modelos poligonais adicionais seriam muito benvindos! Tive no entanto alguns problemas que creio que não sejam culpa da Ubisoft. É que comprei recentemente um monitor ultrawide e, apesar de o jogo suportar essa resolução, o mesmo não está de todo optimizado para tal. Isto porque a HUD fica com alguma informação sobreposta em alguns momentos, por exemplo quando ganhamos experiência a mensagem fica parcialmente tapada pelo mini mapa. O caso mais grave foi numa sequência de QTE numa missão onde estava constantemente a perder sem entender o porquê. Após um vídeo no youtube, apercebi-me que uma das indicações da tecla que deveríamos pressionar a seguir simplesmente não me aparecia no ecrã por já estar “fora” do mesmo.
De resto, a nível de som, nada de especial a apontar à banda sonora que consegue ser bastante eclética. A maior parte do tempo ouvimos temas ambientais, calmos ou tensos mediante o contexto. Sempre que entramos num carro civil há sempre alguma música a tocar na rádio e ocasionalmente até dubstep podemos ouvir. O voice acting por si só é bastante bom, com alguns actores conhecidos a emprestarem a sua voz (e aparência) como é o caso do próprio Vaas. No entanto há aqui algumas inconsistências que me irritaram um pouco. Por exemplo, o Vaas usa muitas expressões hispânicas, que me levaram inicialmente a pensar que o jogo se passava algures nalgum arquipélago na zona da América Central. Mas depois quando vejo dragões de komodo ou tigres na selva, assim como ruínas orientais, já apercebi que o jogo se passava algures no Pacífico, próximo da costa asiática. Mas o problema não é só o Vaas, agora já não me recordo em concreto, mas era capaz de jurar ter ouvido várias expressões hispânicas no início do jogo, o que me confundiu um pouco. Mas tirando essas inconsistências gostei bastante da narrativa, sem dúvida um passo na direcção certa após o mau trabalho que fizeram nesse campo no Far Cry 2. A personagem Vaas está de facto bem pensada e algumas das coisas maradas que ele diz vão fazer sentido na recta final do jogo!

Posto isto, devo dizer que gostei bastante da experiência deste Far Cry 3. Tirando as inconsistências com o vilão Vaas que referi acima, acho que de facto a narrativa evoluiu na direcção certa e todas as mecânicas open world de exploração resultam muito bem, assim como o combate que é bastante versátil. Ainda assim, com a Ubisoft a lançar novos Far Cry de forma algo recorrente nos anos seguintes, temo que a série se tenha estagnado um pouco, pelo que vou aguardar algum tempo antes de começar o próximo. A excepção será no entanto a do Far Cry 3: Blood Dragon, que planeio jogar muito em breve.





Um pensamento em “Far Cry 3 (PC)”