O Rygar começou como um jogo de acção producizo pela Tecmo e lançado originalmente nas arcades em 1986. Múltiplas conversões para sistemas distintos se seguiram, incluindo um lançamento exclusivo japonês para a Master System que um dia até gostaria de arranjar. Mas é de longe a versão NES a mais bem reconhecida e nessa plataforma a Tecmo decidiu lançar um jogo diferente, melhor adaptado para a realidade dos videojogos caseiros em consolas. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu algures no passado mês de Fevereiro tendo-me custado uns 7€.
O jogo coloca-nos no papel de Rygar, um guerreiro armado com uma arma não muito convencional (um disco com lâminas que mais parece um yo-yo quando o usamos) e que vê o seu mundo de Argool invadido por uma série de criaturas estranhas. Naturalmente que teremos de salvar a situação. E enquanto o original arcade era um jogo de acção linear e dividido por vários níveis, esta adaptação para a NES é algo inteiramente diferente: aqui não há níveis, todo o mundo pode ser explorado livremente e, apesar de a nossa arma ser sempre a mesma ao longo de todo o jogo, poderemos coleccionar alguns itens que nos darão acesso a áreas diferentes. É mais um proto–metroidvania da década de 80, até porque o jogo possui também alguns elementos ligeiros de RPG.

Os controlos são simples, com um botão para saltar e outro para atacar com o yo-yo. No entanto se decidirmos pausar o jogo vemos muita mais informação. O quadro da esquerda apresenta-nos alguns stats da nossa personagem que, apesar dos seus nomes estranhos, correspondem ao nosso ataque (tone) e defesa (last). A secção mind vai-se enchendo (até um limite de 7) à medida que vamos apanhando alguns itens próprios. A ideia é podermos gastar esses mind points ao usar diferentes magias, nas categorias ilustradas no quadro à direita (power up, attack & assail, recover) que correspondem a tornar-nos mais fortes por tempo limitado, lançar um ataque mágico ou recuperar toda a nossa barra de vida). Em baixo temos espaço para alguns diferentes itens e equipamento que poderemos descobrir à medida que vamos jogando.
Ocasionalmente até poderemos falar com alguns NPCs, que ou nos recompensam com algum item, ou nos dão alguma dica para progredir na aventura. Pena no entanto que sejam todos iguais! De resto poderemos também encontrar itens que nos aumentam a barra de vida e o objectivo é mesmo a exploração daquele mundo. Os itens que iremos encontrar vão-nos permitir alcançar zonas previamente inatingíveis, como a habilidade de usar a corrente da nossa arma como corda e subir/descer abismos, ou mesmo usá-la como slide entre plataformas. Pena que no entanto não exista nenhuma maneira de gravar o nosso progresso, nem mesmo com passwords.
A nível audiovisual é ainda um jogo simples, até porque é um lançamento de 1987 e nessa altura ainda não se tinha explorado bem todas as potencialidades da máquina de 8bit da Nintendo. Ainda assim, o jogo até que tem alguma variedade nos seus cenários, quanto mais não seja por termos zonas em sidescroller 2D e outras com uma perspectiva vista de cima (à lá Zelda). Mas lá está, não contem ainda com visuais muito bem detalhados como um todo. Por exemplo, do mesmo ano acho de longe o Castlevania como um título mais apelativo! Por outro lado, as músicas até que são bem agradáveis e cativantes, particularmente as das primeiras zonas.
Portanto este Rygar é um jogo muito interessante. Certas empresas começaram a aperceber-se cedo que o mercado doméstico é diferente do arcade e em casa, não havendo a necessidade de se colocar sempre mais uma moedinha na consola, o público também começava a apreciar jogos mais extensos e com uma maior componente de aventura. Foi precisamente isso que a Tecmo fez ao adaptar este Rygar para a Famicom/NES e o resultado, ainda longe de estar perfeito, não deixa de ser de ser bastante interessante!



