No seguimento do Richard & Alice, vamos continuar com mais uma rapidinha ao jogo seguinte da Owl Cave. Mais uma pequena aventura gráfica do género point and click e com uma narrativa igualmente interessante. Tal como o primeiro jogo, este veio também num indie bundle qualquer algures durante o ano passado, tendo-me custado uma bagatela.
Mas se enquanto o Richard & Alice era um jogo pós apocalíptico, onde a narrativa pesada recaía precisamente na sobrevivência e no que as pessoas estariam dispostas a fazer para se manterem vivas, aqui a narrativa já se volta para um terror gótico mais clássico. Não é um jogo que seja assustador, com sustos ocasionais ou gore, mas sim um jogo cuja narrativa algo bizarra e surreal é acompanhada por uma atmosfera de grande tensão. E apesar de possuir Trilogy no nome, é na verdade um conjunto de três capítulos ligados entre si, onde iremos protagonizar duas personagens distintas, a jovem Alex Davenport e o Dr. Harold Lang.

O primeiro capítulo é muito ligeiro e é-nos apresentada a Alex. A Alex acabou com o namorado há uns tempos atrás, ainda está algo traumatizada com isso e então decide partir numa viagem à ilha de Augur, onde irá ter com uma amiga que está a fazer algum trabalho arqueológico por lá. Este primeiro capítulo serve para introduzir Alex, conhecer um pouco mais do seu passado e arranjar os bilhetes para a sua viajem de comboio. No final do capítulo, já na estação ferroviária, conhecemos o Dr. Harold Lang. O segundo e terceiro capítulos já são jogados no comboio, primeiro controlamos o Dr. Harold Lang, depois voltamos a controlar Alex. É nessa viagem que as coisas estranhas começam a acontecer, diálogos muito bizarros, aparições e outros eventos sobrenaturais. Não me vou alongar muito mais na história, joguem e apreciem!
Já as mecânicas de jogo, bom estas são as típicas de um point and click. Com o rato podemos deslocar-nos bem como interagir com outras pessoas e objectos. Alguns objectos podem ser coleccionados e combinados no inventório e posteriormente utilizados para resolver alguns puzzles. Nos diálogos também teremos algumas árvores de diálogo para explorar. Nada de novo aqui.
Do ponto de vista audiovisual, bom, devo dizer que foi uma grande melhoria face ao Richard & Alice. Parece-me que estão a usar o mesmo motor gráfico dos Blackwell de David Gilbert (aliás, o próprio David é referenciado no jogo), pelo que este The Charnell House possui visuais bem mais apelativos. São ainda de baixa resolução, é verdade, mas possuem um pixel art bem mais charmoso. Os cenários estão muito bem detalhados e o jogo possui voice acting que é minimamente competente. Não sou um grande fã da voz de Alex, mas já disse que a narrativa como um todo está muito boa! As músicas que nos acompanham são tipicamente temas mais acústicos e/ou tenebrosos, o que se adequa bem à atmosfera do jogo. Se bem que ocasionalmente teremos algumas excepções, mas são explicadas pelos eventos estranhos que vão acontecendo no comboio.
Portanto este The Charnel House Trilogy, apesar de ser um jogo novamente curto, é mais um bom título por parte da Owl Cave. A sua história bizarra, porém que nos vai mantendo interessados e agarrados ao teclado durante toda a aventura é sem dúvida o seu ponto mais positivo. Os visuais retrogóticos também me agradaram bastante! O jogo termina na esperança de uma eventual sequela na tal ilha de Augur mas infelizmente parece que isso nunca se chegou a materializar. É pena.


